Depois da noite anterior, foi particularmente difícil dormir e acabei passando a noite em claro. Eu não era burra, embora criada de forma reclusa, eu sabia exatamente o que acontecia entre um homem e uma mulher no ato sexual, porém não sabia muitos detalhes além de que era muito parecido com o que os animais faziam na fazenda, mas jamais tinha visto de perto um cruzamento entre espécies e qualquer coisa além de breves explicações táticas sobre a arte da reprodução humana nos livros de biologia que estudei. Tirando a surpresa por encontrar Hana na cama de Lee, a expressão e a forma como ela parecia... Gostar, me deixou intrigada. Qual era a sensação de ser penetrada por um homem? Doía muito? Nada permitiu que a cena saísse da minha mente e um calor incomum se acumulasse entre minhas pernas. Me repreendi de imediato, não era certo. Como uma garota católica criada em um lar familiar, ensinada a se entregar apenas depois do casamento, eu tinha plena noção de que aquilo era pura perversão.
Coloquei um vestido vinho com alças, leve que ficava acima dos joelhos e balançava com o movimento, meu cabelo permaneceu solto e Mei me obrigou a colocar uma sandália preta de dedos simples.Porque preciso me arrumar se vou ficar presa aqui?- O Sr. Mizushima permitiu sua saída nesta manhã e a convidou para fazer o desjejum em sua companhia. – quase engasguei com a informação.- Como? – ela revirou os olhos.- Temos 5 minutos!- E você não podia ter me avisado isso mais cedo?- Que diferença faria? Você não tem opção, tem? – devolvi a revirada de olhos e encarei o mar do lado de fora enquanto ela, que havia feito questão disso, escovava meus cabelos.De fato, ela estava certa. Mas eu sabia que a intenção de Lee era me constranger ao fazer com que eu o encarasse depois de ontem. Cretino!Quanto à mulher ao meu lado, senti que isso era muito mais divertido do que eu imaginava para Mei me arrumar, aparentemente eu havia me tornado sua Barbie de tamanho real. A mulher penteia os fios com
Enquanto me sento à mesa, observo Paola se aproximando com uma expressão envergonhada estampada em seu rosto. Ela parece não saber para onde olhar, mas certamente não quer encarar a mim. De qualquer forma, aposto que ter nos pego, a Hana e a mim, na noite passada, conseguiu ainda mais afetar seu ódio por mim. Acompanhando-a, Mei Ling desempenha seu papel de auxiliar, ciente da situação em que Paola se encontra e por que está aqui; ela tenta amenizar a tensão entre nós.Jun, ao meu lado, discute os preparativos para nossa chegada em Manhattan daqui a duas semanas. Enquanto ele fala, observo-as se aproximarem e Jun desvia sua atenção para Mei.- Bom dia, senhoritas — diz ele, seus olhos percorrendo o corpo esguio no vestido leve e azul claro.- Acho que já me deu bom dia mais cedo, querido — provocou Mei em chinês, com um sorriso caloroso para ele, e Paola a olhou de esguelha, curiosa, sem entender o idioma.- Bom dia, senhorita Ling — ela sorriu para mim com um aceno de cabeça. — E bom
Duas semanas se passaram desde que embarquei no navio, e durante esse tempo, tive aulas com Mei Ling, que me ensinou sobre práticas chinesas e comportamentos culturais locais. Mei foi muito dedicada e paciente, embora um pouco louca em alguns momentos. Ela é uma mulher cheia de vida e espontânea, agitada e devo dizer, fofoqueira, mas isso em nada atrapalhava sua elegância e educação. Compartilhou muitos conhecimentos valiosos comigo. Por exemplo, ela me ensinou a praticar Tai Chi todas as manhãs, explicando os benefícios dessa arte marcial chinesa para o corpo e a mente. Como usar um hashi e dicas de vestimentas, alegando que frequentemente eu irei precisar usar um Hanfu ou Qipao, sendo o segundo o mais comum, assim como o vermelho que ela usava no dia do festival. Ela também explicou que, em suas grandes maiorias, as mulheres e esposas nas máfias chinesas desempenham principalmente papéis de apoio e suporte aos membros masculinos. Nada diferente de onde fui criada. Elas podem talvez
Quando chegamos ao porto de Manhattan, exalei o cheiro familiar da minha cidade. Atracamos em uma região reservada, já que o porto era necessariamente para cruzeiros, porém, meus contatos me permitiam tal liberdade uma vez ou outra desde que não chamasse tanta atenção. Desci acompanhando Paola com uma das mãos pousada em sua cintura, guiando-a pela rampa abaixo em direção ao meu carro estacionado a alguns metros, que é um modelo preto do Hongqi H9. Há algumas pessoas nos olhando de esguelha e alguns homens, que não são dos meus, chegam a olhar para Paola de cima a baixo e não posso negar que ela está linda usando o vestido cinza que escolhi para ela. E foi terrivelmente irritante ouvir os professores de Jun sobre como não cairia tão bem a cor nela. De qualquer forma, deixei que Mei assumisse o crédito, mas pessoalmente solicitei que fosse uma cor clara e num modelo elegante, isso tudo fazia parte de um único objetivo, que com certeza ela não aprovaria. Abri a porta para ela, que entro
Paralisei quando encarei o homem à minha frente após me curvar como Lee havia me instruído; qualquer sinal de desrespeito seria o suficiente para que o Cabeça de Dragão adicionasse mais um item na lista de motivos para me matar. Eu estava tremendo enquanto lutava para me manter firme diante do assassino de meu avô, pois se Lee alegava que eu não podia culpá-lo, pois bem, aquele homem eu podia culpar. Era ele o responsável por arruinar minha vida, seu ódio por vingança me manteve longe de meus pais, me obrigou a viver reclusa, me perseguiu e sequestrou e me arrastou até aqui para ser uma maldita prisioneira!Um homem também de aparência asiática, mais velho que Lee, mas com a mesma altura, os cabelos negros penteados para trás, amarrados em um coque. Tinha barba e bigode curtos, também escuros. Tinha rugas e linhas de expressão, que comprovaram sua passagem do tempo em liderança como líder da Tríade. Os olhos negros como os do filho, com as pálpebras levemente caídas, mas em nada isso
Não digo nada durante todo o caminho de volta, me concentro em observar as ruas que passam do lado de fora da janela e seco uma ou duas lágrimas, me recusando a ceder e desabar aqui. Já chorei demais desde que saí daquela casa.Lee acelera no volante também em silêncio, mas percebo algumas olhadas em minha direção pelo canto dos olhos, e é justamente por isso que me recuso a chorar. Não vou desmoronar na frente dele. Não importa quanto medo sinto ou quanta raiva quero colocar para fora, aqui me manterei firme o máximo que conseguir. Ainda que não signifique muita coisa, isso me incentiva a manter o controle, pois não sei o que pode acontecer se eu deixar tudo sair agora.A realidade parece finalmente me atingir, e vejo que de fato estou em perigo aqui. Lee me tratou bem até demais se comparado ao seu pai. Seu cavalheirismo e bom comportamento me aleijaram para o que poderia me esperar naquela sala. Eu até poderia esperar palavras baixas e ofensivas, mas não agressividade. Por algum mo
Quando acordei, já era tarde. As luzes dos postes de lamparinas iluminavam a estrada deserta da casa rodeada pela natureza que agora eu observava através do vidro da porta da varanda.Eu não a havia deixado aberta mais cedo?Fui até a porta do quarto e, ao abrir devagar, bisbilhotei pelo corredor. Na parte debaixo, a sala estava iluminada, mas vazia. Porém, pude ouvir vozes vindas do andar de baixo.Desci as escadas em silêncio, com os pés no chão e com o cabelo desgrenhado do penteado desfeito mais cedo. Segui em direção ao corredor com os três quadros e as vozes foram aumentando.- É claro que ela está assustada! – era a voz de Mei. – O que você esperava? – não houve respostas. – Agora será necessário paciência até que vocês consigam resolver tudo e ela possa se sentir segura aqui.- Eu disse a ela que você poderia protegê-la. – a voz de Jun ecoou com o que pareceu pesar e eu sabia que se referia a Lee, assim como o reconheci suspirando em resposta.- Infelizmente, isso não é totalm