Moira acordou pela manhã se sentindo forte, apesar do que tinha ocorrido na noite passada não encaixar perfeitamente nos seus pensamentos. Estranha, porém muito forte. Levantou da cama e viu Lily sentada, lendo um livro. Quando a viu se levantou mais do que pronta para lhe servir.
- Princesa, vejo que acordou. Deseja tomar seu banho ou que eu traga algo para comer?
- O que aconteceu Lily? Porque está aqui no meu quarto antes de ter sido chamada?
- A senhora Bertzs pediu que eu ficasse caso mileide acordasse ou algo a perturbasse enquanto dormia eu deveria avisá-la rapidamente.
- Você ficou a noite toda aqui? - Perguntou estranhando a atitude.
- Sim princesa. - Falou animada.
- Por que? - Indagou confusa.
- Como eu disse princesa, apenas para cuidar de vossa alteza. - Disse desviando o olhar.
-Preciso de um banho, pode preparar para mim? - Perguntou fingindo que acreditava no que Lily dizia.
- Com licença mileide. - Disse Lily sempre disposta.
Já tomada banho, Lily insistiu em pentear os cabelos de Moira, como sempre. Parecia ser um prazer para ela arrumá-los enquanto Moira desejava que eles sempre ficassem soltos, mas não queria deixá-la triste e devido ao ocorrido a noite passada queria que ela soubesse que tinha prazer nos cuidados dela.
- Lily... Sobre a noite passada querida, gostaria de lhe pedir desculpas. Não sei o que aconteceu comigo. Senti uma raiva súbita aflorar dentro de mim e de repente, não tinha mais o controle das minhas ações. - Disse a fitando pelo espelho.
- Mileide não precisa se desculpar. Sei que não queria me fazer mal algum, portanto não há com o que se preocupar. - Disse finalizando uma longa trança em seus cabelos ruivos.
Batidas surgiram na porta e ela abriu revelando uma Bertz bastante tensa e preocupada. - Moira querida, vejo que já acordou e está vestida. Belo penteado a propósito.
- Foi as mãos mágicas da Lily mais uma vez. - Disse levantando.
- Está magnifico! - Disse apertando as mãos de sua afilhada. - Lily, traga por favor algo para a princesa comer.
- Sim, senhora. - Fez uma reverência a princesa e saiu.
- Como se sente Moira? - Pergunta Bertz.
- Estranhamente forte Bertz. Eu não sei o que aconteceu, apenas me sentia sendo conduzida por algo mais forte do que eu. - Disse confusa. - O que aconteceu comigo ontem? Ainda me sinto perdida.
- Você não se lembra? - Pergunta reflexiva.
- Lembro de está com muita raiva. Raiva de você e do seu sermão, raiva do Henry e do Edward por ter concordado em me deixar trancada aqui, raiva de não poder usar meus poderes como quiser e de repente... Estava inconsciente das minhas ações. - olhando para suas próprias mãos. - Não tinha mais o controle das minhas mãos e desejos. Então, vocês entraram no meu quarto e quase machuquei a Lily sem motivo algum Bertz. - Disse triste sendo confortada por Bertz. - Logo em seguida vi uma luz forte e um redemoinho de areia me atingindo através do Edward e depois desmaiei.
- Estranho! - Pensou alto Bertz.
- O que é estranho Bertz?
- Nada demais querida. - Disfarça Bertzs sabendo que aquilo era obra da bruxa vermelha.
- Bertz, você está me escondendo algo? - Pergunta estranhando tudo aquilo. E pelos deuses, desde quando Edward tem poderes?
- Isso ele mesmo te explicará querida. Agora quero que descanse. Hoje não teremos aulas, mas preparativos para seu aniversário. Amanhã será um grande dia para você. Fará dezoito anos, uma idade muito especial para as mulheres bruxas e verá tudo a a partir de agora mudar dentro de você. - Disse pegando nas mãos de Moira. - Sempre quis o seu bem e espero ter feito o melhor. - Falou com os olhos cheios de lágrimas.- Me perdoe se me excedi ontem. Não sou nada... Não sou sua mãe...sou apenas uma...
- Não Bertz, me perdoe você. E nunca, nunca diga que não é nada entendeu? E até parece que estou indo embora, que haverá grandes mudanças. - Disse segurando as mãos de Bertz. - Você continuará aqui me enchendo com todos os seus sermões. - Tocou no rosto de Bertz. - Eu a amo como uma mãe, nunca te vi com uma criada ou uma bruxa ensinando a manusear elementos e ervas e apesar de me aborrecer quando me impede de fazer o que bem entendo, sempre a honrarei. - Disse carinhosa. - Eu te amo ouviu?
- Você é uma dádiva. - Disse emocionada. - Logo entenderá que o mundo é mais do que fazer escolhas para si, mas um caminho que sempre nos leva a um proposito maior aonde envolve outros ao nosso redor. Chegará o momento de fazer o que quiser minha querida,mas tome cuidado, tome muito cuidado sobre o que irá escolher. Entendeu?
- Você está me deixando tensa Bertz e ... - Batidas na porta forma ouvidas fazendo entrar o príncipe Edward.
- Vou deixá-los a sós. - Fez uma reverência a Moira, virou em direção a porta e fez outra reverência ao príncipe Edward. - Alteza!
Quando eles ficaram a sós, Moira foi em direção a janela virando as costas para Edward. Abraçou seus braços e ficou contemplando o sol que sempre a acalmou. Edward por sua vez ficou calado, apreensivo, escolhendo as palavras para direcionar a princesa. Quando ele andou em sua direção e começou a falar, Moira o interrompeu.
- Então você é um bruxo! - Disse Moira ainda com as costas viradas.
- Eu queria ter te contado Moira, juro que queria. - Disse Edward triste.
Moira virou para ficar de frente para ele e disse: - Mas, escolheu permanecer em silêncio. - Disse frustrada. - Maldição Edward! Crescemos juntos, vivemos neste castelo desde criança, você me ouviu questionar durante todos esses anos a existência de pessoas como eu, mas preferiu ficar calado. - Disse triste. - O Henry, o titio, a Bertz... Quem Sabe sobre você?
- Só a Bertz.
- Só? - Disse com um sorriso irônico nos lábios. - Achei que fossemos amigos, confidentes, que podíamos confiar um no outro. Eu deveria ter sido a primeira a saber.
- E podemos. Sempre poderemos. - Se aproximou mais e sentou numa poltrona. - Moira, eu não sou um bruxo como você. Meu único elemento é a terra como o da minha mãe. - Moira o olha surpresa.
-Como assim sua mãe uma bruxa?
- Só existiu uma bruxa que controlava todos os elementos, a sua mãe e agora você. Alias, minha mãe não morreu de uma doença como o meu pai pensa, ela morreu para te proteger.
- O que disse? Como assim me proteger? - Disse fitando seu primo. - Do que você está falando.
- Esse é um segredo que guardo desde a adolescência. Quando você nasceu minha mãe recebeu a responsabilidade dada pela deusa mãe de lhe dar proteção, porém a bruxa vermelha descobriu e a matou. Mas, antes disso acontecer ela deu seu dom para mim me dando a responsabilidade em vida de lhe proteger. Então, quando completei 18 anos o dom despertou e desde então, Bertz tem me ajudado a controlar.
- Mas, eu nunca percebi quer dizer... Nunca vi você usar seu elemento, como isso é possível?
- A Bertz colocou um feitiço de ocultação em mim, como uma barreira entre nós dois para você nunca perceber. - Levantou apreensivo em direção a Moira. - Ontem quando senti que estava prestes a fazer mal a si mesma e a Lily , minha mãe apareceu e disse que você precisava de mim. Então o feitiço de Bertz se rompeu, permitindo vir até seu quarto para lhe proteger, para lhe defender.
- E porque a deusa mãe acha que eu preciso de proteção? E a bruxa vermelha? Porque ela quis impedir essa proteção? E mesmo agora, ela não vive mais, então porque você tem que me proteger? - Do que você estão me protegendo? O que vocês não estão me contando?
- Você é mais forte do que imagina Moira. - Disse Edward não contando toda a verdade. - Se alguém um dia tentasse nos atacar novamente, com certeza seria um trunfo ter alguém com tantos poderes.
- Isso não é o suficiente. - Fala desconfiada. - Controlo os quatro elementos como minha mãe controlava, sei manusear uma espada e arco e flecha tanto quanto você e o nosso exército. Há anos não existe guerras, os reinos foram pacificados. Não há porque temer.
- De qualquer forma é preciso sempre tomar cuidado. - Disse sorrindo tentando mudar de assunto. - Parece que não ficou feliz em saber que sou um bruxo. Queria tanto descobrir se tinha mais como você e agora que encontrou parece descontente.
- Descontente não. Surpresa. - Falou um pouco menos raivosa. - Por ser você, que sempre esteve ao meu lado. Bertz e seus feitiços. - Passou as mãos no seu rosto se sentindo cansada de repente.
- Moira, você me perdoa?
- Eu queria ter sabido antes sobre você Edward. Queria mesmo. Me sinto só as vezes sabia? Sem minha mãe, meu pai, sem pessoas iguais a mim, entende? - Suspirando.
- Moira, eu sinto muito. - Disse Edward se aproximando do seu rosto.
- Mas... Você é meu primo, meu sangue e meu amigo. É uma das pessoas que mais amo na vida, não conseguiria ficar longe de você. Alias, estou mais brava com você por outro motivo. - Falou fingindo raiva e dando um soco no peito de Edward. - Porque você não me apoiou ontem no jantar enquanto Bertz me dava um sermão maior que as florestas?
- Aii! - Fala Edward fingindo sentir dor. - Porque foi a minha maneira de me vingar de você por ter trapaceado no nosso desafio. A deixar de castigo em seu quarto foi uma diversão. Uma pequena diversão para mim. - Falou sentindo que a tensão tinha se dissipado.
- Ora! Bom saber que se divertiu. Mas, continuo brava com você por isso.
- Talvez... - Tirando um bracelete de prata em forma de infinito do bolso da sua capa. - Se você me permitir lhe dá seu presente adiantado... Você me perdoe e me deixe feliz. - Colocou delicadamente no seu braço direito a peça.
- Edward, é lindo! - Disse radiante. - O que? Como? Eu não percebi que você...
- Sabe porque ela está trançada assim? - Indagou deslizando o dedo pela pulseira no braço de Moira?
- Não. O que significa? - Perguntou curiosa.
- Significa que podemos trilhar vários caminhos, mas sempre voltaremos um para o outro. Todas as estradas nos trarão de volta ao inicio. Sempre encontraremos um ao outro, não importa o que acontecer, eu sempre estarei com você. - Tocou o rosto de Moira olhando profundamente em seu olhos. - Eu sempre amarei você!
O brilho do sol entrou pela janela, a brisa correu e mais uma vez dançando no rosto de Moira, de repente seu corpo começou a queimar e encurtando a distância que os separava Edward tocou seus lábios nos de Moira. Foi um beijo calmo, doce e gentil.
- Edward... Eu não sei o que dizer. - Tocando em seus próprios lábios.
- Não gostou? - perguntou apreensivo.
- Sim, mas... Quer dizer... Nunca havia beijado antes. - Falou constrangida.
- Queria que seu primeiro beijo fosse comigo. Sinto muito se me excedi. - Falou baixando os olhos nervoso.
E ali ela sentiu que todas aquelas palavras que ele tinha dito soaram mais do que uma verdade, ela sabia que olhar para Edward, era sempre ter a sensação de um lar em paz na primavera.
- Eu preciso pensar. Além do mais você me disse que tinha sonhado com sua amada de novo. Você sonhou comigo? - Perguntou surpresa.
- Eu sonhei sim, mas outra vez não vi seu rosto.
- Então, não pode ter certeza se sou sua amada, sua escolhida. - Disse Moira.
- Mas, eu te amo.
Em seguida tomando a iniciativa o beijou experimentando uma nova sensação. Edward a envolveu pela cintura e se deixou levar pelo toque dos lábios dela. Ambos se afastaram, sorriram timidamente enconstando as testas.
- Eu também te amo Edward. - Falou tocando em seu rosto.
- Eu não sei o que pensar Moira. Só sei que sempre a vejo com adagas e espada nas mãos. E ela está sempre de costas como um borrão, lutando e sorrindo. Então quando ela vai virar para mim eu acordo. - Disse frustrado.
- Você saberá. No momento certo sentirá. Lembra que um dia viu nos seus sonhos, seus olhos?
- Sim, lembro. Tão azuis quanto os meus. Mesmo assim queria te beijar, queria sentir, quer dizer, eu sinto, sinto atração e desejo por você, sinto amor confesso. - Disse constrangido. - Queria sentir se era você?
- E? - Perguntou olhando para seu primo.
- Como disse, eu te amo Moira. - Falou sincero.
- Mas, não sabe se me ama como uma mulher. - Disse triste.
- Talvez no fim de tudo fiquemos juntos mesmo. Eu adoraria me casar com você. - Disse animado.
- Talvez...- Falou descontente com a resposta. Talvez... Você precise sair mais com o Henry e conhecer outras mulheres. - Disse confusa com sua resposta.
- Talvez você não devesse me dá este conselho, sabe que não sou assim. - Falou levantado-se.
- O que faremos sobre isso, então? - Perguntou Moira.
- Deixaremos assim por enquanto. Eu sinto que ainda existe muito mais escondido a ser revelado minha querida. - Falou tocando no rosto de Moira. - Agora vou deixá-la. Precisa descansar sim?! - Disse beijando seus lábios e indo em direção a porta.
- Edward. - Chamou Moira pelo seu primo. - Você dança comigo amanhã? No baile? - Pergunta ansiosa.
- Sim minha princesa. com certeza! - Disse abrindo um sorriso e em seguida fechando a porta do quarto.
Moira ficou pensativa tocando seu braço aonde repousava seu presente e os seus lábios formigando.
- Porque eu sinto que não dançarei com você Edward. - Disse abraçando seu corpo olhando o sol a lhe envolver.
Moira Resolveu dá uma volta pelo castelo, mas sabia que seu coração a fazia caminhar em direção a um único lugar. O quarto do seu pai, o rei Evan de Sarindhia.Bateu na porta como sempre mesmo sabendo que ele não responderia, a abriu devagar e mais uma vez o quarto estava escuro, sem luz do sol a brilhar por entre as janelas que dava na lateral da sua cama. As vezes deitado ou sentando em sua poltrona ao lado da cama, era assim que ele sempre ficava, porém com os olhos po
Moira Sentiu seu cheiro mesmo antes de abrir os olhos. Era inconfundível. Ela sabia que ele viria, como todos anos. Ele a despertava com uma flor, mais do que isso a despertava com seu amor.Henry estava ali, deitado ao seu lado, de lado olhando para Moira. Abriu os olhos e pousou sobre aquele par de olhos castanhos mais uma vez abrindo um sorriso caloroso para seu irmão.
Quando lily finalizou os cabelos de Moira ela mal pôde acreditar. Ela não os prendeu totalmente numa trança como havia pedido. Seus cabelos caiam em ondas pelas suas costas lembrando os da sua mãe. Se vendo agora no espelho com o vestido longo e verde que apertava em sua cintura se senti pela primeira vez muito bonita. Com o colar que Henry lhe dera em seu pescoço e a pulseira escondida na manga que cobria seus braços se sentia completa, deslumbrante como nunca. Parecia uma rainha, de verdade.
Conforme o baile ia acontecendo, os aldeões, duques, cavalheiros e mileides do reino se aproximavam diante do trono reverenciando e cumprimentando o rei, o príncipe e a princesa pelo grande dia. Porém, Moira não parava de procurar tanto Bertz quanto Lily que até o momento não tinham aparecido.- Procurando por mim princesa? - Sussurrou Edward rindo e olhando bem nos olhos de Moira.
Aonde ela está? - Gritou Nimesys fazendo todos os copos, talheres e pratos se espatifarem contra a parede. O príncipe Efilin já tinha se recomposto e não sabia o que responder a bruxa vermelha.- Fizemos exatamente como pediu minha rainha. - Disse amedrontado.-
- Por que pai? - Indagou Edward diante do príncipe que agora estava olhando para o seu filho preso em seu próprio quarto. - Me faz entender que tipo de monstro você é e como eu nunca enxerguei isso.- Quando éramos crianças... - Disse Efilin - Gostávamos de apostar um com o outro, o tempo todo. Corrida de cavalo, xadrez, lições sobre as guerras, treinando lutas de combate. Era sempre assim entre eu e o Aragon. Eram disputas que tinham como prêmio um fazer a li
- Minhas costas estão doendo, o dia está amanhecendo. Eu preciso parar para descansar um pouco. Que lugar é esse que não cheguei ainda? E quem essa Mirabel de quem Bertz falou?Tempestade arrancou Moira dos seus pensamentos altos e começou a desacelerar quase como se estivesse lendo suaa mente, se é que ele não o faz.
O quarto cheirava a flores silvestres e a ervas recém colhidas, disso Moira sabia. Assim que abriu os olhos sentiu uma dor latente na lateral da cabeça levando sua mão automaticamente ao ferimento já limpo e cuidado. Estranhou o fato de está ali e aos poucos foi sentando para enxergar melhor aonde estava. Um quarto, um enorme quarto por sinal, e ela estava numa cama e ao seu redor percebeu que tinha muitos utensílios. Ao seu lado tinha um jarro de flores recém colhidas e percebeu de onde vinha o cheiro de silvestres. A sua frente encontrou uma bancada com vários potes semi abertos com ervas e destingiu de onde vinha o cheiro das mesmas subindo a sua narina. Percebeu uma jarra de latão e um copo e