Gabriel pousou com a Mônica perto de uma casa enorme no meio de uma floresta. Mônica queria saber onde estavam e que lugar era aquele, mas Gabriel nada disse. Segundos depois, Uriel surgiu no mesmo lugar. Avisou que tinha enterrado o homem e mais tarde levaria a menina para o local.
O problema atual era deixar a garota segura. Afinal, ela não poderia viver sozinha. Uriel que estava tenso, pegou a sua espada e começou a andar com cuidado. Ele visivelmente não gostava do lugar.
- Está com medo, Uriel?
- E não é para estar? Doppelgangers podem ser perigosos. Ainda mais quando sabem de mais.
- Doppelganger? - Mônica perguntou curiosa.
- Existem outros mundos, Mônica. Cada mundo tem pessoas iguais a esse mundo. Ou seja, duplicadas de pessoas desse mundo. Ou em outras palavras, várias Mônicas. - Gabriel explicou de forma tranquila.
- E elas fazem a mesma merda que eu faço.
- Não. Algumas fazem pior.
- Meu pai sempre falou que o universo é enorme. Agora vejo que tem muitas coisas além do enorme.
Enquanto falavam, se aproximavam cada vez mais da casa. Gabriel notou as câmeras a cada dez metros e como isso era o sinal de que a pessoa na casa já sabia da presença deles. Uriel estava nervoso. Gabriel tinha enorme respeito e admiração pelo amigo, afinal, Uriel foi o único que realmente lutou contra Samael quando ninguém mais quis. Foi Uriel que baniu Samael para a Terra. Tudo isso fazia de Uriel, o anjo mais temido do céu. Bom, abaixo de Azrael. Mas Uriel tinha um problema com humanos, apesar de ser corajoso e mais corajoso que Gabriel conhecerá, humanos não era a preferência de Uriel. Mesmo que sua doppelganger seja um humano, a raça humana colocava medo nele.
- Por que vocês mortais precisam ser tão... Assim? - Uriel perguntou para Mônica ao apontar as câmeras.
- Tu fala como se fosse imortal. - Gabriel falou ao revirar os olhos. - Até agora nenhuma flecha foi atirada.
- Quero saber o que estou fazendo aqui. Ela tem problemas contigo. Será que vou morrer de bobeira?
- Ela? É perigosa? - Mônica perguntou.
- Apenas com quem deixa ela nervosa. - Uriel respondeu. - E Gabriel deixa todo mundo nervoso.
- Então só o Gabriel corre o risco de morrer? - Mônica falou.
- A menina tem razão. - Uriel falou mais tranquilo.
- Que drama! Até parece que ela tem algo contra mim.
Ao chegarem na varanda da casa, vários tipos de armas foram ativadas e apontadas em direção do Gabriel. Apenas para o Gabriel.
- Ela tem algo contra ti. - Uriel falou com um sorriso no rosto. - Se prepara menina, tu verá um anjo virar peneira. - Gabriel olhou irritado para Uriel.
- Aí? Tu sabe que sou um anjo? Não serão essas arminhas que irão me matar. - Gabriel falou em desafio para a casa.
- Anjo? Só estou vendo um homem magricelo, de olhos castanhos, alto e muito feio. - Uma voz feminina foi ouvida. - Se tu é um anjo, então são todos feios.
Mônica então olhou para Gabriel, realmente o homem ali nem se parecia com Gabriel. Antes um ser bonito, agora apenas alguém normal. O homem ali parecia muito fraco.
- Mas que porra! - Gabriel falou irritado.
- Olha a língua, Gabriel! Tem crianças aqui. E isso nem é a atitude de um anjo. - A voz feminina falou de forma sarcástica.
- Como está fazendo isso? Tu é uma mera humana. - Gabriel falou de forma nervosa.
- Tem duas espadas angelicais cravadas aqui, anjinho.
- Duas? É necessário que anjos estejam segurando. Tem dois anjos aí dentro? - Uriel falou sussurrando para Gabriel.
- Divertido, né Uriel? - a voz falou lá dentro.
- Tu está torturando dois anjos? Gabriel estava visivelmente chocado com a situação.
- Que isso? Até parece que sou má. - Mônica só ouvia a voz. Mas tinha certeza que a mulher colocou a mão no peito como se tivesse sido magoada.
- Tá. Eu sei que tu me odeia. Mas preciso da tua ajuda.
- Tu diz isso para todo mundo, Gabriel. - A voz falou braba.
- Eu não falo isso para todo mundo.
- Sim. Tu fala para todo mundo. - Uriel se sentou na escada.
- Qualé? De que lado tu está?
- Do lado que não quer morrer.
- O que tu quer, Gabriel? - A voz parecia não ter mais paciência para nada.
- Deixa eu entrar? Parece que eu sou um mero humano novamente. Um homem fraco, uma menina de 10 anos e um anjo de olhos puxados precisam entrar. O que é curioso, deveriam ter três humanos aqui.
- Não tenho problemas com Uriel, Gabriel. Mas antes, me responda: o que é Sanatana Dharma?
- Isso é hinduísmo, mulher.
- O que é hinduísmo?
- Sei lá! Um estilo de vida que vai além de uma mera religião?
- Pelo jeito não precisa da minha ajuda. - a voz falou em tom decidido.
- Tá bom, tá bom! Sanatana Dharma tem a ver com a busca da verdade plena. Dharma é todo o viver reto ou bom. Dharma gera karma bom. Karma sem Dharma, é ruim. Então se tu busca viver a vida de forma correta, coisas boas acontecerão. Caso contrário, só karma ruim. Dessa forma, todos somos livres, mas sofremos as consequências de nossos atos.
- Que lindo! Estou até emocionada. Então por que tem um monte de arma apontada para ti?
- Eu vou saber? Tu é maluca! Mas deve ser porque fui atrás de ti e te tirei da tua vida maravilhosa.
- Sabe, tu fica bonitinho sendo sarcástico. Se não fosse um anjo, eu daria uns pegas em ti. A resposta correta é que tudo isso que está acontecendo é por culpa tua.
- O que eu fiz agora, caramba?
A questão toda é que no passado, Gabriel, enquanto humano, foi responsável pela destruição do seu mundo. Isso gerou a criação de um novo mundo, onde o mesmo acontecimento quase ocorreu. Só não foi a mesma coisa por causa de três mulheres.
- Sabe que essa questão da morte, tem a ver com os teus atos?
- Meus? Foi o desaparecimento da Azrael.
- Sanatana Dharma, Gabriel. Teus atos sempre terão consequências. Não coloque a culpa nos outros.
- E os teus? Se tenho culpa, tu também tem. Uriel também tem.
- Tá esperto, Gabriel! Mas ainda não é confiável.
- Tu acha que é melhor que eu?
- Acho. Tanto que tenho armas apontadas para ti.
- Outra coisa errada. Se tem espadas cravadas aí, essas armas não funcionam.
- Eu com isso? Vai fazer o quê?
- Isso. - Gabriel se preparou para arrombar a porta. Mas quando uma flecha passou bem perto da orelha direita dele, ele desistiu.
- Que foi? Não vai fazer nada.
- Isso é impossível!
- Isso é legal não é? Ter um poder incrível e ter a oportunidade de brincar com os outros. Gostei!
- Eu tô nem aí pra mim! Mas tem uma garota que precisa de ajuda aqui. E tu, sua psicopata maluca, é a única pessoa humana que ela pode confiar agora.
- Tu gosta de ofender quem pode te matar? Onde estão os pais dela?
- Mortos. Digo, realmente mortos.
Sentados na escada, Mônica e Uriel esperavam calmamente final feliz. Ou trágico. Vai se saber!
- Ele não vai morrer, né? Vai ficar como todo mundo? - Mônica perguntou.
- Não sei. Eu não sei o que tem nessas flechas e nem Gabriel sabe. Então não dá para prever o que vai acontecer.
- O que ela quis dizer com "é culpa do Gabriel"? O mundo estar assim é por causa dele?
- Em partes. Todos nós temos culpa pelo que acontece no mundo. Geralmente acreditamos que nossas ações só afetam a nós, mas elas afetam outras pessoas, que vão afetar outras mais. Tudo que fazemos, tem consequências em todo universo. Por isso as pessoas devem morrer. Sem mortes, o mundo se torna nisso aí. Com a presença da morte, as pessoas estão lutando e tentando melhorar o mundo. Sem morte, quem liga?
- Aí, vocês dois! Ela permite que entrem. Só vocês. - Gabriel falou e apontou o dedo do meio para casa. Uma flecha passou raspando pelo dedo dele e ele abaixou a mão.
Mônica e Uriel entraram na casa. Era uma casa enorme. A sala era tão grande que Mônica pensou que poderia ter quatro casas só na sala. Uma mulher negra começou a descer a escada enorme e veio em direção aos dois. O sorriso dela era doce e encantador. Com cabelos todo trançado, a mulher parecia uma rainha.
- Olá Uriel!
- Olá Denise!
Os dois se abraçaram como se fossem grandes amigos. Uriel sorria feliz, o que deixou Mônica confusa.
- É tão estranho te ver dessa forma.
- Sabe quem sou eu?
- Claro que sei. Sempre fui curiosa. E busquei saber quem cada um de vocês eram. Quais eram as suas histórias ou prováveis histórias.
Uriel abraçou a mulher de forma carinhosa.
- Doppelganger não são sempre ruins.
Denise sorriu. A felicidade por ter Uriel ali era visível.
- Qual o real problema com Gabriel?
- Ele me dá nos nervos. É isso. E essa mocinha?
- Mônica. - A menina respondeu estendendo a mão. Denise cumprimentou a garota com um sorriso.
- Prometemos para o pai dela. Foi o último desejo dele.
- Entendo. Então curaram ela e tiraram da cidade. Afinal, como explicar uma cura não é?
- Exatamente.
- A Débora. O que houve com a doppelganger dela?
- Morreu. A Emma deu o beijo da morte nela.
- Estranho como a minha filha vive morrendo. Gabriel estava lá?
- Estava.
- Isso faz parte da tradição. Débora morre e Gabriel está no local.
- E a Débora desse mundo?
- Não sei. Ela, a Emma e a Nathália, estão desaparecidas. Talvez isso seja bom. Se tivessem mortas, eu saberia né? A morte é imã para vocês, né?
Denise levou os dois até uma mesa e serviu chá com bolachas. Uma curiosidade: o narrador é gaúcho. Por isso é bolacha, carioca ssafado!
- Mas em relação ao meu amado marido, Victor. Sei onde ele está.
- Isso é bom.
- Ele é prisioneiro de um tal Morte. Esse cara, que é um homem. Está trabalhando com demônios. E quando humanos de envolvem com demônios, vocês agem?
- Sim. Mas atitudes demoníacas estão meio que normais atualmente.
- Samael. Ele está envolvido com Samael.
- Samael? Lúcifer? - Uriel se levantou num puro. - Isso muda muita coisa. Se Samael está envolvido, isso não é nada bom.
- Minhas fontes dizem que duas garotas estão em perigo. E suas famílias também. Se algo ruim acontecer a essas garotas, algo terrível pode acontecer.
- Qual o nome delas?
- Amanda e Zoé.
- Droga!
- Conhece?
- As doppelgangers sim. Se forem iguais, o que provavelmente são, então teremos problemas.
- E tem outra, Samael quer que a Deise, amiga da Amanda, morra. O motivo não sei. É tudo que a fonte informou.
- Isso é suficiente.
Após mais umas duas horas de conversas e com a Mônica conhecendo o seu novo lar, Uriel se despediu de Denise com um abraço. Também abraçou a Mônica e desejou tudo de bom pra ela. Depois saiu da casa e encontrou um Gabriel com cara de poucos amigos na rua.
- 3 horas. 3 malditas horas. Tavam se pegando? - Mais uma flecha passou raspando pela sua cabeça.
- Eu ouvi isso! - Denise falou de lá de dentro
Quando deixaram o local, Gabriel pôde voltar a sua forma de anjo e abandonadar a aparência da doppelganger dele.
- A desgraçada estava acompanhada de anjos?
- Não.
- Mas isso não faz sentido.
- As espadas estavam nos fundamentos da casa. Só um ser poderia fazer isso.
- Miguel.
- Miguel. Isso explica muitas coisas. E também explica a nossa nova missão.
- Nova missão?
- Precisamos ir até a Zoé e Amanda desse mundo. Conheci as duas no outro mundo e como Samael tá envolvido com as duas.
- Samael? Como assim?
- Samael decidiu voltar a Terra. Zoé do outro mundo, poderia curar um doente. Amanda matar.
- Espera, isso quer dizer que uma das duas pode ser a doppelganger da Azrael. A doppelganger que irá se tornar a Azrael.
- Sim.
- Por que não disse isso antes?
- Porque é necessário algo grande. Não tínhamos nada grande nesse mundo. Nada de específico. Agora temos. Eu fico com a Amanda.
- Por quê?
- Porque eu quero, cacete!
- É por isso que tu se dá bem com aquela lá.
- Olha a flecha! - Uriel gritou. Gabriel se encolheu e tentou se cobrir, mas nada aconteceu. Uriel sorriu e apontou uma flecha numa árvore.
- Eu não menti.
Poucas coisas são fáceis de explicar. Anjos, doppelgangers, realidades alternativas, sumiço da personificação da morte, não estavam entre elas. Por isso já faziam três horas que Gabriel e Uriel tentavam explicar para o pequeno grupo reunido em uma casa perto de uma floresta.Anteriormente, Gabriel conseguiu levar Jairo e Zoé até onde Uriel, Ellen, Deise e Amanda estavam. Apesar da alegria das meninas pelo reencontro depois de mais de um e meio, nada seria como antes ou como esperado.Gabriel concordava com a Denise, sua chegada sempre era acompanhada de alguma coisa ruim. Talvez fosse ele a causa secreta de tudo. Mas agora não tinha como pensar nisso. Com os cinco em conversas agitadas, Uriel chamou Gabriel de canto.- Eu não consigo mais me teletransportar.- Eu também não. Como isso é possível?- Não sei.- Eu sei. - Uma mulher loira e de olhos azuis esverdeados estava deitada e de forma bem espaçosa num sofá. A
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