— Boa noite, vovó. — Eu disse ao atender a ligação. Tentei soar o mais casual possível, mas estava morrendo de curiosidade para saber o motivo da chamada, enquanto as formalidades pareciam se arrastar.— Como você tem estado, querida? Já faz um bom tempo. — A voz estridente e familiar dela ecoou pelo viva-voz.— Estou bem, vovó. E a senhora, como está?— Estou bem, Sydney. Liguei para te convidar pessoalmente para o meu banquete de aniversário que acontecerá no domingo.Soltei um suspiro que nem percebi que estava segurando.— Então, vovó. — Comecei, sem saber muito bem como dizer aquilo de forma delicada. — A senhora sabe que eu me divorciei do Mark. Acho que não seria apropriado eu comparecer a um evento tão íntimo da família como esse.— Que bobagem! Você é da família, sempre será da família para mim.Meu coração se aqueceu com aquelas palavras e eu até funguei, mas ainda assim pretendia manter minha posição.— Eu sei, vovó, mas… e se eu celebrasse com a senhora de forma mais privad
Eu pressionei os lábios, resistindo ao impulso de soltar um gemido enquanto Grace adicionava os "toques finais" à minha maquiagem. Ela vinha fazendo esses "toques finais" na maquiagem e no vestido há mais de uma hora.— Grace… — Gemi, incapaz de permanecer calada por mais tempo. — O que você ainda está fazendo?!— Toques finais.— Toques finais.Dissemos ao mesmo tempo, e Grace caiu na risada. — Relaxa. Você não disse que queria chegar tarde? Estou aproveitando bem o seu atraso.— Sim, eu queria chegar tarde, mas agora estou muito atrasada. Aposto que o evento já deve ter acabado.Vovó Doris me mandou o convite, e já passou bem do horário indicado. Agora estou três horas atrasada.— Você está demorando tanto nessa maquiagem, eu não quero que ela fique pesada. E se chover? — Para ser sincera, meu traseiro já estava doendo, ficando dolorido de tanto ficar sentada no banquinho, mesmo sendo acolchoado.— Não está pesada, e não vai chover. — Ela murmurou distraída.— Grace… — Fui interrompi
— Mark... — Murmurou Bella, dando alguns passos para trás, quase inaudível.Mark virou-se para ela, com os olhos percorrendo-a de cima a baixo como se ela fosse um incômodo insignificante.— Além disso, por que está aqui?— É o aniversário da vovó Doris. Eu vim... — Gaguejou Bella, mas Mark a poupou do estresse, interrompendo-a.— Você sabe que ela não gosta de você. Foi por isso que não te convidou para essa festa. Se descobrir que você entrou escondida, vai ficar furiosa. Você sabe disso, então é melhor ir embora.Bella sentiu o peso das palavras dele e protestou, ressentida:— Não, eu vou me casar com você no futuro. Logo nos casaremos e nos tornaremos marido e mulher, e eu serei sua futura neta. Sou a futura neta dela. Ela não vai ficar brava por eu ter vindo comemorar seu aniversário com ela.Mark parecia atordoado, permanecendo em silêncio por alguns segundos enquanto a encarava. Então, respondeu lentamente:— O que você está dizendo? A vovó nunca permitiria que eu me casasse com
Depois da primeira vez em que fui adotada, meus tutores e lares adotivos se tornaram um borrão de rostos e lugares. Cada família para a qual fui enviada sempre me tratava mal, e tive sorte de ser esperta o suficiente para sempre encontrar uma maneira de escapar. Era como um redemoinho de repreensões e punições pelos funcionários do orfanato, por me comportar mal com os pais adotivos ou fugir da casa deles, e, antes que eu percebesse o que estava acontecendo, era adotada novamente e jogada em outra família amarga. Ter uma família doce e tranquila não era algo com que eu tivesse sido agraciada.Eventualmente, os funcionários do orfanato se cansaram de me dar em adoção, já que eu sempre voltava ou era devolvida. No final, decidiram me deixar pelo estabelecimento mesmo. Mesmo que alguém afirmasse que me desejava, eles simplesmente balançavam a cabeça e respondiam:— Sinto muito, ela não está disponível.Eu, sinceramente, também preferia a vida no orfanato. Apesar da comida horrível - ah, c
Não demorou muito para eu começar a me empanturrar de comida. O sabor era divino comparado ao lixo que nos davam no orfanato, e meu estômago guloso roncou ainda mais.Havia uma refeição completa: frutas, legumes, leite, vinho, bife... Podia-se nomear qualquer coisa. Eles tinham tudo naquela cozinha.— Quem é você?Uma das maçãs meio comidas que estava em minha mão caiu, e eu congelei. Virei-me lentamente e me deparei com um garoto de cabelos cacheados em uma cadeira de rodas. Se ele não tivesse a minha idade, seria um ou dois anos mais velho.Apesar de minha boca estar cheia até a borda, forcei um sorriso e levantei a mão no ar, desajeitada.— Oi. — Murmurei.O garoto apenas me encarou, e então seu olhar desceu até a maçã na minha mão. Sem graça, escondi a fruta atrás de mim, fixando os olhos nas rodas da cadeira dele.— Eu prometo e juro que não estou... — Comecei a falar, mas fui interrompida quando ele moveu a cadeira. No início, meu coração apertou de medo, mas ele apenas passou po
Ele me perguntou sobre o assunto e foi quando descobri que realmente gostava de design de joias. Então, ele me trouxe mais livros relacionados ao tema.Com o passar dos anos, enquanto amadurecíamos, Lucas se transformou em um jovem inteligente, e eu comecei a vê-lo como mais do que apenas um amigo. Sem perceber, comecei a me preocupar com a minha aparência sempre que sabia que o encontraria. Todos os dias, eu ansiava por vê-lo e passar um tempo ao seu lado.Quando completei dezesseis anos, tive certeza de que estava apaixonada por ele. E ele também parecia sentir algo por mim - só não sabia o quanto. Aos dezessete, Lucas e eu compartilhamos nosso primeiro beijo. Aconteceu debaixo da estante cheia dos livros sobre design de joias que ele havia me dado ao longo dos anos.Fomos um casal feliz por um tempo, até que a saúde de Lucas começou a se deteriorar. Ele desmaiava com frequência, e eu passei a vê-lo cada vez menos. A cada dia, o tempo que compartilhávamos começou a diminuir.Sempre q
PONTO DE VISTA DO MARKMeu maxilar se apertou, e senti minhas mãos tremendo ao lado do corpo antes de se fecharem em punhos ao ver aquele homem envolvendo Sydney em seus braços e apertando-a num abraço forte.Sem pensar, avancei com passos firmes, queimando de ciúmes, e puxei Sydney para longe do homem. Assim que ela estava fora do alcance, conectei meu punho ao rosto dele.O desgraçado cambaleou para trás, levando as mãos ao rosto.— Que diabos! Mark? — Ouvi Sydney gritar atrás de mim, mas isso não me deteve. Cruzei o espaço que nos separava e acertei outro soco no rosto dele. Desta vez, ao cambalear para trás, ele caiu no chão.— Mark! Saia de cima dele agora mesmo! — Era a voz da vovó, mas eu estava incontrolável.Montei sobre ele e desferi outro soco em seu rosto. Quem ele pensava que era para surgir do nada e agarrar Sydney daquele jeito?Quando puxei o braço para golpeá-lo novamente, sua palma segurou meu punho. Com a boca sangrando, ele a abriu e cuspiu as palavras mais irritant
— Sydney, você está parecendo uma adolescente apaixonada. — Provocou Grace, entrando na sala de estar com um prato cheio de morangos, enquanto mordiscava alguns.— Não sei, Grace... — Murmurei, girando o celular entre os dedos e franzindo os lábios de preocupação. — Devo ligar pra ele? Ou não devo?Depois de todo aquele alvoroço com Mark e Lucas na festa, meu momento de reencontro com Lucas havia sido abruptamente interrompido. Ele insistiu em me deixar em casa, mas parecia estar com pressa. Ainda assim, fez questão de trocarmos números de celular antes de sair apressado. Desde então, não consegui tirá-lo da cabeça. Tenho enfrentado dificuldades para me concentrar no trabalho, já que meus pensamentos estão constantemente voltados para ele.Grace revirou os olhos e se jogou no puff que havia substituído a mesa no centro da sala. Estendeu o prato de morangos na minha direção.— Quer um? — Perguntou, fechando os olhos brevemente e suspirando de forma exagerada. — Estão bem suculentos.Bal