Nuria
Ainda ofegante, ele manteve o corpo colado ao meu por um longo tempo, como se aquele momento fosse mais do que desejo.
Como se fosse lar.
O som da água se misturava ao silêncio entre nós, e por fim, ele se afastou só o suficiente para me olhar nos olhos.
Com delicadeza, deslizou as mãos pelas minhas costas, até a curva da cintura, e me colocou de pé. Mas assim que meus pés tocaram o chão molhado do box, minhas pernas fraquejaram.
"Ah, não," ele sussurrou com um sorriso de canto. "Você não vai desabar assim, vai?"
"Talvez..." murmurei, rindo fraco. "Você meio que... acabou comigo."
StefanosO chão gelado sob meus pés era um contraste bem-vindo à calma quente que ainda vibrava sob minha pele.Estava descalço, vestindo apenas uma calça de moletom escura. Sem camisa, com o peito ainda úmido do banho e da entrega que só ela conseguia arrancar de mim. Eu não admitiria em voz alta, mas estava leve. Diferente. Como se, pela primeira vez em anos, houvesse espaço dentro de mim para algo além do dever.Mas a paz durou pouco.Caminhei pelos corredores até a ala de contenção. Os sons mudavam conforme eu avançava. O silêncio se tornava mais denso. Mais carregado.E então parei em frente à cela.
NuriaEu ainda amarrava a blusa na altura da cintura quando a batida veio. Três toques rápidos, ansiosos. Antes mesmo que eu respondesse, a voz de Jenna atravessou a porta com pressa."Nuria, vem agora! É o Rylan... ele tá diferente, estranho... eu tô com medo."O sangue gelou nas minhas veias.Abri a porta num impulso e vi a expressão da minha amiga, pálida, aflita, com os olhos arregalados de preocupação."O que aconteceu?"
NuriaA cozinha da mansão estava silenciosa, envolta por uma penumbra suave das luzes noturnas. A maioria dos criados já havia se recolhido, deixando aquele espaço enorme só pra nós dois. Eu podia sentir o olhar dele nas minhas costas desde o momento em que abri a geladeira."Você vai mesmo cozinhar alguma coisa agora?" a voz de Stefanos veio preguiçosa, arrastada, como se fosse um felino esparramado no canto da sala.Me virei, segurando um pote de legumes."Sim. Algum problema com comida de verdade, Alfa?" arqueei uma sobrancelha."Depende…" ele se levantou da cadeira alta encostad
StefanosA cabeça dela pesava suavemente sobre minha coxa, como se tivesse encontrado o único lugar no mundo onde poderia descansar em paz.E talvez tivesse.Nuria virava as páginas com delicadeza, os dedos deslizando como se o livro fosse sagrado. Às vezes, ela franzia a testa, absorvida na leitura. Outras, os lábios se curvavam em um sorriso discreto. O som das folhas virando era a única coisa que quebrava o silêncio... e eu não me importava.Eu, o lobo criado no caos, estava em silêncio.Com a mão livre, meus dedos se moviam lentamente entre os fios do cabelo dela,
Stefanos"Ela não é sua."Três palavras. Simples. Cruéis. Precisamente lançadas como flechas, e todas acertaram o mesmo alvo: meu instinto.O papel estava amassado entre meus dedos quando levei até o rosto. Fechei os olhos e aspirei fundo.Tinta. Papel antigo. Um toque de ferrugem. E… algo mais. O cheiro de um lobo. Masculino. Calculado. Familiar, mas diluído. Alguém que teve acesso. Que entrou aqui.Na minha casa.Minha mandíbula travou, o maxilar pulsando com o esforço de não quebrar algo.Saí
NuriaAcordei com algo quente ao redor da minha cintura. Forte. Firme. Quase possessivo.Stefanos.Seus braços me envolviam como grades, como se, mesmo dormindo, ele tentasse me manter segura dentro de um casulo feito de força e calor. O peito dele pressionava minhas costas, e sua respiração roçava na curva do meu pescoço, irregular, pesada.Virei o rosto devagar e vi o que não esperava.Mesmo dormindo… ele parecia exausto.Os ombros estavam tensos, como se carregassem um fardo invisível. A mandíbula cerrada,
Nuria"Bom dia."Minha voz saiu baixa, mas ainda assim ecoou pela enfermaria silenciosa. Jenna e Rylan se viraram ao mesmo tempo, como dois adolescentes pegos no flagra."Nuria, oi..." Jenna respondeu, meio tensa, mas com aquele sorrisinho bobo nos lábios que não enganava ninguém."Posso ficar aqui com vocês? Ou tô atrapalhando alguma coisa?" perguntei, me encostando no batente com um sorriso leve.Os dois ficaram visivelmente desconfortáveis."Claro que não, pode entrar." Rylan se ajeitou na maca, um pouco sem graça. O ombro e
NuriaEle tentou passar por mim.Tentou.Mas eu dei um passo à frente e bloqueei o caminho, braços cruzados, queixo erguido."Você vai sair andando de novo, Stefanos? Me ignorar como se eu não tivesse o direito de saber o que está acontecendo debaixo do meu próprio nariz? Achei que fosse sua igual."Ele parou. Não porque queria. Mas porque sabia que, dessa vez, eu não ia aceitar silêncio como resposta."Não é o momento pra isso," ele disse, a voz baixa, tensa. "Eu tô tentando resolver..."