— O quê? Não acreditava que Oliver estava tão bêbado a ponto de alucinar e pensar que eu era a Liana. Eu não acredito. Que idiota! Aproveitei seu momento de descuido e o empurrei para longe de mim, saí do quarto correndo e entrei no meu. Tranquei a porta e corri para o banheiro, não acreditava no que havia acabado de acontecer. Que idiota! — Idiota, idiota, Aurora, você é uma idiota! — Repetia diversas vezes na frente do espelho, batendo nas minhas bochechas, tentando assimilar a mancada de agora. — Como pude ser tão fácil assim? Entrei no chuveiro e me lavei, passava o sabonete e esfregava o corpo com força, na tentativa de tirar seu cheiro infiltrado no meu corpo. — Idiota, idiota. — Andava de um lado para o outro no interior do banheiro. Minha mente estava agora com uma vergonha alheia tão grande. Como pude deixar que ele me beijasse? Por que retribuí o beijo? Por que não o chutei no meio das pernas e saí correndo? — Burra, burra, burra! Ainda mais porque estava gostando
Era manhã de domingo, dia dos pais. Noah acabava de dormir outra vez, olhei no relógio e vi que ainda eram quatro e meia da manhã. Me lembrei do presente que havia comprado para Oliver e não o entregaria pessoalmente, então colocaria a sacola na maçaneta da porta de seu quarto. Sei que ele acordava cedo, mas acho que hoje ele ainda não havia acordado, então o fiz. Quando saísse do quarto, Oliver avistaria a sacola lá, espero que goste de receber uma foto com o filho, para comemorar seu primeiro dia dos pais. Voltei para o quarto e dormi outra vez. Havia pedido a Denise que levasse para mim os lacinhos encomendados e entregasse para Poliana, a moça da barraca ao lado da minha, para oferecer às clientes quando fossem me procurar. Saulo também havia pago os que havia comprado em minha mão, ele daria de presente às meninas da escola de balé que ajudava financeiramente. Mais tarde, quando fui tomar café, encontrei Oliver na cozinha, ele preparava alguns bolinhos, como sabia que ele nunca
Ao chegarmos no hospital, Oliver pediu todos os meus documentos para fazer a ficha do paciente, enquanto eu era levada para a sala de exames. Fiz uma bateria de exames, depois me levaram para um quarto, onde passaria a noite, tomando vitaminas e sendo observada. Ao entrar no quarto, encontrei Oliver, ele estava sentado numa poltrona, mexendo no celular. Ao me ver, guardou o aparelho e se levantou. — Está se sentindo melhor? — Sim, o senhor já pode ir. — Vou ter que ficar, não posso deixar uma menor de idade sozinha sem acompanhante. — Farei dezoito depois de amanhã, peça para abrirem uma exceção, sei me virar sozinha. — É regra do hospital, já havia pedido que abrissem a exceção, não é por minha vontade, acha mesmo que quero ficar aqui? — Perguntou nervoso e se sentou de novo onde estava. Logo, uma enfermeira chegou e começou a colocar a medicação no soro. — Olá, Aurora, como está se sentindo? — Ela era uma senhora de aproximadamente quarenta anos. — Estou bem melhor, obrigada
Acordei com uma cena linda, Oliver estava com Noah no sling. Os dois estavam deitados na poltrona, não sei o porquê, mas estava feliz pela cena que via. Oliver estava se aproximando do filho, estavam tendo uma ligação e isso me deixava de certa forma emocionada. Eu não tinha nada a ver com aqueles dois, não era parente, amiga ou conhecida da família. Eu era a babá que estava trabalhando na casa há dois meses, falando em meses, amanhã seria o meu aniversário. Estava feliz e, ao mesmo tempo, triste. Seria um dia comum, pois não haveria nenhum familiar ou amigo que viria me parabenizar pessoalmente, além disso, passaria no hospital. Acabei de comer e a enfermeira me deu mais duas vitaminas para ingerir, fora a que estava tomando na veia. Logo, Noah acordou e, com isso, Oliver também. Ele parecia estar cansado, mas não me falava nada. Ele levantou e trocou a fralda do filho. Oliver parecia ter muito jeito para a coisa, bem que Denise havia dito que ele ia para a vila ficar com as crianç
Olhei para trás e lá estava Oliver, daquele jeito dele, olhar duro e sério. — Como você sai do hospital e não avisa a ninguém? — Perguntou, nervoso e com voz alterada. — Eu iria avisar, senhor. — enxugava minhas lágrimas disfarçadamente. — Quando? Quando se perdesse na cidade? — disse nervoso. — Só estava respirando um pouco de ar puro. Oliver se sentou ao meu lado, o que me deixou um pouco sem graça. — Aproveitou que está maior de idade e já começou a mostrar a sua independência? — Me encarou. — Você não tem intenção de voltar para a fazenda, não é mesmo? — Claro que vou, eu só ia almoçar primeiro. — Fala sério, Aurora, suas coisas estão praticamente todas aí dentro desta bolsa. — Você sabe porque tenho poucas peças de roupa, não trouxe nada de minha casa quando vim morar aqui. — Tudo bem, desculpas. Mas você não está querendo voltar, não é? — Claro que quero, eu só estava espairecendo um pouco, fiquei dentro daquele hospital sem ver a luz do sol, queria descansar um pouco
Estava quase no meio do meu almoço, quando Oliver começou a puxar conversa. — Vai fazer o quê da vida agora que se tornou maior de idade? — Ah, eu vou continuar trabalhando e me inscrever numa faculdade à distância. Oliver parou de comer, talvez surpreendido com minha resposta. — O que irá cursar? — Perguntou curioso. — Pedagogia.—Respondi e voltei a comer, porém, ele não. Continuava a me observar. — Quando vai começar? — Eu não sei, ainda preciso comprar um notebook, e aí, sim, vou procurar uma boa EAD. — Um bom notebook custa caro. — Desdenha. — Eu sei, mas só vou usar para estudo, então não serei tão exigente na hora de comprar um. — Ri com ironia. — Você tem resposta para tudo, hein? — Só para as perguntas que me fazem.—Eu não queria ser grossa, mas não iria deixar Oliver me puxar para baixo, já bastava me esnobar pelas minhas poucas roupas. — Sua mãe te ligou? Do nada mudou de assunto, o que me deixou um pouco sem jeito, mas claro que iria responder. Sempre fui muito
Sentei-me próximo a Oliver na areia e comecei a observar as ondas que iam e voltavam. O mar era lindo e mágico. Enquanto o vento soprava o meu cabelo, queria que aquele momento fosse eternizado, pois não me sentia tão feliz assim há muito tempo. — Vejo que você não conhece nada do mundo. — Oliver começou a falar. — Por quê? — Você nunca veio a uma praia, um lugar tão simples. — Não é bem assim, não tinha opção, entende? Minha mãe não me levava para os lugares, não me deixava sair com ela. — Você é tão jovem, Aurora, ainda precisa conhecer o mundo, para saber o que quer da vida. — Sei o que quero da minha vida e não preciso ir tão longe para descobrir. A felicidade está no que sou e não onde estou. — Quando conhecer pessoas diferentes, seu ideal de vida mudará, você terá vontade de sair, explorar o mundo. Jamais desejará ficar presa num lugar só. — Claro que não. Eu queria paz, queria um lar, uma família, algo para chamar de meu e não me separar nunca. — Quando conseguir tudo i
Comi em silêncio, pois era constrangedor estar perto de Oliver, ainda mais porque ele era instável, às vezes agradável, às vezes impertinente, eu não sabia que personalidade encontraria nele cada vez que o via. — Esse mês, você não precisa se preocupar em relação ao Noah, Denise irá te ajudar, quero que você foque em você, para se recuperar logo. — Sinto muito por estar trazendo tanto inconveniente, senhor. — Me desculpei. Sentia muito por estar passando as piores coisas da minha vida tendo meu patrão como telespectador. Oliver me encarou, respirando fundo, não o compreendia e não sabia decifrar suas expressões. Às vezes ele fazia cara de que queria me matar, mas saíam doces palavras de sua boca e, outras vezes, tinha um olhar que iria baixar a guarda, entretanto, era só abrir a boca que estragava tudo. — Essas coisas acontecem mesmo, espero que logo você fique bem e pare de dar trabalho. Não falei? O cavalo estava pronto para dar o coice. Tudo bem por Oliver ser duro do jeito d