Stefanos
O chão vibrava sob meus pés.
As paredes. O teto. O ar.
Tudo parecia estremecer ao meu redor enquanto caminhava pelo corredor do subsolo.
Mas não era o ambiente.
Era eu.
O lobo dentro de mim não rosnava mais.
Ele ruía. Rasgava. Ansiava por sangue.
As luzes piscavam como se a eletricidade temesse se manter acesa diante da minha fúria. Os soldados no caminho abriram espaço, recuando como se meu toque queimasse.
JennaO sangue dela ainda estava no chão.Eu não conseguia parar de olhar.Apoiei a mão no corrimão da maca, tentando controlar a náusea, enquanto o cheiro metálico da dor ainda enchia o ar. O lençol usado para estancar o ferimento havia sido jogado num cesto, mas meu olhar insistia em voltar para ele.Nuria.Minha amiga.Minha Luna.Stefanos a trouxe nos braços. Gritando. Sangrando. Rasgando o mundo com o som do nome dela.Fech
RylanMerda.Encostei a cabeça no travesseiro da maca, respirando fundo. Meus músculos ainda doíam, o ombro ardia, mas não era isso que me incomodava.Era ela.Aquela maldita garota de 18 anos que tinha a audácia de se meter onde não devia.A audácia de querer me enfrentar. De achar que me conhecia melhor do que eu mesmo.Fechei os olhos por um segundo. Só um. Mas tudo o que vi foi o rosto dela... vermelha, ofegante, os olhos arregalados quando brinquei com a ideia de beijá-la. E o pior?
NuriaA primeira coisa que senti foi o cheiro.Não o da enfermaria, nem o das compressas ou do sangue seco que ainda pairava no ar.Mas o dele.Amadeirado. Denso. Familiar. Misturado com uma nota de algo novo.Algo quebrado.Abri os olhos com esforço. As pálpebras pesavam como se o mundo tivesse desabado sobre mim. A luz era fraca, filtrada por uma das janelas parcialmente fechadas.A dor veio logo depois.Forte. Pulsante. Na coxa.
StefanosO som dos monitores na ala médica era o único ruído constante... suave, ritmado, quase como o som de uma respiração tranquila.A respiração dela.Nuria dormia. Pela primeira vez em horas, seu rosto não estava tão pálido. Havia cor nas bochechas. Calor na pele. O pulso no pescoço seguia estável. E o ferimento... estava se fechando.Me levantei da maca e a encarei em silêncio, passando os dedos com cuidado por sua têmpora. A pele ainda quente, mas agora... serena. Como se a tempestade tivesse recuado."Você é a loba mais i
NuriaAcordei com a sensação de vazio.Não era dor.Nem frio.Era... ausência.Do calor dele.Do peso do seu corpo na borda da maca. Do som rouco da sua respiração perto da minha orelha. Do cheiro dele misturado ao da enfermaria.Tentei me mexer. A perna ainda latejava, mas o curativo estava firme. O corpo mais leve. Menos dor. Mais lucidez.Mas o lugar ao meu lado… estava gelado."Ste
StefanosEu tinha voltado da sede da alcateia a algumas horas, mas ainda não podia ir ver Nuria. Precisa terminar de ajustar os detalhes e as proteções, tudo para evitar que a Eclipse tivesse uma nova chance.Como se eu já não tivesse inimigos o bastante, não é, Deusa?O mapa sobre a mesa estava manchado de anotações.Círculos vermelhos. Linhas riscadas. Nomes de aliados que viraram inimigos. De traições enterradas sob sorrisos.E eu ali.
NuriaJá se passaram três dias desde o ataque.O corte ainda doía, especialmente quando o corpo cansava de fingir que estava tudo bem. Mas a dor… era o de menos.Stefanos permanecia em estado de alerta, embora um pouco mais calmo. A raiva ainda vivia em seus olhos, mas agora ela era controlada. Direcionada. Ele não baixou a guarda nem por um segundo. E eu? Eu estava fazendo o mesmo.Sentada na poltrona do quarto, com um roupão felpudo envolvendo meu corpo, encarei o vapor do chá à minha frente. Três dias de silêncio interior, de pensar demais, de tentar entender as mudanças em mim, físicas, emocionais, espi
NuriaA porta bateu atrás da estilista e, por alguns segundos, o silêncio foi confortável.Stefanos não se moveu. Apenas me olhava.Com aquele olhar.O tipo de olhar que me fazia esquecer que havia sangue nobre em minhas veias. Que eu era uma descendente da linhagem mais poderosa. Que o mundo lá fora me esperava com olhos famintos.A única coisa que eu conseguia lembrar… era que eu era dele."Você tem ideia," ele começou, com a voz baixa e arrastada, se aproximando devagar, "do quanto foi sexy te ver expulsar aquela mulher da nossa casa?"
Último capítulo