[ Algumas semanas depois. ]
— Quando vamos colocar o plano em prática, meninas? — Kaya perguntou a esposa e a Catherine. Elas almoçavam no balcão da cozinha enquanto faziam uma pausa do trabalho,e de lá espiavam Jonathan brincando com a filha caçula.— Eu não sei, acho que devia ser direta com ele, Cat. — Era o conselho de Celine.— Amor, até parece que não conhece o cara. Jonathan não vai simplesmente aceitar fazer o check-up. — A esposa concluiu rindo. Catherine estava ciente de que por Jonathan, as coisas continuariam como estão. Porém para ela, isso significava um tiro no escuro, e queria ter certeza de que continuar com a gravidez não seria um problema futuro para a criança.— Ei, eu tive uma ideia! — Soltou Kaya.— Qualquer coisa que não envolva estressar meu chefe eu topo. — Celine expôs levando uma colherada de arroz e feijão branco à boca.— Eu proponho chamar uma colega nossa do ensino médiAs coisas não se acalmaram com a chegada de Jonathan a porta. Pelo contrário, tudo pareceu ser parte de um conflito prestes a estourar. A primeira coisa estranha foi o marido a pedir para voltar à cozinha e não sair de lá com as meninas. A segunda foi Cat vê-lo entrar com a tal mulher no escritório, e depois de uns bons minutos, vê-la sair com a cara visivelmente descontente. Algo estava errado, e o modo como Agnês e Bea tremiam agarradas a ela, só confirmava ainda mais isto. Por fim a tal mulher cruzou a porta de saída, Agnês acompanhou com os olhos chorando de alívio. A cabeça da pequena por um momento afunda no ventre de Catherine que a acariciava na esperança de fazê-la parar com os tremores. Não queria perguntar a elas do por que reagir daquela forma a uma simples estanha, mas estava mais do que na cara de que não se tratava de uma mulher comum. Jonathan chegou à cozinha, pegando Agnês e Bea nos braços, dizendo às duas que
— Princesa, se você quiser mamar um pouco sabe que é só falar, não é? A menor assentiu com a cabeça, mas olhava para a porta do quarto, esperando que quando a irmã a atravessasse a qualquer momento, terminaria tirando sarro. Cat pegou o celular e escreveu para que Jonathan intretesse Agnês por uns vinte minutos no andar de baixo, e o marido a respondeu com um joinha. Com Cloe terminando o seio esquerdo, ela retirou a pequena do colo e a levou para o tapete de atividades no quarto. Havia brinquedos e apoiadores para que pudesse engatinhar e começar a treinar ficar de pé. Convencida de que Cloe estava ocupada o suficiente com um pelúcia de elefantinho, ela voltou a se sentar na cama, escorando as costas na cabeceira acolchoada e expondo o seio direito. Chamou Bea para se aconchegar em seu abraço e ofereceu o bico à menor. — Tudo bem, no seu tempo bebê. — Ela disse em português, e depois sussurrou em alemão explicando a f
Todo o pessoal da equipe de gravações, os objetos do set e os figurinos estavam espalhados pelo enorme jardim dos Cohen. As modelos e seus filhos se juntaram em círculo de conversa enquanto a produção ainda estava em fase de organização. A paisagem estava um misto de emoção e tranquilidade. Jonathan, em casa, se encarregava de manter as meninas do lado de dentro, mas a verdade era que não demorou muito para que as três escapulissem para o jardim e começassem a puxar assunto com as pessoas da equipe. Até mesmo Beatriz começou a puxar assunto com Walter, um senhor camera-man muito experiente. Era o membro mais velho da equipe com seus sessenta oito anos, três filhos e uma esposa adorável que normalmente vinha no horário da tarde lhe entregar seu almoço. Talvez pelo fato de a esposa não ter surgido naquela tarde, houvesse algo errado. Isto explicaria também o porque do homem quase chorar quando Bea lhe estendeu seu sanduíche. Catherine tinha obser
— Jonathan, me deixaria ser a porta voz da campanha? Tem um minuto e vinte e sete segundos pra responder. Vinte e seis, vinte e cinco… O marido ficou confuso por alguns segundos e a beijou abruptamente a impedindo de continuar contando os segundos. — Explique isto bem mocinha. — Exigiu, fitando-a fixamente. A esposa engoliu em seco e começou a esclarecer. Quando terminou, restavam trinta segundos antes dos cinco minutos que havia prometido ao pessoal, acabarem.— Olha se não quiser expôr Cloe, posso entender. — Jamais faria algo assim com a minha filha… — Ele começou e viu o olhar da Cat cair. — Sem um bom motivo, Cat. — Continuou a fazendo levantar o queixo. — E definitivamente está é uma boa campanha com um bom motivo. Pode ir, assino os papéis assim que Celine me entregá-los. A produtora voltou ao jardim quase não se aguentando para contar a amiga a solução para os problemas. — Esta me dizendo que será a porta voz? — Exatamente Celine, depois leve a autorização para Jonatha
[ Três dias depois.] — Sra. Cohen, nos dedique alguns minutos do seu tempo. — Pediu uma das repórteres do jornal mais influente da capital.— Sra. Cohen, as fotografias da sua gravidez são reais? — Outro repórter a questionava, seu microfone o delatava com um dos que escrevem para tabloides de fofoca.— Sra. Cohen, com quantos anos teve Beatriz Cohen? — Um terceiro gritou no meio de vários deles. Ao todo se poderiam chutar serem pouco mais de trinta. Todos aguardando que ela respondesse suas milhares de perguntas para lançarem de imediato em suas mídias, quase sempre distorcendo sua fala. Ser porta-voz da campanha não seria um trabalho fácil, e ela tinha ciência disso desde o princípio, porém ser um esforço tão árduo não parecia correto também. Ela não podia cruzar a calçada para pisar fora de casa porque os paparazzis já a acertavam sem descanso todos os dias desde o lançamento. As fotografias sobre sua barriga e sua amamentação com Cloe circulavam por toda a cidade, entre
— Você é tão novo. Tem de tudo e pode ter mais ainda se quiser. Por que as drogas Gabriel?! — Já disse que não é o que você está pensando Cat. Pode me deixar falar?— Têm três minutos, e é melhor contar a verdade. — A cunhada não lhe deixa escolha. A verdade era tão inacreditável que ele mesmo se perguntava se poderia crer no que contaria ou se seria melhor mentir ou deixar que ela pensasse no que lhe desse na telha. — Cat, eu trabalho para o governo. — Revela e vê o rosto da cunhada criar rugas de dúvida. — Não estou mentindo!— Sei que não está. — Ela o responde incrédula. Tinha uma espécie de sexto sentido, normalmente podia predizer se as pessoas estavam mentindo realmente. Não o usava com desconhecidos, mas para os familiares era fácil descobrir por seus comportamentos.— Eu fui contatado a um ano e meio atrás, passei por um treinamento básico e meu trabalho é me infiltrar nas gangues de rua. Passo locais, nomes e tudo que puder para ajudar a polícia a retirar o mal das rua
Ainda sentado ao lado da colega de ensino médio, Jonathan a ouviu sem qualquer expressão evidente. Fitava também a esposa que o observava como quem não queria nada escorada no batente da porta da cozinha, a um pequeno corredor de distância da sala. No fundo sabia que não poderia brigar com ela. Catherine já tinha perdido tanto. Sua única família e força eram ele e as crianças, se eles se fossem antes dela, com toda a certeza esta estaria desolada. Então interrompendo a chance de Zoe tentar o convencer, ele se rende. — Tudo bem. — O quê? Não, espera. O quê está dizendo? — A doutora estava confusa. — Pode dizer a elas que vou fazer os exames em sua clínica e que farei o check-up semestral também. — Ele diz firmemente, parecendo decidido. — Por que tão de repente? — Zoe estava tentando entender, pois o Jonathan Cohen de quinze anos atrás jamais daria o braço a perder.— Eu ignorei a preocupação dela, achei que não tínhamos que nos preocupar no início, mas agora nossa relação é t
[ No mesmo dia, pela noite. ] — Tem certeza do que quer fazer? — Eu tenho. — Catherine respondeu a Jonathan. O marido então continuou cavando debaixo do salgueiro no jardim. Quando o buraco já estava a quase trinta centímetros de profundidade e não tendo o risco de ser levado para cima com a passagem da chuva, Catherine se aproximou jogando dentro do espaço, sua jóia mais apreciada. A esposa enterrava a correntinha de sua primeira filha, Christine. Com a ajuda de Jonathan, a mesma se ajoelhou na grama próxima do buraco e com as próprias mãos o tapou se despedindo. — Filha, é hora da mamãe enterrar a dor do passado, mas eu nunca vou te esquecer, vai estar sempre em minhas memórias mais bonitas de quando te carreguei dentro de mim. — Ela diz em despedida. Novamente com o apoio do marido, ela se levanta, com quatro meses de gravidez as coisas já não são tão fáceis de fazer sem perder o equilíbrio. As lágrimas antes de dor, agora escorrem de seus olhos como se lavassem-na por