Caleb
Você tem razão, foi um erro nós termos no sentido seguros. Hoje em dia, eu teria agido diferente, mas naquela época confiei que estávamos seguros o suficiente para ter uma vida completamente normal. Afinal, Denis tão tinha procurado Mia e nem tinha aparecido na casa dos pais dela durante aqueles mais de dois anos. - Acho que poderíamos ter um filho. – ela me disse um dia, quando eu estava quase caindo no sono. - O quê? – abri os olhos, surpreso com a sua ideia. Nunca tínhamos falado sobre isso. - Imagina... &ndashPaloma Caleb termina sua narrativa aos prantos e percebo que também estou chorando. Nós nos sentamos na cama e seguro suas mãos com firmeza. - Sinto muito. – falo sinceramente. É a primeira vez que o sinto gelado contra a minha pele. - Também sinto muito. – ele fala com a voz tremida – Queria ter podido protegê-la melhor do que eu fiz. - Eu acho que você deu uma vida incrível à ela por mais de dois anos. – falo baixinho.&nbs
Paloma Quando abro a porta do apartamento fico aliviada por Aurora não estar ali. Quero pensar em algo diferente do que aconteceu para contar quando ela pedir detalhes. E, com certeza, não vou falar que estava com Caleb esse tempo todo. Me concentro em deixar as coisas em ordem para o dia seguinte e afasto qualquer memória de Caleb o quanto posso. Porém, quando deito para dormir, lembro de nós dois juntos e é tão forte que quase o sinto ali, me tocando. Acordo de repente, percebendo que é madrugada e que eu estava sonhando com ele. Puxo as cortinas da janela e olho para fora, para a rua vazia e o céu que já nã
Paloma Quando avisto a casa de Caleb, fico completamente ansiosa. O que vou dizer? Paro o carro e desço correndo para porta, para só então perceber que o carro dele não está estacionado ali. Todo o ânimo some de mim no mesmo instante e me sento no sofá suspenso, onde estávamos pouco tempo antes. Como vou encontrá-lo agora? Arriscando minha tranquilidade, ligo novamente para Aurora e peço o telefone de Breno. - O que está a
Paloma Paro o carro e ando até a praia rapidamente. Não é difícil ver Caleb, já que não há mais ninguém ali além dele. Respiro fundo, parando para olhá-lo por um momento antes de ir até lá. Ele está de costas para mim, usando o tal do jeans preto enrolado nas canelas e as mãos nos bolsos. Ele é lindo, é tudo que consigo pensar, e está ali parado bem perto de mim. Só preciso andar e falar com ele sobre... Não sei mais nada do que ensaiei, as palavras parecem flutuar para longe com o vento. Caleb apenas observa o mar e imagino no que ele está p
Paloma Acordo no meu quarto impecavelmente arrumado após escutar barulhos no apartamento. Ainda estava escuro, como eu podia ver pela fresta na cortina da janela enquanto sentava na cama. Parecia que tinha alguém rindo, percebi enquanto ficava completamente imóvel. Ainda com a mente enevoada pelo sono, me levanto com uma inspiração profunda. Assim que abro a porta do quarto, avisto a luminosidade na sala e percebo que a garota com a qual eu divido o apartamento – Aurora - está com visitas. - Paloma! – ela exclama quando eu já fechava a porta do quarto – Vem cá! – ela aparece no pequeno corredor.&nbs
Caleb Tudo começou quando eu era um garoto de dezessete anos no final do ensino médio. Tudo que eu e meus amigos pensávamos era no fim da escola – que estava quase chegando – e em como iríamos tirar umas férias juntos antes da vida de adulto começar. Planejávamos fazer essa viagem desde os quinze anos. Eu costumava ficar entediado com frequência. As aulas pareciam incrivelmente longas e idiotas. Para mim tudo aquilo já tinha dado o que tinha que dar, era hora de sair da escola e nunca mais pisar ali – graças a Deus. As tardes sempre pareciam sem graça também, sem muitas coisas para fazer. Ten
Paloma - Você pode me dar um pouco de água? – Caleb me pede, interrompendo a sua narrativa. - Claro. – me levanto na mesma hora para pegar um copo na cozinha para ele. Quando volto, ele está segurando a cabeça com as mãos. Não consigo imaginar como ele está se sentindo. - Você está bem? – pergunto voltando a me sentar do seu lado. - Sim. – ele ergue a cabeça e pega o copo – É só difícil relembrar essas coisas. – vira o liquido numa golada só. – Obrigado. &
Caleb Fiquei com receio de voltar a praia no dia seguinte e Mia estar brava comigo, mas estava preocupado com ela e queria respostas. Então, fui mais cedo do que o os outros dias e parei diretamente no local mais afastado da praia, encostando as costas numa pedra mais ao fundo, dando a opção de ela não seguir adiante ao me ver. Minutos depois eu a vi andando de cabeça baixa, segurando um caderno entre o corpo e os braços, com suas mãos nos bolsos do moletom. Fiquei imediatamente nervoso, o coração batendo forte. Mia estava com raiva de mim? Quando ela ergueu os olhos e me viu, já estávamos perto o suficiente p