Stefanos
A cabeça dela pesava suavemente sobre minha coxa, como se tivesse encontrado o único lugar no mundo onde poderia descansar em paz.
E talvez tivesse.
Nuria virava as páginas com delicadeza, os dedos deslizando como se o livro fosse sagrado. Às vezes, ela franzia a testa, absorvida na leitura. Outras, os lábios se curvavam em um sorriso discreto. O som das folhas virando era a única coisa que quebrava o silêncio... e eu não me importava.
Eu, o lobo criado no caos, estava em silêncio.
Com a mão livre, meus dedos se moviam lentamente entre os fios do cabelo dela,
Stefanos"Ela não é sua."Três palavras. Simples. Cruéis. Precisamente lançadas como flechas, e todas acertaram o mesmo alvo: meu instinto.O papel estava amassado entre meus dedos quando levei até o rosto. Fechei os olhos e aspirei fundo.Tinta. Papel antigo. Um toque de ferrugem. E… algo mais. O cheiro de um lobo. Masculino. Calculado. Familiar, mas diluído. Alguém que teve acesso. Que entrou aqui.Na minha casa.Minha mandíbula travou, o maxilar pulsando com o esforço de não quebrar algo.Saí
NuriaAcordei com algo quente ao redor da minha cintura. Forte. Firme. Quase possessivo.Stefanos.Seus braços me envolviam como grades, como se, mesmo dormindo, ele tentasse me manter segura dentro de um casulo feito de força e calor. O peito dele pressionava minhas costas, e sua respiração roçava na curva do meu pescoço, irregular, pesada.Virei o rosto devagar e vi o que não esperava.Mesmo dormindo… ele parecia exausto.Os ombros estavam tensos, como se carregassem um fardo invisível. A mandíbula cerrada,
Nuria"Bom dia."Minha voz saiu baixa, mas ainda assim ecoou pela enfermaria silenciosa. Jenna e Rylan se viraram ao mesmo tempo, como dois adolescentes pegos no flagra."Nuria, oi..." Jenna respondeu, meio tensa, mas com aquele sorrisinho bobo nos lábios que não enganava ninguém."Posso ficar aqui com vocês? Ou tô atrapalhando alguma coisa?" perguntei, me encostando no batente com um sorriso leve.Os dois ficaram visivelmente desconfortáveis."Claro que não, pode entrar." Rylan se ajeitou na maca, um pouco sem graça. O ombro e
NuriaEle tentou passar por mim.Tentou.Mas eu dei um passo à frente e bloqueei o caminho, braços cruzados, queixo erguido."Você vai sair andando de novo, Stefanos? Me ignorar como se eu não tivesse o direito de saber o que está acontecendo debaixo do meu próprio nariz? Achei que fosse sua igual."Ele parou. Não porque queria. Mas porque sabia que, dessa vez, eu não ia aceitar silêncio como resposta."Não é o momento pra isso," ele disse, a voz baixa, tensa. "Eu tô tentando resolver..."
NuriaEle me puxou pro quarto de hóspedes ao lado do nosso sem dizer uma palavra.As mãos firmes no meu pulso. O olhar em brasa. O corpo tenso como se carregasse o mundo inteiro nas costas... e talvez carregasse mesmo.A porta bateu atrás de nós.Ele não me olhou.Não ainda.Foi até o centro do quarto, parou de costas pra mim. Respirou fundo. Uma vez. Duas.E então, finalmente, falou:"Eu te magoei."
StefanosO silêncio pós-tormenta ainda pairava no ar quando o celular dele vibrou.Uma. Duas. Três vezes.Porra.Eu ainda tava dentro dela quando aquela merda começou a chamar. Quase ignorei. Quase mandei o mundo inteiro se foder. Mas aí vibrou de novo. E de novo.Respirei fundo, encostando o rosto na curva do pescoço da Nuria.Ainda quente. Ainda minha."Cinco minutos. Só cinco malditos minutos..." murmurei contra a pele dela."Cinco minutos? Voc&ecir
StefanosOs corredores estavam em silêncio. Mas o cheiro da tensão se espalhava como veneno.Nuria caminhava ao meu lado. Postura ereta. Olhos à frente. Um passo atrás de mim, não por submissão, mas por estratégia.Porque quando um Alfa entra possesso em uma reunião… a Luna vem logo atrás, pra decidir quem vai sobreviver à explosão.As portas da sala se abriram com um estrondo.Ninguém falou.Todos sabiam que eu não estava ali pra ouvir merda.
StefanosO sangue escorria pelas minhas mãos.Pelo chão.Pelos meus braços.Pelo corpo dela.“NÃO VÃO FAZER NADA?!” minha voz rasgou a ala médica como uma granada.O mundo girava.A sala parecia pequena. Apática. Só havia uma coisa que eu conseguia ver com clareza:ela. Pálida. Fraca. Sangrando.Nuria tremia