— Sydney, você está parecendo uma adolescente apaixonada. — Provocou Grace, entrando na sala de estar com um prato cheio de morangos, enquanto mordiscava alguns.— Não sei, Grace... — Murmurei, girando o celular entre os dedos e franzindo os lábios de preocupação. — Devo ligar pra ele? Ou não devo?Depois de todo aquele alvoroço com Mark e Lucas na festa, meu momento de reencontro com Lucas havia sido abruptamente interrompido. Ele insistiu em me deixar em casa, mas parecia estar com pressa. Ainda assim, fez questão de trocarmos números de celular antes de sair apressado. Desde então, não consegui tirá-lo da cabeça. Tenho enfrentado dificuldades para me concentrar no trabalho, já que meus pensamentos estão constantemente voltados para ele.Grace revirou os olhos e se jogou no puff que havia substituído a mesa no centro da sala. Estendeu o prato de morangos na minha direção.— Quer um? — Perguntou, fechando os olhos brevemente e suspirando de forma exagerada. — Estão bem suculentos.Bal
Abri os olhos com um sorriso nos lábios. Os pensamentos sobre Lucas desapareceram, dando lugar à inspiração e à energia criativa que tanto me faltavam. Peguei meus papéis de rascunho e minha caneta, pronta para dar vida às ideias que fervilhavam na minha mente. Minhas sobrancelhas se franziram em concentração enquanto meus traços ganhavam forma no papel. De tempos em tempos, alcançava minha garrafa de água para um gole refrescante e, em seguida, esticava o braço para examinar melhor o design que acabara de esboçar diante de mim, apertando os olhos para analisar cada detalhe.Como de costume, os desenhos não pareciam algo feito às pressas ou sem cuidado. Eram meticulosos, intencionais, quase como se já existissem antes de os colocar no papel.Quando finalmente saí daquele transe criativo e olhei ao meu redor, percebi que o dia já havia se transformado em crepúsculo. O parque, antes movimentado, agora estava quase vazio, com apenas algumas pessoas dispersas aqui e ali. Comecei a arrumar
O pneu do carro rangia contra o chão enquanto ele acelerava de repente na noite iluminada pela lua. Luigi dirigia rápido, mas de forma brusca. O trajeto estava repleto de solavancos, fazendo com que nós três no carro saltássemos repetidamente em nossos assentos.Se Lucas não tivesse ajustado meu cinto de segurança, era quase certo que eu teria voado pela janela aberta.— Luigi, pelo amor de Deus, você poderia diminuir a velocidade? — Gritei, agarrando-me com força à borda do assento.Os ombros de Luigi sacudiram enquanto ele ria no banco da frente.— É claro que não. — Ele lançou um breve olhar para trás. — Eu costumava ser piloto de corrida na F4. Se eu dirigisse devagar, como uma vovozinha, meus amigos ririam de mim, e eu perderia a corrida. Não se preocupe, apenas segure firme. Com essa velocidade, vou garantir que peguemos aquele ladrão!Ele então fez uma curva fechada com um drift, e, apesar do cinto, todos nos inclinamos para o lado. Acabei caindo, descontrolada, nos braços de Lu
Abri os olhos quando uma gargalhada profunda invadiu o ambiente, trazendo consigo uma sensação de melancolia. Virei-me em direção à fonte daquele som e, com um sorriso tranquilo, Lucas me tranquilizou:— Não tenha medo, Sydney.Embora o riso já não decorresse de seus lábios, seus olhos ainda cintilavam de alegria. Ele continuou:— Luigi pode dirigir de forma brusca, mas acredite, ele é um motorista extremamente habilidoso, experiente e talentoso. Nada de mal acontecerá. Recuperaremos sua mochila com vida.Engoli seco, balancei a cabeça e, mesmo assim, mantive firme meu aperto na borda do banco.Com uma condução ríspida, ele conduziu o carro pelas ruas mal iluminadas e vielas sombrias até que, enfim, encurralamos o ladrão num beco estreito e escuro - eu jamais o teria notado se não fosse pelo feixe luminoso dos faróis. Surpreendi-me com a rapidez com que ele havia sido encurralado. Fiquei impressionada e, naturalmente, aliviada por ver a perspectiva de reaver meus pertences.O ladrão, i
Ele balançava nossas mãos entrelaçadas de um lado para o outro enquanto caminhávamos, em silêncio, pelo parque, cada um imerso em seus pensamentos e deixando-se envolver pela tranquilidade da noite.No caminho, avistei uma luz adiante, acompanhada de uma aglomeração de pessoas. Apertei os olhos para enxergar melhor e, quase num sussurro, questionei:— Será que é um food truck?Por um breve instante, lancei um olhar para Lucas, que também fixava o ponto luminoso.— Acho que sim. — Respondeu Lucas, encolhendo os ombros com um ar de resignação.À medida que nos aproximávamos, a imagem se tornava mais nítida e, sem conseguir conter a empolgação, gritei:— Sorvete!Apontei para o objeto que anunciava sua presença com canções e voltei-me para Lucas, que agora exibia um sorriso cúmplice.— Vamos! — Disse, enquanto desvinculava nossas mãos. — Vamos comprar.Sem esperar por sua confirmação, corri em direção ao food truck. Assim que meu grito ecoou, algumas crianças se voltaram para mim. Enquant
Acenei lentamente, mas uma pergunta insistente se formava em minha mente: como ele sabia o que havia na mochila?— Como você sabia o que havia na mochila?Ele fez um gesto com a cabeça em direção à mochila:— O zíper está meio aberto.Olhei para ela e, num impulso involuntário, soltei um palavrão:— Merda!Rapidamente, coloquei a mochila no meu colo, temerosa de que algum dos meus preciosos desenhos pudesse ter escapado. Deduzi que o zíper provavelmente se abriu enquanto o ladrão a sacudia ou no momento em que Luigi a arrancou de suas mãos.Senti os olhos de Lucas fixos em mim enquanto eu cuidadosamente retirava os esboços e os conferia. Quando vi que estavam completos, um suspiro de alívio escapou de meus lábios.Ergui o olhar e, de modo desajeitado, senti a necessidade de oferecer uma explicação:— Tinha receio de que algum deles tivesse escapado e caído. — Consegui dar um sorriso.Acarinhado em sua forma de questionar, ele arqueou uma sobrancelha perfeitamente esculpida:— E algum s
Lucas suspirou antes de responder:— Porque não me deixaram voltar.— "Eles?" — Franzi as sobrancelhas, confusa, ao encará-lo. — Quem foi que não te deixou?Ele baixou os cílios e, num meio sorriso amargo, retrucou:— Meus familiares.Minha testa se cerrou profundamente enquanto eu tentava entendê-lo. Balancei a cabeça e perguntei:— Estou perdida. Poderia me explicar melhor?— Veja bem, você acabou de descobrir que Mark e eu somos parentes porque, na verdade, sou um filho ilegítimo. No início, não fui aceito na família. Eu era o segredo sujo deles, jamais mencionado ou discutido, escondido nos leitos de hospital. Meu pai, que fora marido da Doris, era meu elo com a família. Quando ele estava morrendo, o único desejo dele era que a família cuidasse bem de mim. Foi assim que, a contragosto, me acolheram de volta.Franzi o olhar e murmurei:— Então não foi que seu pai não teve tempo para você, ele estava… — Parei por um instante e, em um sussurro, completei: — Doente.Ele assentiu solene
PONTO DE VISTA DO MARK— Aqui está o relatório de monitoramento da Srta. Bella. — Ouvi meu assistente dizer.Murmurei uma resposta breve enquanto meus olhos voltavam, após alguns segundos, para os arquivos que continham todos os detalhes sobre os mais recentes investidores do Grupo GT. Foi então que, ao desviar o olhar, captei a silhueta do meu assistente apressado, já se encaminhando para a porta.Intrigado com tanta pressa, interrompi minha leitura. Meus olhos se voltaram para o relatório que eu havia pedido que ele entregasse. Embora desejasse analisar cada minúcia do relatório pessoalmente, meu tempo era escasso e minha intenção era pedir-lhe um resumo - Afinal, ele havia compilado o material com base na investigação conduzida pelo detetive particular que contratara. Contudo, ele já se encontrava fora de vista.Estendi a mão para pegar meu celular, quase discando para contatá-lo, mas interrompi meus próprios gestos. Meu olhar se voltou para o relatório abandonado ao lado da escriva