— Eu disse que você não vai dormir fora! — falou se levantando.Levei meus olhos para ele e tive que ser forte para não suspirar vendo o quão gostoso aquele filho da puta estava.Por Deus! Ele precisava aprender a ser menos bonito. Não podia carregar uma beleza tão grande consigo e ser um otário de patente maior. Sabia que deveria existir um equilíbrio, porém, o de Tyler deveria ser de outra forma para que não torturasse ainda mais.— Espero que tenha uma ótima noite! Talvez seja bom você sair, dar uma espairecida e procurar alguma vadia na rua. Gozar vai te fazer muito bem!Enfim achei minha chave e a enfiei no miolo da porta para destrancá-la depois de digitar a senha no painel digital. Queria acreditar que não era necessário tanta precaução assim, mas tinha alarmes e proteções por toda a casa.Empurrei a porta para que ela deslizasse para o lado e abrisse passagem para mim e então pude ouvir os passos pesados de Tyler se aproximando. Devo dizer que me preparei. Fiquei parada e
A casa de Conan era a típica construção moderna com tons frios e decoração minimalista. Achava o lugar encantador e muito organizado, visto que um homem morava ali sozinho.Tinha alguns quadros com pinturas abstratas pendurados propositalmente tortos nas paredes e pouquíssimas fotos de sua família em um ou outro porta retrato. O que diferenciava seus pais dos meus era que apesar de não se darem bem, ele visitava os dois de uma a duas vezes por ano e passava um dia tranquilo ao lado deles, como já havia me contado. Já eu, não visitava minha mãe fazia meses e conversava com o meu pai como se ele ainda fosse um completo estranho, porque no fim era mesmo.— Então eu não sei o que houve de fato para que essa demissão viesse — falou se referindo a notícia de que Lolla teria que sair da Hayans.Apenas balancei a cabeça em concordância enquanto bebericava o vinho tinto suave. Estávamos sentados frente a frente e tudo o que eu estava fazendo era me concentrar na comida e nos lábios finos do
— Que lindo! Você resolveu dar o troco ficando com a minha mulher. Parabéns, Conan! Acaba de conseguir a sua morte.Confusa e assustada, assisti Tyler se aproximando mais uma vez e deferindo outro soco no rosto de Conan, que caiu para trás mas teve a queda amenizada por despencar perto do sofá.— Pare com isso agora, Tyler! — gritei segurando seu braço que se preparava para ir contra o homem mais uma vez.— Eu disse que machucaria qualquer um que tocasse em você, Hope — falou entredentes, me encarando furioso.Seus olhos estavam vermelhos, parecia ter chorado ou algo assim, não era só fruto da raiva, isso eu podia afirmar.— Vamos embora. Por favor. Vamos embora e eu juro que nunca mais chego perto dele. Só vamos embora, Tyler — choraminguei segurando seu braço, implorando para que saíssemos dali antes que ele continuasse com a merda que tinha iniciado.O que foi um tanto idiota da minha parte é que acabei sendo uma distração, e nos segundos em que falei com Tyler, o outro homem se le
— Pegou de raspão — tentou me acalmar quando percebeu que eu estava tremendo.Toquei seu braço com minhas mãos geladas que suavam frio e observei a ferida constatando que não estava nada bonita.— Ty… Meu Deus! Vamos agora! Precisamos ir a um hospital, está sangrando muito. Vamos!Afobada, tentei me movimentar e puxá-lo comigo sem que o machucasse.Não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Só podia ser brincadeira. Eu tinha causado aquela merda toda! Eu tinha feito Tyler levar um tiro! A porra de um tiro!— Fique calma e respire, está bem? Pegue um pano limpo para amarrar aqui e então nós vamos para o carro e você vai dirigir devagar até um hospital. Mas primeiro pegue o pano.Tentei me mexer, tentei mesmo ir atrás do maldito pano, mas estava travada ali. Meus pés e meu corpo pareciam não conseguir obedecer meus comandos mentais e isso só ia me assustando mais e mais.— Eu pego — Conan falou, correndo até a cozinha para capturar um guardanapo na gaveta.— Depois
— A senhora pode repetir como foi que aconteceu?Encarei a mulher em minha frente com um olhar mortal e comecei a pensar que dessa vez deveria mesmo vestir a camisa e agir como uma Legard.— Foi uma tentativa de assalto, eu já falei isso três vezes. Por acaso você é surda?Ela apenas me olhou de cima a baixo e ergueu uma sobrancelha.— Não foi mesmo a senhora quem atirou no seu marido, certo?Mas era só o que me faltava!Por que isso parecia tanto ser uma possibilidade? Só porque cheguei xingando Tyler por estar fazendo piada da situação quando havia acabado de levar um tiro? Ou só porque dei um tapa em seu ombro antes que ele fosse arrastado para dentro de uma sala a fim de ser socorrido?Bom, talvez muitas vezes durante os nossos quase dois anos juntos eu pensei sim em matar Tyler, mas não teria a coragem de dar um tiro nele, de forma alguma.— Olha só, não me faça perder o restante da paciência que tenho, está bem? Me dê notícias do meu marido agora. Me deixe entrar. Quero vê-lo.
Fiz uma careta para tais palavras e esperei Bene começar a dar risada dizendo que estava de sacanagem, só que isso não aconteceu. Ele permaneceu com um sorriso pequeno mas deu para perceber que tinha falado sério.— Desde quando o Tyler faz isso? — murmurei embasbacada.— Sei lá. Acho que depois daquele episódio com a bebida ele passou a me mandar mensagens quando achava que você estava mal. Mas isso não importa agora. Precisamos saber como ele está e depois quero entender melhor toda essa coisa que aconteceu entre ele e o Conan.Concordei, porém não me satisfiz com as poucas informações passadas. Como é que eu não sabia dessa tal aproximação dos dois? E pior, Tyler pegou dicas com Benedict para tentar me deixar melhor em situações onde eu estava chateada? Enfim, só mais um mistério para resolver quando envolvia aqueles dois.Não sei se foi a beleza e o sorriso de Bene que conquistou a enfermeira nojenta, mas em poucos minutos fomos levados até o quarto onde Tyler estava e quando e
Caramba. Minha vida tinha virado mesmo uma verdadeira bagunça.Se há dois anos alguém me dissesse que estaria casada com Tyler Legard e que não bastasse isso, estaria levando café da manhã na cama para ele, eu daria tanta risada, mas tanta que acabaria com a barriga doendo de tanto gargalhar.Aquilo era algo que eu nunca tinha imaginado que aconteceria afinal, era Tyler.Talvez uma vez ou outra eu tenha criado sim alguma expectativa em relação a Benedict. Nosso beijo aconteceu no primeiro ano em que entrei na Calisto. Houve uma confraternização e nela, em um lençol jogado na grama do jardim, teve um jogo de verdade ou desafio. O que aconteceu foi óbvio, fomos desafiados a nos beijar e não demos para trás, só que aquilo foi banal para nós dois. Estávamos bêbados, não queríamos aquilo de verdade, então conseguimos ignorar muito bem aquela junção de bocas que durou uns dois minutos.Não me apeguei àquele dia, mas às vezes acabava sonhando com cenas que repetiam aquilo. Benedict era um
— Você não me deve desculpa alguma — afirmei abrindo meus olhos. — A base do nosso casamento é um contrato, Tyler. Nós seguimos ele à risca e é isso o que importa.— Não. Nós não seguimos o que realmente importa porque eu me fechei para o que estava sentindo e para o que poderia vir a sentir, mas não tem jeito, Hope — levou as mãos até minha cintura e girou meu corpo para que eu ficasse de frente para ele — posso ter tentado evitar, ainda assim acabei gostando de você de um jeito que não deveria.— E é exatamente por isso que precisamos acabar de vez com esse contrato. Você já conseguiu o respeito da sua mãe, não precisamos mais seguir com isso, Tyler. Vamos parar, por favor.Sim, eu praticamente implorei para que ele colocasse um fim em tudo.O homem suspirou me encarando com os olhos brilhando. Os raios de sol invadiam o quarto pela janela aberta e isso fazia a cor das íris dele realçar ainda mais. Eram tão lindas. Tinham uma intensidade tão absurda que eu podia jurar que consegui