Parte 8...
Aurora
Pra me deixar ainda mais ansiosa sobre meu futuro, não demorou nem meia hora e Domenico me ligou. Meu coração já bateu forte só de olhar a foto dele na tela.
Não sei como, mas Domenico consegue ser o homem mais charmoso e lindo que eu conheço. Não consigo encontrar outro para comparar e isso também é ruim. Se pelo menos eu pudesse ter outro que fosse igual ou superior a ele, eu poderia me afastar sem problema.
Não atendi a chamada, deixei que caísse na caixa postal.
— Vai sair, filha?
Minha mãe estava sentada na sala, mexendo com seu novo hobbie. Bordado russo. Era o que vinha distraindo a mente dela no último mês.
— Vou sim, mãe.
— E posso saber onde você vai?
— Vou dar uma volta. Preciso comprar algumas coisas para meu ateliê.
Era melhor mentir e dizer a ela que era isso, do que contar a verdade. Que estou terminando de organizar as coisas para minha mudança. Eu não quero que ela comece a ter pensamentos depressivos, porque sabe que vai ter que aguentar meu pai sozinha, apesar dela sempre repetir que o ama e entende seu comportamento.
Bom, eu não entendo e pra mim já chega. Estou cansada demais de manter uma vida de aparências. Já passou da hora de eu mudar isso.
— E vai demorar, querida? - enfiou a agulha no tecido.
— Vou sim, acho que o dia todo - ajeitei a bolsa no ombro — Não espere por mim.
Antes que ela dissesse algo mais, fui até ela e lhe dei um beijo na testa, saindo rápido. Peguei o carro que já estava pronto na frente de casa e saí. Dispensei os seguranças.
Primeiro porque não quero que vejam e relatem ao meu pai o que fiz e onde fui. Segundo, porque se algo me acontecer, acho que meu pai vai ficar tão aliviado, que pode até agradecer.
*****
Foram três horas de viagem até chegar em Campânia. A casa de minha avó sempre foi um lugar que eu amava, ainda mais quando podia ficar alguns dias aqui, longe de casa. Quando ela morreu, deixou a casa para mim.
A casa fica no alto de um penhasco suave, com vista direta para o mar azul-turquesa da Campânia lá embaixo. Construída em pedra clara e desgastada pelo tempo, tinha aquele charme rústico das casas antigas da região, com janelas arqueadas e varandas repletas de vasos de cerâmica, onde ainda resistiam algumas flores esquecidas pelo tempo.
O portão de ferro forjado rangeu quando eu o abri, revelando um pequeno jardim de oliveiras retorcidas e buganvílias que se espalhavam pelas paredes, tingindo-as de roxo e rosa vibrantes.
Enfiei a chave grande e antiga na porta. Por dentro, os cômodos eram espaçosos, mas cheios de um silêncio que me trazia saudades. O piso de azulejos antigos ainda conservava o brilho de outros tempos. A cozinha era o coração da casa, com uma grande mesa rústica de carvalho e uma janela que se abria para o mar, como se minha avó ainda estivesse por aqui, cozinhando suas receitas.
O quarto de cima agora era meu. As cortinas leves, que se moviam com o vento suave que entrava pela varanda. Daqui posso ver o horizonte, onde o sol mergulhava todas as tardes, pintando o céu em tons dourados e cor de sangue.
Antes era meu refúgio de criança. Agora vai ser meu refúgio de adulta, esquecido pelo tempo, mas ainda carregado de vida. Um lugar perfeito para me esconder e começar uma vida nova e diferente.
Chamei o caseiro para acertar com ele sobre minha mudança para cá.
— Mas a senhora vai mudar para cá? Sozinha? - ele estranhou.
— Sim, algum problema Samuel?
— Não, não... - gesticulou — É que a casa está fechada há tanto tempo.
— Por isso mesmo - andei pelo jardim com ele — Quero que faça uma lista de coisas que precisam de ajuste ou conserto. Quero me mudar para cá logo.
— E o seu pai já sabe disso?
— Não - me virei para ele — Não sabe e você não vai contar também. Eu sou maior de idade, Samuel, não tenho que dar satisfação ao meu pai.
— Mas é que...
— Não tem mas... Só faça o que eu disse. A casa me pertence, eu quero vir morar aqui e você trabalha pra mim, não é isso?
— Sim, senhora. Desde que era pequena eu vivo aqui, cuidando de tudo para a sua falecida avó - fez um gesto com a cabeça.
— Então, pronto! Vai continuar aqui e quem vai pagar o seu salário vou ser eu. - ele me olhou em dúvida — Quero liberar meu pai dessa responsabilidade.
Até porque, quando ele me vir saindo de casa, vai ficar até feliz e claro que não vai querer pagar mais pela casa. O que é bom, eu mesma posso fazer isso.
Continuamos andando em volta da casa, olhando alguns pontos que precisariam de atenção, quando meu celular tocou de novo e era ele outra vez. De novo deixei tocar e continuei falando com Samuel.
— E como está o comércio por aqui?
— Como sempre - subimos para a varanda — Alguns negócios novos e aumentando os turistas, mas de resto, como sempre foi.
— Ótimo! - sorri de leve. Seria o lugar ideal pra mim, quando me afastasse de casa e também terminasse tudo com Domenico.
Parei de olhar a casa com Samuel apenas na hora de comer. Estava com muita fome e escolhi um restaurante pequeno, antigo e que eu já conhecia. A dona foi muito simpática comigo e quando falei quem eu era, ela foi muito gentil, lembrando que eu já tinha ido ali quando era pequena, junto com minha avó.
O celular vibrou. Três mensagens seguidas de Domenico.
“O que está acontecendo que você não me atende? Já falei com Diana e ela e disse que falou com você mais cedo” - Domenico.
“Aurora, me atende. Estou preocupado. Liguei para sua casa e sua mãe me atendeu. Disse que você saiu para fazer compras. Por que não me atende, bela. Sinto sua falta”.
Demônios! Como vou ficar sem ele na minha vida depois de ter caído no velho truque da paixão? Acho que vou ter que comprar algumas caixas de lenços para passar as noites chorando.
“Aurora, quero falar com você. Me liga quando ler minha mensagem. Amanhã estou aí em Palermo e quero muito ficar com você”.
É, eu vou sofrer pra caramba. Merda!
Autora Ninha Cardoso
Parte 9...Aurora— Onde você estava, sua vadia?Eu mal cheguei em casa e meu pai já me recebe dessa forma.— Oi, papai, querido - dei um sorriso bem cínico — Fui dar uma volta, fazer umas compras.— E porque diabos você não atende ao celular, quando aquele Barone liga? Ele deve estar querendo marcar uma nova transa com você - ele disse de modo bem desagradável — É só para isso que você serve mesmo. Se for depender de você para um bom casamento com algum membro das famílias associadas, já vi que vamos morrer de fome.— Realmente, não deve contar comigo para isso - fui passando e ele me puxou pelo braço.— Sua criatura cínica, imprestável - sua cara se transformou de raiva — Eu disse à sua mãe que deveria ter tirado você, quando soube que era uma menina. Não me serve de nada.— Pois é! E ainda bem que ela não pôde mais ter filhos com alguém tão ruim como você.Eu nem esperava. O tapa veio rápido e me acertou em cheio na bochecha.— Imunda! Se não sair dessa casa, eu mesmo vou arranjar
Parte 10...Aurora— O que você tem, Aurora? - ele segurou meu rosto — Parece que está lenta, não está aqui comigo de verdade.Merda. Eu não queria que ele percebesse o que se passa dentro de mim. Ainda não. Segurei seu rosto e lhe dei um beijo rápido, lambendo seus lábios.— Não é nada... - forcei um sorriso — É que estou com um começo de enxaqueca, por causa da minha TPM - joguei essa — Meu período já está na porta e fico assim. Coisa de mulher.Eu nunca tive problema para falar com ele sobre assuntos normais, como menstruação. Inclusive ele já comprou absorventes para mim, mais de uma vez, quando eu estava em Palermo.Ele não tem frescuras com relação a esse tipo de coisa como vejo outros homens, como o namorado de uma amiga, que nem quer ouvir que ela está menstruada.Aliás, nos já transamos enquanto eu estava menstruada. Não que eu curtisse isso, mas ele teve esse desejo e me mostrou que não tinha nenhum problema com sangue. Somos abertos sobre coisas que são normais da vida.Sex
Parte 11...AuroraDepois Domenico subiu e me beijou. Eu senti meu gosto em sua boca e isso me deu vontade de chorar, mas me segurei. Ele acariciava meu corpo devagar e cada ponto que me tocava, me fazia sentir a mulher mais feliz do mundo, mesmo eu sabendo que isso tinha um tempo para acabar.Estiquei a mão e encontrei seu membro, tocando seu comprimento até sua base e comecei a fazer movimentos. Ele gemeu contra minha boca e depois se posicionou melhor entre minhas pernas e se afundou em minha carne.Foi como se eu estivesse no céu de tão bom. Ele entrava e saía de mim sem pressa, como eu disse que queria. Nosso sexo calmo, baunilha. Com penetrações longas, demoradas. Ele deslizava dentro e fora de meu corpo com um ritmo constante.Nós dois gememos quase que por igual, nosso som enchendo o quarto. Olhei para as cortinas que balançavam com o vento entrando e o momento foi mágico pra mim. Eu guardaria mais esse comigo.Domenico saiu de cima de mim e me virou de lado, voltando a me pen
Parte 12...Domenico— Podemos comprar amanhã quando eu for te levar de volta para casa.— Não, Domenico - ela ergueu a mão — É melhor que eu tome logo, pra evitar problemas. Essas pílulas levam de vinte e quatro até setenta e duas horas, então se for mais cedo, é bem melhor - foi para o banheiro.Fui atrás dela.— Sai daqui, Domenico. Eu vou tomar um banho pra gente sair logo.— Eu sei, também quero tomar um banho.— Então espere ou vá no outro banheiro.— Aurora, não precisa ficar nervosa. Você já fez isso uma vez e nada aconteceu,lembra?— É diferente - me respondeu.— Diferente por que? - abri o box — É a mesma situação - ela me pareceu mais preocupada do que o normal.— Ai, por nada - agitou a mão — Vá tomar banho. Eu vou depois.— Se você quer agilizar, então entre comigo e tomamos banho juntos.Ela ia reclamar, mas eu não lhe dei chance e a puxei para dentro, fechando o box e abrindo o chuveiro.— Meu cabelo, Domenico! - saiu de lado.— Desculpe - peguei sua mão — Vem, vamos to
Parte 13...DomenicoEla fez um bico, me julgando.— O quê? Vai me dizer que você não quer? - a puxei para mim.— Eu nunca neguei sexo a você.Fiz com que ela sentasse em meu colo. Segurei seu rosto, observando bem sua expressão. Tem alguma coisa que ela não quer me falar.— Tudo tem uma primeira vez.— É... Pode ser - falou baixo.— Eu fiz algo de errado? - apertei os olhos, tentando entender o que ela queria — Fora essa de agora, não é disso que falo. Sei lá... Se eu disse algo que te magoou ou aborreceu, é só me falar - suspirei — Olha, eu sei que posso ser meio tapado e até mesmo um babaca, como você me disse, mas eu juro que não quero te magoar - encostei minha testa na dela — Me diz o que eu fiz pra te chatear e eu conserto, está bem? Prometo que se agi como um ogro, foi sem querer. — Não tem nada, Domenico - ela tentou sair de meu colo e a segurei — É só o que eu te disse... Estou cheia de hormônios, é a TPM. Depois vai passar.— Você sabe o quanto eu gosto de você, não sabe?
Parte 14...AuroraRealmente a boate estava lotada. Pelo jeito a divulgação tinha sido muito bem feita. Estava ao lado de Domenico esperando para entrar na ala VIP, quando minha mãe ligou.— Oi, mãe - cobri a orelha pra abafar o som — Fala alto!— Onde você está, filha?— Estou com Domenico em uma inauguração. Por quê? Está precisando de algo?— Não, não... Só queria saber de você.— É só isso mesmo? - me preocupei.— É sim. Estou sozinha... Quer dizer, com Gisele e os outros, mas seu pai não está.— Melhor assim - Domenico passou o braço por meus ombros — Mãe, eu já vou entrar. Tem certeza de que não quer nada?— Não... Você vai ficar com ele até quando? Está em um hotel?— Não sei, mãe. Estamos no apartamento dele. Eu te aviso depois.Me despedi e guardei o celular na bolsa. Entramos com um guia e fomos até o camarote que ficava na área de cima. Vi os mesmos homens que estavam na reunião com ele.— Olha aí quem chegou... - um deles disse e levantou — E veio bem acompanhado.— Eu a c
Parte 15...Aurora— Eu já estou dançando, obrigada! - retirei suas mãos de minha cintura de modo educado.— Estou vendo, mas queria poder conversar com você - ele tocou meu cabelo com o dedo — É muito bonita, Aurora.— Muito obrigada!Eu nunca me interessei por outros porque nenhum deles era Domenico. Olhei para o local onde estava sentada, mas não consegui ver se ele estava lá.— Olha, ela tem namorado, viu! - uma das garotas disse, pulando ao nosso lado.— É mesmo? - ergueu as mãos — Se for, então me desculpe, não quis ser ousado.— Não... - dei de ombro e sorri — Não tenho namorado... É só um amigo que me convidou para conhecer o lugar.Bom, de certa forma isso era verdade. Apesar de eu estar irritada, não foi isso que ele disse aos outros, tanto hoje pela manhã como agora?— Entendo. Mas é amigo da zona de amigo ou amigo da zona que pode ser outra coisa?Eu ri achando graça do modo de separar. Desse jeito eu nunca ouvi.— Bom, sendo bem honesta... - abri os braços — Eu não sei ma
Parte 16...AuroraEu fiquei em choque, cobrindo a boca com as mãos, vendo o coitado do Cláudio cair para trás, por cima das outras pessoas e se chocar contra o chão, com uma cara de dor.Não pensei que isso pudesse acontecer. Pra mim tudo ocorreu muito rápido e ao mesmo em câmera lenta. Não sei realmente, me senti perdida diante daquele comportamento.Eu nunca tinha visto Domenico ser agressivo com ninguém. No máximo uma bronca em algum funcionário que não fazia o que ele mandava da forma correta, mas agredir mesmo, nunca vi.O pior é que isso foi tudo culpa minha. Eu provoquei essa reação. Me abaixei ao lado de Cláudio, ainda atordoado pelo soco e tentei ajudá-lo a levantar, mas Domenico lhe deu um chute na barriga e ele gritou se encolhendo.— Pelo amor de Deus, para com isso! - eu gritei desesperada.Não adiantou nada. Domenico se jogou em cima dele e começou a desferir mais socos. Eu gritei de novo, em agonia porque sabia que era tudo culpa minha. Me senti muito mal com aquilo. N