Os salões de festa do palácio de Caroenne estavam enfeitados com muitas rosas vermelhas e ouro, pois na tradição deles simbolizava alegria e paixão para um bom casamento. No império do fogo o vermelho era o maior símbolo de fidelidade vindos de várias gerações Vatra Le Fer , e mesmo Calía vendo aquilo como estratégia para ganhar tempo, as coisas deveriam parecer mais convictas possíveis para que Bardon não desconfiasse de absolutamente nada. Como ela, Bardon, Ophélia e Ezioh eram os anfitriões da noite, Calía não poderia se atrasar, pois não era auspicioso para o futuro casal.
Como se tratava da noite do vermelho, o vestido da imperatriz não tinha como ser de uma cor diferente, assim como o que ela fez questão de presentear a Ophélia. Não era uma opção outra cor, mesmo que se tratasse da realeza. O vestido de Calía era de um vermelho intenso, era de seda bem lisa e cristais na parte superior com uma linha em decote v. Como a imperatriz já havia deixado claro sua pouco vontade emO dia havia nascido cinza naquela manhã do dia seguinte ao noivado. Ophélia ainda não apresentava melhora em seu estado e os médicos de cunho pessoal da imperatriz afirmavam que não tinha como ela ter sido envenenada, pois não havia sintomas de um envenenamento no corpo dela. Ezioh não havia saído de perto da jovem desde que tudo ocorrera, ele e Eardon pareciam ser os únicos realmente preocupados com o estado de saúde da jovem mulher.Ezioh não podia negar que se sentia um pouco irritado pela falta de atenção de Calía com o caso, pois mesmo que as duas fossem inimigas, era esperado que ela fizesse mais do que sumir com medo de também ter sido envenenada, pelo menos era isso que ele achava já que Maud se mostrou bem pouco à vontade para lhe dizer coisas que ele já não soubesse.— Perdoem-me senhores, mas não podem ficar aqui. — O médico instrui. — Não sabemos o que ela tem, e pode ser que seja infeccioso, precisamos poupar a todos e deixá-la isolada.Eardon estava sério.
Florestas de CaroenneHavia um sussurrar baixo, quase como um gemido vindo por entre as muitas árvores que embelezavam as noites na floresta de Caroenne. Maud lembrava-se de quando era bem pequena e seu pai lhe acompanhava por diversas vezes em suas aventuras noturnas, e mesmo depois da morte de Haza, a loira sempre ia até lá quando queria ficar sozinha. Irritantemente ela não teve escolha se não usar da companhia de Eardon BenHur em sua busca por Torsten NürSon, que segundo Conran já devia estar próximo.— A senhorita ainda não me respondeu sobre o motivo de estarmos aqui? — Eardon questiona mais uma vez.Maud revira os olhos.— É tão difícil assim pra você fechar essa sua boca?— Só quando não me dão as informações de que preciso! — ele retruca irritado.Maud ficou em silêncio por breves segundos antes de dizer: — Você só precisa saber que é para o bem da dama que você tanto idolatra. — Eardon parou seu cavalo. — O que foi agora?— Isso tem a ver com o comentá
Havia uma mensagem subliminar entre as linhas não ditas de uma história mal contada que poderia facilmente acabar com um mundo inteiro. Antes mesmo que houvesse matéria no mundo, havia um deus que precisava de uma certa veneração para ser o maior e o mais poderoso, sendo assim, tal deus necessitava de uma fonte na qual se perpetuasse por muitas e muitas gerações. Tais gerações seriam conhecidas como os filhos de Caenum Platearum, o pai do caos, o deus da aniquilação. Uma linhagem que carregaria o sangue de um deus, que acarretaria o caos pelo mundo e devastaria tudo o que pudesse trazer beleza e paz para o mesmo.Caenum era conhecido entre os seus como um deus conquistador, um deus petulante que sempre causaria a morte de tudo à sua volta apenas para o seu deleite. Sendo uma criatura extremamente bela e poderosa, Caenum se achava o melhor entre todos, e por isso houve uma era antes da segunda geração do mundo ser criada em que o deus Brisio se juntou com outros quatro deuses para
Há um elo perdido entre um amor inacabado e a morte, que sempre causará uma sensação tenra de sofrimento para quem quer que seja. Maud podia dizer que sabia bem lidar com perdas de parentes e pessoas que ela amava, mas enterrar Conran naquela manhã de sol intenso, estava sendo mais difícil do que ela imaginava. Conran por muitas vezes foi a pessoa que a segurou antes que ela se afundasse no próprio abismo de dor e sofrimento, e agora sem ele ao seu lado, ela parecia que iria ruir a qualquer momento.Mas, havia uma pessoa que não havia saído de seu lado desde então, e não era sua melhor amiga, a imperatriz.— Precisa descansar Maud. — Eardon sussurrou próximo do ouvido da ruiva.Maud estava com um semblante apático de dor e cansaço, mas ela não sairia do lado de seu irmão até que a última centelha de fumaça ecoasse no céu sem fim.— Não tem que me vigiar, sei lidar com a morte perfeitamente bem sozinha. — Ela o responde amargurada.Eardon balança a cabeça em negação. —
Em algum lugar ao norte da muralha...O inverno havia chegado enfim, e não era algo incomum para o povo do norte, afinal eles eram cercados pelo frio em todas as épocas do ano. Mas, havia um pequeno vilarejo ao leste de Hestia, onde poucos camponeses e ex militares moravam onde o frio era duas vezes mais forte. Não havia uma explicação lógica para aquele fenômeno, mas muitos dos que residiam por lá afirmavam que o lugar era assombrado pelo fantasma da antiga rainha, por isso eram sempre severamente castigados no inverno.O lugar era chamado de entremeio, pois ficava entre o território da capital e a cidade espiritual de Chaastil.Fazia algumas semanas que Torvi havia retornado para o norte a pedido de Gaius, afinal ela era muito boa em rastrear coisas e pessoas e o NürSon mais velho não fazia ideia de onde seu tolo irmão poderia estar. Torvi sempre tivera um respeito assíduo por Torsten, mas por trás de toda aquela admiração havia algo mais e ela sabia bem, afinal escondeu
(...)— Você está com raiva! — Ezioh exclama assim que seu braço alcança o de Calía.Ela enfim para de andar e se volta para ele séria.— Quer realmente saber o que eu estou sentindo Ezioh? — Ela pergunta. Meio incerto, ele assente. — Tesão! Conran morreu, eu não.— Está noiva do meu irmão. — ele retruca.Calía ri. — Nós dois sabemos que essa raiva não é pelo seu irmão, mas sim por que você queria meter em mim no lugar de Torsten. — ela suspira. — Não se preocupe, em breve tudo isso vai acabar.— Do que está falando?— Você irá embora, simples!— Calía!Com uma das mãos levantada, Calía dispara: — É vossa majestade imperial real. — ela parecia realmente irritada. — Talvez eu deva lembrar a todos vocês do por que eu sou a imperatriz do fogo.Dito isso, ela lhe dá as costas novamente e se vai, mas dessa vez ele não foi atrás dela....No dia seguinte...A manhã ensolarada despontou em Caroenne lindamente, mas o humor de ninguém além da imperatriz
É uma forma bastante retórica quando as coisas que você mais odeia na vida se juntam em uma união estável. Dentro da família Caphossìo, Susana aprendeu com o tempo a separar suas emoções de decisões racionais, apesar de sempre estar tentando buscar uma maneira de derrubar as barreiras do próprio marido. Ela sabia o que era ser deixada de lado por causa dos desejos de terceiros, e vendo Ophélia passar pela mesma situação, duas vezes pior, a deixava frustrada e muito irritada.— Por quanto tempo mais teremos de ficar aqui? — Susana questiona pesarosa a Lothaire.O homem de longos cabelos vermelhos nada diz.— Ótimo momento para permanecer em silêncio, seu bastardo! — Aleah indaga visivelmente irritada. — Minha filha precisa de mim mais do que nunca.Susana ri sem vontade. — Até por que se ela continuar agindo feito uma vadia, não sobrará mais ninguém para ajudá-la.Aleah sabia que aquilo tudo era um jogo que Susana gostava de fazer quando estava frustrada
(...)Não houve murmurios ou falação, os nobres olhavam fascinados para a figura distinta que ressurgia como uma fênix em meio as chamas. Calía estava brilhando em um lindo vestido dourado que mais parecia uma segunda pele de tão fino e transparente, em seus pés nada havia além de pinturas selvagens da mesma cor do vestido, seus olhos também estavam demarcados em um dourado cintilante, e em seus lábios um nada discreto rubro marcante. Em sua cabeça uma coroa grande mas que não parecia pesar quase nada. Seus cabelos que outrora estavam curtos, resplandeciam como cascatas esbranquiçadas por toda sua costa desnuda.Passou-se alguns muitos segundos antes que alguém abrisse a boca.Com um sorriso beirando a presunção, Calía exclama: — Que se dê início á festa!Ela caminhou graciosamente até seu trono instalado na cabiceira da mesa e lá sentou-se sedutoramente sob o olhar atento de todos os homens que ali estavam presentes.Bardon nem sequer despediu-se de Ma