Nuria
Ele tentou passar por mim.
Tentou.
Mas eu dei um passo à frente e bloqueei o caminho, braços cruzados, queixo erguido.
"Você vai sair andando de novo, Stefanos? Me ignorar como se eu não tivesse o direito de saber o que está acontecendo debaixo do meu próprio nariz? Achei que fosse sua igual."
Ele parou. Não porque queria. Mas porque sabia que, dessa vez, eu não ia aceitar silêncio como resposta.
"Não é o momento pra isso," ele disse, a voz baixa, tensa. "Eu tô tentando resolver..."
NuriaEle me puxou pro quarto de hóspedes ao lado do nosso sem dizer uma palavra.As mãos firmes no meu pulso. O olhar em brasa. O corpo tenso como se carregasse o mundo inteiro nas costas... e talvez carregasse mesmo.A porta bateu atrás de nós.Ele não me olhou.Não ainda.Foi até o centro do quarto, parou de costas pra mim. Respirou fundo. Uma vez. Duas.E então, finalmente, falou:"Eu te magoei."
StefanosO silêncio pós-tormenta ainda pairava no ar quando o celular dele vibrou.Uma. Duas. Três vezes.Porra.Eu ainda tava dentro dela quando aquela merda começou a chamar. Quase ignorei. Quase mandei o mundo inteiro se foder. Mas aí vibrou de novo. E de novo.Respirei fundo, encostando o rosto na curva do pescoço da Nuria.Ainda quente. Ainda minha."Cinco minutos. Só cinco malditos minutos..." murmurei contra a pele dela."Cinco minutos? Voc&ecir
StefanosOs corredores estavam em silêncio. Mas o cheiro da tensão se espalhava como veneno.Nuria caminhava ao meu lado. Postura ereta. Olhos à frente. Um passo atrás de mim, não por submissão, mas por estratégia.Porque quando um Alfa entra possesso em uma reunião… a Luna vem logo atrás, pra decidir quem vai sobreviver à explosão.As portas da sala se abriram com um estrondo.Ninguém falou.Todos sabiam que eu não estava ali pra ouvir merda.
StefanosO sangue escorria pelas minhas mãos.Pelo chão.Pelos meus braços.Pelo corpo dela.“NÃO VÃO FAZER NADA?!” minha voz rasgou a ala médica como uma granada.O mundo girava.A sala parecia pequena. Apática. Só havia uma coisa que eu conseguia ver com clareza:ela. Pálida. Fraca. Sangrando.Nuria tremia
StefanosO chão vibrava sob meus pés.As paredes. O teto. O ar.Tudo parecia estremecer ao meu redor enquanto caminhava pelo corredor do subsolo.Mas não era o ambiente.Era eu.O lobo dentro de mim não rosnava mais.Ele ruía. Rasgava. Ansiava por sangue.As luzes piscavam como se a eletricidade temesse se manter acesa diante da minha fúria. Os soldados no caminho abriram espaço, recuando como se meu toque queimasse.
JennaO sangue dela ainda estava no chão.Eu não conseguia parar de olhar.Apoiei a mão no corrimão da maca, tentando controlar a náusea, enquanto o cheiro metálico da dor ainda enchia o ar. O lençol usado para estancar o ferimento havia sido jogado num cesto, mas meu olhar insistia em voltar para ele.Nuria.Minha amiga.Minha Luna.Stefanos a trouxe nos braços. Gritando. Sangrando. Rasgando o mundo com o som do nome dela.Fech
RylanMerda.Encostei a cabeça no travesseiro da maca, respirando fundo. Meus músculos ainda doíam, o ombro ardia, mas não era isso que me incomodava.Era ela.Aquela maldita garota de 18 anos que tinha a audácia de se meter onde não devia.A audácia de querer me enfrentar. De achar que me conhecia melhor do que eu mesmo.Fechei os olhos por um segundo. Só um. Mas tudo o que vi foi o rosto dela... vermelha, ofegante, os olhos arregalados quando brinquei com a ideia de beijá-la. E o pior?
NuriaA primeira coisa que senti foi o cheiro.Não o da enfermaria, nem o das compressas ou do sangue seco que ainda pairava no ar.Mas o dele.Amadeirado. Denso. Familiar. Misturado com uma nota de algo novo.Algo quebrado.Abri os olhos com esforço. As pálpebras pesavam como se o mundo tivesse desabado sobre mim. A luz era fraca, filtrada por uma das janelas parcialmente fechadas.A dor veio logo depois.Forte. Pulsante. Na coxa.