O VAQUEIRO E O CAVALO ALAZÃO
O dia findara trazendo a mansidão da noite, no fim da estrada a poeira se levantava sendo revelada pelos últimos raios do sol escaldante do sertão.
Quem podia ser que vinha velozmente aparentando aquela imagem de um grande Vaqueiro montando em seu cavalo vestindo sua calça de couro em seu gibão.
Todos pararam seus afazeres para observar aquela miragem, até os pássaros cessaram seus cantos com se um encanto os tivesse dominado.
O tempo de espera parecia estar preso à imagem do Vaqueiro que em sua demora os últimos raios do sol se foram em instantes revelando a grande sobra da braúna.
O
PEDRO LULA A tarde chegava ao fim, o vento começava a refrescar o dia quente, os pássaros começavam a chegar pousando ainda timidamente nos galhos da braúna. Ao longe se ouvia um barulho peculiar para quem era andarilho na região. Era de uma sanfona, mas a música ninguém podia identificar. O som indefinido se aproximava convidando curiosos e ouvintes que já sabiam quem era o tocador, quem não conhecia Pedro Lula, andarilho, considerado louco por andar esmolambado, despenteado e com apregatas desatadas batendo nos calcanhares tirando a poeira da terra seca do sertão. De longe dava para perceber a alegria
O Vaqueiro e as Sombras do MedoEm seu primeiro dia de trabalho o vaqueiro Zé do Boi faz um esforço, usando de sua experiência, habilidade e agilidade para trazer toda a boiada para o curral em tempo, pois já começava a entardecer e seguindo as recomendações do capataz este seria o momento certo do gado está no curral para conferência.Após colocar todo gado no curral o vaqueiro Zé do Boi foi ao encontro do capataz e informou:- Senhor capataz o gado já se encontra no curral para o senhor conferir!O capataz sentado numa cadeira de balanço na área da casa ergue a aba de seu chapéu e fala:- Muito bem vaqueiro Zé, vamos lá!Os dois seguem para o curral e logo que chega o capataz começa a conferir se o gado está todo ou falta alguma rês. O capataz l
O FORMIGUEIRO DOS ENTERRADOSA tarde anunciava seu termino, mas os dois caçadores ainda não tinham desistido de suas caças, parecia que as presas estavam para serem abatidas para fazerem parte de um almoço entre família, seriam fritas para fazer uma mistura com farinha matar a fome, como se faz com preá quando estes estão em abundância no sertão.Um perseguia uma juriti e o outro estava quase para abater uma rolinha azul. Cada um, certo de sua façanha pensavam em contar um para outro como foi esperto, mas contar com a vitória antes de concretizar o fato não era um modo de se vangloriar.Enquanto o pensamento tomava conta de suas mentes à juriti adejou e ganhou o céu, enquanto a rolinha azul fez o mesmo indo para outro lugar, pousando em um pé de mamona, como se ali fizessem morada, pois este lugar cheio de mis
O CÃO DE OLHOS DE FOGOOs raios cortavam o céu seguindo de um estrondo do trovão que ensurdecia. Uma tempestade se aproximava e trazendo com ela o escuro, a estrada parecia que encurtava, ficava estreita, perdia sua forma e os vagalumes iam sumindo prevendo a chuva que não tardaria em cair. Após algum tempo percorrendo a estrada os dois andantes observaram que adiante a estrada ficava mais estreita na parte mais alta por que uma carreira de avelóz fazia uma cerca viva de um lado e do outro, tornando o caminho mais escuro e silencioso. Não tinha outro jeito, era o único caminho, não dava mais para voltar por que o caminho de volta era maior e a chuva chegava rápido. Sentindo o cheiro da chuva e o vento forte, Antônio Gomes e o filho Lula seguiram em frente. Quando
PRÓLOGO Está presente nessa edição Contos e Causos do Sertão. Contos que mesclam desde de a fábula ao suspense, ao surreal à imaginação. Nestes contos, temos Léo Pajeú explorando aImaginação, através de contos, fábulas e a lendase todas as suas facetas como emA Arataca, a Cobra, o Nhambu, o Preá e a Urna, A Enchente, A Grande Braúna, João Doido e Fim do Mundo, O Beato Tiago, Filho de Zé Bedeu, O Jipe Assombrado, O Matador, O Subversivo, O Vaqueiro e o Cavalo Alazão, Os Pombos e os Pardais e Pedro Lula. Um Conto mais sensitivo, outro mais reflexivo, mas, de uma forma ou de outra, despertam no leitor alguma forte emoção. Este livro é ap
A GRANDE BRAÚNA Em frente à casa, distante do terreiro, após a cancela que saia para pegar a estrada, pousava majestosa e virtuosa a grande árvore, resistia ao machado, a seca e a devastação. De casca grossa quase negra, servia quem ia e quem vinha, sua sombra era conforto para andantes, vaqueiros, matadores, beatos e errantes. Sua casca, sua folha e sua semente serviam de remédio para curar vários males. A Braúna é uma árvore grande e bela, no entanto seus galhos, estruturas tortas, defeituosas e contorcidas, que organiza as folhas de forma perfeita na sua copa de modo que quem a observa se encante com a majestosa obra da natureza
A ARATACA, A COBRA, O NHAMBU, O PREÁ E A URNA. A natureza como todo mundo sabe é cheia de predadores e presas, seja por necessidade de alimento para sobrevivência ou apenas por crueldade feito o bicho homem que muitas vezes mata por matar, mas sempre somos um ou outro. O sertão! Meu amigo o sertão muita gente não conhece, mas a fome do sertanejo nem se compara com outras fomes, por que a seca quando vem é duradoura e aí o bicho político que controla o bicho trabalhador e explora sua glória, sua honra o deixa acuado, sem ter provisões para comer. A única saída é se tornar um predador dos animais em extinção do sertão. João vendo sua família em situaçã
A ENCHENTE Quando ainda menino ouvia muitas histórias, era uma diversidade de contadores, cada um queria em suas misteriosas versões dar veracidade a sua narrativa e prender o ouvinte atento. Neste início de noite me ajuntei aos viajantes debaixo da grande braúna só para ouvir uma destas estórias ou história dependendo de quem conte. Nesta noite em especial fomos contemplados com uma das histórias do Velho. Quando ele contava suas histórias usando sua voz grave para dar mais vida a narrativa, gesticulava para dar braços e pernas para seus personagens, sempre nos prendiam deixando nossos pensamentos encucados. O Velho sempre sorrindo narrava sua história que convencia qualquer um. - Me