Eu sou Emilly. Tenho vinte e dois anos, nascida e criada no Rio de Janeiro, sempre fui muito estudiosa e apaixonada pela minha cidade, onde frequento as praias e as festas com meus amigos.
No momento, estou cursando faculdade de Engenharia Civil e estou indo para o segundo período, mas esses últimos dias só tenho pensado na viagem que farei com um grupo de amigos e outros jovens. Vamos passar alguns dias em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Estou muito ansiosa, vai ser muito legal! Estamos com vários planos de ir para diversos pontos turísticos e, claro, uma balada que é super famosa na região.
Chegado o tão esperado dia, durante a longa viagem pelas rodovias, partindo do Rio de Janeiro, conheci outras pessoas que curtiam as mesmas coisas que eu. Ainda no ônibus, nos divertíamos muito, consumindo bebidas como vodka, cachaça com refrigerante, enquanto esperávamos ansiosamente para conhecermos a serra gaúcha, e ainda mais pelo agitado final de semana.
Chegando lá, descansamos o máximo que pudemos, pois iríamos conhecer todos os pontos turísticos da cidade e redondezas durante todos os outros dias.
No fim da semana, na noite de sábado, fomos a uma balada que tocava todos os ritmos. Nesta festa, em meio aos movimentos das diversas luzes coloridas, ao som de uma música eletrônica, conheci um rapaz de pele morena, cabelos pretos e cacheados que me apresentou diversas bebidas, dizendo que elas eram diferentes das que eu conhecia e que eram muito boas. Por um momento pensei que não seria uma boa ideia ficar experimentando diversas bebidas, ainda mais estando longe de casa, mas rapidamente ele me convenceu, explicando que as bebidas não eram tão fortes e que não me fariam mal. Quando depois de provar quase todas, me transportei para uma realidade repentina de imensa euforia.
A casa de festas tinha, além da pista de dança, locais onde as pessoas poderiam comer e se divertir, caso optasse por um jogo de boliche. Minhas amigas e eu resolvemos tentar jogar. Era minha primeira vez num jogo de boliche. Apesar da bola ser muito pesada, arremessei-a ao longo daquela longa pista, e sempre via minha bola indo pelos cantos.
Ficamos jogando até o fim da noite até que dei por conta que errei todas as jogadas, acertando, algumas vezes, apenas alguns pinos. Mas tudo bem... O importante é tentar...
No fim da noite, retornamos ao hostel, pois viajaríamos mais tarde para o Rio de Janeiro. Chegando na Cidade Maravilhosa, tudo acontecia normalmente, os passeios ao shopping e praias durante o dia.
Ao final da semana, fiz outra viagem, mas dessa vez a uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde reencontrei minha família e minha amiga parceira para todas as horas, principalmente nas baladas. Não residíamos próximas, por isso, não nos encontramos com frequência. – Seu nome é Clara, tem vinte e quatro anos, uma garota loira, de pele clara, sorriso fácil, cabelo curto, com franjão e olhos verdes. Sempre sonhadora, mudando de planos constantemente e me contando novidades a cada vez que nos encontrávamos. Morar sozinha, estudar, trabalhar numa cidade grande e ser independente era o que mais queria. Conhecíamo-nos há quase 10 anos e nos divertíamos muito quando estávamos juntas.
Encontramo-nos horas depois de eu ter chegado na cidade e, com empolgação, planejávamos nossa noite; para onde iríamos e onde nos encontraríamos, já que teríamos pouco tempo, visto que as férias estavam terminando. Naquela noite de quinta-feira, fomos dar um passeio na praça principal da cidade, pois em dia de semana não haveria baile, e o local onde se reunia maior quantidade de jovens era ali.
Enquanto caminhávamos para o centro da praça, avistamos um banco vazio e nos sentamos lado a lado. Neste momento, Clara perguntou: – E aí, como foi de viagem? Estava com saudades de conversar contigo! – Ela perguntou entusiasmada.
– Foi tranqüila. – Fiz uma pausa. – Verdade! Tem bastante tempo que não nos vemos. Podíamos morar na mesma cidade, seria tão legal!
– Pois é... Mas acho que nossas mães não iriam suportar nossas presepadas. – Dizia ela, com tom de risada, olhando um rapaz que estava passando por nós.
– Com certeza, não! – Respondi, orgulhosa. Após um momento de pausa, perguntei – E você, já ingressou na faculdade que tanto queria?
– Sim! Começo na próxima semana. Vou cursar Direito. – Respondeu, animada.
– Direito?! Mas você não tinha me dito que queria Engenharia de Produção? – Perguntei, surpresa.
– Sim! – Respondeu ela, rindo de suas indecisões. – Eu tentei Engenharia, mas não me identifiquei com o curso. Não era para mim.
– Mas você pesquisou sobre esta nova área?
– Sim, pesquisei.
– E o que você achou? Gostou?
– Parece ser legal. O curso será ministrado à distância. Terei mais tempo para trabalhar e estudar. Acho que será uma boa oportunidade.
– Hum. É... Se for realmente do seu interesse... Mas deverá ter muita disciplina para cursar uma graduação à distância, né?
– Sim! Estou sabendo. No início vai ser mais complicado, mas depois vou me adaptando e me organizando com relação aos meus horários de estudos.
– Perfeito! Gosto de te ver animada! – Respondi, com orgulho da minha amiga.
Conforme conversávamos, o tempo foi passando tão rápido que nem percebi. Estava cansada da viagem, e desejava naquela noite dormir um pouco mais cedo, o que era raro.
– Bem, já está meio tarde, estou com um pouco de sono, vamos embora?
– Vamos sim! Amanhã é sexta e terá baile, vamos?
– Vamos! Claro!
Saímos da praça, e fomos caminhando para casa, no meu caso, em direção à casa dos meus parentes. Ela sempre me acompanhava até o portão, então quando chegamos, ela disse: – amiga, foi muito bom te reencontrar. Amanhã nos encontraremos que horas?
– Podemos nos encontrar às 23 horas. Você passa aqui para irmos juntas?
– Combinado. Passo sim.
– Ok. Até amanhã. – Respondi, me despedindo com um abraço apertado e abri o portão para entrar.
No dia seguinte, comecei a me arrumar um pouco mais cedo, pois estava caprichando no visual. Lavei os cabelos, alisei e fiz minha típica maquiagem para balada, como sombra escura, rímel, proporcionando volumes aos cílios, e um batom gloss, que deixava um efeito de lábios molhados. Usei um vestido justo preto, de tecido brilhoso, enfeitado com duas finas correntes cruzadas nas costas. Calcei uma sandália de salto alto, e fiquei à espera da minha amiga.
Quando ela chegou, percebi que ela também tinha caprichado no visual, pois usava um vestido “tomara que caia” estampado com flores delicadas, e calçava um sapato de salto alto. Os cabelos loiros alisados e uma maquiagem suave, uma sombra azul bem fraquinha, e um batom gloss de cor clara.
– Nossa! Está vestida para matar, hein! – Elogiei, com um tom de brincadeira, enquanto descia as escadas e abria o portão para me encontrar com ela.
– Ai, amiga, você gostou mesmo? Como está meu cabelo? Está legal? – Perguntou ela, intrigada e em dúvida a respeito de sua longa franja. Esta era uma de suas paranóias. A cada cinco minutos se olhava no espelhinho que carregava na bolsa. Provavelmente, tendo consciência de suas cismas com o visual, isso quando não ficava me perguntando o tempo todo, vale frisar.
– Claro que está legal. Está linda! Vamos! – Respondi, animada, enquanto caminhávamos em direção ao baile. Como era uma cidade pequena, os pontos principais da cidade eram todos bem próximos uns dos outros.
– Espero conseguir ficar com alguns gatinhos hoje. Vê se deixa alguns para mim, hein! Egoísta! – Disse ela, franzindo o cenho e fingindo dar bronca.
– Eu sempre deixo! Você que é reclamona e escolhe demais! – Respondi em tom de brincadeira, e dando uma piscadela.
Chegando no baile, reparei que era uma casa de show com dois andares, com duas pistas de dança. Logo que entramos fomos direto para a pista do primeiro andar, e avistamos vários rapazes lindos e solteiros. Perguntei a ela: – e aí, já pensou naquele nosso esquema de mentir nossos nomes para os carinhas que vierem conversar com a gente hoje?
– Ainda não, na hora eu invento alguma coisa – Respondeu ela, exalando confiança.
– Hum. Só quero ver. – Respondi, dando risadas.
– Vamos beber alguma coisa? Perguntou ela.
– Está bem. Compra uma cerveja lá.
Enquanto ela caminhava em direção ao barman, percebi que havia um rapaz que a acompanhava e estava puxando algum assunto com ela, que não dava para saber, pois já estava distante, e a música estava bem alta. O ambiente da casa de show era o mais atraente possível, pois o DJ tocando todos os ritmos, juntamente com os efeitos das luzes, e as pessoas animadas dançando ao redor, deixava tudo extremamente agradável e convidativo, de onde não dava vontade de sair.
Após uns minutos, percebo que ela está demorando para retornar com as bebidas e começo a ficar preocupada. Quando ela finalmente chega com um semblante contente, digo: – Finalmente! Você foi comprar ou fabricar as bebidas? – Ela responde apenas com um sorriso largo no rosto. – E eu retruco mais uma vez, dizendo: – O que aconteceu para você estar com essa cara de paisagem?
– Ai amiga, acho que hoje estou com sorte! Chegou um cara bonitinho para conversar comigo enquanto eu ia comprar as bebidas. E claro! Não podia fazer desfeita, não é? Tive que conversar com ele... Dar um pouquinho de atenção... Sabe como é né... – Respondeu ela, com tom de alegria e satisfação.
– Aham... Eu conheço muito bem o tipo de atenção que você está falando. – Respondi, dando risadas e pegando minha lata de cerveja, abrindo-a e enchendo meu copo.
Fomos para o segundo andar, ficamos na parte lateral, com o intuito de ficarmos um pouco distante das caixas de som, para que pudéssemos conversar um pouco, já que não nos encontrávamos há muito tempo. Enquanto caminhávamos em direção ao outro lado, um rapaz chegou perto de mim e conversamos rapidamente, o tempo suficiente para que acontecesse uma breve paquera. Clara me olhou, dizendo: – mas já? – com ar de surpresa.
– Ué! Você já estreou hoje! Está reclamando de quê? Agora estamos empatadas! Respondi, dando risadas.
– Engraçadinha. Perguntou o nome dele pelo menos?
– Sim, perguntei. Não que isso tenha muita importância, até porque eu menti o meu, pois é engraçado zoar com a cara deles – Comentei, achando graça do recente feito.
– Sério? Qual nome que você falou para ele?
– Camila. – Respondi.
– Hum. Esperta! – Respondeu ela. Rimos juntas e virei o copo, bebendo o que restava da minha cerveja. – Vou comprar uma cuba libre. Estou com vontade de beber. – Prosseguiu, ela.
Terminada a bebida, Clara decidiu que queria beber um pouco de cuba libre. Pensei que não seria uma boa idéia, pois misturar bebidas geralmente faz mal, mas ainda assim ela insistiu, e no fundo eu apoiava, pois eu também gostava.
– Tudo bem, mas vai com calma, hein. – Respondi em tom de preocupação.
– Relaxa! Já volto.
– Mas é para voltar rápido mesmo! – Critiquei em tom de brincadeira.
– Como diz o ditado popular, “não me acompanhe, que eu não sou novela!” – Retrucou ela, dando risadas.
Dessa vez não demorou muito e ela retornou com sua tão desejada cuba libre e outra lata de cerveja para mim.
– Viu? Eu não disse que seria rápido? Nem demorei né? – Provocou, ela.
– Sim... Ainda trouxe uma cerveja para mim. Boa amiga que você é. Parabéns! – Respondi com alegria.
Depois de encher os copos, enquanto degustávamos nossas bebidas, começamos a conversar. Ela me contava sobre as rotinas dela, e seus planos para o futuro, que sempre se apresentavam alterados a cada vez que nos encontrávamos.
– Ai, amiga, queria tanto morar sozinha em outra cidade, para ter minha vida independente, estudar, trabalhar... – Desabafou ela.
– Mas por que este desânimo todo? Você está passando por algum problema? – Perguntei franzindo o cenho.
– Ah, sei lá... Meu sonho é ser independente. Morar em uma cidade grande. Ter meu trabalho com possibilidade de crescimento profissional. – Respondeu ela, desanimada.
Admirando minha falta de idéias para aconselhá-la positivamente, depois de alguns copos de cerveja, só me restava responder: – Não se preocupe com isso agora! Aproveite a noite e depois discutimos sobre esta hipótese!
– É verdade! Vamos aproveitar o máximo como fizemos no carnaval do ano passado! – Ela disse.
– Com certeza! E como aproveitaremos no carnaval deste ano também! Respondi fazendo tim tim em seu copo, enquanto ela sorria e dançava, demonstrando um enorme orgulho das presepadas que aprontávamos.
Depois de vários copos de cerveja e paqueras com alguns carinhas, olhamos o relógio e já eram quatro horas da manhã, e a festa estava terminando. Na volta, planejávamos os nossos dias de carnaval, que já estavam próximos; em quais blocos marcaríamos presença, – e com certeza seriam muitos.
Na despedida, ela disse: – Que horas nos encontraremos na próxima semana? Seria bom sairmos razoavelmente cedo, para aproveitarmos bastante o dia na folia, né?
– Sim, vamos nos encontrar às 14h na concentração do bloco, e seguirmos o trio elétrico até o final.
– Estou sentindo que este carnaval será o melhor de todos! Não terei hora para voltar para casa! – Disse ela, com uma alegria contagiante.
– Com certeza! Vamos nos falando e até lá!
– Até! – Então, nos despedimos com um forte abraço e abri o portão para entrar em casa.
Chegando os dias de carnaval, eu estava muito animada. Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo, passei um batom gloss, vesti short e camiseta, calcei uma rasteirinha, e já estava pronta para ir ao bloco e seguir atrás do trio, curtindo ao máximo, como se fossem os últimos dias de nossas vidas.
Bem diferente de uma típica cidade pequena, o carnaval era animado, com muita gente pulando ao redor do trio que, por sua vez, emanava um som ensurdecedor com músicas de funk, e as antigas de axé, mas que até hoje transmitem uma alegria contagiante, fazendo com que esses momentos sejam ainda mais marcantes.
Compramos nossas bebidas e conhecemos alguns carinhas. Como fizemos na balada há uns dias atrás, nos divertimos muito da mesma forma naquele, e nos outros dias.
No último desses quatro dias de folia e muita agitação, era hora de se despedir, e retornar ao Rio de Janeiro para começar um novo ano letivo com muitas responsabilidades acadêmicas. Enquanto caminhávamos de volta para casa, ela comentou, se lamentando: – poxa, amiga, pena que passaram rápido esses dias que você ficou aqui.
– Sim, passou rápido mesmo, mas foi muito legal, nos divertimos muito. Acho que nunca me diverti tanto na vida.
– Não demore a voltar, não. Estude bastante para você ser aprovada logo e voltar para cá nas próximas férias.
– Pode deixar! Vou sentir muitas saudades. – Respondi, entristecida.
– Eu também. – Despedimo-nos com um abraço apertado, abri o portão e entrei em casa.
Retornando para o Rio de Janeiro, já no final das férias, aproveitei para descansar, pois em poucos dias minhas aulas do segundo período da faculdade se iniciariam, e eu precisava estar focada.
Cheguei atrasada no primeiro dia de aula de Cálculo I e só tinha uma cadeira vaga no fundo da sala. Devido ao atraso, fiquei perdida na matéria, então era válido que eu pedisse algumas informações ao colega da frente. Enquanto copiava o pouco conteúdo que tinha sido passado pelo professor, olhei para o meu lado direito e avistei, um pouco distante, um homem alto, de pele morena, cabelo preto curto e olhos castanhos, cujo nome era Gabriel, que tinha por volta de seus vinte e sete anos.Gabriel estava sentado ao lado de uma menina de pele morena, cujo nome eu não sabia. Percebi que ele estava me olhando, mas a princípio não dei muita importância. Alguns minutos depois, ele percebeu que eu precisava de algumas informações sobre a aula e fez sinais me chamando para me sentar ao seu lado. Fui. Sentei atrás dele e próxima da menina.Fizemos amizade e conversamos bas
Marcamos de nos encontrar próximo à minha casa por volta de 16:30 h, pois o culto começaria às 17 horas. A igreja que estávamos visitando não era a que ele realmente frequentava, pois a mesma ficava bem longe dali. Porém, estávamos visitando uma igreja de mesma denominação, pois o importante era a Palavra que eu receberia naquela tão adiada noite. Comecei a me arrumar cedo, pois não queria me atrasar. Prendi meu cabelo, fazendo um rabo-de-cavalo; ao contrário de todas as minhas outras maquiagens para saídas noturnas, na de hoje passei apenas um batom gloss. Vesti uma calça jeans e uma blusa de manga rosa – Estava uma noite quente para blusa de manga, mas como roupas compostas não eram muito o meu forte, o jeito era sentir calor mesmo.Chegando na igreja, as pessoas vieram nos receber e nos dar as boas vindas. No começo, me senti um peixe fora d
Chegando em casa, tomei um banho, jantei e peguei o meu presente para começar a ler. Não seguindo os conselhos de Gabriel, comecei pelo primeiro livro, Gênesis, no Antigo Testamento, para matar minha curiosidade a respeito da criação do mundo. Naquele dia, estava cansada, então li apenas os quatro primeiros capítulos. E conforme os dias passavam, eu ficava ainda mais curiosa para saber mais profundamente sobre Caim e Abel, pois sempre escutei as histórias, logo, as conhecia superficialmente, mas nunca tinha lido.Naquela final de semana, não fui à igreja, pois Gabriel estava trabalhando e eu gostaria que ele estivesse indo comigo. Por isso deixei para o domingo seguinte. Mas na faculdade, quando nos encontramos, ele me perguntou: – E aí, foi na igreja no domingo?– Não. – Respondi, envergonhada.– Por quê? – Perguntou ele, desanimado.&nd
No sábado, conforme combinamos, Gabriel chegou à minha casa às 14 horas. Ele sentou-se à mesa, e dessa vez, já disparei: – Antes que eu me esqueça, aceita um copo d’água? – Perguntei, dando risadas.– Aceito sim. – Respondeu, dando risadas. – Fez uma pausa e prosseguiu: – Você andou lendo a Bíblia durante a semana?– Li sim. A cada dia um pouquinho. – Respondi, enquanto pegava a garrafa d’água na geladeira, enchia seu copo e o entregava.– E tem dúvidas, ou está tudo muito claro? – Perguntou ele, enquanto bebia sua água.– Tenho dúvidas, sim. Não do que está escrito, mas o por quê de certas coisas acontecerem. – Respondi, sentando-me à mesa em frente a ele.– O que, por exemplo?– Eu li sobre as dez pragas do Egito.&n
Ao longo da semana, fomos conversando como de costume, e no sábado, como já havíamos combinado, estava esperando por ele na minha casa.Estava ansiosa, pois ia aprender mais com meu amigo. Às 14 horas, pontualmente, ele chegou. Sentou-se à mesa e já foi pegando a Bíblia.– Aceita alguma coisa? Água? Suco?– Aceito um copo d’água, por favor.– Ok. – Respondi, enquanto trazia o copo com a garrafa de água gelada.– Obrigado. – Agradeceu, e logo depois perguntou: – Você chegou a ler algo sobre o livro de 1ª Samuel durante a semana?– Não. – Respondi, envergonhada.– Tudo bem, – Respondeu ele, dando risadas. – É bom que nós aprenderemos juntos hoje.– Aprendermos juntos? – Respondi, assustada. – Eu que tenho que aprender, você sabe
No dia seguinte, pela manhã, minha amiga Clara me enviou uma mensagem, através do aplicativo de mensagem instantânea, dizendo:– “Amiga, como você está? Você sumiu! Estou com saudades! Mande notícias, beijos.” – Disse ela, na mensagem.No momento em que ouvi o som de mensagem, peguei o celular, esticando meu braço em direção ao criado-mudo, pois ainda estava deitada acabando de acordar, então vi que era a Clara, e na mesma hora me levantei com um misto de sentimentos que nunca havia sentido. Estava envergonhada por, sem querer, ter sumido, e com saudades dela, enquanto estava decepcionada comigo mesma por ter me distraído tanto com os ensinamentos de Gabriel, que me esqueci de enviar mensagens para ela, para saber ao menos como ela estava.Então, me ajeitei no travesseiro e imediatamente respondi, digitando:– “Oi amiga,
Três meses se passaram – voando –, e faltava pouco para o meu batismo. Apenas alguns dias para oficializar meu novo modo de viver. Então aproveitei esta semana para convidar as pessoas evangélicas mais próximas a mim para que eu pudesse compartilhar de um dos momentos mais especiais da minha vida, onde eu tomava a decisão crucial de seguir o caminho do Senhor, através da sua vontade, explicitada na Bíblia.Durante aquela semana, fiquei super ansiosa com o batismo, e por isso, no domingo anterior, já estava convidando as pessoas que não poderiam faltar de jeito nenhum. Tinham as minhas amigas de infância: Helena, uma garota doce, com vinte e dois anos de idade, alta e de presença marcante, de pele clara, olhos verdes, cabelo longo levemente ondulado, em um tom de ruivo escuro, bem disfarçado, e lábios carnudos, o que chamava bastante atenção na sua fisionomia. Gos
Finalmente o discipulado acabou, dando início ao tão esperado dia do batismo.No domingo de manhã, meus pais e eu acordamos bem cedo para nos arrumarmos e estarmos prontos no local e hora marcados para encontrar com minha amiga Geovanna, pois ela nos levaria de carro para a igreja matriz que fica no bairro vizinho. Vesti uma blusa de manga com uma calça jeans e calcei uma rasteirinha, peguei minha Bíblia e minha bolsa que estava super pesada com tantas coisas que eu estava carregando dentro dela. Não demorou muito e Geovanna chegou. Entramos no carro e seguimos em direção à igreja.Enquanto descia do carro, encontrei com Gabriel, que estava estacionando sua moto na calçada à frente. Cumprimentei com um forte abraço e agradeci pela presença. Ele me respondeu me dando um sorriso de volta. Era perceptível sua alegria de estar fazendo parte desse momento tão importante