Isabela estava sentada no sofá, entediada, distraidamente mordiscando sementes de girassol enquanto seus olhos vagavam pela tela da TV. A sala estava mergulhada em um silêncio, quebrado apenas pelo murmúrio da televisão e pelo som suave das cascas caindo no tapete. De vez em quando, ela olhava em direção à cozinha, de onde vinha um aroma delicioso que parecia encantar ela, atraindo seu estômago e pensamentos.Finalmente, Isabela cedeu à tentação, se levantando e caminhando com passos leves em direção à cozinha. A luz quente que escapava pela porta entreaberta suavizava os traços dela normalmente austeros. Lá dentro, Lilian estava ocupada, com um avental ajustado, seu perfil delineado pela luz, transmitindo uma sensação de aconchego e diligência.Uma sensação de conforto tomou conta de Isabela. Observando Lilian manusear com habilidade a espátula, ela não pôde deixar de pensar: “Se Valentino se casar com uma mulher como Lilian, nossa casa será muito mais harmoniosa, bem diferente da te
Isabela entrou no escritório de Valentino e, ao não encontrar Jaqueline, suspirou aliviada. Ela sabia que a relação tensa com seu filho era causada por Jaqueline, mas também compreendia que, como mãe, deveria proteger Valentino e guiar ele com sutileza, evitando confrontos diretos. - Tino, já passa do meio-dia. Por que você ainda não foi almoçar? - Perguntou Isabela, suavizando a voz para parecer mais acolhedora.Valentino levantou a cabeça ao ouvir a mãe, mas rapidamente voltou sua atenção para os papéis na mesa. Ele estava ciente das intenções de Isabela ao trazer Lilian. Porém, a expressão triste de Lilian irritava ele profundamente. Para ele, Lilian, apesar de sua aparência sofisticada e de ser filha de uma família respeitável, era mesquinha e manipuladora, sempre falando mal de Jaqueline para Isabela. O rosto de Valentino, geralmente calmo e sereno, agora estava carregado de uma tensão contida, os olhos brilhando com uma impaciência mal disfarçada.- Mãe, por que você está aqui?
A impaciência de Valentino era evidente, e suas sobrancelhas franzidas quase poderiam esmagar uma mosca. Isabela e Lilian demonstravam desdém, incapazes de compreender por que a presença de Jaqueline fazia Valentino tão feliz, enquanto a delas parecia lhe causar um desconforto profundo. Parecia que, ao vê-las, ele mal podia esperar para se livrar delas.Isabela se posicionou diante de Valentino, bloqueando seu caminho. Seu tom era severo ao perguntar:- Tino, o que você está fazendo?Valentino franziu a testa, revelando sua irritação.- Mãe, eu vou abrir a porta. A Jaque chegou.- Não vai! - A voz de Isabela era tão alta que ecoou por todo o escritório. Do lado de fora, Jaqueline estava prestes a girar a maçaneta, mas parou ao ouvir a discussão. O assistente, que também ia abrir a porta, hesitou e, com um olhar embaraçado, se voltou para Jaqueline.- Sra. Jaqueline, parece que a mãe do Sr. Valentino está aqui. Talvez seja melhor a senhora esperar no meu escritório por enquanto.Jaqueli
A escolha de Valentino já estava clara como a luz do dia. Ele desejava passar a vida inteira ao lado de Jaqueline, enfrentando juntos as tempestades do mundo e envelhecendo juntos. No entanto, Isabela e Lilian pareciam não compreender a firmeza e a profundidade desse compromisso. Elas ainda estavam teimosamente paradas ali, relutantes em sair. Valentino respirou fundo, acalmando o turbilhão de emoções em seu peito, e decidiu que era hora de ter uma conversa séria com ambas.- Mãe, você deveria entender melhor do que ninguém o motivo pelo qual escolhi viver por enquanto no País C. - Disse Valentino, sua voz carregada de uma resignação amarga.Isabela, bem no fundo, sabia que Valentino transferiu parte da sede do Grupo Lopes para o País C para escapar de sua interferência, mostrar sua determinação e se prevenir contra qualquer atitude extrema que ela pudesse tomar no futuro. Se chegasse a esse ponto, ele poderia muito bem mover toda a empresa para o País C para se libertar de suas garras
Lilian e Isabela deixaram o escritório de maneira extremamente constrangedora, enquanto Jaqueline não conseguia evitar um sentimento de culpa que brotava em seu coração. Contudo, essa culpa não se originava de Isabela e Lilian, mas sim por causa de Valentino.Jaqueline sempre quis envelhecer ao lado de Valentino, mas também não queria que ele se desentendesse com sua família por causa dela. Se surgisse um conflito entre eles, precisavam resolvê-lo imediatamente, caso contrário, como uma bola de neve, a situação só pioraria, se tornando quase impossível de ser solucionada no futuro, esmagando-os sob seu peso.Valentino, por outro lado, não sabia dos inúmeros pensamentos que passavam pela mente de Jaqueline. Ele apenas sabia que a atitude firme dela agora mesmo deixou ele muito satisfeito, confirmando a decisão que tomou no momento em que a viu pela primeira vez e se apaixonou perdidamente.- Por que você está rindo? - Perguntou Jaqueline, notando um sorriso no rosto de Valentino.Valent
Após receber a garantia de Valentino, Jaqueline finalmente sentiu seu coração voltar ao lugar. Não que ela não confiasse em Valentino, mas ela sabia que qualquer relacionamento enfrentaria desafios inevitáveis, e mesmo os casais mais apaixonados precisavam de coragem e paciência para lidar com essas adversidades.Independentemente das dificuldades, enquanto Valentino não desistisse, Jaqueline também não abandonaria. Esse era o compromisso que Valentino fez a ela e a promessa que Jaqueline sempre seguiria fielmente.Jaqueline decidiu voltar ao palácio do País C, pois já fazia um bom tempo desde sua última visita. Apesar dos conflitos familiares que enfrentava, ela ainda ansiava pelo amor e carinho dos pais. Embora sempre houvesse intrigas durante suas visitas, ela não deixava que isso afetasse ela.O palácio do País C continuava tão majestoso como sempre. Embora não superasse em muito os imponentes arranha-céus do Grupo Lopes, sua arquitetura de estilo europeu ocidental, combinada com m
Mas ao mesmo tempo, Jaqueline quase cuspiu a água que estava bebendo. O príncipe Leonardo, sempre tão imponente e sério diante de todos, mostrava um lado infantil e brincalhão apenas na presença dela, o que deixava ela em situações muitas vezes cômicas e desconcertantes.- Não se preocupe, irmão. Eu sempre cumpro minhas promessas. Voltarei mais vezes, afinal, este é meu lar e tenho muitos familiares aqui. - Garantiu Jaqueline, com um sorriso terno.Esse momento de carinho entre os dois era tão sincero e tocante que nem mesmo os empregados queriam interromper. No entanto, essa tranquilidade foi rompida de repente por uma presença indesejada.Diana surgiu, levantando levemente a saia enquanto caminhava em direção a eles. Ela estava no andar superior do palácio, desfrutando de petiscos e conversas, quando ouviu das empregadas que Jaqueline tinha chegado e estava em uma animada conversa com o príncipe Leonardo. Incapaz de conter sua inquietação, Diana decidiu confrontar Jaqueline.Jaquelin
Sempre que Jaqueline retornava ao palácio, sua presença era tão marcante que até os empregados tratavam ela com uma deferência exagerada, o que irritava muito Diana. Jaqueline, ciente da hostilidade de Diana, decidiu afastar seu irmão da situação para evitar que ele se envolvesse em conflitos delas.- Irmão, por que não vai dar uma olhada lá em cima? Eu te encontro mais tarde, tudo bem? - Jaqueline sugeriu em tom suave.Leonardo, aliviado, sorriu para ela antes de sair sem olhar para trás. Diana, com a mão escondida no vestido, apertou com força os punhos. Ela se perguntava como Jaqueline conseguia conquistar todos ao seu redor de maneira tão natural? Se ela não tomasse uma atitude, sua própria posição no palácio ficaria ainda mais comprometida.- Diana, seu vestido é muito bonito. - Disse Jaqueline, sinceramente admirada pela elegância da irmã.A frase, desprovida de qualquer ironia, era apenas uma observação honesta sobre o vestido magnífico que Diana usava, um traje que refletia s