Tentei gritar, mas ele tapou minha boca com violência.
-Quietinha, escutou, vai ser rápido. Se você gritar eu corto o seu pescoço, te mato escutou? - ele disse enquanto abria o cinto.
Eu tentava me desvencilhar mas ele era forte, e abusou de mim com violência, enquanto olhava nos meus olhos com o seu sorriso amarelo. Sentia o forte cheiro de álcool misturado com suor. Parecia um pesadelo.
Quando terminou ele, me empurrou na cama, fechou as calças e disse:
-Acho que vou fazer uma troca você é mais gostosa que a sua mãe - dando risada - vai ser muito muito gostoso ter você aqui. E se lembre se abrir o bico eu mato você, e sua mãe também.
E saiu rindo acendendo mais um cigarro.
Eu fiquei jogada na cama, sem reação, só lágrimas brotavam nos meus olhos.
De manhã ouvi o barulho da porta e corri pra falar com a minha mãe, eu precisava contar tudo aquilo rápido pra ela mandar aquele homem horrível embora de casa.
-Mãe, mãe - eu apareci chorando
Ela me encarava séria, com os olhos bordados de maquiagem da noite anterior.
-O James mãe…ele abusou de mim, quando a senhora foi trabalhar - eu gritava chorando.
-o que você está me dizendo, isso é verdade, James? - ela disse, quando olhei pra trás o meu padrasto saia de dentro do quarto com um olhar cínico.
-Eu não sei do que sua filha está falando, eu cheguei, tomei umas cervejas e fui dormir - ele disse cínico bocejando.
-Helena, vai dormir e para de inventar história - disse minha mãe jogando a bolsa no sofá.
-Eu estou falando a verdade mãe, eu sou sua filha, ele abusou de mim, me estuprou! E disse que se eu dissesse algo para alguém me mataria!
Os dois riram.
-O James não mata nem uma barata Helena, para de falar besteira, se continuar falando que meu maridinho me traiu eu vou ser obrigada a te bater - ela disse brava enquanto acendia um cigarro com as mãos tremendo - pega uma cerveja pra mim neném, essa noite foi cansativa - disse se dirigindo ao James.
-Claro, boneca - ele disse me olhando com um sorriso nos olhos.
Voltei para o meu quarto sem reação, minha própria mãe não iria me defender depois de eu ter sofrido abuso. Aquele homem fez o que quis comigo e minha mãe ficou contra mim, comecei a arrumar minhas coisas com a vista embaçada pelas lágrimas que se acumulavam.
Saí na sala, eles não estavam mais lá, mas podia ouvir risadinhas no quarto, e barulhos na cama, senti um nojo terrível.
Olhei para a frente da tv e a chave do carro vacilava, não pensei duas vezes, eu já tinha tido aulas na autoescola, era hora de colocar em prática.
Sai cantando pneus, olhei pelo retrovisor e o nojento do James tentava correr atrás do carro de cuecas, em vão, eu ganhei a estrada com velocidade.
Estava fugindo de um inferno, para encontrar outro.
Cheguei na casa do meu namorado antes das sete da manhã, ele era o meu único refúgio, sabia que ali sim eu seria acolhida e amada.Procurei o meu celular na bolsa e dei um soco no volante quando notei que o havia esquecido naquela casa, droga!Corri para a porta da frente, que estava aberta, estranhei e entrei. Meu corpo tremia de toda a tensão das últimas horas, eu não via a hora de desabafar nos braços do meu namorado. Uma música vinha do quarto, estranhei que era cedo e o John só trabalhava na parte da tarde. Quando cheguei em frente a porta do quarto meu mundo caiu pela terceira vez naquela semana.Na cama estavam o John e a Vick, minha melhor amiga, nus, rodeados por garrafas de bebida.-Porque? - Só foi o que consegui pronunciar com a voz falhando.Eles olharam um para o outro, e aparentemente não sentiam culpa, nem remorso.-Bom, agora você já sabe, acabou Helena - disse o John vestindo uma bermuda.-Como assim? Vocês estão tendo um caso, vocês me traíram! - eu gritava-Pare d
Enquanto dirigia eu sentia o corpo inteiro anestesiado, em pouco tempo eu tinha perdido o meu pai, sido abusada, e me tornado uma assassina.Minha vida havia acabado, eu não sabia o que fazer, só precisava sair da cidade o quanto antes, pois além de ter passado por tudo isso, eu poderia ser presa.Ainda não tinha tido tempo de contar, mas sabia que na mochila tinha muito dinheiro, daria para me virar por um tempo, e conseguir uma nova identidade.Ao chegar no centro da cidade, busquei pelos tais homens com placas de "vende-se ouro", o John, o traidor do John, uma vez me disse que aquelas homens sabiam onde arrumar qualquer coisa legal ou ilegal.Andar em meio ao caos, foi terrível e extasiante, pessoas gritavam, pediam dinheiro, vendiam coisas, mal percebiam o meu péssimo aspecto.-Olá, como eu consigo um documento aqui? - perguntei a um homem velho, com a tal placa.Ele me olhou de cima a baixo, e me indicou o prédio do governo que emitia documentos.-Estou falando de identidade fals
Mas o que aconteceu aqui? - disse uma enfermeira magrinha, que parecia ter a minha idade.O tal James não respondeu, virou as costas e começou a mexer no celular, como se toda aquela situação não tivesse a menor importância para ele.- Meu nome é Ane, fico feliz que tenha acordado, sua boca deve estar seca, aposto! mas fica tranquila que vou trazer algo para você beber - disse a simpática enfermeira disse enquanto recolocava o soro com todo o cuidado e delicadeza.Ane tinha um perfume tão doce quanto a sua voz, me senti mais calma com a sua presença, ela tinha um rosto angelical, era sorridente, e muito bonita.O cabelo era um Chanel preto perfeito, as unhas curtas mas impecáveis, a pele era branca mas levemente bronzeada, e os dentes de um branco invejável.Ane parecia aquelas enfermeiras de filme, de tão perfeita.- Vou avisar o Dr Cesar que você acordou- ela disse enquanto ajeitava o travesseiro - ele já vem falar com você! Enquanto isso busco o seu suco - ela deu uma olhada tímida
-Você deve estar super empolgada com a alta! Ficar no hospital deve ser terrível, como paciente digo – diz Ane entrando no meu quarto pela manhã abrindo as cortinas com seu jeito agitado.Nós ficamos muito próximas nesse período em que estive internada, acabei descobrindo que Ane é filha do Dr Cesar, como ela diz, a medicina está no sangue da família, sua mãe que havia morrido em um acidente de carro foi uma médica tão reconhecida como o pai.Mas ela decidiu cursar enfermagem, a faculdade de medicina era muito longa e exigia uma dedicação que Ane definitivamente tão tinha. Ela gostava de ser livre, aproveitar o mar no fim de tarde, e viajar para praias distantes sempre que possível, era uma caiçara nata!Os pais haviam trabalhado por anos em um importante hospital de São Paulo, mas quando Ane nasceu decidiram abrir uma clínica na cidade do sol, assim poderiam dar uma melhor qualidade de vida para ela, longe da violência e do caos da cidade grande.O que me aproximou de Ane foram os
- Eu vou ficar com você durante sua recuperação – ela disse batendo palminhas – o James me contratou, aliás ele pediu uma indicação de enfermeira, e claro, eu me candidatei! Eu fiquei feliz e aliviada de não ir sozinha para a casa daquele sujeito mal humorado, além do mais a Ane era incrível, uma excelente companhia, animada, gentil, e competente como enfermeira. Mas por outro lado, ela não parava de falar um minuto, os meus planos de ter paz e sossego para escrever o meu livro, estavam em perigo! -Você não parece animada, o que foi? Não quer minha companhia - ela disse cruzando os braços e fazendo beicinho como uma criança mimada. -Para de ser boba, estou feliz e aliviada em ter você comigo esses dias, mas o seu pai conseguirá ficar sem você aqui na clínica? – perguntei para disfarçar meu incômodo. -Meu pai disse que tudo bem, afinal a clínica está bem tranquila e tem toda uma equipe para ajudar. Ele percebeu como a gente se deu bem e acha que será bom pra você – ela disse enqua
- Senhoritas, o jantar será servido – disse uma simpática senhora funcionária da casa dando uma leve batida na porta.-“Senhoras o jantar será servido”, imitou Ane com ironia - caraca! Nunca pensei que o James fosse tão careta! – disse enquanto empurrava minha cadeira pelo corredor.-E não sou - ouvi uma voz atrás de mim e imediatamente senti aquele perfume que me deixava inebriada – todos os empregados são contratados pela minha mãe, então são todos muito formais, para mim tanto faz.Ane ficou muda, eu podia sentir a tensão no ar, mesmo estando de costas para os dois.-Deixa que eu assumo daqui – James tomou a cadeira de Ane e começou a empurrar – como você foi recebida natacha? Espero que muito bem, eu precisei resolver alguns assuntos na lancha, por isso não pude te receber, mas quero que fique, aliás que vocês duas fiquem a vontade, a casa é de vocês. Se divirtam, usem a piscina a sauna, enfim não se preocupe com nada, só com a sua recuperação.Eu fiquei em silêncio, ele nem parec
Após o jantar, fomos até o escritório, James e eu, Ane ficou em nossa suíte organizando algumas coisas.O luxuoso escritório ficava em um anexo da casa, do outro lado da piscina, era todo de vidro com uma vista belíssima do mar, a noite era ainda mais lindo, só a lua iluminava sua imensidão.Assim como a casa, a decoração era minimalista, com um sofá de couro branco, mesa de vidro, computador de última geração, e muitos livros. Um único porta retrato dava um ar pessoal ao lugar, era um foto do James e da noiva na times Square, ela era realmente linda, olhos verdes, e sorriso perfeito, eles pareciam radiantes naquela foto. -Agora eu vou te apresentar o incrível mundo dos investimentos! Aliás quanto você tem? – ele perguntou enquanto posicionava minha cadeira ao lado da sua de estofado que parecia ser incrivelmente confortável.Quando ele se sentou, nossos braços se tocavam a cada movimento dele no mouse, o toque, o perfume estavam me deixando inebriada, ele ficava ainda mais lindo c
Me desculpe.. – ele disse se afastando e passando a mão pelos cabelos, gesto que eu já tinha notado que ele fazia ao ficar desconcertado- eu não deveria ter te beijado, não sei o que me deu...-Tufo bem, eu também queria – eu disse ainda saboreando aquele momento – mas isso não pode mais acontecer, você tem uma noiva, e eu sei o quanto uma traição pode custar caro! -E como você sabe disso? – ele me olhava surpreso.-Porque eu já fui traída, e sei o quanto ser apunhalada pelas costas destrói uma mulher! -a lembrança me arrepiou.-Não querendo me justificar mas meu relacionamento não anda nada bem..a gente só briga, vive longe um do outro, só estamos juntos por pressão social...isso é fato, mas nada disso faz sentido, eu só senti o impulso de te beijar, mas não sei nem porque ...- ele continuava a andar de um lado para o outro – está tarde, amanhã falamos mais sobre essa questão de investimentos, tudo bem? Vou te levar lá pra dentro.Ele começou a empurrar a cadeira de rodas delicadame