Música do capítulo: I will Wait - 2cellos
Stefanos
Dois dias.
Duas malditas rotações da lua antes da chegada do Alfa Supremo.
Era tempo demais, como também não era tempo o suficiente.
A tensão crescia por toda a alcateia como uma névoa espessa que nenhum lobo conseguia afastar. E eu precisava garantir que tudo estivesse perfeito. Cada detalhe. Cada criado. Cada passo daquele maldito evento.
Mas havia uma coisa que não estava sob controle.
Nuria.
"A
StefanosMúsica do capítulo: “Two Steps From Hell – Victory”Dois malditos dias.Quarenta e oito horas desde que os olhos dela se desviaram dos meus de livre e espontânea vontade.Desde que aquele maldito ronronar me queimou por dentro, e ela fugiu como se fugir de mim fosse a única forma de continuar respirando.E, desde então, silêncio.Ela me evitava com precisão cirúrgica. Sempre com alguém por perto. Sempre desaparecendo pelos corredores com passos leves demais para rastrear. M
NuriaMúsica do capítulo: “Audiomachine – Blood and Stone”Estava sentada diante do espelho, finalizando a última trança do meu cabelo, quando a porta se abriu com força e Jenna entrou, esbaforida, como se o próprio lobo ancestral estivesse em seus calcanhares.“O Supremo chegou!”A escova caiu da minha mão.“Não é possível...” sussurrei, arregalando os olhos.“Ele chegou sem aviso, Nuria,” ela respondeu, a voz acelerada. “E o
StefanosMúsica do capítulo: “Secession Studios – Burden of the Crown”A porta do escritório se fechou atrás de mim com um clique seco. Nuria caminhava um passo atrás, o perfume sutil de flores do campo invadindo o ambiente como uma afronta à formalidade sombria daquele lugar.O Alfa Supremo estava sentado à mesa, as mãos unidas sobre os papéis que provavelmente não lia. Não precisava. Sua presença por si só já preenchia o espaço. Não usava coroa, medalhas ou uniformes chamativos. Não precisava de nada disso. Sua autoridade era tão natural quanto o sangue que corria em n
NuriaCaminhava de um lado para o outro, sentindo as paredes se fecharem ao meu redor como se tentassem me engolir. Até os retratos pendurados pareciam zombar do meu desespero silencioso. Meus dedos se entrelaçavam e se soltavam numa repetição ansiosa, uma tentativa inútil de conter a tensão que pulsava sob a pele. Mas não funcionava. Enquanto eu não olhasse nos olhos do Alfa, nada estaria bem.Minhas mãos tremiam. Discretamente, mas o bastante para que eu percebesse, e as fechei com raiva, tentando conter o descontrole que crescia em silêncio. Uma gota de suor escorreu pela minha têmpora, queimando a pele apesar da brisa morna da tarde. Cada minuto sem sinal de Stefanos me dilacerava por dentro. Ele não d
NuriaPor um segundo, congelei. A imagem da tesoura nos dedos de Diana, as cordas do meu violino cortadas com precisão cirúrgica, aquele sorriso cínico... tudo pareceu irreal. Mas não era. Estava acontecendo. E a fúria que cresceu dentro de mim foi como uma explosão — crua, instintiva, sem freios.Avancei.Ela nem teve tempo de se levantar antes que minhas mãos agarrassem seu braço com força. A tesoura caiu no chão e ricocheteou contra o piso com um som metálico e agudo. Diana tentou reagir, mas eu já estava em cima dela, e toda a raiva acumulada nos últimos dias se transformou em garras afiadas e palavras atravessadas por grunhidos
StefanosEu queria ir até ela.Sentir o cheiro da sua pele curando, ver com meus próprios olhos se as marcas já tinham desaparecido... ou se ainda estavam ali, queimando como provas de que falhei em protegê-la.Mas não podia.Fui eu quem disse que o melhor era manter distância.E se quebrasse minha palavra agora, não conseguiria manter o foco. Não durante o jantar, não com o Alfa Supremo observando cada movimento.Eu queria envolvê-la.Quer
NuriaAndava de um lado para o outro, o violino mutilado nos braços como se, de alguma forma, isso pudesse me impedir de cair. A madeira estava arranhada, as cordas cortadas, o som... morto. Era como segurar um pedaço da minha alma desfeita.Jenna falava, mostrava vestidos, sacudia cabides, fazia o possível para me distrair.Mas eu não conseguia ouvir nada além da minha própria fúria.Queria me acabar de chorar. Me deixar desabar no chão, soluçar até que nada mais restasse. Mas não.Não daria esse gostin
StefanosFechei a porta devagar. O som do trinco soou como um corte.Deixá-la ali, com o vestido justo no corpo, os olhos queimando sob a luz suave, a respiração descompassada... foi como abandonar o próprio controle.E ainda assim, era o certo.Tocar Nuria era uma escolha que não cabia a mim naquele momento.Era o tipo de impulso que destruía mansões, alianças, títulos. Era o tipo de desejo que um Alfa, prestes a ser julgado pelo Supremo,simplesmente não podia ceder.