Às seis da manhã, Noah e eu estávamos prontos. Coloquei minha bolsa com minhas coisas em baixo do carrinho dele e desci para a cozinha. Preparei meu café e tomei, fiz um lanche para a viagem também, decidi cuidar mais da minha alimentação. Peguei a estrada que ia para a vila e, enquanto caminhava, observava como o céu estava lindo. Tirei algumas fotos do lugar, tirei fotos de Noah e minhas também, amava fotos, pena que não poderia postar em nenhuma rede social. Aquele sem caráter do Sandro poderia me encontrar. Às sete da manhã, eu entrava na Vila São Caetano e, mesmo que ontem eu a tivesse visto de longe, não se comparava em estar nela. Na entrada, já havia um pequeno posto de gasolina, mais adiante uma padaria. Passeei pela praça enorme, havia flores e plantas e um pequeno palco já montado, com certeza era aqui que Oliver realizava as festas. Havia uma quadra de futebol coberta, um banco, borracharia, a escola e a farmácia que ficava perto do pronto-socorro. Quando estive aqui à n
Em seu quarto, Oliver estava com os nervos à flor da pele, após ter uma conversa com Aurora na cozinha. Deitou-se na cama e começou a pensar na frase que a garota acabara de falar. “Um filho nunca será um empecilho e sim um combustível para buscar coisas melhores. Um filho é uma bênção” Oliver rolava incomodado na cama de um lado para o outro. De repente, pega-se chorando. — Por que Liana? Por que você não pensou como a Aurora? Oliver olhava a foto da ex-mulher no celular e chorava como criança, estava tão desapontado. Fez o que podia para a amada ficar e continuar com ele. Havia até perdoado o imperdoável. Não ligava se as pessoas iriam zombar dele, só queria construir sua família. Por amor à Liana, mesmo se o resultado do exame de DNA dissesse que o filho não era dele, cuidaria e amaria o menino como se fosse seu filho. — Fui um idiota, em entregar meu coração para você, você não se importou nem um pouco comigo, nem com seu filho. Abriu uma garrafa de Whisky e começou a beber,
Mais uma manhã de segunda-feira, já havia passeado com o Noah e queria ir à capital comprar algumas coisinhas, lembrando que meu aniversário já estava chegando, seria alguns dias após o Dia dos Pais. Falando em dia dos pais, me senti triste, será mais um ano que passaria sem o meu herói, isso me rasgava a alma, era uma dor inconsolável, mas tentei focar no hoje e esquecer o passado para não sofrer duas vezes. Me lembrei de revelar as fotos do mêsversário de Noah. Colocaria algumas, no porta-retrato do quarto. Lembrei que Denise havia dito sobre Liana ter feito um quarto para Noah, mas não havia nada dentro. Minha curiosidade aumentou outra vez, em saber que cômodo era aquele. Talvez até pudesse decorá-lo futuramente, já que Noah merecia ter um quarto com uma cara mais infantil. Quando encontrasse Oliver de bom humor, o que seria muito difícil, tentaria tocar nesse assunto. Dúvidas pairavam no meu pensamento, era tanta coisa que vinha na minha cabeça, mas não podia parar para pensar
— O quê? Não acreditava que Oliver estava tão bêbado a ponto de alucinar e pensar que eu era a Liana. Eu não acredito. Que idiota! Aproveitei seu momento de descuido e o empurrei para longe de mim, saí do quarto correndo e entrei no meu. Tranquei a porta e corri para o banheiro, não acreditava no que havia acabado de acontecer. Que idiota! — Idiota, idiota, Aurora, você é uma idiota! — Repetia diversas vezes na frente do espelho, batendo nas minhas bochechas, tentando assimilar a mancada de agora. — Como pude ser tão fácil assim? Entrei no chuveiro e me lavei, passava o sabonete e esfregava o corpo com força, na tentativa de tirar seu cheiro infiltrado no meu corpo. — Idiota, idiota. — Andava de um lado para o outro no interior do banheiro. Minha mente estava agora com uma vergonha alheia tão grande. Como pude deixar que ele me beijasse? Por que retribuí o beijo? Por que não o chutei no meio das pernas e saí correndo? — Burra, burra, burra! Ainda mais porque estava gostando
Era manhã de domingo, dia dos pais. Noah acabava de dormir outra vez, olhei no relógio e vi que ainda eram quatro e meia da manhã. Me lembrei do presente que havia comprado para Oliver e não o entregaria pessoalmente, então colocaria a sacola na maçaneta da porta de seu quarto. Sei que ele acordava cedo, mas acho que hoje ele ainda não havia acordado, então o fiz. Quando saísse do quarto, Oliver avistaria a sacola lá, espero que goste de receber uma foto com o filho, para comemorar seu primeiro dia dos pais. Voltei para o quarto e dormi outra vez. Havia pedido a Denise que levasse para mim os lacinhos encomendados e entregasse para Poliana, a moça da barraca ao lado da minha, para oferecer às clientes quando fossem me procurar. Saulo também havia pago os que havia comprado em minha mão, ele daria de presente às meninas da escola de balé que ajudava financeiramente. Mais tarde, quando fui tomar café, encontrei Oliver na cozinha, ele preparava alguns bolinhos, como sabia que ele nunca
Ao chegarmos no hospital, Oliver pediu todos os meus documentos para fazer a ficha do paciente, enquanto eu era levada para a sala de exames. Fiz uma bateria de exames, depois me levaram para um quarto, onde passaria a noite, tomando vitaminas e sendo observada. Ao entrar no quarto, encontrei Oliver, ele estava sentado numa poltrona, mexendo no celular. Ao me ver, guardou o aparelho e se levantou. — Está se sentindo melhor? — Sim, o senhor já pode ir. — Vou ter que ficar, não posso deixar uma menor de idade sozinha sem acompanhante. — Farei dezoito depois de amanhã, peça para abrirem uma exceção, sei me virar sozinha. — É regra do hospital, já havia pedido que abrissem a exceção, não é por minha vontade, acha mesmo que quero ficar aqui? — Perguntou nervoso e se sentou de novo onde estava. Logo, uma enfermeira chegou e começou a colocar a medicação no soro. — Olá, Aurora, como está se sentindo? — Ela era uma senhora de aproximadamente quarenta anos. — Estou bem melhor, obrigada
Acordei com uma cena linda, Oliver estava com Noah no sling. Os dois estavam deitados na poltrona, não sei o porquê, mas estava feliz pela cena que via. Oliver estava se aproximando do filho, estavam tendo uma ligação e isso me deixava de certa forma emocionada. Eu não tinha nada a ver com aqueles dois, não era parente, amiga ou conhecida da família. Eu era a babá que estava trabalhando na casa há dois meses, falando em meses, amanhã seria o meu aniversário. Estava feliz e, ao mesmo tempo, triste. Seria um dia comum, pois não haveria nenhum familiar ou amigo que viria me parabenizar pessoalmente, além disso, passaria no hospital. Acabei de comer e a enfermeira me deu mais duas vitaminas para ingerir, fora a que estava tomando na veia. Logo, Noah acordou e, com isso, Oliver também. Ele parecia estar cansado, mas não me falava nada. Ele levantou e trocou a fralda do filho. Oliver parecia ter muito jeito para a coisa, bem que Denise havia dito que ele ia para a vila ficar com as crianç
Olhei para trás e lá estava Oliver, daquele jeito dele, olhar duro e sério. — Como você sai do hospital e não avisa a ninguém? — Perguntou, nervoso e com voz alterada. — Eu iria avisar, senhor. — enxugava minhas lágrimas disfarçadamente. — Quando? Quando se perdesse na cidade? — disse nervoso. — Só estava respirando um pouco de ar puro. Oliver se sentou ao meu lado, o que me deixou um pouco sem graça. — Aproveitou que está maior de idade e já começou a mostrar a sua independência? — Me encarou. — Você não tem intenção de voltar para a fazenda, não é mesmo? — Claro que vou, eu só ia almoçar primeiro. — Fala sério, Aurora, suas coisas estão praticamente todas aí dentro desta bolsa. — Você sabe porque tenho poucas peças de roupa, não trouxe nada de minha casa quando vim morar aqui. — Tudo bem, desculpas. Mas você não está querendo voltar, não é? — Claro que quero, eu só estava espairecendo um pouco, fiquei dentro daquele hospital sem ver a luz do sol, queria descansar um pouco