Desde muito nova, Aleah aprendeu que a vida era dura quando não era nascida em berço nobre como a maioria das pessoas de Caroenne. Vinda de uma família classe média, ela aos quatorze anos só sabia como manter sua mãe e seu irmão mais novo, que após lutar mais uma das inúmeras guerras do atual imperador Maxon Vatra Le Fer, acabou perdendo a vida e com isso ela foi ficando cada vez mais só. Determinada a não se entregar em arrumar um bom casamento, quando ela perdeu sua mãe meses depois, Aleah decidiu que deveria ir embora e com esse propósito em mente, ela se mudou para uma pequena cidade interiorana em Mindivar, cercada por pessoas simples e com bons corações.
Há princípio, a loira era só uma garota muita nova em busca das próprias raízes em algum lugar que não fosse a capital. Em Mindivar, as pessoas não questionavam as outras sobre o futuro, a não ser que você fosse da família de algum deles. Aleah era muito nova, mas ainda assim ela já tinha uma beleza rara e muito notável. DeAldova, alguns dias atrás...Nos portos recém estruturados da cidade de Aldova, fronteira entre o sul e o norte, vários navios vindos de outro continente estampados com um emblema de rosa e espada cruzados se aproximavam no horizonte frio das terras do norte. Navios estes que já eram mais do que esperados por Bardon Belialuin, que mantinha completamente fechado o porto para evitar a saída ou entrada de estrangeiros e conterrâneos. Desde que conseguiu dar o golpe de estado no norte com a ajuda de Calía Vatra Le Fer, as pessoas andavam sob supervisão direta dos homens que serviam ao usurpador e aos soldados que a imperatriz emprestou em sinal de boa fé ao seu novo aliado. Nenhuma informação saía do norte, e eram bastante restritivas as que chegavam até lá.O braço direito de Bardon era Gale Normand, ex membro da marinha real do norte. Gale deserdou na mesma época em que Bardon foi embora, e também por motivos semelhantes, já que a coroa parecia não gostar de quem questionasse se
Caroenne, capital do império do sulO que corrói a alma de uma pessoa mais do que a decepção? Ophélia poderia dizer que era a derrota. A mais angustiante sensação de amargor na boca, como se tudo o que você pudesse ser em um momento era alguém insignificante. Fazia dois dias desde que ela foi levada como prisioneira no campo de batalha, desde então era mantida em uma suíte no palácio real de Caroenne, onde ninguém podia falar, ou dirigir o olhar a ela. Ophélia não parecia muito animada sobre suas perspectivas dali por diante, afinal não tinha mais um exército, e duvidava muito que Calía Vatra Le Fer a enviasse de volta para o norte.A única coisa certa era que ela não teria mais sua vida de volta, e os deuses sabiam que era tudo o que ela não queria. Como poderia ter ganhado tudo e perdido tudo na mesma intensidade? Sua única afirmação pessoal era que ela ainda era rainha do norte, e isso Calía nunca iria tirar dela.Ophélia não havia conversado com ninguém desde que tudo t
Naquele dia mais tarde...Calía podia sentir que sua cabeça iria explodir a qualquer momento enquanto caminhava em direção aos seus aposentos. Tomar aquela decisão acabou consigo, mas ela sabia que precisava de tempo, e Bardon Belialuin não lhe daria de bom grado sem uma vantagem em cima. No fim, o que mais lhe doeu foi ver a decepção estampada na face de Ezioh enquanto ele ia embora, e até mesmo em Ophélia que não pode refutar da decisão em momento algum. Por algum motivo, Calía achou que lá no fundo aquilo não a desagradava tanto quanto a Caphossìo fez parecer. No entanto, algo ainda estava lhe incomodando, algo que ela teve que deixar de lado por motivos óbvios, mas que agora ela iria se esforçar mais ainda para descobrir; quem era seu pai!Calía adentrou em seu quarto silencioso e escuro, mas logo uma silhueta no escuro a fez se colocar em alerta.— Quem está aí? — Ela pergunta séria.Ezioh sai do escuro revelando sua face irritada.— Achei que já estava na hora d
Em algum lugar no SulNa parte obsoleta do Sul, onde grande parte havia sido tomada por bárbaros a gerações atrás, estavam sendo montados novos acampamentos de moradia fixa sob ordem direta da imperatriz, que prometeu que não haveria mais ataques contra eles, contanto que ficassem do seu lado e não interferissem mais nos territórios dela. Quem havia assinado tal acordo foi o chanceler em pessoa juntamente com Gaius NürSon, já que Torsten não era visto desde o funeral de sua irmã mais nova á quase um mês atrás.Gaius não sabia bem por onde começar, mas sabia que agora Tórun teria paz por ver que seu filho e sua família estavam bem finalmente. O moreno sabia que seu irmão precisava de um tempo, afinal passou tanto tempo fissurado em uma vingança vazia que provavelmente agora não sabia no que se agarrar. A única notícia que ele havia recebido do irmão mais velho foi a quatro dias atrás quando Torvi voltou com instruções claras dele sobre não querer ser incomodado, pelo menos por
Os salões de festa do palácio de Caroenne estavam enfeitados com muitas rosas vermelhas e ouro, pois na tradição deles simbolizava alegria e paixão para um bom casamento. No império do fogo o vermelho era o maior símbolo de fidelidade vindos de várias gerações Vatra Le Fer , e mesmo Calía vendo aquilo como estratégia para ganhar tempo, as coisas deveriam parecer mais convictas possíveis para que Bardon não desconfiasse de absolutamente nada. Como ela, Bardon, Ophélia e Ezioh eram os anfitriões da noite, Calía não poderia se atrasar, pois não era auspicioso para o futuro casal.Como se tratava da noite do vermelho, o vestido da imperatriz não tinha como ser de uma cor diferente, assim como o que ela fez questão de presentear a Ophélia. Não era uma opção outra cor, mesmo que se tratasse da realeza. O vestido de Calía era de um vermelho intenso, era de seda bem lisa e cristais na parte superior com uma linha em decote v. Como a imperatriz já havia deixado claro sua pouco vontade em
O dia havia nascido cinza naquela manhã do dia seguinte ao noivado. Ophélia ainda não apresentava melhora em seu estado e os médicos de cunho pessoal da imperatriz afirmavam que não tinha como ela ter sido envenenada, pois não havia sintomas de um envenenamento no corpo dela. Ezioh não havia saído de perto da jovem desde que tudo ocorrera, ele e Eardon pareciam ser os únicos realmente preocupados com o estado de saúde da jovem mulher.Ezioh não podia negar que se sentia um pouco irritado pela falta de atenção de Calía com o caso, pois mesmo que as duas fossem inimigas, era esperado que ela fizesse mais do que sumir com medo de também ter sido envenenada, pelo menos era isso que ele achava já que Maud se mostrou bem pouco à vontade para lhe dizer coisas que ele já não soubesse.— Perdoem-me senhores, mas não podem ficar aqui. — O médico instrui. — Não sabemos o que ela tem, e pode ser que seja infeccioso, precisamos poupar a todos e deixá-la isolada.Eardon estava sério.
Florestas de CaroenneHavia um sussurrar baixo, quase como um gemido vindo por entre as muitas árvores que embelezavam as noites na floresta de Caroenne. Maud lembrava-se de quando era bem pequena e seu pai lhe acompanhava por diversas vezes em suas aventuras noturnas, e mesmo depois da morte de Haza, a loira sempre ia até lá quando queria ficar sozinha. Irritantemente ela não teve escolha se não usar da companhia de Eardon BenHur em sua busca por Torsten NürSon, que segundo Conran já devia estar próximo.— A senhorita ainda não me respondeu sobre o motivo de estarmos aqui? — Eardon questiona mais uma vez.Maud revira os olhos.— É tão difícil assim pra você fechar essa sua boca?— Só quando não me dão as informações de que preciso! — ele retruca irritado.Maud ficou em silêncio por breves segundos antes de dizer: — Você só precisa saber que é para o bem da dama que você tanto idolatra. — Eardon parou seu cavalo. — O que foi agora?— Isso tem a ver com o comentá
Havia uma mensagem subliminar entre as linhas não ditas de uma história mal contada que poderia facilmente acabar com um mundo inteiro. Antes mesmo que houvesse matéria no mundo, havia um deus que precisava de uma certa veneração para ser o maior e o mais poderoso, sendo assim, tal deus necessitava de uma fonte na qual se perpetuasse por muitas e muitas gerações. Tais gerações seriam conhecidas como os filhos de Caenum Platearum, o pai do caos, o deus da aniquilação. Uma linhagem que carregaria o sangue de um deus, que acarretaria o caos pelo mundo e devastaria tudo o que pudesse trazer beleza e paz para o mesmo.Caenum era conhecido entre os seus como um deus conquistador, um deus petulante que sempre causaria a morte de tudo à sua volta apenas para o seu deleite. Sendo uma criatura extremamente bela e poderosa, Caenum se achava o melhor entre todos, e por isso houve uma era antes da segunda geração do mundo ser criada em que o deus Brisio se juntou com outros quatro deuses para