Dois dias atrás...
As planícies frias de Clover nos arredores de Hestia eram duas vezes mais geladas do que a capital do reino gelado. Para pessoas que haviam nascido em solo sulista, àquilo era quase como um suplicio.
Anastácia admitia que talvez viajasse naquelas condições era quase um milagre, agora entendia bem do que seu irmão tanto falava sobre o fogo nunca tocar o gelo. Calía era a chave pra alguma coisa grande, e algo lhe dizia que tinha muito haver com Ophélia Caphossìo e o encontro proibido de ambas. Maxon sempre fora meio vago quando se tratava de detalhes importantes, detalhes estes que fariam muita diferença quando Anastácia fosse explicar pra sua sobrinha o que ela fazia ali.
Entre pensamentos e mais indagações sozinha com seu precioso vinho dentro da carruagem, a loira quase não percebeu quando tudo ficou silencioso demais e em seguida barulhento demais do lado de fora.
— Que diabo está acontecendo? — Ela pergunta já pondo a cabeça para o l
Cidade de Parvel, arredores de HestiaNos arredores de Hestia, havia um vulcão inativo a mais de quinhentos anos, muito antes do país do gelo ser considerado como potência do continente junto com os sulistas que já predominavam por ali.Ezioh sabia da existência daquele lugar abandonado por causa das terras de sua família que ficavam ali em Parvel. Mesmo achando incomodo o pedido feito pela imperatriz, ele estranhamente não tardou em cumprir quase que imediatamente, não estava suportando vê-la com toda aquela dor. Ele havia visto nos olhos de Maud que ela não estava satisfeita com aquela aproximação dos dois, mas como sempre, não disse nada que contrariasse Calía.O trajeto de Hestia até Parvel fora muito tranquilo, tendo em vista que aquela era residência dos Belialuin, e como tal eram muito respeitados por todos que ali residiam. Aos poucos quando ultrapassaram os portões do castelo de Parvel, Ezioh desceu de seu cavalo rapidamente para ver como Calía estava n
Estrada de Hestia, próximo ao palácio realCom um percurso quase no fim, Calía se mantinha silenciosa dentro da carruagem que seguia de forma lenta na direção da capital. Quando seu processo de cura finalmente teve fim, ela encontrou Ezioh já desperto com uma cara de poucos amigos, ele não disse nada muito menos a questionou sobre, apenas seguiram calados o trajeto todo de volta.Era certo que ele não estava feliz com a decisão dela em sair sozinha, mas, o que acontecia com ela quando aquilo lhe ocorria, era horrível de se ver. Calía tinha uma leve impressão de que Ezioh não saberia lidar com aquilo sem um estrago emocional, ou, talvez ela só não admitisse que ele era mais forte do que aparentava ser. De qualquer forma, ela não estava curiosa para descobrir.Seus pensamentos foram interrompidos com uma parada brusca da carruagem, Calía se manteve alerta quase que imediatamente para um eventual ataque de quem quer que fosse, especialmente de nórdicos ousados.
Catania, cidade dos desertos de sangue – Império do fogoO vermelho escarlate que resplandecia nas colinas de areia da cidade imperial de Catania, era de uma beleza surreal para quem conseguisse ver de longe, mas, para os poucos moradores que ali residiam, Catania era tudo, menos um lugar bonito. Com o céu em um perpetuo tom alaranjado, a cidade parecia até um vislumbre do próprio inferno, e devido a sua vastidão de areia vermelha o cenário só piorava.Mediante ao descaso da capital imperial em transformá-la em um lugar mais habitável como as várias outras ali do continente, Catania acabou tornando-se refugiu para criminosos de todos os lados, inclusive de conspiradores contra a coroa imperial. Como algumas pessoas ainda moravam por ali, eles tiveram que aprender a lidar com tais impropérios e visitantes indesejados.A verdade é que o parlamento imperial nunca tocava no ass
Caroenne, capital do império do fogoHaviam se passado três dias desde que Ophélia chegou ao fascinante império do fogo. Logo de cara ela reconheceu o poder que Calía possuía, era visível que todos ali a respeitavam e admiravam tanto como soberana, como mulher. Além disso, pôde perceber também que ela era bastante ocupada, e por isso quase nunca estava presente na mesa de jantar. Era certo que o período em que ela esteve fora muito coisa deve ter se acumulado, mas ainda assim Ophélia sentia-se levemente irritada pela falta de tato da outra.Nesse curto período de três dias, Ophélia não teve a oportunidade de ficar a sós com Torsten, e acreditava que os planos de ambos iriam se atrasar muito devido aquele fato. Apesar de ter deixado Ezioh no comando de tudo sem preocupações, ela estava com o terrível pressentimento de que algo estava muito errado, ou que as coisas iriam ficar muito ruins por lá. Com tal pensamento passando constantemente por sua cabeça, a rainha resolve
Caroenne, capital do império do fogoNum canto afastado dentro de uma cela onde o sol jamais brilharia, Torsten estava impaciente. Faziam dias desde que chegara ao território do sul governado por Calía Vatra Le Fer, dias desde a última vez em que falou com Ophélia Chapossìo, sua impaciencia beirava ao desespero. Seus irmãos deviam estar preocupados com andar daquele plano, e conhecendo Gaius como ele conhecia, ele já estava partindo para uma terceira ou quarta opção.Fazia um tempo também desde que o homem viu a imperatriz, ela parecia estar cercada de milhões de coisas mais importantes do que vigiar um barbáro prepotente. Seu último interrogatório havia sido com um homem intitulado chanceler, Cassius Brondeville. Torsten nunca havia visto alma mais infeliz do que aquela, o homem de mascára era extremamente manipulador e frio, foi muito difícil não responder a todos os seus questionamentos, e ele percebeu que estava muito claro que Ophélia estava sofrendo algum ti
Caroenne, capital do império do fogoExiste um paralelo entre o certo e o errado que Ophélia compreendia bem, mesmo diante da situação que estava na sua frente ela sabia o que devia fazer. Evitar o problema era sempre a melhor opção para si devido a sua posição na época de princesa, mas, agora não podia ser imparcial tinha que escolher um lado, e definitivamente não era o lado de Calía Vatra Le Fer, mesmo que fosse o mais sensato.Passou anos de sua vida sendo submissa as decisões dos outros, e mesmo gritando por dentro ela nunca teve a chance de extravasar por fora. Eram tempos difíceis ela sabia, mas tudo que era ruim ainda podia piorar.— Alguma notícia do norte? — Ophélia pergunta ao seu emissário particular. — Tem vários dias que não sei nada sobre o meu reino, ou, meu general.
(...)— Você? — A voz de Calía estava calma.Sob o olhar atento da mulher sobre si, ele sorri de lado.— Me parece que você está em maus lençóis vossa majestade imperial real.Calía empurra o homem ficando por cima. — Irei perguntar mais uma vez general Belialuin, o que faz no meio reino e na minha cama?Ezioh parecia diferente, seu olhar era frio e distante quase como se nada mais lhe importasse, mas ainda sim seu toque era quente e acolhedor.— Meu pai morreu! — Ele declara seco.Ela finalmente sai de cima dele se arrastando para fora cama onde pegou um hobbie para cobrir sua nudez.— Eu sinto muito.Ele sorri em negação. — Não sinta, meu pai era um homem desprezível.Calía o encara sem entender.— Acredito que deva estar no quarto errado então, sua rainha fica para o outro lado. — Ela cruza os braços. — Aliás, está atrasado. Ela partiu de Caroenne, e previsível do jeito que o bárbaro é, é bem provável que ambos estejam seguindo para Catania.Er
Vinte quatro anos atrás...Existia uma frase que era muito conhecida no povo do norte; “As situações que eram colocadas nos nossos caminhos, sempre tinham um propósito”. Susana nunca havia entendido o real significado daquela frase até o destino do mundo ser posto em suas mãos quando ela tinha apenas sete anos de idade. Vinda de uma família rica de Aldova, Susana era precedida de títulos e honrarias, tendo em vista que era filha única e prometida do futuro rei desde que nascera.Susana sempre fora reservada e muito tímida, e por isso quase nunca era vista em festas ou comemorações familiares que seus pais ofereciam, ou até mesmo o rei. Estando quase sempre na companhia de um bom livro, ela gostava de ficar sozinha na estufa da família para ler em paz. A jovem sempre fora adepta a uma imaginação fértil, por isso quando foi surpreendida por um homem de cabelos vermelhos lhe dizendo que ela um dia iria conceber a semente proibida dos deuses, sua primeira reação foi o fascínio.