Stefanos
Eu queria ir até ela.
Sentir o cheiro da sua pele curando, ver com meus próprios olhos se as marcas já tinham desaparecido... ou se ainda estavam ali, queimando como provas de que falhei em protegê-la.
Mas não podia. Fui eu quem disse que o melhor era manter distância.
E se quebrasse minha palavra agora, não conseguiria manter o foco. Não durante o jantar, não com o Alfa Supremo observando cada movimento.
Eu queria envolvê-la. Quer
NuriaAndava de um lado para o outro, o violino mutilado nos braços como se, de alguma forma, isso pudesse me impedir de cair. A madeira estava arranhada, as cordas cortadas, o som... morto. Era como segurar um pedaço da minha alma desfeita.Jenna falava, mostrava vestidos, sacudia cabides, fazia o possível para me distrair.Mas eu não conseguia ouvir nada além da minha própria fúria.Queria me acabar de chorar. Me deixar desabar no chão, soluçar até que nada mais restasse. Mas não.Não daria esse gostin
StefanosFechei a porta devagar. O som do trinco soou como um corte.Deixá-la ali, com o vestido justo no corpo, os olhos queimando sob a luz suave, a respiração descompassada... foi como abandonar o próprio controle.E ainda assim, era o certo.Tocar Nuria era uma escolha que não cabia a mim naquele momento.Era o tipo de impulso que destruía mansões, alianças, títulos. Era o tipo de desejo que um Alfa, prestes a ser julgado pelo Supremo,simplesmente não podia ceder.
NuriaMúsica do capítulo: Apologize - For Cello and Piano - Gnus CelloParei diante das grandes portas de madeira esculpida, e pela primeira vez naquela noite… hesitei.Do outro lado, eu sabia o que me esperava: lobos poderosos, autoridades de todas as alcateias, e, no centro de tudo, o Alfa Supremo. O mesmo que poderia decidir meu destino com uma única frase.Minhas mãos seguravam o arco e o violino com firmeza, mas os dedos… estavam trêmulos.Jenna se aproximou e tocou meu braço com suavidade. “Vai começar com você já tocando. Assim que as portas abrirem, entre... e toque. Lembre-se de quem você é. Faça como fez na cozinha na outra noite”
StefanosEla estava no palco. E o salão... em silêncio.Não era o tipo de silêncio vazio, mas sim o que antecede uma tormenta. Um silêncio que reverencia, que aguarda... que sente. E Nuria fazia todos sentirem.Os dedos dela se moviam com precisão absurda, como se o violino tivesse nascido com ela. A música preenchia cada canto do salão com algo antigo e ao mesmo tempo novo. Era força e ferida. Era dança e guerra.Meus olhos estavam fixos nela. E mesmo tentando manter a postura... eu estava hipnotizado."Interessante," murmurou o Alfa Supremo ao meu lado, sem tirar os olhos dela. "Ela é um espetáculo à parte."Não respondi de imediato. Preferi manter o queixo erguido, os olhos nela. Porque se eu olhasse pra ele... não teria como esconder o que aquilo me causava."Agora entendo melhor por que ela se tornou uma... distr
StefanosO ar mudou.Não foi um som.Foi um instinto.Um chamado ancestral que arrancou meu controle das entranhas e me fez virar sem pensar.Meu lobo ergueu a cabeça, rosnando como uma sombra viva em minha espinha.Algo estava errado.Muito errado.Deixei o salão sem olhar para trás. As palavras, as luzes, os brindes e os sorrisos... se tornaram poeira.Só existia uma coisa:
StefanosO corpo jazia aos pés do Alfa Supremo. O salão inteiro continuava congelado, como se até o ar tivesse sido suspenso.Meu peito subia e descia lentamente. Meus olhos não deixavam os dele. E, por um segundo longo, pesado,ninguém ousou respirar.Até que ele finalmente se mexeu.Com toda a tranquilidade do mundo, o Supremo limpou uma gota de sangue respingada na manga com um lenço branco. Depois se levantou com uma calma que me deu vontade de esmagar algo.“Lamento profundamente,” ele começou, a voz ainda polida, p&ua
NuriaA água ainda caía quando senti os braços dele me envolvendo.O calor do seu corpo quebrou o gelo dentro do meu. Eu estava encolhida no chão do banheiro, coberta de vergonha, dor e pavor, mas os braços dele, firmes, me puxaram de volta.Eu sabia que era ele antes mesmo de ouvir sua voz."Chega. Acabou," ele murmurou, com a boca próxima ao meu ouvido. "Ninguém mais vai tocar em você. Eu não vou permitir."Minhas mãos se agarraram à camisa encharcada dele, tão molhada quanto eu, enquanto meu corpo começava a tremer. Mas já não era medo.
StefanosNuria estava ali. Na minha cama.Tão pequena, tão destruída… e ainda assim, mais forte do que qualquer loba que já conheci.O filme seguia na tela, uma daquelas comédias ridículas que eu jamais escolheria assistir em sã consciência. Mas ela estava quase adormecida, encolhida sob meu cobertor, colada ao meu lado, com meu braço a envolvendo como se fosse a única coisa capaz de mantê-la inteira. Minha mão se movia devagar, afundando nos fios úmidos do seu cabelo. Eu não conseguia parar.Ela não dizia uma palavra, mas seu corpo falava comigo.
Último capítulo