Jaqueline se sentia um pouco perdida, incapaz de acreditar que sequer havia tido a oportunidade de agradecer ao Samuel por tudo. Ela olhou para o horizonte, tentando reprimir o sentimento de culpa que invadia ela.- Senhora, meu quarto ainda está disponível? - Jaqueline perguntou, esperando que o espaço ainda estivesse reservado para ela, já que havia alugado por um ano e só tinham se passado dois meses.A dona de pousada, visivelmente constrangida, hesitou antes de responder. - Guardei com cuidado suas coisas, Srta. Jaqueline. Imagino que você não vai mais morar aqui, certo? Posso devolver os onze meses restantes de aluguel. A explicação fez Jaqueline sentir um pouco de tristeza, embora compreendesse. Ela tinha ficado ausente por muito tempo, e o Samuel provavelmente havia dito à senhora que ela não retornaria. Era natural que o quarto tivesse sido alugado para outra pessoa. Pelo menos, suas coisas estavam bem guardadas.- Muito obrigada, senhora. Agradeço pelo cuidado. - Jaqueline
Valentino havia sido claro ao guarda-costas, qualquer um que ameaçasse a senhora ou cobiçasse algo dela seria imediatamente eliminado. Evan, percebendo o perigo iminente, recuou rapidamente, tentando disfarçar seu medo com um sorriso forçado.- Gata, faça seus seguranças se acalmarem! Se me machucarem, vou processar vocês. - Disse ele, tentando soar corajoso, mas sua voz tremia levemente.Jaqueline revirou os olhos, exasperada, e rapidamente ordenou ao líder dos seguranças: - Está tudo bem, podem se afastar. Ele não vai fazer nada contra mim. - Sim, senhora. - Respondeu o líder dos seguranças, recuando imediatamente com uma reverência respeitosa.Evan, percebendo que o perigo imediato havia passado, se endireitou e soltou um suspiro de alívio, recuperando seu ar despreocupado.- O que você realmente quer? - Jaqueline perguntou, sua voz carregada de indignação e curiosidade.Evan levantou as mãos em um gesto de inocência. - Eu não quero nada. O Leonardo, aquele cabeça-dura, me pediu
Jaqueline estava muito frustrada. Embora as cenas já tivessem tomado forma em sua mente, cada vez que tentava transferi-las para o papel, surgiam problemas. As composições pareciam desarmônicas, e os detalhes ficavam confusos, com linhas desordenadas que prejudicavam a harmonia da obra.Com um suspiro pesado, ela largou o pincel sobre a mesa, sentindo-se impotente. Do lado de fora, uma pequena ave pousou no telhado, emitindo um canto agudo e repetitivo. Jaqueline levantou o olhar, atraída pelo som, e viu o céu tingido de um laranja profundo, com as nuvens se acumulando à medida no horizonte enquanto a luz do dia se dissipava.Ela sentiu uma onda de cansaço invadir seu corpo. Seus longos cílios tremeram e suas pálpebras começaram a se fechar lentamente. Nos últimos dias, ela havia se sobrecarregado com tantas tarefas que agora estava exausta. Tentando se concentrar de novo, percebeu que seu esforço era inútil, a falta de energia e foco impediam ela de criar algo que satisfizesse ela.De
Valentino apertou suavemente o nariz de Jaqueline, e não pôde deixar de chamar ela pelo apelido carinhoso: - Acorde, Jaque. Vamos jantar primeiro, depois você pode voltar a dormir. Pular o jantar não vai fazer bem para sua saúde.Jaqueline, ainda mergulhada em um sono profundo, não estava consciente, seu corpo se inclinando cada vez mais para fora do sofá. Valentino logo envolveu sua cintura, notando como ela estava mais magra, suas mãos envolvendo ela completamente sem dificuldade.Ele não podia deixar de se preocupar com a obsessão dela em perder peso. Ela estava ficando magra demais.- Jaque, seja boazinha e desça para jantar. Hoje temos seus pratos favoritos, não deixe a comida ser desperdiçada. - Disse Valentino, sua voz carregando um tom de leve frustração.Jaqueline, ainda sonolenta, foi despertada de repente pelo tom firme de Valentino. Ao abrir os olhos, percebeu que estava aninhada no peito dele, se recusando a se mover. Não era de se admirar que ela não quisesse acordar. O
Não se sabia quanto tempo tinha passado, mas quando Jaqueline abriu os olhos novamente, o céu já começava a clarear. Ainda meio sonolenta, ela lembrou do que Valentino havia dito a ela na noite anterior: que ela deveria se levantar para comer algo assim que acordasse. Contudo, parecia que Valentino também havia adormecido no sofá ao lado dela.Ele havia cedido toda a manta para ela, ficando apenas com uma fina camada de roupa, sem qualquer outra proteção contra o frio. Dormir assim não era nada saudável, especialmente com a queda de temperatura e o clima chuvoso dos últimos dias. Era essencial se manter aquecido.- Tino... - Jaqueline sussurrou enquanto empurrava ele levemente, mas ele não reagiu. Mesmo chamando seu nome baixinho ao pé do ouvido, só obteve um leve resmungo em resposta.Desconfiada, Jaqueline levantou a mão e tocou a testa de Valentino. Não foi surpresa descobrir que ele estava com febre. Pobre do Valentino, um presidente de uma grande empresa, encolhido no sofá sem con
Valentino, que até pouco tempo atrás descansava com os olhos fechados como se tivesse esgotado toda sua energia, de repente agarrou o pulso de Jaqueline com a força de um leopardo. Essa força, inesperada como um leão despertando de seu sono, era impressionante.Mesmo com o médico da família tendo chegado, Valentino ainda estava com os olhos fechados, encolhido sob um grosso cobertor, parecendo um pequeno esquilo peludo, isolado do mundo. Seu rosto estava pálido, sua respiração ligeiramente acelerada, mas havia uma teimosia resiliente em sua expressão.Jaqueline raramente via Valentino assim. Sua voz estava muito suave, como uma brisa de primavera sobre a superfície de um lago, tocando as cordas de seu coração e despertando uma ternura inesperada. Ela segurou firmemente a mão de Valentino em resposta. Aquela mão, que antes comandava exércitos, agora estava fria ao toque. Com uma voz gentil, ela confortou ele. - Tino, eu não vou embora. - Ela colocou sua mão de volta debaixo das coberta
A luz da manhã atravessava as cortinas semiabertas, lançando sombras irregulares sobre o rosto de Valentino. Seu corpo parecia ter uma resistência natural contra pequenos resfriados e dores, e ele sempre desprezava essas pequenas enfermidades. Depois de tomar o remédio na noite anterior, ele dormiu fundo e, ao acordar, a febre havia desaparecido, e ele se sentia um pouco mais recuperado.No entanto, a verdadeira “tempestade” não havia terminado com o fim da pequena doença. Jaqueline estava sentada à beira da cama, seu olhar era severo e questionador. Normalmente, ela falava com Valentino com doçura, nunca adotando um ar tão rigoroso.Valentino mal abriu os olhos e se deparou com a expressão austera de Jaqueline. Seu coração afundou num instante Ele nunca imaginou que acordaria para enfrentar uma situação assim. Engolindo em seco, perguntou com cuidado: - Jaque, o que... Aconteceu? Jaqueline não respondeu, apenas continuou a encarar ele, seu olhar penetrante parecia querer desvendar s
Devido ao recente resfriado de Valentino, uma quantidade significativa de documentos pendentes se acumulou, aguardando sua aprovação na empresa.- Sr. Valentino, é o seguinte. - Começou o assistente, enquanto relatava a situação da empresa nos últimos dias. - No segundo semestre, a empresa precisa competir por um terreno, então precisamos da sua aprovação. A alta administração já aprovou esta decisão, mas precisamos que o senhor revise de novo.O assistente continuou apresentando os próximos projetos e as empresas com as quais o Grupo Lopes precisaria colaborar. Embora as tarefas fossem numerosas e variadas, para Valentino isso era um trabalho trivial.Desde que ele assumiu a presidência do Grupo Lopes, a empresa, que antes enfrentava dificuldades em seu desenvolvimento, experimentou um crescimento meteórico sob sua liderança. Valentino não apenas superou os concorrentes que ameaçavam ultrapassar o Grupo Lopes, mas também deixou esses rivais tão distantes que mal conseguiam ver suas lu