TEMPO DE MUDANÇA
Fogueira foi até o guichê de passagens e comprou duas vagas no ônibus que levaria Esther e ele até a capital.
Ele pagou o atendente, assim que ele terminou de processar o pedido.
— Obrigado.
Assim que ele se virou, seus olhos se bateram em Esther, que estava logo à sua frente, no meio da multidão.
Ele ficou parado por alguns segundos, observando-a.
Ela usava um belo vestido azul-ciano e um elegante chapéu de Sol, que combinava com o look. Seus belos cabelos estavam soltos, e voavam livres.
Assim que ela encontrou os olhos dele, o lançou um modesto sorriso, como de costume.
O local era tão tranquilo, diferente do que havia lá fora, que lhes assustou. Haviam cerca de meia dúzia de pessoas ali dentro, e estas, pareciam também que iriam participar do evento. Eles foram em direção a uma mesa redonda que havia próximo a uma janela, onde era possível ter uma visão panorâmica da Central de Artes. — Cadê o cardápio? — Fogueira se perguntou, no mesmo momento em que um garçom chegou e o entregou o que ele estava procurando. — Aqui está o cardápio, senhor. — Muito obrigado. — Fogueira falou, olhando para o rosto do homem, que parecia não muito animado. — Vamos nos tradicionais pratos de almoço. — Ele completou, enquanto passava a mão na barriga, e jogou o cardápio na mesa. Eles finalizaram seus pedidos e aguardaram um pouco até a comida chegar, enquanto isso, trocaram ideias sobre como é a vida de um e de outro além do colégio. — Ei. Depois daqui vamos conseguir essa grana para você. — Fogueira falou, se sen
Nós escolhemos como nossa vida deve ser, e certamente ela será conforme o que de fato você acredita de verdade. O mundo que você cria, e o universo, são perfeitamente adaptáveis a você. Você se torna o deus do próximo passo. Não seria loucura afirmar que as vidas em outros planetas são como são, com base no que sabem e de como interpretam seus próprios e singulares mundos? Querer voar e fazer naves espaciais é um desejo humano. Seria um desejo de outra raça planetária também? Talvez sim. Mas o que quero dizer é que: nem sempre queremos as mesmas coisas. Vivemos o mundo como ele é, moldado sob nosso antigo-atual-futuro modo de pensar. A chave para a aquisição no mundo volta-se então ao: pensar acerca de... Você é o piloto de uma nave viajando por lugares particulares
Mais tarde. Fogueira se arrumou de forma rápida, assim que saiu do banho. Frequentemente ele olhava para o celular, em busca da resposta de sua amiga, Esther. Mas esta, não se manifestou até dado momento. Já eram por volta das 18h quando Fogueira recebeu uma ligação de um número estranho. — Alô? — Fogueira? — Uma voz apreensiva indagou do outro lado da linha. Ele a conhecia, mas processou a informação por dois segundos antes de dizer novamente algo. — Jéssica? O que houve? — Ele perguntou ao reconhecer a voz da mãe de sua amiga, Esther. — A Esther está aí com você? — Ela perguntou, demonstrando agora, uma preocupação evidente, que deixou Fogueira inquieto. — Não, não... Ela não chegou em casa ainda? — Ele já não estava mais com aquela expressão de felicidade estampada no rosto. Ela havia se dissolvido e deixado no lugar, uma expressão de angústia. — Ela veio em casa. Falou que foi uma viagem incrível e que
O dia da grande viagem havia chegado e todos estavam ansiosos para a ida à Inglaterra. Elis estava um pouco cabisbaixa por não poder participar daquela grande iniciativa na vida de Esther, mas ela estava muito feliz pela amiga. Ela já estava se falando com a garota, depois da última DR — talvez amigas sejam assim, entre discussões e emoções. Elis detestava quando Esther falava sobre Fernando, por um ciúme antigo. No fundo, ela acreditava que Fernando se mandou como muitos da cidade, abandonando seus passados incompletos. Esther no que lhe concerne, havia deixado toda sua inquietante dúvida acerca do sumiço dele, para focar em suas próprias inseguranças da vida, mas a verdade é que ela não havia esquecido. Aquela chama de dúvida e anseio por respostas ainda estava acesa dentro dela, esperando a oportunidade perfeita de iluminar o passado sombrio... Elis colocou uma pequena listinha na bolsa de Esther, no momento em que acabavam de chegar no aeroporto.— O que é isso? — Est
TRANSIÇÃO Depois de uma longa viagem de mais de onze horas, eles chegaram à Inglaterra e foram direto ao hospital. Este tinha uma espécie de hotel, o que poderia deixá-los confortavelmente bem, em um ambiente que não lembrava um hospital. Era ali que Esther passaria os dias com sua mãe e com o Fogueira. O Dr. Campbell os recebeu com empolgação, assim que chegaram à recepção do hospital. O ambiente parecia realmente uma espécie de hotel luxuoso. — Bem-vindos. Após um tour pelo gigantesco hospital, o Dr. Campbell os levou para um confortável quarto especial onde Esther e sua família poderiam ficar. — Esse é seu quarto. Ou melhor, algo parecido. — Ele brincou ao abrir a porta. — Muito obrigada
O reflexo na água era tão diferente. Era como se aquela parte, onde havia ondulações na superfície daquele lago, fosse a verdadeira face do rosto de Esther. O mundo que ela estava desbravando aos poucos, era demasiadamente desproporcional. Como se o acréscimo das cores mudasse radicalmente a forma das coisas. Mas a verdade era que seu cérebro se adaptava devagar àquele mundo. Era como se fosse entregue ao mundo de um deficiente auditivo. Pouco ele compreendia o que significava tais barulhos, que com o tempo, se encaixam em seus lugares. Pois, a vida é pura adaptação. E estamos moldados a este mundo particularmente nosso. Uma semana depois que Esther foi apresentada ao mundo em cores, ela retornou sua rotina. Colégio. Biblioteca. Amigos e um velho mistério, que deveria ser desvendado com cautela. Fogueira não recusou ajudá-la. Ele tinha uma essência que sabia o ponto certo de parar, se ela e
OBSERVE O QUE O MUNDO MOSTRA Uma onda de frio naquela tarde indicava o início do que parecia um inverno rigoroso. Esther carregou sua mochila nas costas, enquanto pedalava tranquilamente até a biblioteca pública municipal. Assim que ela chegou no lugar, ela deixou sua bicicleta no espaço onde costuma repousá-la, e subiu as escadas, enquanto puxava o zíper da mochila e a abria. Ela retirou o velho livro e o folheou rapidamente antes de entrar na biblioteca, a fim de ver se não havia nada dentro que passou despercebido.A porta abriu, rangendo. Um cheiro familiar de livros e um ar tão gelado quanto do exterior, era notável no local. A bibliotecária olhou diretamente para a visita que acabara de atravessar a porta.— Boa tarde. — Esther disse, ao se aproximar do balcão da recepção.— Boa tarde, Esther. — A bibliotecária respondeu sorridente.— Desculpe. Mas eu nunca perguntei seu nome? — Esther indagou um pouco sem graça. Era estranho el
Esther e Fogueira, ainda que não soubessem, ou talvez não tenham percebido tão prontamente, suas histórias estavam, agora, ligadas. O destino de fato pode não existir, mas este de alguma maneira precisava uni-los para o propósito que estava prestes a acontecer. O parque estava um pouco vazio, no ápice do sol das duas da tarde, mas era fresco. Poucas pessoas faziam exercícios e passeavam por ali. Algumas optaram por descansar à sombra de uma árvore para ler um bom livro. Esther estendeu uma toalha no gramado, debaixo de uma árvore ipê-rosa, e se deitou, olhando para o contraste daquelas coisas ao seu redor. O rosa se destacava sobre o azul ciano do céu. Os pássaros cantavam e ela estava devagar e inevitavelmente entrando em um estado de relaxamento profundo ao ponto de adormecer. A leve brisa que passava derrubava as pétalas sobre seu corpo, em uma experiência cinematográfica para ela.Esther respirou profundamente e fechou seus olhos, ainda que ela tivesse feito o pro