Stefanos
O ar mudou.
Não foi um som.
Foi um instinto.
Um chamado ancestral que arrancou meu controle das entranhas e me fez virar sem pensar.
Meu lobo ergueu a cabeça, rosnando como uma sombra viva em minha espinha.
Algo estava errado.
Muito errado.
Deixei o salão sem olhar para trás. As palavras, as luzes, os brindes e os sorrisos... se tornaram poeira.
Só existia uma coisa:
StefanosO corpo jazia aos pés do Alfa Supremo. O salão inteiro continuava congelado, como se até o ar tivesse sido suspenso.Meu peito subia e descia lentamente. Meus olhos não deixavam os dele. E, por um segundo longo, pesado,ninguém ousou respirar.Até que ele finalmente se mexeu.Com toda a tranquilidade do mundo, o Supremo limpou uma gota de sangue respingada na manga com um lenço branco. Depois se levantou com uma calma que me deu vontade de esmagar algo.“Lamento profundamente,” ele começou, a voz ainda polida, p&ua
NuriaA água ainda caía quando senti os braços dele me envolvendo.O calor do seu corpo quebrou o gelo dentro do meu. Eu estava encolhida no chão do banheiro, coberta de vergonha, dor e pavor, mas os braços dele, firmes, me puxaram de volta.Eu sabia que era ele antes mesmo de ouvir sua voz."Chega. Acabou," ele murmurou, com a boca próxima ao meu ouvido. "Ninguém mais vai tocar em você. Eu não vou permitir."Minhas mãos se agarraram à camisa encharcada dele, tão molhada quanto eu, enquanto meu corpo começava a tremer. Mas já não era medo.
StefanosNuria estava ali. Na minha cama.Tão pequena, tão destruída… e ainda assim, mais forte do que qualquer loba que já conheci.O filme seguia na tela, uma daquelas comédias ridículas que eu jamais escolheria assistir em sã consciência. Mas ela estava quase adormecida, encolhida sob meu cobertor, colada ao meu lado, com meu braço a envolvendo como se fosse a única coisa capaz de mantê-la inteira. Minha mão se movia devagar, afundando nos fios úmidos do seu cabelo. Eu não conseguia parar.Ela não dizia uma palavra, mas seu corpo falava comigo.
StefanosRylan permaneceu parado por um instante, os olhos mais atentos do que eu gostaria."Então pense rápido." disse, com a voz baixa, mas firme. "Os conselheiros irão se reunir e pedirão a sua cabeça. Se o Supremo não tomar uma posição clara, eles vão fazer barulho. E não é um barulho que você vai gostar de ouvir."Meu maxilar se contraiu."Que façam barulho." rosnei. "Eu ainda sou o Alfa da Boreal. Se quiserem guerra, terão. Talvez de eu decapitar mais uns dois, eles entendam quem eu sou." Rylan riu."Não acho que o supre
NuriaAcordei com a sensação de estar presa.Meu corpo estava envolto em algo quente, firme… e vivo.Demorei alguns segundos para entender o que era aquilo. Meus sentidos ainda estavam lentos, como se meu cérebro estivesse em neblina. Mas bastou abrir os olhos e sentir o leve roçar da respiração contra minha nuca para compreender.Estávamos deitados de lado, e eu estava encaixada entre seus braços, de costas para ele, completamente envolta em seu corpo como se ele tivesse me moldado durante a noite. Sua perna estava entre as minhas, seu peito colado às minhas costas, e seu braço passava por cima da minha cintura com uma força possess
StefanosO céu começava a clarear quando abri os olhos.A luz suave da manhã filtrava pelas cortinas, e o mundo parecia suspenso por um instante. O calor do corpo dela ainda estava ali. Nuria dormia profundamente, a respiração lenta, os lábios entreabertos, os cabelos espalhados pelo travesseiro como uma sombra escura.E eu?Eu estava fodido.Meus músculos doíam por não me mover. Minha mente, por não conseguir desligar.E o pior de tudo era… o quanto eu a queria.Cada vez que meus olhos pousavam nela, cada vez que imaginava aquele co
NuriaA primeira coisa que senti foi o vazio.Não o emocional. Esse eu já conhecia. Era físico mesmo. O calor que envolvia meu corpo durante a noite tinha desaparecido. E quando abri os olhos, vi que a cama enorme estava vazia.Stefanos não estava ali.Me sentei devagar, os lençóis ainda grudados à pele, e olhei ao redor. O quarto estava iluminado pela luz da manhã que entrava pelas janelas altas. A cama desfeita, o travesseiro amassado onde ele dormira.Passei a mão pelo local que ainda guardava o cheiro dele e respirei fundo. Sândalo. Fumaça. Lobo.
NuriaO cheiro dele ainda estava em mim.Mesmo depois do banho demorado, mesmo depois de lavar cada centímetro da pele como se tentasse tirar algo que já não estava fora — e sim, dentro.A água escorreu quente pelas costas, mas não me queimava tanto quanto as lembranças da manhã. Os olhos prateados dele. A voz rouca. As ordens. O meu corpo… obedecendo.Respirei fundo.Vesti a única roupa que ainda me fazia sentir invisível: o uniforme cinza de criada. Sem graça, apertado demais no peito, largo demais nos quadris. Quase como eu.