Paralisei quando encarei o homem à minha frente após me curvar como Lee havia me instruído; qualquer sinal de desrespeito seria o suficiente para que o Cabeça de Dragão adicionasse mais um item na lista de motivos para me matar. Eu estava tremendo enquanto lutava para me manter firme diante do assassino de meu avô, pois se Lee alegava que eu não podia culpá-lo, pois bem, aquele homem eu podia culpar. Era ele o responsável por arruinar minha vida, seu ódio por vingança me manteve longe de meus pais, me obrigou a viver reclusa, me perseguiu e sequestrou e me arrastou até aqui para ser uma maldita prisioneira!Um homem também de aparência asiática, mais velho que Lee, mas com a mesma altura, os cabelos negros penteados para trás, amarrados em um coque. Tinha barba e bigode curtos, também escuros. Tinha rugas e linhas de expressão, que comprovaram sua passagem do tempo em liderança como líder da Tríade. Os olhos negros como os do filho, com as pálpebras levemente caídas, mas em nada isso
Não digo nada durante todo o caminho de volta, me concentro em observar as ruas que passam do lado de fora da janela e seco uma ou duas lágrimas, me recusando a ceder e desabar aqui. Já chorei demais desde que saí daquela casa.Lee acelera no volante também em silêncio, mas percebo algumas olhadas em minha direção pelo canto dos olhos, e é justamente por isso que me recuso a chorar. Não vou desmoronar na frente dele. Não importa quanto medo sinto ou quanta raiva quero colocar para fora, aqui me manterei firme o máximo que conseguir. Ainda que não signifique muita coisa, isso me incentiva a manter o controle, pois não sei o que pode acontecer se eu deixar tudo sair agora.A realidade parece finalmente me atingir, e vejo que de fato estou em perigo aqui. Lee me tratou bem até demais se comparado ao seu pai. Seu cavalheirismo e bom comportamento me aleijaram para o que poderia me esperar naquela sala. Eu até poderia esperar palavras baixas e ofensivas, mas não agressividade. Por algum mo
Quando acordei, já era tarde. As luzes dos postes de lamparinas iluminavam a estrada deserta da casa rodeada pela natureza que agora eu observava através do vidro da porta da varanda.Eu não a havia deixado aberta mais cedo?Fui até a porta do quarto e, ao abrir devagar, bisbilhotei pelo corredor. Na parte debaixo, a sala estava iluminada, mas vazia. Porém, pude ouvir vozes vindas do andar de baixo.Desci as escadas em silêncio, com os pés no chão e com o cabelo desgrenhado do penteado desfeito mais cedo. Segui em direção ao corredor com os três quadros e as vozes foram aumentando.- É claro que ela está assustada! – era a voz de Mei. – O que você esperava? – não houve respostas. – Agora será necessário paciência até que vocês consigam resolver tudo e ela possa se sentir segura aqui.- Eu disse a ela que você poderia protegê-la. – a voz de Jun ecoou com o que pareceu pesar e eu sabia que se referia a Lee, assim como o reconheci suspirando em resposta.- Infelizmente, isso não é totalm
Eu me olho no espelho, observando meu reflexo que reflete o terno azul escuro. Ajusto cuidadosamente minha gravata, que é alguns tons mais claros. O traje escuro contrasta elegantemente com minha pele clara. Os botões dourados adicionam um toque de sofisticação. Devo agradecer a Jun mais tarde pela ótima costureira que ele nos arrumou.Enquanto aliso o tecido macio do terno, meus pensamentos se perdem nas palavras de Paola ontem à noite. Hoje, passei o dia fora e a deixei na companhia de Mei, enquanto resolvia com Miles os detalhes de tudo que ele havia feito ontem sob minhas ordens e tudo que aconteceria hoje. Dei-lhe a ordem para que sumisse por um bom tempo. Felizmente, o que era necessário ser feito foi realizado com sucesso ontem à noite e pela madrugada. Me ligaram informando o que eu já sabia, mas me mostrei surpreso ao saber. A importância da reunião que estou prestes a enfrentar é o que mudará tudo, isso se eu conseguir sair vivo dela. Meu pai, sendo um homem poderoso e respe
Sinto meu coração acelerar em meu peito quando escuto as palavras de Mei Ling ecoarem em meus ouvidos. O choque toma conta de mim, meu corpo paralisado diante da revelação que acaba de acontecer. Lee, o homem que me sequestrou, mas que pensei por um segundo que poderia talvez confiar, acaba de anunciar que estarei presa com ele em um casamento indesejado, sendo Lee meu próprio inimigo. Sinto-me como uma peça em seu jogo doentio. Tudo isso não passa de uma estratégia.Meus olhos encontram os de Lee, buscando por qualquer sinal de arrependimento ou hesitação, toda a multidão se foi e só consigo enxergar ele diante de mim, com um sorriso presunçoso e sua mão estendida, um convite que não tenho o poder de rejeitar. Maldito seja! E quando busco algum sinal de que aquilo não se passa de uma piada ridícula, tudo o que vejo é determinação em seu olhar, mascarada com o triunfo de conseguir o que queria: destruir meu pai. O peso de suas palavras ecoa em minha mente, enquanto tento também proces
Lee me encarou surpreso, embora o tapa sequer parecesse ter tido algum efeito. Me fazendo questionar se não usei toda a força que imaginei ter usado. Alguns segundos se passaram enquanto eu o encarava com fúria e ódio e ele me olhando como se me visse de verdade pela primeira vez.- Eu... – ele começou, mas eu o interrompi, colocando toda a minha raiva nas palavras.Não me diga uma palavra maldita! – apontei meu dedo em sua direção e ele ergueu os dois braços, me pedindo calma. – Vá para os infernos com essa "calma". – avancei um passo contra ele em acusação e Lee recuou, mas eu estava furiosa demais para me surpreender com sua atitude, pois sabia que a última coisa que eu poderia fazer era intimidar de verdade aquele homem. – Você planejou isso! O tempo todo pretendia propor esse maldito casamento! Mas por quê? Tirar uma filha do seu pai não é punição o suficiente?- Fiz isso também para proteger você! – sua voz baixa e calma me causaram ainda mais raiva e qualquer controle que eu po
Eu passei um dia inteiro trancada no quarto, ignorando todas as tentativas de Mei de conversar comigo, e agradeci aos céus quando ela não tentou me obrigar a participar das aulas de cultura e etiqueta. Jie, a única funcionária permanente da casa, era quem trazia o café da manhã. Trocamos algumas palavras breves, mas infelizmente, ela não vinha todos os dias. Por isso, na manhã seguinte, precisei descer até a cozinha.Ao entrar no cômodo, deparei-me com Mei sentada na bancada, olhando distraída para o lado de fora através da porta de vidro. Ela estava vestida com um belo vestido rosa pálido, com mangas soltas e sandálias douradas, parecendo uma linda boneca de porcelana. Seus cabelos pretos estavam presos em um rabo de cavalo elegante, e ela não usava quase nenhuma maquiagem, apenas um leve batom rosado nos lábios finos. Mei olhou na minha direção quando entrei, seus olhos ainda carregavam a expressão de culpa, mas parecia que havia algo mais, uma certa tristeza em seu olhar. E eu me p
A senhora Chang, a dona do ateliê, trouxe um vestido que alegou ser especial, envolto em uma capa branca de veludo e informando que Lee, o homem ao qual eu sequer suportava ouvir o nome, tinha pessoalmente solicitado essa peça para mim. Eu toquei o vestido ainda coberto com relutância quando me foi oferecido, sentindo a textura suave do tecido enquanto deslizava meus dedos por ele. A Sra. Chang o colocou em uma cabine no centro da sala e retirou sua capa, me permitindo vê-lo por completo. Era um vestido de noiva deslumbrante, no estilo de um Qipao, com um corte elegante e detalhes requintados. Mei se apressou a me vestir e quando me olhei no espelho, ofeguei com sua indescritível beleza. O vestido de noiva me envolvia como uma segunda pele. Era tradicional, com um corte justo e elegante que abraçava cada curva do meu corpo. O tecido era de seda pura, suave ao toque, e a cor branca brilhava como a neve.A parte superior do vestido era adornada com bordados intrincados, feitos à mão, co