Ele balançava nossas mãos entrelaçadas de um lado para o outro enquanto caminhávamos, em silêncio, pelo parque, cada um imerso em seus pensamentos e deixando-se envolver pela tranquilidade da noite.No caminho, avistei uma luz adiante, acompanhada de uma aglomeração de pessoas. Apertei os olhos para enxergar melhor e, quase num sussurro, questionei:— Será que é um food truck?Por um breve instante, lancei um olhar para Lucas, que também fixava o ponto luminoso.— Acho que sim. — Respondeu Lucas, encolhendo os ombros com um ar de resignação.À medida que nos aproximávamos, a imagem se tornava mais nítida e, sem conseguir conter a empolgação, gritei:— Sorvete!Apontei para o objeto que anunciava sua presença com canções e voltei-me para Lucas, que agora exibia um sorriso cúmplice.— Vamos! — Disse, enquanto desvinculava nossas mãos. — Vamos comprar.Sem esperar por sua confirmação, corri em direção ao food truck. Assim que meu grito ecoou, algumas crianças se voltaram para mim. Enquant
Acenei lentamente, mas uma pergunta insistente se formava em minha mente: como ele sabia o que havia na mochila?— Como você sabia o que havia na mochila?Ele fez um gesto com a cabeça em direção à mochila:— O zíper está meio aberto.Olhei para ela e, num impulso involuntário, soltei um palavrão:— Merda!Rapidamente, coloquei a mochila no meu colo, temerosa de que algum dos meus preciosos desenhos pudesse ter escapado. Deduzi que o zíper provavelmente se abriu enquanto o ladrão a sacudia ou no momento em que Luigi a arrancou de suas mãos.Senti os olhos de Lucas fixos em mim enquanto eu cuidadosamente retirava os esboços e os conferia. Quando vi que estavam completos, um suspiro de alívio escapou de meus lábios.Ergui o olhar e, de modo desajeitado, senti a necessidade de oferecer uma explicação:— Tinha receio de que algum deles tivesse escapado e caído. — Consegui dar um sorriso.Acarinhado em sua forma de questionar, ele arqueou uma sobrancelha perfeitamente esculpida:— E algum s
Lucas suspirou antes de responder:— Porque não me deixaram voltar.— "Eles?" — Franzi as sobrancelhas, confusa, ao encará-lo. — Quem foi que não te deixou?Ele baixou os cílios e, num meio sorriso amargo, retrucou:— Meus familiares.Minha testa se cerrou profundamente enquanto eu tentava entendê-lo. Balancei a cabeça e perguntei:— Estou perdida. Poderia me explicar melhor?— Veja bem, você acabou de descobrir que Mark e eu somos parentes porque, na verdade, sou um filho ilegítimo. No início, não fui aceito na família. Eu era o segredo sujo deles, jamais mencionado ou discutido, escondido nos leitos de hospital. Meu pai, que fora marido da Doris, era meu elo com a família. Quando ele estava morrendo, o único desejo dele era que a família cuidasse bem de mim. Foi assim que, a contragosto, me acolheram de volta.Franzi o olhar e murmurei:— Então não foi que seu pai não teve tempo para você, ele estava… — Parei por um instante e, em um sussurro, completei: — Doente.Ele assentiu solene
PONTO DE VISTA DO MARK— Aqui está o relatório de monitoramento da Srta. Bella. — Ouvi meu assistente dizer.Murmurei uma resposta breve enquanto meus olhos voltavam, após alguns segundos, para os arquivos que continham todos os detalhes sobre os mais recentes investidores do Grupo GT. Foi então que, ao desviar o olhar, captei a silhueta do meu assistente apressado, já se encaminhando para a porta.Intrigado com tanta pressa, interrompi minha leitura. Meus olhos se voltaram para o relatório que eu havia pedido que ele entregasse. Embora desejasse analisar cada minúcia do relatório pessoalmente, meu tempo era escasso e minha intenção era pedir-lhe um resumo - Afinal, ele havia compilado o material com base na investigação conduzida pelo detetive particular que contratara. Contudo, ele já se encontrava fora de vista.Estendi a mão para pegar meu celular, quase discando para contatá-lo, mas interrompi meus próprios gestos. Meu olhar se voltou para o relatório abandonado ao lado da escriva
Entrei no meu carro e ultrapassei o limite de velocidade, acelerando em direção ao apartamento dela.Desde a festa de aniversário, da qual ela saiu chorando, não havia voltado para minha casa. Portanto, era natural supor que estivesse em seu próprio apartamento ou, talvez, tivesse decidido se refugiar aos ombros de seu amante.Bem, o que quer que fosse, eu descobriria quando chegasse ao apartamento dela.Nem sequer me dei ao trabalho de manobrar o carro até a entrada e estacionar corretamente. Simplesmente, parei o veículo, retirei a chave e subi correndo as escadas até o seu apartamento.Assim que alcancei a porta, não hesitei: bati com força, cerrando o punho contra a madeira.— Bella! — Gritei, despejando toda a raiva e a dor que fervilhavam em meu peito.Não houve resposta alguma do outro lado, mas fui implacável. Continuei a golpear a porta com furor.Quando levantei o punho para desferir o quarto golpe, vozes vieram até mim. Congelei a mão, deixando-a suspensa por um momento.Ent
PONTO DE VISTA DO MARKCorri atrás das enfermeiras enquanto elas a encaminhavam pelo hospital em uma maca. Não houve auxílio algum quando clamei por socorro depois que Bella começou a sangrar, mas assim que desci correndo, a ambulância já havia chegado. Sem hesitar, adentrei o veículo e segurei sua mão com firmeza, chamando seu nome repetidas vezes na esperança de que ela despertasse - mas seus olhos permaneciam fechados, impenetráveis.De repente, um médico despontou de um canto, com o estetoscópio pendurado de forma desleixada no pescoço. Enquanto acompanhávamos apressadamente as enfermeiras que empurravam a maca, relatei a ele tudo o que ocorrera.— Acho que alguém a atingiu, porque ela começou a sangrar repentinamente.O médico acenou em sinal de compreensão e, sem perder tempo, adentrou a enfermaria onde Bella fora encaminhada. Ela já estava acomodada em uma cama de hospital, enquanto uma barreira invisível impedia minha entrada. Eu não tinha permissão para entrar na enfermaria, e
— Ela já acordou? Posso vê-la agora? — Consegui, enfim, fazer minha voz funcionar.O médico balançou a cabeça e respondeu:— Ela ainda está dormindo por causa da anestesia que lhe foi administrada. Agora, vamos transferi-la para um quarto da enfermaria. Aguarde alguns minutos, logo ela estará acordada.— Obrigado.O médico assentiu com a cabeça e se retirou.Na recepção, tentei manter a paciência enquanto esperava Bella despertar, quando uma enfermeira se aproximou:— Sr. Mark, a senhora que o senhor trouxe foi transferida para um quarto e já se encontra acordada. Se estiver pronto para vê-la, irei acompanhá-lo até a sua ala.Levantei-me e balancei a cabeça, respondendo:— Por favor, me leve até ela. — Ela conduziu o caminho, e eu a segui. Passamos por vários outros quartos até que ela parou diante de uma porta. A enfermeira abriu-a e disse:— Aqui está o quarto dela, senhor.Adentrei o ambiente, e a enfermeira se ausentou. Encontrei Bella com a cabeça voltada para o lado oposto. Ela u
Uma onda de raiva irrompeu dentro de mim, não apenas por Sydney, mas por mim mesmo. Olhei para ela com desdém.— Não precisa jogar a culpa na Sydney, como sempre faz, nem tentar encobrir suas mentiras a transformando na vilã da história. Isso não tem nada a ver com ela. Aliás, não tenho contato com ela há tempos - desde o divórcio, para ser exato. Portanto, mantenha-a fora disso.— Acredite, desde que a Sydney...Eu fechei os olhos e cerrei os dentes com força, tentando domar a fúria que me consumia enquanto ela insistia.— Apenas cale a boca, Bella. Não preciso mais ouvir nenhuma de suas mentiras inventadas. Já ouvi o suficiente.— Mark...— Você deveria descansar. — Cortei novamente, interrompendo-a. — Estou saindo. Vou ligar para o Michael e para a Clarissa para que venham te buscar.Vi que o sangue parecia ter escoado do rosto de Bella. Seus olhos se arregalaram de pânico, e ela gritou, com a voz trêmula e o corpo em contorções.— Você está terminando comigo?Levantei as sobrancelh