"Você é igual ao seu pai! Terrivelmente teimosa."Lembrei a mim mesma das palavras de minha mãe. E decidi que encararia toda essa droga de cabeça erguida e faria o que tivesse que fazer para fugir.Cada palavra ofensiva proferida por Jun ecoa em minha mente, eu sabia que era verdade, era exatamente daquela forma que os homens aqui me veriam. A sensação de ter meu caráter e dignidade sendo ignoradas completamente é insuportável. A vontade de me rebelar, de lutar contra aqueles que tentam me subjugar, cresce quase indomável dentro de mim, mas eu não perderia o controle, manteria o resto de sanidade possível. O que considerava não ser muita, já que cheguei a conclusão que o líder da Yakuza não aceitaria uma mulher que não fosse mais virgem como sua esposa.E foi assim que eu percebi que poderia viver a minha vida sem ter que me casar caso voltasse para meus pais, também qualquer chance de ter um casamento iria por água abaixo, mas sem amor do que isso valeria?Há poucas horas atrás eu es
Estava cheio de pessoas, homens e mulheres em diferentes roupas e estilos, mas todos elegantes. Enquanto eu observava ao meu redor, meus olhos capturam toda a decoração do navio, uma bela decoração foi preparada para o Festival chamado de Barco-Dragão, Jun agora me explicava, enquanto me guiava em meio a multidão, o que era a tal celebração. A festa consistia em honrar a memória de Qu Yuan, um poeta e estadista chinês do século III a.C. Sua história era profundamente inspiradora.- Naqueles tempos antigos... – continuou Jun, de forma teatral. – Qu Yuan se preocupava profundamente com o destino de seu país. Ele era um fervoroso defensor de políticas justas e éticas, mas suas palavras de sabedoria muitas vezes caem em ouvidos surdos. Desapontado e desiludido, Qu Yuan se jogou no rio Miluo como um ato final de protesto contra a corrupção e injustiça. – ele ergueu uma das mãos no ar, encenando a grandiosidade do ato do personagem. – Assim, para honrar a memória de Qu Yuan, as pessoas come
Eu me encontrava no meio de uma multidão animada. Lee havia me guiado até a borda para que pudéssemos assistir ao espetáculo que ocorria em pleno pôr do sol, envolto pela energia contagiante do festival para alguns ali presentes. O sol começava a se esconder, refletindo-se no mar cristalino que se estendia à minha frente. Eu estava prestes a assistir à corrida de barcos, uma das atrações mais esperadas desse evento, se havia entendido bem o que Jun me explicou.Enquanto os competidores se preparavam em seus barcos coloridos, meu coração batia acelerado no peito. Lee estava ao meu lado, sempre vigilante. Eu ocupava meu tempo ignorando-o, mas ele se provou alguém particularmente difícil de se conseguir ignorar.Observamos Jun desaparecer com Mei Ling na escada que dava para as cabines lá embaixo, e eu achei melhor não pensar muito sobre o que planejavam fazer, pois eu tinha uma imaginação um tanto quanto limitada para isso com base no pouco conhecimento que tinha, mas duvidava que a men
- Já parou para pensar que você está aqui por causa dele? Que a culpa é dele? Por assassinar meu irmão e por ser incapaz de mantê-la segura? - continuei a encará-lo por obrigação, incapaz de responder ou de reagir com ele tão próximo. - Se o seu querido pai não tivesse assassinado meu irmão, hoje não estaríamos travando essa guerra e você não teria sido arrastada para o meio do tiroteio. Então se quer responsabilizar alguém, por que não coloca a culpa no papai? Aparentemente você é incapaz de lidar com realidades que não quer enfrentar de verdade.Ele me soltou, me dando as costas e seguindo em direção à porta, mas a fúria dentro de mim me fez agir impulsivamente quando gritei:- Ele não matou seu irmão, meu avô só estava protegendo quem amava! - ele voltou para mim lentamente, e dessa vez abaixei o tom de voz. - E quanto ao meu pai... Você pode dizer que não teria feito o mesmo?Lee me encarou por alguns segundos, e pude jurar que vi raiva, mas também dor em seus olhos.- Jun não mat
Saí da cabine com um misto de raiva e frustração pulsando dentro de mim. A discussão com Paola tinha deixado um gosto amargo em minha boca, incapaz de acreditar no quanto a ingenuidade dela influenciava seus julgamentos diante da realidade em que vivíamos. Mas havia certa razão em suas palavras, o que me deixou ainda mais irritado pelas decisões que meu pai havia tomado sem que eu soubesse.Era natural que ela defendesse o pai, pois ainda não passava de uma menina e a língua afiada dela já havia tirado minha paciência duas vezes ou mais essa noite. Apesar de que vê-la no vestido em que Jun a colocou essa noite causou em mim coisas que eu jamais sentiria por uma menina, era impossível não admitir que Paola havia ficado esplêndida naquele vestido, enfim aparentando ser uma mulher adulta e não uma adolescente. Foi inevitável não olhar mais que algumas vezes para o seu decote, o traseiro bem marcado e os lábios avermelhados, cheguei a me pegar pensando em como seria borrar aquele batom co
Depois da noite anterior, foi particularmente difícil dormir e acabei passando a noite em claro. Eu não era burra, embora criada de forma reclusa, eu sabia exatamente o que acontecia entre um homem e uma mulher no ato sexual, porém não sabia muitos detalhes além de que era muito parecido com o que os animais faziam na fazenda, mas jamais tinha visto de perto um cruzamento entre espécies e qualquer coisa além de breves explicações táticas sobre a arte da reprodução humana nos livros de biologia que estudei. Tirando a surpresa por encontrar Hana na cama de Lee, a expressão e a forma como ela parecia... Gostar, me deixou intrigada. Qual era a sensação de ser penetrada por um homem? Doía muito? Nada permitiu que a cena saísse da minha mente e um calor incomum se acumulasse entre minhas pernas. Me repreendi de imediato, não era certo. Como uma garota católica criada em um lar familiar, ensinada a se entregar apenas depois do casamento, eu tinha plena noção de que aquilo era pura perversão.
Coloquei um vestido vinho com alças, leve que ficava acima dos joelhos e balançava com o movimento, meu cabelo permaneceu solto e Mei me obrigou a colocar uma sandália preta de dedos simples.Porque preciso me arrumar se vou ficar presa aqui?- O Sr. Mizushima permitiu sua saída nesta manhã e a convidou para fazer o desjejum em sua companhia. – quase engasguei com a informação.- Como? – ela revirou os olhos.- Temos 5 minutos!- E você não podia ter me avisado isso mais cedo?- Que diferença faria? Você não tem opção, tem? – devolvi a revirada de olhos e encarei o mar do lado de fora enquanto ela, que havia feito questão disso, escovava meus cabelos.De fato, ela estava certa. Mas eu sabia que a intenção de Lee era me constranger ao fazer com que eu o encarasse depois de ontem. Cretino!Quanto à mulher ao meu lado, senti que isso era muito mais divertido do que eu imaginava para Mei me arrumar, aparentemente eu havia me tornado sua Barbie de tamanho real. A mulher penteia os fios com
Enquanto me sento à mesa, observo Paola se aproximando com uma expressão envergonhada estampada em seu rosto. Ela parece não saber para onde olhar, mas certamente não quer encarar a mim. De qualquer forma, aposto que ter nos pego, a Hana e a mim, na noite passada, conseguiu ainda mais afetar seu ódio por mim. Acompanhando-a, Mei Ling desempenha seu papel de auxiliar, ciente da situação em que Paola se encontra e por que está aqui; ela tenta amenizar a tensão entre nós.Jun, ao meu lado, discute os preparativos para nossa chegada em Manhattan daqui a duas semanas. Enquanto ele fala, observo-as se aproximarem e Jun desvia sua atenção para Mei.- Bom dia, senhoritas — diz ele, seus olhos percorrendo o corpo esguio no vestido leve e azul claro.- Acho que já me deu bom dia mais cedo, querido — provocou Mei em chinês, com um sorriso caloroso para ele, e Paola a olhou de esguelha, curiosa, sem entender o idioma.- Bom dia, senhorita Ling — ela sorriu para mim com um aceno de cabeça. — E bom