No coração de Jaqueline, Valentino era quase como um deus. Ele não apenas fundou o Grupo Lopes, mas a ergueu com suas próprias mãos, construindo um império tão grandioso que nem mesmo a realeza do País C podia igualar. Jaqueline admirava muito essa capacidade, e por isso, o considerava muito acima dos outros, quase inalcançável.Não era só ela, muitas pessoas viam Valentino como uma figura quase divina. Ele já havia sido entrevistado por diversos jornais e programas de TV de economia, e sua aura de calma e autoconfiança era algo inimitável, uma característica que parecia inata. Apesar de ter apenas vinte e poucos anos, muitos o descreviam como um jovem com a sabedoria e a serenidade de um ancião, uma qualidade rara para alguém que recém começava sua carreira. Seu olhar penetrante, sempre calculista, e a maneira firme como conduzia suas negociações, encantavam e intimidavam todos ao seu redor.Quando Jaqueline conheceu Valentino, ela também sentiu essa distância quase mítica. Parecia
No entanto, Jaqueline não sabia que Valentino também estava preocupado com o futuro deles. Ele estava certo de seu amor por Jaqueline e sabia que ela também o amava, mas havia uma tensão sutil entre eles, uma sombra invisível que ele não conseguia identificar claramente.Talvez fosse a visita inesperada de sua mãe daquele dia que agravou essa sensação. Ele não sabia se deveria agradecer ou repreender sua mãe teimosa. O fato era que essa bomba-relógio entre ele e Jaqueline estava destinada a explodir mais cedo ou mais tarde, e talvez fosse melhor que explodisse logo para que pudessem lidar com as consequências de uma vez por todas. A incerteza corroía sua mente como um ácido, lentamente desgastando suas certezas.A única coisa boa era que sua mãe escolheu o momento oportuno para aparecer. Aquele dia era o último dia do Festival de Degustação de Vinhos. Se tivesse sido alguns dias antes, quando o festival estava no auge e a cidade estava cheia de gente, Valentino não teria conseguido con
Jaqueline sempre acreditou que o amor entre ela e Valentino era inabalável, mas não esperava que uma única situação fosse suficiente para quase fazê-la desmoronar. As palavras de Isabela ecoavam em sua mente, trazendo consigo um peso que ela não sabia como suportar.- Eu não sei como expressar o que sinto. - Murmurou Jaqueline, com tristeza, como se cada palavra fosse uma luta para sair.Aquela sensação de cansaço, Jaqueline não conseguia descrever em palavras. Era um cansaço que ia além do físico, uma exaustão que vinha da alma, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros frágeis.No escuro, Valentino tocou suavemente o rosto de Jaqueline e percebeu algo úmido em sua pele. Eram lágrimas dela. Sentindo uma dor profunda no coração, ele imediatamente começou a secar as lágrimas de Jaqueline, seus dedos tremendo levemente ao tocar sua pele delicada.- Jaque, o que está acontecendo? Foi por causa da minha mãe e da Lilian que você está tão perturbada? - Perguntou ele, sua m
- Tino, você já fez muito por mim e isso me deixa muito feliz. Na verdade, você não precisava fazer tanto assim. É só que estou me sentindo sobrecarregada. - Confessou Jaqueline, suavemente.Só de pensar no olhar de Lilian, Jaqueline se sentia incapaz de dormir. O olhar acusador de Lilian, sempre carregado de reprovação, parecia segui-la para onde quer que fosse, um espectro constante de julgamento. Embora fosse uma pessoa de espírito livre, alguém que sempre tentou não se importar com as pressões externas, desde que começou a namorar Valentino, essa pressão invisível começou a pesar sobre ela. A cada passo, ela sentia os olhos do mundo voltados para si, esperando por qualquer deslize.Além disso, ela carregava o fardo de ser a princesa da realeza do País C. O título, que deveria ser uma bênção, muitas vezes parecia uma maldição, uma corrente invisível que restringia sua liberdade. Agora, parecia que, onde quer que fosse, estava exposta aos holofotes e câmeras. Tudo o que dizia ou faz
Lavínia não dava notícias havia dias. Ela e Simão estavam provavelmente se divertindo em algum lugar, inseparáveis desde que começaram a namorar, como gêmeos siameses. Jaqueline nem precisava perguntar para saber que estavam juntos, vivendo a própria bolha de felicidade.Com o fim do festival dos últimos dias, Jaqueline decidiu passar um tempo na mansão de Valentino. Inicialmente, ela planejava voltar ao palácio para buscar aquele pente de ouro que tanto prezava, mas Leonardo, sempre atento, já havia providenciado tudo.- Já que você vai ficar na mansão do Valentino, aproveite e passe alguns dias a mais por lá. Estamos bastante ocupados por aqui, e a mãe não terá tempo para te acompanhar. Venha em alguns dias, assim poderemos ter um tempo juntos em família. - Disse o príncipe Leonardo, sua voz cheia de responsabilidade e cuidado.Jaqueline então decidiu ficar. Conversando com George, soube que para estudar design, precisaria preparar uma série de materiais. Sem perder tempo, ela se org
A situação estava séria. Assim que ouviu as palavras de Lavínia, Jaqueline percebeu imediatamente por que ela estava tão devastada. Lavínia realmente se importava com Simão, mesmo sem admitir. Jaqueline conseguia ver o quanto Lavínia estava emocionalmente envolvida, e isso a preocupava muito. O rosto de Lavínia estava pálido, e seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar mostravam a quão abalada ela estava.- Lavínia, não se desespere. Você não disse que iriam de férias para a Europa? Como isso aconteceu? - Jaqueline perguntou, tentando entender melhor a situação. - É justamente por causa da viagem para a Europa que isso aconteceu! Eu finalmente enxerguei. Quando estávamos no País C, o Simão parecia tão sério, mas assim que chegamos aqui, ele se mostrou como realmente é... Não importa, eu quero voltar agora! - Rugiu Lavínia, frustrada, e ela jogou a mão para cima, em um gesto de desespero.Jaqueline queria confortá-la, mas Lavínia não ouvia nada além de suas próprias lamentações.
Na noite passada, Simão voltou para o hotel completamente embriagado. Ele não planejava ficar assim, mas o parceiro de negócios era insuportável, sempre insistindo para que ele bebesse mais. A cada taça, o parceiro ria e brindava, enchendo novamente o copo de Simão, e a pressão de fechar um grande contrato internacional o obrigava a acompanhar o ritmo.Embora Simão não fosse fraco para bebidas, não estava acostumado a tanto. Ele sempre foi moderado, preferindo manter a cabeça clara. Mas só se permitiu exagerar por causa desse grande contrato, a chance de ouro que poderia impulsionar sua carreira para um novo patamar.Simão sempre tentava argumentar com seu parceiro, mas ele continuava insistindo, e Simão não podia se dar ao luxo de se indispor. As negociações eram delicadas, e qualquer sinal de fraqueza poderia ser interpretado como desinteresse ou desrespeito.Porém, algo não estava certo. Na noite passada, ele dormiu abraçado com sua namorada, mas agora não a encontrou em lugar algum
Simão franzia a testa e disse com urgência: - Então reserve o primeiro voo disponível. O assistente prontamente foi reservar o voo, deixando Simão sozinho na cama, com a mente fervilhando de pensamentos sobre Lavínia. A frieza das paredes do hotel parecia amplificar sua solidão, transformando cada segundo em uma eternidade angustiante.Na noite passada, Lavínia estava ao seu lado na cama, o calor de seu corpo lhe trazendo conforto e paz. Mas agora, aquele espaço vazio ao lado dele era uma presença gritante de sua ausência. A sensação era insuportável, um buraco negro sugando toda a sua tranquilidade.Por que... Por que Lavínia não queria dizer nada para ele? Simão não conseguia entender. O que exatamente ele fez de errado no dia anterior para deixar Lavínia tão irritada? As memórias da noite anterior eram nebulosas, obscurecidas pelo álcool e pela exaustão.Naquele momento, tudo o que ele queria era que Lavínia voltasse logo para ele, para que ele não precisasse se preocupar tanto.