Três meses. Havia se passado exatamente três meses desde que a Aurora se foi. Eu ainda não conseguia assimilar sua falta, a casa não parecia a mesma, toda a alegria havia ido embora, a única coisa que me deixava feliz era o Noah, que estava começando a rastejar pelo chão, e falava papai. Toda vez que me via, me chamava, o que fazia meu coração se acalmar. Eu não sei o que seria sem meu filho, serei eternamente grato à Aurora por ter me feito enxergar que ele era o ser mais puro e inocente dessa história toda. Havia colocado todas as suas coisas em meu quarto, era lá que ele dormia agora. O quarto da Aurora ficou fechado, não deixei ninguém entrar. Às vezes eu ia para lá e me deitava na cama, que ainda tinha seu cheiro, era uma forma de matar a saudade, que estava me torturando mais-que-tudo. Agora estou aqui no escritório, olhando o celular e vendo sua foto que tirei na praia. — Tão linda. Ela não respondeu mais às minhas mensagens, e seu celular sempre dava desligado. Seja lá o q
Acordei no sábado pela manhã com o estômago embrulhando, não devia ter comido aquele lanche tão gorduroso, depois que comecei a comer essas coisas, sentia minha barriga mais inchada e havia engordado um pouco mais. Tomei um remédio para enjoo e fui para o centro vender meus laços. Havia aprendido o caminho para o centro, como ia bem cedo, o sol não me queimava tanto. Eu me sentava num certo ponto de uma praça bem movimentada e colocava os laços à mostra. O local onde ficava era um ponto estratégico, onde muitas pessoas passavam, tinha dias que vendia todos, mas algumas vezes, quase nenhum. Eram quase duas da tarde e consegui vender quase todos os laços, só restaram dois, então decidi que já era hora de ir para casa. Arrumei minha bolsa e me levantei. Logo tudo ao meu redor resolveu rodar, minhas vistas se escureceram e senti meu corpo bater no chão. — Moça, você está me ouvindo? Ouvi a voz de uma pessoa me chamando. — Chamamos uma ambulância, não se preocupe. — Outra voz disse.
Saí do hospital arrasada, quando tentava assimilar a ideia da gravidez, me veio mais essa notícia. — Duas crianças? Como darei conta de duas crianças? — Eu estava em choque, se uma criança já dava trabalho, duas então. — Amiga, nesse momento, você precisa ficar calma primeiro. — Rafa, a casa em que moro mal me cabe. — Você pode arrumar outra. — Como vou dar conta de um aluguel mais caro, ainda mais com duas crianças? Meu Deus, Rafaela, dessa vez a vida pegou pesado comigo. Eu chorava de desespero. — Calma, Aurora e essa criança, quero dizer — corrigiu — Essas crianças, não são só responsabilidade sua, você precisa avisar o pai também. — Rafa, é tão complicado. — Sei que é, mesmo que você não tenha me contado sua história, eu sei que as coisas são difíceis para você, mas agora, não é mais sobre você, e sim sobre dois seres totalmente inocentes. — Você tem razão. Após chegarmos em casa, Rafaela não me deixou sozinha, preparou algo para comer, tomei um banho demorado e tentei c
Eu iria jogar o mesmo jogo de Liana, se quisesse me ver longe dela, teria que ser astuto como a própria serpente. — Tudo bem, Liana, se você quer passar mais tempo com seu filho, eu vou deixar, direi para Denise te deixar mais à vontade com ele, e tem mais uma coisa. — O quê, Oli? — Perguntou empolgada. — Vamos sair um pouco daqui, tudo bem? Respirar outros ares além desta fazenda, esse lugar está nos causando tensão. Esses últimos meses foram só brigas entre a gente, nunca chegamos a acordo nenhum, precisamos acalmar nossos nervos e colocar nossas pendências na mesa para resolvermos. Se você concordar, arrume suas coisas que passaremos alguns dias na casa de praia da capital. — Você está falando sério, Oliver? — Sim, mas com uma condição, vamos com calma, tudo bem? Preciso saber que você está mudada primeiro e quais seus interesses daqui para frente, relacionados a nosso filho. Alguns dias na praia farão com que a gente se distraia e que fiquemos perto do Noah também. Você pode l
— Esposa? — Perguntei, gaguejando, para a mulher que estava à porta da casa de Oliver. — Sim, eles foram curtir uns dias de férias. Seria só com ele que a senhorita queria falar? — Perguntou educada. — Não, a Denise está? — Ela foi para a capital, deve chegar mais tarde. — E a Lúcia, está por aqui? — Ela foi buscar alguns produtos de limpeza na vila. — Tudo bem, obrigada. — Me fala seu nome, para avisar a ela quem a procurou. — Não precisa, eu volto mais tarde. Peguei o táxi e voltei para a capital. Eu estava arrasada, não acreditava que Oliver havia reatado com Liana. Ele a transformou em esposa? Como pôde fazer isso? E eu boba, achando que ele iria se livrar dela para ficar com o filho. Meu telefone tocou. Era a Rafaela. — Oi… Rafa. — Oi! Rora, você já chegou? — Já, sim, vou procurar um hotel para pousar esta noite. — É que aconteceu um imprevisto, o Tácio está aqui. — O quê? Você não disse que ele viajaria? — E iria, sim, mas ligaram para ele no aeroporto, cancelando
— Desculpa não ter ligado antes, é porque cheguei tarde, então não queria perturbá-lo. — Você nunca perturba, Aurora, quantas vezes tenho que te dizer isso? — Estou um pouco cansada, podemos conversar amanhã? — O que está havendo? Seu rosto está tão abatido, parece até que andou chorando. — Eu disse que estou cansada. — Eu tentava ser educada, queria apenas ficar sozinha hoje, mas Tácio tinha aquele jeito dele todo preocupado, o que estava me dando nos nervos. — Amanhã, quando chegar no trabalho, falo com você, por favor, agora preciso dormir um pouco. — Tudo bem, caso precise de algo me ligue. Após ele sair, voltei para dentro da casa, apaguei as luzes e deitei na cama. Não sei como faria as coisas, mas precisava dar um jeito na minha vida, e eu tinha poucos meses para ser mais exata. Minha mente começou a imaginar o Oliver. Não era possível que ele e Liana estivessem juntos outra vez. “Estão de férias” Ela já conseguiu arrancá-lo da fazenda. Provavelmente, nesse horário, Noah
Entrei no elevador, com passos firmes, estava tão nervosa com tudo que ouvi. Como ele se atreveu a falar que meus bebês estragaram minha vida? Tudo bem, que as coisas ficariam mais difíceis para mim, mas eu daria um jeito. Jamais, em hipótese alguma, pensaria em tirar algo que foi feito com amor. Essas crianças seriam as lembranças mais lindas que eu teria de Oliver e Noah, e quem sabe num futuro bem próximo, seria o que nos uniria outra vez. — Ei, Aurora! Aonde você vai? Escutei a voz de Rafaela que vinha entrando na clínica. — Ai, Rafa, parabéns para você, viu? Você é uma guerreira! — O que houve? — Perguntou confusa. — Como consegue suportar e gostar do mesmo homem ao mesmo tempo? — Você falou para o Tácio da sua gravidez? O que ele te disse que te deixou tão nervosa assim? — Do jeito que me tratou, até parecia que eu estava pedindo para ele assumir as crianças e pagar a pensão. — Calma, amiga, ele deve ter ficado surpreso só isso. — Ele me chamou de irresponsável. — O qu
Dois meses depois… — Cara, você precisa entender que sou advogado e não fazendeiro. Saulo estava em minha sala do escritório, daquele jeito de sempre, seu sarcasmo e humor nunca mudaram, independente de como as coisas estavam. — Não reclama, pois sei que você está gostando. — Eu gosto, não vou negar, mas você me colocou para assumir o seu lugar, tem ideia da responsabilidade? — Foi por isso que te escolhi, confio em você e não se preocupa, logo voltará a sua vida normal e monótona. — O provoquei. — Ei! Minha vida de monótona não tem nada em. — Fingiu-se ofendido. — Se você está falando. — Oliver, você já está trancado nesse escritório praticamente há dois meses, cara, você ainda não conseguiu provas suficientes para tirar o Noah da Liana? — Estou juntando tudo, preciso do máximo possível, não quero correr o risco dela recorrer ao tribunal. Quando eu pegar a guarda total do Noah, quero que seja definitiva, então a mandarei embora e darei ordens a toda segurança para que ela nã