Murilo:Após me despedir de July, segui em direção à casa da minha mãe. Havia uma regra não escrita em nossa família que todos deveriam visitá-la todos os dias. Minha irmã, apesar de casada, não deixava de cumprir essa tradição, sempre acompanhada do meu sobrinho. A proximidade de nossas casas tornava esses encontros diários algo fácil e prazeroso, fortalecendo os laços familiares.Durante o caminho, meu pensamento insistia em voltar para July. Ela possuía um charme peculiar, uma doçura que a tornava excepcionalmente atraente, mas também percebia uma certa inocência que a deixava vulnerável. Túlio, por sua vez, parecia explorar essa ingenuidade de uma maneira que me incomodava profundamente.Era evidente que July merecia alguém que realmente a valorizasse, que lhe oferecesse o respeito e o carinho que ela claramente merecia. No entanto, ela parecia se contentar com as migalhas que Túlio lhe oferecia. Embora ele fosse meu amigo, eu não conseguia ignorar sua postura displicente e as con
— Parece que hoje ainda não é o seu dia, Túlio! Continuo sendo o melhor nesse jogo — falei, entusiasmado, após vencer mais uma partida. Túlio resmungou, frustrado, e passou o controle para Marcelo.— Você precisa derrotar esse cara. Alguém tem que apagar esse sorriso do rosto dele — Túlio brincou, mas havia um toque de irritação na sua voz. Ele pegou seu celular e a bebida, franzindo a testa ao olhar a tela. — A July já está enchendo o saco. Ela me irrita cada dia mais. Não entendo essa garota. Ela quer que eu fique grudado nela o dia todo, mas não deixa rolar nada entre nós. — Ela já te explicou que quer esperar o momento certo. Paciência é uma virtude, cara — Marcelo comentou, mantendo a calma.— Mas já são meses nessa espera. Ela é cheia de palhaçada, um saco! — Túlio reclamava, claramente frustrado.— Cara, dá um tempo pra ela. O momento vai chegar. Você sabia desde o início que ela era virgem e que queria esperar. Por que a pressa agora? — Tentei aconselhar, buscando manter a tr
July:Estava na casa de Cristine quando recebi uma ligação de Túlio, informando sobre uma festa que Marcelo estava planejando.— O Marcelo está organizando uma festa na casa dele hoje e fez questão de que te convidasse — comentei, enquanto observava Cristine espalhar geleia nas torradas com uma habilidade que só ela tinha.— Você vai? — Ela me olhou, a curiosidade transparecendo em seu olhar.— O Túlio disse que passaria na minha casa mais tarde, então acho que sim.— Mas é realmente o que você quer? Ou está indo só para agradar o Túlio? — Perguntou, com um leve tom de deboche na voz.— Acho que dessa vez, eu realmente quero ir. Sinto que preciso me distrair um pouco. Você vem comigo, não é? — Questionei transmitindo, entusiasmo na minha voz.— E ficar vendo você grudada no Túlio a noite toda? Não sei não — ela brincou.— Por favor, Cristine, vai ser divertido. Vamos lá — insisti, adotando um tom manhoso, na esperança de convencê-la.— Tudo bem — ela cedeu, um sorriso se formando em s
Depois de um dia inteiro mergulhada na companhia de filmes e risadas com Cristine, senti que era hora de retomar minhas responsabilidades. Com um suspiro de relutância, levantei-me do conforto do sofá, sentindo a mudança de ambiente enquanto me preparava para enfrentar o mundo lá fora. Cristine acompanhou-me até a porta, nos despedimos com um abraço caloroso, um desses que só boas amizades sabem oferecer, repleto de gratidão e carinho.— Cuide-se, e qualquer coisa, me liga — ela disse, com um tom maternal que me fez sorrir.— Pode deixar, obrigada por hoje — respondi, apertando suas mãos brevemente antes de me afastar.Caminhando em direção à minha casa, sentia o vento fresco da tarde brincar com meus cabelos, carregando consigo as preocupações que eu tentava organizar em minha mente. Precisava ligar para os meus pais para checar como estavam, algo que se tornara mais um ponto de conforto do que uma mera obrigação. A bagunça em casa também esperava por mim.Perdida em meus pensamentos
— É só uma questão com o meu pai... depois de anos, ele decidiu aparecer e fazer papel de bom samaritano — Murilo confessou, olhando para o chão com um sorriso que m@l disfarçava a amargura. Sua voz baixa refletia a turbulência interna que aquela situação despertava.— Quer entrar e conversar um pouco? Guardar isso só pra você não é bom. Às vezes, desabafar ajuda — sugeri, minha voz transbordando uma empatia genuína. Eu me inclinei levemente em sua direção, tentando encorajá-lo a se abrir.— Não sei se é uma boa ideia... o Túlio pode não gostar e eu quero evitar confusões — ele disse, forçando um meio sorriso que não alcançou seus olhos, que permaneciam sombrios e inquietos.— Vamos, Murilo, ele não manda em mim. Somos amigos, não é? — Insisti, tocando levemente seu braço em um gesto reconfortante enquanto abria o portão com a outra mão. — Vamos conversar um pouco, ele não vai se importar.Murilo hesitou, seu olhar alternando entre o portão aberto e meu rosto. Respirou fundo, o peito
— Mas não se preocupe, está tudo bem, eu já superei — ele tentou sorrir, forçando uma expressão de tranquilidade que seus olhos tristes traíam. O sorriso não chegava a iluminar seu rosto, era evidente a falta de convicção em suas palavras.— Eu só não quero que ele force a barra. Ele escolheu seu caminho e agora deve arcar com as consequências. Eu não tenho que aceitar nada disso — Murilo continuou, sua voz firmando-se com a determinação de quem tentava convencer a si mesmo tanto quanto a mim.— Deve ser realmente complicado — falei, oferecendo a ele um olhar compreensivo. Minhas palavras eram sinceras; eu queria que ele soubesse que estava ali para o que precisasse. Era difícil imaginar completamente o que ele estava passando, mas meu desejo era ser um porto seguro onde ele pudesse ancorar suas preocupações.Murilo se recostou no sofá, as almofadas absorvendo parte de sua tensão. Ele parecia aliviado por compartilhar uma parte do seu drama, como se o simples ato de verbalizar seus se
— Novamente, obrigado por me escutar, July. Desculpe se tomei muito do seu tempo com os meus problemas — Murilo disse, oferecendo um sorriso agradecido que iluminava seu rosto, evidenciando o alívio que sentia após nossa conversa.Eu rapidamente sacudi a cabeça, dispensando suas preocupações com um gesto suave.— Imagina, Murilo, você não me incomodou de forma alguma. Na verdade, eu gosto de conversar com você, me sinto bem na sua companhia — respondi, retribuindo o sorriso, sentindo uma conexão genuína que confortava e enriquecia o ambiente.Ele me entregou a taça vazia e, num gesto involuntário, minha mão tocou a dele. Um breve contato que, embora acidental, desencadeou uma corrente elétrica suave entre nós. Nossos olhos se encontraram e, por um instante, senti um calor involuntário subir pelo meu rosto, tingindo minhas bochechas de uma leve corada.— Eu também me sinto à vontade conversando com você, July. Você tem um jeito especial, que faz com que eu me abra mais facilmente — Mur
Novamente, nossos olhos se encontraram, prendendo-se um ao outro em uma conexão profunda que ultrapassava as barreiras das palavras. Era uma troca de olhares carregada de emoção e de uma atração não verbalizada, que enchia o espaço entre nós com uma eletricidade quase palpável. Os sorrisos que compartilhamos transcendiam os simples gestos de cortesia; eles teciam um elo invisível, mas intensamente sentido, que parecia nos puxar irresistivelmente para mais perto um do outro.A respiração de Murilo sincronizava com a minha, cada inalação e exalação se entrelaçando, intensificando um redemoinho de sensações que percorria todo o meu ser. Seu olhar, intenso e ponderado, percorria meu rosto, estudando cada detalhe como se gravasse cada traço na memória. Essa atenção meticulosa fazia meu coração acelerar, cada batida ressoando como um tambor em meus ouvidos, amplificado pelo silêncio que nos envolvia.Quando sua mão tocou delicadamente minha face, o calor de seu toque penetr0u minha pele, es