Louis Davis (Nove meses, antes) — Alô! — Louis, onde você tá? A Edineide me contou que não tem dormido direito e nem está comendo! — a minha irmã Luana reclama. — Luana não estou no meu melhor dia, você sabe... eu tinha certeza que havia encontrado alguém especial e formaria uma família, eu não esperava terminar o mês, assim... tão magoado, com essa angústia, dor no peito... só não estou bem. Mas, fiquem tranquilas, eu acabei de entrar num trem, estou quase me sentando, quero chegar cedo para a minha exposição em Washington, a minha cabeça precisa parar de pensar um pouco. — Fui arrumar as minhas coisas e alguém tropeçou em mim. O meu celular deslizou e me apressei em segurar. — Ai! — resmungou e fui rápido em apoiar a moça, que por muito pouco não foi para o chão. Ela ficou parada nos meus braços e me olhando parecendo assustada por alguns segundos. Ela era muito bonita, com uma pele bronzeada, cabelos negros e encaracolados, com os olhos escuros como a noite e os belos e longos
Louis Davis — Eu não quero saber porque quer extravasar, mas eu tenho a solução! — ela disse e fomos caminhando quase correndo para a recepção, e ela arrancou os dois saltos e jogou atrás de um vaso enorme de flores, andando agora descalça. — Arranca os sapatos, não vou rir se você estiver usando meias furadas! — zombou, e vi que parou de chorar. — Não uso meias furadas... Ela saiu na minha frente e foi correndo na Avenida principal, e então atravessou a rua, tendo acesso à praia, que há tanto tempo não venho. — Vai ficar aí engolindo areia? — sorriu e levantou os braços. Quando comecei a correr na sua direção, precisei me concentrar, pois ela ficou linda com aqueles cabelos voando mais, devido ao vento, e então fechou os olhos. O vento parecia fazer bem a ela, tinha um sorriso lindo no seu rosto agora, o vestido se movia no seu corpo mostrando as suas curvas, e o batom vermelho que ela usava a deixava perfeita. Ali fora ela não era a moça triste do bar, nem a estressada do trem.
Islanne Lima “Que merda eu fui fazer?“ — Chorei ao perceber que fui igual ou pior ao meu pai, devido à bebida entreguei o que eu guardava de mais precioso a um desconhecido. O Leno, o meu namorado, me deixou, e esse foi um dos motivos; e por raiva eu pedi a um homem qualquer que me fizesse mulher, pois quando eu decidi me entregar ao Leno, o maldito me rejeitou, com uma desculpa esfarrapada que eu nem acreditei. Eu nem conheço esse homem que me tocou tão profundamente e me tomou dessa maneira. Ele não me pareceu um homem ruim, mas eu não o amo, por que fui fazer isso? Corri apavorada para o mar, e num mergulho pensei que limparia a minha alma, mas isso foi apenas mais um motivo para ficar emotiva. Olhei melhor para o homem tão gato que estava esticado no chão... observando-o assim sem roupa, até parei de chorar, o encarando ao sentir um suspiro gostoso que dei ao me lembrar de algumas coisas que fizemos nessa noite. Precisei parar de olhá-lo, e aproveitei que o homem havia dormid
Louis Davis Fiquei com muita raiva quando entendi que aquela mulher era mais uma tentando conseguir algo de mim. Estou muito cansado disso, a cada dia que passa isso aumenta, e eu tenho ficado cada vez mais sozinho. Eu não entendo o que há de errado comigo, sempre fiz de tudo para ajudar os outros, deixei de comprar coisas para mim mesmo, apenas para ver o sorriso no rosto daquelas crianças do orfanato, e sempre quando pude ajudei os que encontrava na rua, também. A vida toda tratei bem as mulheres, pois acho que elas são as obras mais lindas que Deus criou, e nenhuma merece ser tratada de forma diferente do que eu trato, mas a verdade é que ultimamente tenho estado muito irritado porque todas elas têm tentado me passar para trás, e estou confuso. Eu confesso que essa senhorita me surpreendeu, pensei que enfim havia encontrado alguém bacana, e que se entregou para mim sem reservas... alguém que não conhecia o meu sobrenome e nem a minha decadente tentativa de encontrar alguém que m
Islanne Lima Leno estava ali, e eu sentia que o meu coração idiota ainda batia por ele. Olhei duas vezes e vi que me ignorou como sempre, então aceitei a mão do Louis. O lugar era muito bonito, e fiquei sem graça que eu ainda estava com a roupa que fui ao hospital, e o cabelo já não estava alinhado. Segui o Louis que continuava a segurar a minha mão e ele sentou na banqueta alta do balcão, me colocando no meio das suas pernas, e senti um frio na barriga, pois me lembrei que ainda ontem ele estava dentro de mim. — Me vende aquela fita? — perguntou para a atendente, e vi que era uma fita simples, dourada que estava esticada sobre a mesa dela. — Pode pegar, se quiser! Essa sobrou do trabalho da escola da minha filha, mas é bem simples... — a mulher explicou sem graça, mais ele sorriu satisfeito, e agradeceu. Fiquei olhando... o que ele faria com aquilo? Então, percebi a enorme habilidade em suas mãos, que em poucos segundos transformou a fita num lindo laço. Pegou algo do bolso, pre
Louis Davis A exposição foi fantástica, a cada dia encontro mais patrocínio para as minhas esculturas, e fico ainda mais famoso. Cheguei no hotel ansioso. Passei numa floricultura e comprei flores para a Islanne, pedi um jantar especial para dois, e deixei avisado que esperava uma mulher e ela poderia subir, então tomei um banho e fiquei esperando por ela. O problema foi que quando abri a porta, quem entrou foi a Malu. Fiquei espantado, mas ela me abraçou e ficou encostada em mim. — Me desculpa, Louis! Eu falei besteiras naquele dia, fiquei pensando e pensando, até que decidi vir! A minha prima Bia estava vindo com o Matthew da fazenda e eu vim com eles, e quando liguei na sua casa, a Edineide ficou feliz em me passar a sua localização! — veio me beijar, mas a evitei. “Eu vou matar a Edineide!“ — Penso. — Malu... — tentei encontrar as palavras certas para dizer a ela. — O que foi? Não sentiu a minha falta? Faz mais de um mês que estivemos juntos... — ficou procurando a minha boc
Islanne Lima 2 meses depois Hoje precisei internar a minha mãe, pois está a cada dia pior... ela não consegue se alimentar e o sangramento aumentou devido à tosse absurda. Eu passo os dias e as noites de olho nela, vejo o seu sofrimento diariamente e já não sei como prosseguir. Quando estou dando aulas não consigo ficar tranquila, e como passei mal quando cheguei aqui, acabei fazendo uns exames e não acreditei quando ouvi as palavras do médico: — A senhorita está grávida de oito semanas! — Deve estar errado... eu não posso, doutor! Eu fiz sexo apenas uma vez, e nem preocupei, pensei que essas coisas fossem complicadas... — falei passando a mão no rosto. — É só olhar na imagem aqui na tela... vou colocar o coração para que você ouça... — nem acreditei quando vi e ouvi que tinha mesmo um bebê ali... uma vida gerada por mim e por... — Aí meu Deus! Eu nem sei onde está o pai do bebê! — falei apavorada ao me lembrar que troquei de número para que ele não me encontrasse, e como pago o
Islanne Lima A minha vida não foi fácil depois da morte da minha mãezinha. Ouvi o conselho do Leno e coloquei a casa a venda, mas como os valores que ofereceram pra ele eram baixos demais, eu não vendi, fechei e deixei lá, até que eu consiga entrar lá dentro de novo. Até porque o meu pequeno Andrew vai precisar de espaço, e estou morando dentro do barco que me restou, e às vezes acabo dormindo desajeitada na galeria... é, eu não contei, mas estou esperando um menino. Andrew é a minha razão de viver, e por ele tenho trabalhado tanto para comprar as suas coisinhas... já comprei uma cômoda e um berço, mas não montei, pois tenho esperança que com ele nos braços eu consiga entrar na casa que eu morava com a minha mãe, e lá tenhamos espaço. Comprei algumas roupinhas e ganhei várias coisas das meninas na galeria. Não fui mais atrás do Louis, pois consigo dar conta do meu bebê sozinha, ele que vá para o inferno com as suas indecisões e não tente me tirar o meu filho. Hoje vim trabalhar, ma