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Cap. 03 - Tradição ou morte

Aldova, fronteira com o Sul

A tradição que se seguia em uma colônia nortista, era basicamente encontrar meios termos para sobreviver aos ataques dos inimigos, e automaticamente ao frio colossal que o norte predominava em qualquer região que se seguia. Para um homem normal, aquilo era quase impossível, as condições que os soldados do reino do Norte viviam, eram quase desumanas!

Por anos, o rei Thales ignorou os apelos aflitivos que Ophélia fazia em favor de melhores condições para aqueles que faziam a linha principal de defesa de todo um país! Com tamanho descaso, o reino ficou mais vulnerável aos ataques de outros continentes, como o povo bárbaro, que mesmo sendo problema do sul, acabou se aproveitando da situação crítica que ali estava presente.

Mediante a tantos problemas, a rainha ordenou como seu primeiro decreto, que as condições de campo de batalha fossem melhoradas o mais rápido possível. Como recompensa por lembrar aqueles que os defendiam, os soldados voltaram a fazer a segurança da muralha que se seguia por Aldova, muralha essa que separava o Norte, do sul gelado!

O problema em questão estava no fato de que a presença de alguns nórdicos causou pânico nós moradores da região, fazendo com que todos ficassem no mais puro alerta. De certo que a rainha tinha ciência dos problemas que seu pai causou durante o próprio reinado, mas ela nem desconfiava que havia um acordo que Thales fez com o próprio lorde Torsten NürSon, líder dos nórdicos ali instalados.

Com tal privação de informação, a rainha nem desconfiou da verdadeira intenção do lorde nórdico em permanecer no reino do norte por bastante tempo.

Tempo o suficiente para concretizar os próprios desejos, como ele mesmo dizia em voz alta para quem quisesse ouvir e repassar.

— Gostaríamos de uma audiência com o lorde... — Torvi foi bastante clara ao pedir para o irmão mais novo do homem no poder ali.

Gaius sorriu sem vontade. — Primeiro me diga do que se trata, eu direi se é importante o suficiente para que ele queira ouvir, ou não!

Torvi, particularmente não gostava muito do irmão mais novo de Torsten, mas ela tinha ciência que aquilo tudo era cautela por causa da súbita vontade dos soltados nortistas em defender de maneira mais ávida o próprio país.

— Encontramos um homem no gelo esta manhã, ele carregava consigo o emblema da família real Chapossío no peito! — Ela diz sem muita cerimônia.

— Ele pode ser só um ladrão que foi punido! — Gaius suspira. — Se bem que...

Torvi balança a cabeça sem entender. — Se bem que, o quê?

— Recentemente houve a troca do regente da coroa, e pensamos que seria o tal sobrinho do rei, mas graças ao ocorrido a filha subiu ao poder, como muitos desejavam... — Ele para pensativo. — Talvez esse sujeito seja o tal primo, nossos informantes disseram que ele havia sido exilado como punição pelo assassinato do próprio tio.

A mulher de cabelos castanhos encara Gaius por alguns segundos impacientes, antes de falar: — Podemos falar com o lorde agora?!

Mesmo receoso Gaius abre espaço para que Torvi e seu parceiro de caça entrassem para uma audiência com seu irmão mais velho.

Sentado em uma cadeira coberta por peles e mais peles de animais, Torsten conversava animado com sua irmã mais nova, Tórun. A loira carregava consigo uma barriga exorbitante de gravidez e um imenso sorriso na face rubra pelo frio extremo. A princípio, Torsten odiou a iniciativa da irmã recém-viúva em viajar com eles para aquele continente hostil e pouco receptivo, mas sua irmãzinha era tão teimosa, que não teve escolha senão a trazer junto com seus guerreiros.

Torsten era um homem alto, de cabelos bem claros e lisos, era um guerreiro incomparável e de uma liderança absurdamente bem elaborada. Mesmo sendo respeitado por onde quer que passe, havia uma coisa que ele prezava mais do que a guerra, e isso ele sempre deixava bem claro, sua família.

Para ele, todos a quem ele cuidava eram de sua família, mas seus irmãos eram tudo para ele naquela vida, e Odin sabia o quanto ele daria para deixá-los seguros sempre que pudesse. Tórun, era a mais nova, mas era tão talentosa com o arco e flecha, que causava admiração em outras escudeiras... Já Gaius, o do meio, era o mais centrado e estrategista como ninguém era ali.

Com a ajuda dos irmãos, o lorde conquistou tantos lugares e ganhou tantas batalhas que mal podia contar, seu alicerce era onde sua família se encontrava, e ele odiaria perder qualquer um deles antes do tempo.

— Irmão?! — Gaius chama a atenção dos irmãos rapidamente. — Torvi, pode ter algo que lhe interesse.

O loiro levanta de sua cadeira quente, e caminha até a jovem com um homem desmaiado atrás de si.

— Quem é esse? — Ele pergunta sem delongas.

— Acreditamos que seja Dante Caphossìo, o sobrinho exilado do rei Thales! — Gaius responde sem muita enrolação. — Torvi o achou próximo ao lago de sangue, nosso território recém-adquirido.

Torsten avalia o homem inconsciente próximo de Torvi.

— Como sabem que é ele? — Tórun questiona rapidamente.

Torvi limpa a garganta antes de responder. — Ele possui um emblema no peito!

Torsten mexe sem muito interesse no homem deitado no chão.

— Ele tem as características exóticas que todos falam daquela família. — Ele suspira. — Acorde ele, quero saber se posso utilizá-lo para algo útil, ou se apenas perdeu seu tempo o salvando, Torvi.

Hestia, capital do reino do Norte

Ophélia parecia meio avoada entre documentos e mais documentos a serem carimbados com o selo real, e os vários problemas que os nórdicos lhe haviam causado desde então. A rainha nem sequer notou a presença de sua madrasta em pé a sua frente esperando uma palavra sua.

— Solicitou minha presença, vossa majestade? — A mulher mais velha indaga.

— Lady Crown peço desculpas pela desordem de minha saleta, não tenho tempo para arrumar muita coisa ultimamente... — Ophélia começa calma, e com um pequeno gesto, pede que a mulher se sentasse a sua frente. — Gostaria de beber algo?

A senhora de cabelos escuros, e olhos pequenos nega brevemente com um gesto de mãos.

— Acredito que deva estar deveras ocupada, então sugiro que pulemos para o assunto a ser tratado o mais breve possível, não achas?!

Com tal perfeição de diretriz, Ophélia sorri levemente.

— Tens razão, vamos ao que interessa de fato... — Ela arruma alguns papéis a sua frente antes de encarar sua madrasta de novo. — Acredito que o ocorrido lamentável que houve com meu pai, seu marido, deva ter-lhe aberto diversos questionamentos, tendo em vista que a senhora não esperava que eu fosse à nova rainha. — Com o olhar sério, Melissa começava a entender o teor do assunto, fazendo Ophélia prosseguir novamente. — Creio que nós duas estamos cientes do fato que eu não sou filha de Thales, mas, Linet ao que parece, sim. Gostaria de deixar claro que você se encarregasse pessoalmente da escolha de um pretendente a sua filha, pode ser quem você desejar, eu aprovarei sem questionar.

Melissa sorri contida. — Agradeço vossa generosidade, mas e quanto a mim?

Ophélia tinha ciência que Melissa esteve ao lado de seu pai desde a morte de sua mãe, e também o quanto ela havia se tornado importante para muitos ali.

— Você receberá o título de marquesa do condado de Florence, acho que é mais do que o suficiente. Também darei um título a Linet, mas ainda não pensei em qual, o mais breve tratarei deste assunto também. — A rainha conclui sem mais delongas.

Ophélia sabia que Melissa não gostava dela, e tão pouco a apoiava naquele governo, mas, não daria brechas para que ela a prejudicasse de maneira alguma, e que também usasse a filha para isso. Todos na corte de Hestia queriam alguma coisa, e se ela não podia negar, podia ao menos escolher o que dar ou não.

— Posso retirar-me, se sua majestade não mais precisar de mim?! — Melissa pede com certo tom irônico.

— Fique à vontade, milady.

A rainha responde no mesmo tom.

Assim que a mulher saiu de suas vistas, Ophélia não pôde deixar se suspirar profundamente por alguns segundos, antes de notar a outra presença a sua frente.

— Oh general, que bom que veio. — Ela sorri. — Precisamos conversar sobre assuntos importantes.

Ezioh assente sério, como sempre. — As últimas notícias sobre a fronteira em Aldova, são bem melhores que as últimas... — Ele começa sem enrolação. — Graças à ajuda que sua majestade enviou para apoia-los, as coisas têm entrado em seu devido eixo.

Ophélia suspira aliviada, menos uma coisa para se preocupar.

— Certo, fico contente. Mas, tenho uma missão para você!

Ezioh arqueia uma das sobrancelhas curioso.

— De certo que farei com total êxito! — Ele responde sério.

— De certo que sim, preciso que você organize alguns bons homens de sua total confiança e parta para Parcus, a cidade dos ossos.

Tal declaração deixou o general visivelmente mais curioso. — Parcus? A imperatriz do fogo fará a última parada lá antes de prosseguir até Hestia... Quer que eu faça sua escolta?

A rainha assente com um sorriso pequeno na face.

— Gosto como tu pensas rápido! — Ela diz se pondo de pé. — Tu e eu sabemos que ela provavelmente trará consigo homens o suficiente para defendê-la de algum eventual ataque, algo que nós não queremos de forma alguma... O que eu quero é que ela perceba que eu me importo com sua segurança, assim ela chegará mais aberta a negociações quando finalmente pudermos estar frente a frente.

Ele sorri de canto. — Farei o meu melhor para não a desapontar, majestade.

Ophélia toca a face do homem ternamente.

— Você é a única pessoa que nunca me desaponta, general Belialuin.

Tracitus, cidade das chuvas - lado sul próximo a muralha

(...)

— Dentre todas as cidades que precedem meu império, Tracitus é a mais odiável! — Calía comenta analisando a chuva forte que caía fora de sua carruagem.

Maud, que logo a sua frente estava sentada, sorri em negação.

— Sabes bem que é devido à proximidade com o Norte! — A ruiva não podia deixar de comenta, já que sua mãe era nascida dali. — E também, seu inconstante mau humor não tem haver somente com as chuvas de Tracitus!

De fato, Calía parecia estar em uma maré pessoal de ódio. Poderia culpar a carga da incompetência que alguns comandantes seus possuía, ou simplesmente a organização da execução em massa de cento e doze rebeldes que tramavam contra seu império. Mas, aquilo não era nem de perto o motivo do seu mau humor constante.

— Como irmã dele, não deveria me questionar sobre meu mau humor. — A imperatriz por fim declara seca.

Maud sabia que outra pessoa que morava ali próximo, mexia com a sanidade de sua senhora, mas, não entraria no assunto sem que ela o mencionasse.

— Porque estamos parando? — Maud questiona assim que nota a velocidade diminuída da carruagem real, chamando a atenção de Calía.

— O que está havendo? — Calía pergunta alerta.

Maud abriu uma pequena fresta da janela do seu lado, e olhou para fora por breves segundos.

— Fique aqui dentro, verei o que está acontecendo.

Calía engole a seco. — Maud...

Mesmo sendo uma mulher corajosa e muito resistente, Maud odiava ser surpreendida por algo que ela não tivesse controle, e se alguém estivesse planejando um ataque contra a imperatriz em meio a sua jornada, a culpa recairia totalmente em cima de sua general de guerra.

Com a chuva lenta e ritmada, a ruiva pegou a espada que sempre carregava consigo na bainha das calças, e rapidamente se dirigiu à frente do cocheiro.

— Porque paramos? — Ela o questiona irritada e levemente molhada graças à chuva fraca.

O homem não falou nada, apenas apontou para outra carruagem mais à frente da deles.

Com um levantar de mão, vários soldados que estavam atrás da carruagem imperial, se puseram a cercar a tal carruagem suspeita, fazendo Maud caminha lentamente em direção a mesma.

— SE IDENTIFIQUE ISSO É UMA ORDEM IMPERIAL! — Ela grita alto o suficiente para o cocheiro de a outra carruagem bater no teto da mesma, alertando quem estivesse dentro.

Com um sorriso largo e falso brincando entre os lábios, quem saiu da carruagem surpreendeu totalmente a Maud, que logo abaixou sua espada.

— Lorde Montgomery?

— Filipe? — Agora era a voz de Calía presente ali.

O jovem herdeiro da família Montgomery, caminha tranquilamente em direção a imperatriz atrás de Maud.

— Vossa majestade real imperial, eu gostaria muito de acompanhá-la nesta viagem empolgante até o Norte. — Ele diz com certa doçura falsa na voz. — Se me permites, é claro!

Calía sorri de canto. — Não aprecio muito a chuva, gostaria de entrar?

Maud olha abismado para sua senhora. — Vossa graça...?!

A imperatriz olha para sua general de forma apática e suspira.

— Siga na carruagem a frente, se esta caravana parar novamente, cabeças vão rolar!

Certamente o humor dela não havia melhorado!

Dois dias depois, Parcus - cidade dos ossos

Ao lado oeste da costa do norte, havia uma cidade pequena chamada, Parcus. Parcus era conhecida como a cidade dos ossos, pois durante sua construção várias pessoas morreram no processo, e como muitos não tinham tempo de enterrar os seus, as pessoas apodreciam onde morriam, e sempre havia pilhas de ossos humanos espalhados por toda cidade.

Devido ao alto índice de mortalidade que era demonstrada ali, a cidade foi abandonada por muitos anos, mas devido a reurbanização feita pelo pai de Thales, a cidade voltou a ser popularizada, e tornou-se uma bela rota de comércio para outros continentes. Como Parcus era próxima da capital Hestia, a imperatriz aceitou que sua última parada de descanso fosse por lá, antes de seguir até seu destino final, Hestia.

— O que espera encontrar nesse lugar frio? — Filipe questiona curioso a sua nova amiga, a imperatriz.

Ambos haviam entrado em um jogo complexo de quem era mais falso, mas, Filipe se sobressaia em quase tudo que comentava. Desde o incidente que ocorrera em Milo há algumas semanas, Calía suspeitava da falsa vontade de Filipe em viajar consigo, mas, era como diziam: "Se não pode entender o inimigo, entre no jogo dele...” Não que Calía achasse que Filipe fosse um inimigo, mas ela obviamente não era a pessoa preferida dele no mundo.

— Queria ver com meus próprios olhos a nova rainha do norte, meus informantes me disseram que ela é da minha idade, e que apesar da pouca experiência no cargo, está se saindo muito bem. — Ela responde servindo-se de mais uma taça de vinho.

Filipe, que estava sentado mais a sua frente dentro da tenda montada no acampamento real, fez um gesto para que lhe servissem o mesmo vinho que a imperatriz tomava.

— Não está curiosa do porque eu me prontifiquei para estar nessa jornada com sua graça? — Ele comenta curioso.

Calía sorri baixo. — Meu caro lorde Felipe, eu sei que me odeia o suficiente para querer me matar, — Ela se inclina na direção dele mostrando o generoso decote que ela exibia em seu vestido verde. — Mas, tu não tens culhões para tal.

O homem pálido de cabelos negros tão lisos quanto podia ser, gargalha.

— Gosto de como é ácida o suficiente para ser notavelmente atraente... — Ele ingeriu um gole do próprio vinho. — Mas, mesmo a odiando fielmente como sua graça mesmo gosta de dizer, tenho outros motivos para ir a Hestia.

A imperatriz agora parecia realmente curiosa.

— Que seria?

— Minha noiva!

— Irás casar-se com uma mulher do norte? — Ela parecia realmente surpresa.

Calía nunca proibiu os seus de casar-se com nortistas, mas na maioria das vezes nem precisava já que o ódio e o preconceito sempre falavam mais alto, da mesma forma como no Norte.

— Família Yamhool, minha mãe faz questão, já que é prima de lorde Hugo.

Calía vira sua taça de vinho.

— Interessante! — Ela por fim comenta.

Sem sombra de dúvidas que a imperatriz se aproximaria da jovem prometida de Filipe. Se não podia controlar seu lorde hiperativo, faria o possível para ter a esposa dele na palma da mão.

— Majestade?! — A voz de Maud tirou totalmente a atenção da imperatriz de Filipe. — Perdoe-me incomodá-la, mas acabou de chegar uma pequena comitiva de homens do norte sob ordens da rainha Ophélia.

Calía se recosta na própria cadeira e põe à ponta do dedo direto próximo a boca de forma pensativa.

— Quem está no comando? — Ela pergunta sem emoção aparente.

Maud a encara. — General Ezioh Belialuin, ao que parece o braço direito da rainha Ophélia.

A imperatriz agora sorri de forma pensativa.

— Faça com que eles sejam bem tratados e alimentados, não queremos desapontar sua majestade, a rainha. — Com a ironia que ela usava na própria frase, fez Filipe e Maud sorrirem baixo.

Os jogos já haviam começado!

Deixando a presença da imperatriz e de seu novo amigo aparente, Maud se retirou rapidamente do recinto para repassar as ordens dadas a si.

Vestida com suas calças apertadas, botas longas e uma camisa fina de linho, a ruiva caminhou por entre muitos dos seus soldados em direção a pequena comitiva de cinquenta homens que ainda esperavam impacientes nas proximidades do acampamento imperial. Como o lugar era coberto por neve e mais neve, Maud tratou de pegar um casaco grande e grosso para seguir até os homens, que não disfarçaram a surpresa ao ver uma mulher de calças e botas longas.

Assim que ela se aproximou dos homens, o general da rainha a seguiu.

— Vossa majestade imperial real, pediu para que se aqueça e leve seus homens a um lugar mais apropriado.

Ezioh a encara sério. — Poderei ter o prazer de uma reunião com sua imperatriz?

Ele sabia que não seria fácil uma audiência com aquela mulher, antes que Ophélia o fizesse, mas, não custava tentar para saber o que sua rainha podia esperar.

Maud o olha apática. — Sejamos sinceros meu senhor, a presença de vocês não foi solicitada. Portanto, acredito que já está de bom tamanho apenas seguirem nossa caravana até Hestia, onde se encontra a pessoa que fato, interessa minha imperatriz.

Ezioh não podia negar, a mulher à sua frente era bem diferente das que estava acostumado. Ela não abaixava a cabeça para ninguém, e suspeitava que fosse leal como um cachorro a Calía Vatra Le Fer.

Com um assentir rígido e pouco cordial, ele não diz mais nada.

Ao cair da noite, naquele mesmo dia, Calía sentiu-se levemente curiosa sobre a possibilidade de uma reunião com o braço direito de Ophélia. Seria interessante brincar com o homem que Maud descreveu como: "O ser mais grosso e mórbido entre os homens." Para Calía, não seria uma tarefa tão difícil assim lidar com o gênio do general nortista, tendo em vista que lidava com aquilo frequentemente em sua corte.

Como Filipe havia se retirado aos próprios aposentos há algum tempo, a imperatriz terminou sua última garrafa de vinho sozinha, e após trocar seu vestido verde por um negro ainda mais fino, ela seguiu descalça e totalmente indiferente ao acampamento montado ao lado do seu, logo mais à frente. A imperatriz estranhamente não sentia frio, não sentia a neve queimar seus pés delicados no chão gelado, nem mesmo a brisa fria corando seu rosto claro com o vento. Ela era o puro calor emanado, e ela sabia que ninguém mais merecia o título de imperatriz do fogo como ela.

Ao adentrar ao que parecia ser uma tenda única com todos os homens dentro, ela caminhou lentamente até o centro mais afastado onde notou um homem forte de cabelos negros e trajes na mesma cor. Logo fora surpreendida por um metal frio encostando-se a sua delicada garganta.

Com um sorriso presunçoso brincando por entre seus lábios carnudos e rosados, ela indaga:

— Fui informada sobre seu desejo em uma reunião particular.

Ezioh arregala os olhos lentamente antes de abaixar a espada pesada de metal.

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