Caroenne, capital do império do fogo
Existe um paralelo entre o certo e o errado que Ophélia compreendia bem, mesmo diante da situação que estava na sua frente ela sabia o que devia fazer. Evitar o problema era sempre a melhor opção para si devido a sua posição na época de princesa, mas, agora não podia ser imparcial tinha que escolher um lado, e definitivamente não era o lado de Calía Vatra Le Fer, mesmo que fosse o mais sensato.
Passou anos de sua vida sendo submissa as decisões dos outros, e mesmo gritando por dentro ela nunca teve a chance de extravasar por fora. Eram tempos difíceis ela sabia, mas tudo que era ruim ainda podia piorar.
— Alguma notícia do norte? — Ophélia pergunta ao seu emissário particular. — Tem vários dias que não sei nada sobre o meu reino, ou, meu general.
(...)— Você? — A voz de Calía estava calma.Sob o olhar atento da mulher sobre si, ele sorri de lado.— Me parece que você está em maus lençóis vossa majestade imperial real.Calía empurra o homem ficando por cima. — Irei perguntar mais uma vez general Belialuin, o que faz no meio reino e na minha cama?Ezioh parecia diferente, seu olhar era frio e distante quase como se nada mais lhe importasse, mas ainda sim seu toque era quente e acolhedor.— Meu pai morreu! — Ele declara seco.Ela finalmente sai de cima dele se arrastando para fora cama onde pegou um hobbie para cobrir sua nudez.— Eu sinto muito.Ele sorri em negação. — Não sinta, meu pai era um homem desprezível.Calía o encara sem entender.— Acredito que deva estar no quarto errado então, sua rainha fica para o outro lado. — Ela cruza os braços. — Aliás, está atrasado. Ela partiu de Caroenne, e previsível do jeito que o bárbaro é, é bem provável que ambos estejam seguindo para Catania.Er
Vinte quatro anos atrás...Existia uma frase que era muito conhecida no povo do norte; “As situações que eram colocadas nos nossos caminhos, sempre tinham um propósito”. Susana nunca havia entendido o real significado daquela frase até o destino do mundo ser posto em suas mãos quando ela tinha apenas sete anos de idade. Vinda de uma família rica de Aldova, Susana era precedida de títulos e honrarias, tendo em vista que era filha única e prometida do futuro rei desde que nascera.Susana sempre fora reservada e muito tímida, e por isso quase nunca era vista em festas ou comemorações familiares que seus pais ofereciam, ou até mesmo o rei. Estando quase sempre na companhia de um bom livro, ela gostava de ficar sozinha na estufa da família para ler em paz. A jovem sempre fora adepta a uma imaginação fértil, por isso quando foi surpreendida por um homem de cabelos vermelhos lhe dizendo que ela um dia iria conceber a semente proibida dos deuses, sua primeira reação foi o fascínio.
A mudança é uma constante, todos deveriam ter plena ciência daquele fato. Como a imperatriz de um grande e poderoso império, Calía tinha plena ciência de suas responsabilidades. Tudo o que ela fazia refletia direta ou indiretamente no seu reinado, na sua conduta como senhora do fogo. As coisas que ela dizia era lei, as roupas que ela vestia se tornavam moda, as coisas que ela fazia se tornavam algo que deveria ser seguido, tudo nela era refletido em seus súditos.Como o pai dela Maxon, ela almejava guerras, almejava mais e mais poder, sua linhagem era precedida pelo sucesso em batalhas, e ela não iria começar a desapontar naquele momento.— Relatório sobre os acontecimentos recentes. — Calía indaga altiva aos seus conselheiros sentados em volta de uma grande mesa dourada.Cassius estava feliz em ver que sua senhora finalmente havia voltado ao normal, pois as coisas geralmente não iriam bem sem ela no comando.— Depois da fuga do prisioneiro bárbaro e da traidora do norte
Vários dias depois...Existia o dia antes da batalha que o chanceler poderia descrever como o dia em que tudo ainda podia mudar. Quando Cassius tinha quatorze anos ele viu seu pai lhe dizer que a vida era boa, e no dia seguinte vê-lo morto com uma corda no pescoço, ele nunca acreditou que a vida podia ser fácil, mas ver seu pai desistindo dela foi o ápice para que ele nunca desejasse ser daquela forma.Quando foi designado para o cargo de chanceler, braço direito da recém coroada imperatriz Calía Vatra Le Fer, ele não tinha a fé que ele esperou ter ao vê-la pela primeira vez, ele esperou sentir que quando estivesse diante dela tudo seria o ápice da grandeza, pois como uma mulher ela seria mais sensível e obstinada a paz como o povo do norte tanto gostava de prezar. Mas, para sua total surpresa Calía era tudo que ele não esperava, ela era destemida, corajosa, uma mulher forte que logo alcançou o respeito máximo de todos a sua volta e com a admiração que ele tinha por ela, logo
O caos é definido como algo necessário numa guerra, mas para Calía a guerra era uma arte, plena e sublime. No alto escalão que define as pessoas mais importantes na hierarquia de um exército, Maud corria na linha de frente sendo ela general que comandava todas os exércitos do império do fogo. A loira não gostava de sorrir, mas as poucas vezes que ela esboçava um belo sorriso em sua face, era quando estava prestes a matar um inimigo. Calía gostava da determinação de Maud, pois ela sempre os levava a glória em uma batalha.No campo de batalha escolhido por ambos os lados era na fronteira de Catania com Mindivar, cidade dos aldeões. Calía exigiu que a pequena cidade fosse esvaziada antes do combate, e como a cidade tinha pouco menos de mil e duzentos habitantes, não foi difícil a evacuação a tempo.Ao longe podia-se ver o exército do norte, com pouco mais de cinquenta mil homens, e mais atrás os quase trinta mil guerreiros bárbaros com suas espadas e machados afiados na mão, rugi
Desde muito nova, Aleah aprendeu que a vida era dura quando não era nascida em berço nobre como a maioria das pessoas de Caroenne. Vinda de uma família classe média, ela aos quatorze anos só sabia como manter sua mãe e seu irmão mais novo, que após lutar mais uma das inúmeras guerras do atual imperador Maxon Vatra Le Fer, acabou perdendo a vida e com isso ela foi ficando cada vez mais só. Determinada a não se entregar em arrumar um bom casamento, quando ela perdeu sua mãe meses depois, Aleah decidiu que deveria ir embora e com esse propósito em mente, ela se mudou para uma pequena cidade interiorana em Mindivar, cercada por pessoas simples e com bons corações.Há princípio, a loira era só uma garota muita nova em busca das próprias raízes em algum lugar que não fosse a capital. Em Mindivar, as pessoas não questionavam as outras sobre o futuro, a não ser que você fosse da família de algum deles. Aleah era muito nova, mas ainda assim ela já tinha uma beleza rara e muito notável. De
Aldova, alguns dias atrás...Nos portos recém estruturados da cidade de Aldova, fronteira entre o sul e o norte, vários navios vindos de outro continente estampados com um emblema de rosa e espada cruzados se aproximavam no horizonte frio das terras do norte. Navios estes que já eram mais do que esperados por Bardon Belialuin, que mantinha completamente fechado o porto para evitar a saída ou entrada de estrangeiros e conterrâneos. Desde que conseguiu dar o golpe de estado no norte com a ajuda de Calía Vatra Le Fer, as pessoas andavam sob supervisão direta dos homens que serviam ao usurpador e aos soldados que a imperatriz emprestou em sinal de boa fé ao seu novo aliado. Nenhuma informação saía do norte, e eram bastante restritivas as que chegavam até lá.O braço direito de Bardon era Gale Normand, ex membro da marinha real do norte. Gale deserdou na mesma época em que Bardon foi embora, e também por motivos semelhantes, já que a coroa parecia não gostar de quem questionasse se
Caroenne, capital do império do sulO que corrói a alma de uma pessoa mais do que a decepção? Ophélia poderia dizer que era a derrota. A mais angustiante sensação de amargor na boca, como se tudo o que você pudesse ser em um momento era alguém insignificante. Fazia dois dias desde que ela foi levada como prisioneira no campo de batalha, desde então era mantida em uma suíte no palácio real de Caroenne, onde ninguém podia falar, ou dirigir o olhar a ela. Ophélia não parecia muito animada sobre suas perspectivas dali por diante, afinal não tinha mais um exército, e duvidava muito que Calía Vatra Le Fer a enviasse de volta para o norte.A única coisa certa era que ela não teria mais sua vida de volta, e os deuses sabiam que era tudo o que ela não queria. Como poderia ter ganhado tudo e perdido tudo na mesma intensidade? Sua única afirmação pessoal era que ela ainda era rainha do norte, e isso Calía nunca iria tirar dela.Ophélia não havia conversado com ninguém desde que tudo t