O pneu do carro rangia contra o chão enquanto ele acelerava de repente na noite iluminada pela lua. Luigi dirigia rápido, mas de forma brusca. O trajeto estava repleto de solavancos, fazendo com que nós três no carro saltássemos repetidamente em nossos assentos.Se Lucas não tivesse ajustado meu cinto de segurança, era quase certo que eu teria voado pela janela aberta.— Luigi, pelo amor de Deus, você poderia diminuir a velocidade? — Gritei, agarrando-me com força à borda do assento.Os ombros de Luigi sacudiram enquanto ele ria no banco da frente.— É claro que não. — Ele lançou um breve olhar para trás. — Eu costumava ser piloto de corrida na F4. Se eu dirigisse devagar, como uma vovozinha, meus amigos ririam de mim, e eu perderia a corrida. Não se preocupe, apenas segure firme. Com essa velocidade, vou garantir que peguemos aquele ladrão!Ele então fez uma curva fechada com um drift, e, apesar do cinto, todos nos inclinamos para o lado. Acabei caindo, descontrolada, nos braços de Lu
Abri os olhos quando uma gargalhada profunda invadiu o ambiente, trazendo consigo uma sensação de melancolia. Virei-me em direção à fonte daquele som e, com um sorriso tranquilo, Lucas me tranquilizou:— Não tenha medo, Sydney.Embora o riso já não decorresse de seus lábios, seus olhos ainda cintilavam de alegria. Ele continuou:— Luigi pode dirigir de forma brusca, mas acredite, ele é um motorista extremamente habilidoso, experiente e talentoso. Nada de mal acontecerá. Recuperaremos sua mochila com vida.Engoli seco, balancei a cabeça e, mesmo assim, mantive firme meu aperto na borda do banco.Com uma condução ríspida, ele conduziu o carro pelas ruas mal iluminadas e vielas sombrias até que, enfim, encurralamos o ladrão num beco estreito e escuro - eu jamais o teria notado se não fosse pelo feixe luminoso dos faróis. Surpreendi-me com a rapidez com que ele havia sido encurralado. Fiquei impressionada e, naturalmente, aliviada por ver a perspectiva de reaver meus pertences.O ladrão, i
Ele balançava nossas mãos entrelaçadas de um lado para o outro enquanto caminhávamos, em silêncio, pelo parque, cada um imerso em seus pensamentos e deixando-se envolver pela tranquilidade da noite.No caminho, avistei uma luz adiante, acompanhada de uma aglomeração de pessoas. Apertei os olhos para enxergar melhor e, quase num sussurro, questionei:— Será que é um food truck?Por um breve instante, lancei um olhar para Lucas, que também fixava o ponto luminoso.— Acho que sim. — Respondeu Lucas, encolhendo os ombros com um ar de resignação.À medida que nos aproximávamos, a imagem se tornava mais nítida e, sem conseguir conter a empolgação, gritei:— Sorvete!Apontei para o objeto que anunciava sua presença com canções e voltei-me para Lucas, que agora exibia um sorriso cúmplice.— Vamos! — Disse, enquanto desvinculava nossas mãos. — Vamos comprar.Sem esperar por sua confirmação, corri em direção ao food truck. Assim que meu grito ecoou, algumas crianças se voltaram para mim. Enquant
Acenei lentamente, mas uma pergunta insistente se formava em minha mente: como ele sabia o que havia na mochila?— Como você sabia o que havia na mochila?Ele fez um gesto com a cabeça em direção à mochila:— O zíper está meio aberto.Olhei para ela e, num impulso involuntário, soltei um palavrão:— Merda!Rapidamente, coloquei a mochila no meu colo, temerosa de que algum dos meus preciosos desenhos pudesse ter escapado. Deduzi que o zíper provavelmente se abriu enquanto o ladrão a sacudia ou no momento em que Luigi a arrancou de suas mãos.Senti os olhos de Lucas fixos em mim enquanto eu cuidadosamente retirava os esboços e os conferia. Quando vi que estavam completos, um suspiro de alívio escapou de meus lábios.Ergui o olhar e, de modo desajeitado, senti a necessidade de oferecer uma explicação:— Tinha receio de que algum deles tivesse escapado e caído. — Consegui dar um sorriso.Acarinhado em sua forma de questionar, ele arqueou uma sobrancelha perfeitamente esculpida:— E algum s
Lucas suspirou antes de responder:— Porque não me deixaram voltar.— "Eles?" — Franzi as sobrancelhas, confusa, ao encará-lo. — Quem foi que não te deixou?Ele baixou os cílios e, num meio sorriso amargo, retrucou:— Meus familiares.Minha testa se cerrou profundamente enquanto eu tentava entendê-lo. Balancei a cabeça e perguntei:— Estou perdida. Poderia me explicar melhor?— Veja bem, você acabou de descobrir que Mark e eu somos parentes porque, na verdade, sou um filho ilegítimo. No início, não fui aceito na família. Eu era o segredo sujo deles, jamais mencionado ou discutido, escondido nos leitos de hospital. Meu pai, que fora marido da Doris, era meu elo com a família. Quando ele estava morrendo, o único desejo dele era que a família cuidasse bem de mim. Foi assim que, a contragosto, me acolheram de volta.Franzi o olhar e murmurei:— Então não foi que seu pai não teve tempo para você, ele estava… — Parei por um instante e, em um sussurro, completei: — Doente.Ele assentiu solene
PONTO DE VISTA DO MARK— Aqui está o relatório de monitoramento da Srta. Bella. — Ouvi meu assistente dizer.Murmurei uma resposta breve enquanto meus olhos voltavam, após alguns segundos, para os arquivos que continham todos os detalhes sobre os mais recentes investidores do Grupo GT. Foi então que, ao desviar o olhar, captei a silhueta do meu assistente apressado, já se encaminhando para a porta.Intrigado com tanta pressa, interrompi minha leitura. Meus olhos se voltaram para o relatório que eu havia pedido que ele entregasse. Embora desejasse analisar cada minúcia do relatório pessoalmente, meu tempo era escasso e minha intenção era pedir-lhe um resumo - Afinal, ele havia compilado o material com base na investigação conduzida pelo detetive particular que contratara. Contudo, ele já se encontrava fora de vista.Estendi a mão para pegar meu celular, quase discando para contatá-lo, mas interrompi meus próprios gestos. Meu olhar se voltou para o relatório abandonado ao lado da escriva
Entrei no meu carro e ultrapassei o limite de velocidade, acelerando em direção ao apartamento dela.Desde a festa de aniversário, da qual ela saiu chorando, não havia voltado para minha casa. Portanto, era natural supor que estivesse em seu próprio apartamento ou, talvez, tivesse decidido se refugiar aos ombros de seu amante.Bem, o que quer que fosse, eu descobriria quando chegasse ao apartamento dela.Nem sequer me dei ao trabalho de manobrar o carro até a entrada e estacionar corretamente. Simplesmente, parei o veículo, retirei a chave e subi correndo as escadas até o seu apartamento.Assim que alcancei a porta, não hesitei: bati com força, cerrando o punho contra a madeira.— Bella! — Gritei, despejando toda a raiva e a dor que fervilhavam em meu peito.Não houve resposta alguma do outro lado, mas fui implacável. Continuei a golpear a porta com furor.Quando levantei o punho para desferir o quarto golpe, vozes vieram até mim. Congelei a mão, deixando-a suspensa por um momento.Ent
PONTO DE VISTA DO MARKCorri atrás das enfermeiras enquanto elas a encaminhavam pelo hospital em uma maca. Não houve auxílio algum quando clamei por socorro depois que Bella começou a sangrar, mas assim que desci correndo, a ambulância já havia chegado. Sem hesitar, adentrei o veículo e segurei sua mão com firmeza, chamando seu nome repetidas vezes na esperança de que ela despertasse - mas seus olhos permaneciam fechados, impenetráveis.De repente, um médico despontou de um canto, com o estetoscópio pendurado de forma desleixada no pescoço. Enquanto acompanhávamos apressadamente as enfermeiras que empurravam a maca, relatei a ele tudo o que ocorrera.— Acho que alguém a atingiu, porque ela começou a sangrar repentinamente.O médico acenou em sinal de compreensão e, sem perder tempo, adentrou a enfermaria onde Bella fora encaminhada. Ela já estava acomodada em uma cama de hospital, enquanto uma barreira invisível impedia minha entrada. Eu não tinha permissão para entrar na enfermaria, e