*****
Giverny - França — Rio de Janeiro - Brasil, 1991*****Quando Anytha abriu os olhos daquele sono estranho, piscou três vezes, tentando esquecer o pesadelo que tivera, de um homem morto em sua frente. Porém, ao olhar seu redor, percebeu que nada tinha sido uma letargia. Estava deitada e dois policiais olhavam-na no sofá branco. Então, se lembrou de seu esposo Mark e gritou desesperada ao pensar no pior.
— Mark! — logo os policiais chegaram perto de Anytha. — Meu Deus! Onde está meu esposo Mark?— Calma! — um dos policiais tentou tranquilizá-la, vendo seu estado de nervos. — Senhora Wilson, se sente bem?— Mark! Meu marido! — Anytha mirou-os totalmente atrapalhada, se levantando. — Onde está?— Nós não sabemos... — o policial explicou-lhe, com voz pacífica. — Mas não se*****Paris e Giverny - França, 1991*****Alguns dias depois, dois brasileiros estavam em Paris, atravessando aquelas ruas tão peculiares. Alanis usava uma terninho preto com uma camiseta branca de gola alta, envolta por uma echarpe verde leve enquanto Murillo usava um terno azul com gravata branca, estando muito elegante. Murillo resolveu passar em Paris primeiro, para ver alguns interesses de seus hotéis, que se localizavam em vários pontos da França. Mesmo que Anytha não estivesse no Hotel Ritz mais, decidiu se hospedar lá para mostrar para Alanis, já que seria um lugar histórico também enquanto seus hotéis eram apenas sofisticados. Mas ambos nem perceberam que eram seguidos de perto por Eduardo, que estava numa moto alugada e tinha visto numa foto de jornal, que Murillo havia se tornado num homem de negócios, olhando torto para a reportagem. Só que com essa
*****Giverny e Honfleur - França, 1991*****Assim que Murillo ligou o carro e partiu, Eduardo seguiu ambos, mas não escutou sobre Anytha estar casada, sorrindo satisfeito. "Agora esqueceu-o de vez", pensou consigo mesmo.Anytha mal limpou as lágrimas enquanto Alanis subia as escadas para ver algumas coisas outra vez, olhando para o relógio quando a campainha tocou de novo. Nem quis ver pelo olho mágico, sentindo seu coração apertar. Talvez fosse Murillo, mas seu espanto foi maior que tudo, pois era Eduardo. Como já não tinha nervos, Anytha permaneceu muda por alguns instantes até Eduardo sorrir cínico, fazendo menção de entrar.— Olá, meu amor! — Eduardo cumprimentou Anytha, que estava sem reação pelo espanto. — Nossa! Que casa grande!— O que você está fazendo aqui? — Anytha interro
*****Giverny e Honfleur - França, 1991*****Levando Anytha para fora da casa enquanto Alanis continuava desmaiada, Eduardo conduziu-a até sua motocicleta e obrigou-a a se sentar, fazendo-a passar os braços amarrados na sua cintura.— Eu vou gritar! — Anytha ameaçou. — Você é um monstro! Alanis pode estar à beira da morte por sua causa!— Grite! — dando partida na moto, Eduardo emendou. — Ninguém te conhece mesmo, fofinha! Acho que só sobrou nós dois!— Para onde pensa que está me levando? — vencida, Anytha ainda perguntou. — O que pretende comigo?— Para um lugar onde nós possamos permanecer a sós, meu bem! — Eduardo garantiu. — Você vai adorar nosso tempo um com o outro!"Droga! Era o que faltava! Onde será que Mark se encontra nessa hora?", Anytha pens
*****Giverny, França - 1991*****— Mark! Alanis! — abraçou ambos no helicóptero, cheia de felicidade por estar sendo salva. — Graças a Deus, vocês estão bem!— Querida, você está melhor? — Mark parecia abalado. — Encontrei Alanis caída na sala e você não estava mais lá! Fiquei tão preocupado!— Não, Mark! — sentiu uma pontada no peito. — O que está havendo? Eu não estou entendendo nada! Um homem morto lá em casa!— Calma! — Mark alisou os cabelos de Anytha, olhando para os pilotos. — Tudo terá explicação! Eu prometo!— Mas Mark... — estava se sentindo de mãos atadas, ainda mais depois do que Eduardo pretendeu. — Eu quero...— Escute, meu amor! Calma! — Mark interrompeu-a. — Eu s
*****Giverny - França, 1991*****— Tem certeza que agi certo em chamar Murillo desse modo impulsivo, Alanis? — suspirou de maneira angustiada, tentando racionalizar naquele momento, depois do ato desesperado. — Eu sou alguém casada, mesmo que Mark não me queira como mulher de verdade!— Claro que sim, meu bem! — Alanis incentivou Anytha. — Seu grande amor é Murillo ainda! Não precisa mentir para si mesma! Sabe disso, né? Siga por esse caminho e não pare! Procure sua felicidade! E venha me chamar só quando precisar! Ok?— Sei lá! Estou me sentindo fora de mim, pois nunca fiz nada assim antes! — Anytha ponderou diante de Alanis. — Que Deus permita que eu possa ter alguma solução para os problemas que estou encarando, porque só Jesus na causa!Enquanto isso, assim que Murillo parou o carro na frente da
*****Giverny, França - 1991*****Bem cedinho, Murillo acordou e decidiu ir até a cozinha preparar o desjejum. Anytha continuava dormindo como um Anjo e Murillo preferiu não acordá-la. Então, passou um café, ferveu um pouco de leite e colocou um bolo no forno. Às oito e meia, Anytha acordou restaurada do dia de ontem, se lembrando de Murillo. Na madrugada anterior, parecia ter sido um sonho. Porém, não era assim, pois constatou pelo seu casaco no quarto.Com aquilo, se levantou de um pulo e resolveu tomar um banho, precisando se refrescar para um novo dia. Após se banhar, caminhou para a cozinha, sentindo um cheirinho de café fresco e ouvindo Murillo conversar banalidades com Alanis. Parou de frente à porta e nenhum dos dois notou-a, apreciando Murillo em todos os sentidos. Se estivesse com Murillo desde os tempos de namoro, estariam casados e felizes, mas j&aacut
*****Giverny, França - 1991*****— Jesus Cristo! Não! Isso não! — Anytha se adiantou até Alanis, que estava desmaiada e com uma mancha de sangue que corria pelo seu ombro, seu pescoço e seu peito. — Murillo, me socorra! Pelo Amor de Deus! Minha irmã Alanis! Não, meu Jesus!Murillo viu como Alanis estava caída e nada poderia complicar ainda mais toda situação. Os dois se olharam com desalento e Murillo se lembrou que havia um pequeno hospital particular no centro de Giverny chamado Saint Marie. Sendo assim, pegou Alanis no colo e pediu para Anytha apanhar os documentos de ambas. Enquanto Anytha trazia as coisas, além de levar um pano branco para estancar o sangramento, Murillo estendeu Alanis no sofá branco e procurou os batimentos cardíacos. Deu graças a Deus ao sentir uma leve pulsação. Apesar do perigo, Murillo abri
*****Giverny, França - 1991*****E na pousada do centro de Giverny agora, Murillo parou no balcão com Anytha e Alanis para pedir mais um quarto de hóspedes enquanto ambas esperaram saber em quais cômodos se instalariam. Assim que tudo veio a ser resolvido, Murillo pediu as chaves de todos e subiram as escadas até Anytha perceber que apenas Alanis dormiria no dormitório pedido.— Mas Murillo, onde pensa que eu permanecerei durante esse tempo? — Anytha cobrou-lhe uma explicação plausível. — Onde dormirei?— Bem, enquanto seu marido Mark não chega, no meu quarto! Lógico! — Murillo sorriu de modo ingênuo, como quem nada devia. — E Alanis, seu quarto é esse do lado! Pode entrar!— Murillo, isso é um disparate! — Anytha bufou de frustração. — Não mesmo! Estou indo dormir co