StefanosO corredor da ala principal estava silencioso demais. Cada passo meu reverberava entre os vitrais e as colunas como uma acusação sussurrada. As paredes pareciam mais estreitas, mais opressoras, como se ouvissem tudo o que eu não dizia.Mas o que realmente pesava sobre mim…Eram os gritos.O som da voz de Nuria ainda ecoava nos meus ouvidos como uma lâmina enferrujada. O desespero cru. O medo rasgado na garganta. A forma como ela se encolheu no canto da cela, como se esperasse ser despedaçada a qualquer instante.Aquilo não era encenação.Não era fraqueza.Era memória viva.E meu lobo… rosnava.Ele havia ficado inquieto desde que a deixei no quarto. Mas não por preocupação racional. Era algo mais instintivo. Primitivo.Ela se acalmou assim que respirei perto dela.Não foi a cela, nem o calor. Foi meu cheiro. Foi minha presença. Como se, de algum jeito, o lobo dentro dela soubesse que eu era um abrigo.E isso...Isso me corroía.“Ela não é uma de nós.”Minha mente insistia ness
NuriaO calor era estranho.Não sufocante, mas presente. Aconchegante, até... envolvente. Algo que me cercava como um cobertor invisível. Meus dedos se afundavam em tecido macio, e por um momento, pensei estar sonhando. Talvez estivesse.Me envolvia como um cobertor invisível... e tinha aquele aroma inconfundível de pinho, fumaça e algo perigosamente masculino.Minhas mãos estavam agarradas a um travesseiro macio. Mais macio do que qualquer coisa que eu já tivesse tocado naquela casa. Por um segundo, me permiti curtir a sensação. Talvez fosse um sonho. Talvez eu tivesse morrido.Mas então meus dedos apertaram mais forte o tecido, e o cheiro ficou ainda mais evidente.E eu percebi: não era só um travesseiro.Era o travesseiro dele.Meu coração disparou.Abri os olhos de repente.E me deparei com Stefanos.Dormindo ao meu lado.Soltei um ar engasgado, com o susto subindo pela espinha como uma faísca elétrica. Ele estava virado de lado, de frente pra mim, os cabelos bagunçados e o rosto
Música do capítulo - Chandelier - Brooklyn DuoStefanosAlgo fazia cócegas no meu nariz.Era sutil, como fios de seda dançando com a brisa, e mesmo assim, me fez franzir a testa. Ainda meio perdido entre o sono e o instinto, respirei fundo… e foi aí que o cheiro me atingiu.Pinho.Fumaça.E aquele perfume suave que só podia ser dela.Abri os olhos devagar, preparado para alguma palavra atravessada, mas tudo que encontrei foi o corpo de Nuria aninhado no meu peito. Os cabelos espalhados pela minha clavícula, a respiração morna contra minha pele, e uma das pernas jogada despreocupadamente sobre meu quadril, como se estivesse ali por direito.Merda.O sorriso veio antes que eu pudesse impedir. Um daqueles, raros, involuntários. Havia algo ridiculamente confortável nela ali, tão perto. E tão… minha.Minha?Minha.Passei os dedos pelos fios escuros, explorando a textura como se quisesse memorizá-la. Desci até suas costas devagar, sentindo cada osso sob minha palma. Ela ronronou. Literalmen
Música do capítulo: Way Down We Go - KALEO (versão instrumental)NuriaO sol filtrava-se em feixes tímidos pelas frestas da cortina, banhando o quarto em um dourado suave e traiçoeiro. Tudo ali parecia calmo… mas nada em mim estava.Meus lábios ainda ardiam.Meu corpo ainda vibrava.Minha loba ainda o queria.Acordar daquele beijo havia sido como ser arrancada de um sonho para cair direto num abismo. E agora, presa no quarto de um Alfa que eu não entendia, e talvez nunca entendesse, a única coisa que queria era distância. Ou… o oposto.Me sentei na beirada da cama, tentando controlar a respiração, os pensamentos, os sentidos.<
StefanosMinha mão tocou sua cintura. Leve. Mas firme o suficiente para sentir a tensão do corpo dela.Ela não respondeu.Apenas ofegou quando meus lábios roçaram novamente sua pele, o pescoço delicado se curvando ligeiramente para o lado, como se instintivamente me oferecesse passagem.Meu nariz deslizou por sua pele.Ela estremeceu.“É o meu cheiro que te faz arrepiar assim, lobinha?” sussurrei. “Ou é o sangue? O dom? Ou sou eu... e o que faço com você?”
Stefanos“Mas vou respeitar seu tempo,” falei, a voz mais baixa, mais real, como se estivesse jurando algo apenas para ela. “Sei o que você passou. Não vou te forçar. Não vou tomar nada de você.”Minha mão ainda repousava em sua nela, sentindo o calor que escapava pela pele trêmula. O coração dela batia rápido, tão rápido quanto o meu.“Quero que você escolha,” sussurrei junto à sua pele. “Que aceite. Que deseje. Que me queira.”Os olhos de Nuria estavam nos meus, como se buscassem alguma armadilha escondi
NuriaA porta se fechou atrás de mim com um estalo seco.Mas foi como se o som ecoasse dentro do meu peito, partindo algo que eu não sabia nomear.Eu estava tremendo. Por dentro e por fora.O corpo ainda ardia onde ele me tocou. Os lábios... inchados, sensíveis, famintos. E a pele... a pele gritava por ele. Ainda sentia suas mãos. Sua respiração. O calor animal que nos cercou.E eu tinha fugido.Como uma covarde.Corri pela passagem secreta sem olhar para trás, o coraç&a
Música do capítulo: I will Wait - 2cellosStefanosDois dias.Duas malditas rotações da lua antes da chegada do Alfa Supremo.Era tempo demais, como também não era tempo o suficiente.A tensão crescia por toda a alcateia como uma névoa espessa que nenhum lobo conseguia afastar. E eu precisava garantir que tudo estivesse perfeito. Cada detalhe. Cada criado. Cada passo daquele maldito evento.Mas havia uma coisa que não estava sob controle.Nuria."A