Irmãos

Moira Sentiu seu cheiro mesmo antes de abrir os olhos. Era inconfundível. Ela sabia que ele viria, como todos anos. Ele a despertava com uma flor, mais do que isso a despertava com seu amor. 

Henry estava ali, deitado ao seu lado, de lado olhando para Moira. Abriu os olhos e pousou sobre aquele par de olhos castanhos mais uma vez abrindo um sorriso caloroso para seu irmão.

- Oi! bruxinha. - Disse seu irmão passando um botão de rosa no meu rosto.

- Oi! - Disse sorrindo.

- Feliz aniversário!

- Você veio.

- Sempre! É uma tradição para mim ser o primeiro a lhe ver princesa. - Disse levantando. - Eu mesmo trouxe seu café. Queria que tomássemos café aqui, eu e você apenas.

- Eu amo você sabia. - Disse sentando na cama.

- Eu sei disso. - Estendendo a mão para que sua irmã levantasse a acompanhasse até a mesa que já estava preparada.

- Hunnn, parece tudo delicioso.

- Pedi que preparassem o melhor, como sempre. - Disse servindo Moira.

- Irmão, sinto que mesmo quando me casar vou obrigar meu futuro esposo a permitir que faça isso todos os anos para mim. Adoro quando você me mima.

- Não acho que ele vá ficar muito contente com isso. Seja quem for, vai querer fazer isso por você. - Disse o príncipe rindo, lhe entregando uma taça de suco de uva.

- Eu faço o encanto e lanço sobre ele, assim ele sempre me obedecerá. - Disse com uma taça nas mãos.

- Ah! Minha querida bruxinha. Como sempre querendo levar vantagem em tudo. - Comendo uma uva verde. - Então, dezoito anos. - Disse um pouco melancólico. - Já pensou o que pode acontecer? Agora é uma mulher. Linda por sinal. - Fazendo Moira rir um pouco do comentário. 

-  Até parece que mudará muito. Você irá governar quando nosso pai morrer, eu irei continuar aqui para sempre lhe ajudando a ser um bom rei para o povo.

- E você deseja isso, Moira? - Perguntou pensativo. - Deseja ficar aqui para sempre? Não é do seu desejo conhecer mais? 

- Sim. Mas, não quero ficar longe das pessoas que amo Henry. Então por mais que quisesse, sempre voltaria para nossa casa. 

- Minha querida bruxinha, você já parou para pensar porque tem tantos poderes? - Disse levantando e indo em direção a janela.

- Porque sou filha da rainha das bruxas. Herdei seus dons naturalmente. - Levantando e pegando uma escova começando a passar em suas madeixas longas.

- Eu também sou filho de uma bruxa, lembra? Não tenho poderes como você. - Virando para sua irmã e admirando o quanto ela tinha se tornado uma bela mulher.

- Porque você herdou o lado do papai. - Falou rindo e estranhando nesse momento o fato de que realmente seu irmão não tinha nascido com os mesmos dons que ela. - Por falar em papai, o procurei ontem o dia todo, mas você demorou chegar, acabei dormindo sem lhe contar. - disse  com expectativa. - Fui visitar nosso pai em seu quarto como sempre e Henry... Ele falou comigo. Ele não me expulsou, não gritou comigo, simplesmente falou.

- O que? Como assim? O que vocês conversaram? - Pergunta Henry entusiasmado.

- Ele disse que me amava. - Enchendo os olhos de lágrimas. - Disse que amava a nós dois, meu irmão. Que sentia muito por tudo.

- Que maravilha. Será que ele está voltando a si? Isso seria maravilhoso.

- Eu não sei Henry. De repente ele começou a falar que eu estava completando uma idade especial, que tudo seria diferente. Falou umas coisas estranhas sobre mãe de todos, rainha das bruxas, depois olhou para o quadro da mamãe e se perdeu novamente.

- Imagino que ele tenha dito que a mamãe estava no quarto. - Perguntou triste.

- Sim, mas tenho esperança de que ele vá ao baile está noite e dance comigo. - disse confiante.

- Espero que sim bruxinha, espero que sim. - Disse pegando em suas mãos. - Agora tenho que ir. Muitos compromissos. Hoje o titio disse que haverá uma discussão sobre a nova politica para impostos e eu preciso está presente. - Disse beijando a testa de sua irmã.

- Mais impostos Henry?  Temos tudo que um reino necessita. Para que mais impostos? O povo não precisa pagar mais do que já paga. - Disse intrigada.

- Palavras de quem diz que não vai governar. - Disse rindo. - Eu também não concordo. Alias, ultimamente eu e o titio estamos discordando muito sobre o governo do reino.

- Sério? E porque não me contou sobre isso Henry? Sabe que pode conversar sobre o que quiser comigo. - Falou curiosa.

- Sei disso. Só não quis perturbá-la. Não é nada demais. Entre nós?  - Disse puxando a irmã para si. - As vezes acho que o titio não gostaria que eu reinasse e se eu não fosse o sucessor do trono, talvez nem permitisse que eu opinasse. Agora que cresci, tenho participado muito mais, tenho ouvido o povo bruxinha e descoberto coisas que não tenho gostado. - Disse chateado.

- Sobre o titio? - Perguntou surpresa. O que descobriu?

- Falaremos sobre isso depois do baile sim? Vou conversar com o conselho real e precisarei de todo apoio possível para algumas decisões que pretendo tomar.

- Sobre o que? - Perguntou apreensiva.

- Acho que devemos mudar a regra de que só posso governar quando nosso pai morrer e assumir meu lugar no trono bruxinha. - Disse receoso.

- Isso é perfeito Henry. Também acho que deve fazer isso e saiba que o apoiarei. Se for preciso abro mão do meu direito e passo tudo para você. - Falou  entusiasmada.

- Faria isso? - Perguntou orgulhoso.

- Claro Henry. Se o papai não conseguir voltar ao trono, faremos a reunião com o conselho e eu estarei presente, pois quero apoiá-lo nessa decisão. - Disse decidida.

- Obrigado bruxinha. - A abraçando. - Sabia que podia contar com você. 

- Alguém mais sabe dessa sua ideia? - Pergunta curiosa.

- Apenas o Edward, é claro! - Falou cauteloso.

- E o que ele acha disso?

- Ele concorda. Acredito que tem vontade de ter mais voz ativa também. Quero que ele seja meu conselheiro quando subir ao trono.

- Fico feliz com sua escolha. -Diz contente.

- Agora tenho que ir, mas  antes... Seu presente bruxinha. - Disse pegando a caixa que estava em cima da mesa escondido.

- Henry! O que é isso? - Perguntou curiosa.

- Abra e decida por si mesma se gosta. - Falou ansioso.

Quando Moira abriu a pequena caixa,  dentro continha um lindo colar. Mas, não era um qualquer, era o mesmo colar que estava no pescoço da sua mãe retratado na parede. Um lindo colar com uma corrente de ouro . Ele tinha uma uma pedra topázio em forma de coração.

- Sempre guardei para você. Tirando da caixa e colocando no pescoço de Moira. - Uma vez quando papai estava dormindo, fui vê-lo e fiquei olhando as coisas da mamãe. Quando o vi em cima da cabeceira senti um enorme impulso de dar a você quando fizess dezoito anos. Mamãe sempre usava este colar pelo que me lembro. Veja, ficou lindo em você. - disse entusiasmado.

- É lindo Henry. Mas, será que o papai não vai se chatear. - Perguntou preocupada.

- Ele nunca se importará, já que não sai do quarto. Além do mais, combina com você. Veja o coração, ele se ascende em seu corpo. - Tocou a peça. Você é o meu sol Moira. - Disse de repente emocionado. - Eu te amo tanto.

- Você me chamou de Moira. - Disse surpresa. - É a primeira vez que me chama pelo meu nome. - Falou emocionada.

- Poque você é Moira. Sabia que seu nome vem de origem celta?  Significa compartilhar. E como essa pedra você deve brilhar. Como sol que está lá no céu todas as manhãs, mesmo no inverno, seu brilho continua lá. Então Moira, lembre-se.. Seu poderes, seu dom, seu amor deve sempre ser compartilhado, principalmente com os mais necessitados.

Moira o abraçou emocionada não ignorando o aperto que sentiu no seu coração naquele momento. - Eu te amo Henry. Obrigada.

- Eu também te amo Moira. - Abraçou sua irmã também sabendo que não podia ignorar o aperto que sentiu em seu coração.

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