— É só uma questão com o meu pai... depois de anos, ele decidiu aparecer e fazer papel de bom samaritano — Murilo confessou, olhando para o chão com um sorriso que m@l disfarçava a amargura. Sua voz baixa refletia a turbulência interna que aquela situação despertava.— Quer entrar e conversar um pouco? Guardar isso só pra você não é bom. Às vezes, desabafar ajuda — sugeri, minha voz transbordando uma empatia genuína. Eu me inclinei levemente em sua direção, tentando encorajá-lo a se abrir.— Não sei se é uma boa ideia... o Túlio pode não gostar e eu quero evitar confusões — ele disse, forçando um meio sorriso que não alcançou seus olhos, que permaneciam sombrios e inquietos.— Vamos, Murilo, ele não manda em mim. Somos amigos, não é? — Insisti, tocando levemente seu braço em um gesto reconfortante enquanto abria o portão com a outra mão. — Vamos conversar um pouco, ele não vai se importar.Murilo hesitou, seu olhar alternando entre o portão aberto e meu rosto. Respirou fundo, o peito
— Mas não se preocupe, está tudo bem, eu já superei — ele tentou sorrir, forçando uma expressão de tranquilidade que seus olhos tristes traíam. O sorriso não chegava a iluminar seu rosto, era evidente a falta de convicção em suas palavras.— Eu só não quero que ele force a barra. Ele escolheu seu caminho e agora deve arcar com as consequências. Eu não tenho que aceitar nada disso — Murilo continuou, sua voz firmando-se com a determinação de quem tentava convencer a si mesmo tanto quanto a mim.— Deve ser realmente complicado — falei, oferecendo a ele um olhar compreensivo. Minhas palavras eram sinceras; eu queria que ele soubesse que estava ali para o que precisasse. Era difícil imaginar completamente o que ele estava passando, mas meu desejo era ser um porto seguro onde ele pudesse ancorar suas preocupações.Murilo se recostou no sofá, as almofadas absorvendo parte de sua tensão. Ele parecia aliviado por compartilhar uma parte do seu drama, como se o simples ato de verbalizar seus se
— Novamente, obrigado por me escutar, July. Desculpe se tomei muito do seu tempo com os meus problemas — Murilo disse, oferecendo um sorriso agradecido que iluminava seu rosto, evidenciando o alívio que sentia após nossa conversa.Eu rapidamente sacudi a cabeça, dispensando suas preocupações com um gesto suave.— Imagina, Murilo, você não me incomodou de forma alguma. Na verdade, eu gosto de conversar com você, me sinto bem na sua companhia — respondi, retribuindo o sorriso, sentindo uma conexão genuína que confortava e enriquecia o ambiente.Ele me entregou a taça vazia e, num gesto involuntário, minha mão tocou a dele. Um breve contato que, embora acidental, desencadeou uma corrente elétrica suave entre nós. Nossos olhos se encontraram e, por um instante, senti um calor involuntário subir pelo meu rosto, tingindo minhas bochechas de uma leve corada.— Eu também me sinto à vontade conversando com você, July. Você tem um jeito especial, que faz com que eu me abra mais facilmente — Mur
Novamente, nossos olhos se encontraram, prendendo-se um ao outro em uma conexão profunda que ultrapassava as barreiras das palavras. Era uma troca de olhares carregada de emoção e de uma atração não verbalizada, que enchia o espaço entre nós com uma eletricidade quase palpável. Os sorrisos que compartilhamos transcendiam os simples gestos de cortesia; eles teciam um elo invisível, mas intensamente sentido, que parecia nos puxar irresistivelmente para mais perto um do outro.A respiração de Murilo sincronizava com a minha, cada inalação e exalação se entrelaçando, intensificando um redemoinho de sensações que percorria todo o meu ser. Seu olhar, intenso e ponderado, percorria meu rosto, estudando cada detalhe como se gravasse cada traço na memória. Essa atenção meticulosa fazia meu coração acelerar, cada batida ressoando como um tambor em meus ouvidos, amplificado pelo silêncio que nos envolvia.Quando sua mão tocou delicadamente minha face, o calor de seu toque penetr0u minha pele, es
Depois de conversar com July, retornei para casa, envolto em um turbilhão de sentimentos contraditórios. Havia algo na maneira como ela sorria, um brilho inocente em seus olhos, que me deixava perturbado. Era como se cada encontro acidentalmente arquitetado pelo destino, fosse um teste para a minha moralidade.Ela é namorada do meu melhor amigo, sempre me tratou com cordialidade, sem jamais insinuar algo mais. E eu? Eu me debatia internamente com a realidade de que desejava mais do que deveria. Era uma luta diária, uma batalha contra meus próprios desejos.Cada vez que via July, uma onda de frustração me invadia. Túlio, com sua indiferença e falta de apreço, não via o tesouro que tinha e isso me corroía por dentro. Eu sabia que ela era um limite que eu jamais deveria ultrapassar, mas como ignorar o coração?Lutando contra esses sentimentos, eu me via constantemente atraído por ela, como um navio à deriva, sendo puxado por uma maré irresistível. "Não posso", eu me repreendia, mas a ten
Após concluir a arrumação da minha casa, deixando cada canto impecável, resolvi ligar para meus pais e minha irmã. Ao telefone, suas vozes transbordavam alegria, enquanto descreviam a festividade na casa de Juliana. Conseguia visualizar claramente a cena alegre e descontraída através de seus relatos entusiasmados. Ao final da conversa, reafirmei minha promessa de me juntar a eles na próxima semana, criando uma expectativa agradável para o próximo encontro.Enquanto finalizava minha maquiagem, dando os últimos retoques para realçar meus traços, o celular vibrou com uma nova mensagem. Era de Cristine. Pousei o pincel de maquiagem e peguei o celular, curiosa para saber o que minha amiga tinha a dizer naquele momento.Cristine estava animada para nossa noite de diversão. Ela me enviou uma foto do seu look, um vestido curto e justo com um decote ousado, salto alto e uma maquiagem marcante. Elogiei sua beleza e, a pedido dela, enviei uma foto do meu próprio look: um conjunto de três peças p
Ao nos aproximar da casa, o som vibrante da música e as risadas animadas já indicavam que a festa estava a todo vapor. Lá fora, um grupo animado se reunia e eu podia apenas imaginar a energia contagiante que dominava o interior da casa.Desci da moto com cautela. Túlio, guardou nossos capacetes e segurou minha mão, guiando-me para dentro da casa. Seu elogio veio de forma suave, uma mudança surpreendente após seu comportamento anterior.— Você está linda, meu amor. Muito gostosa mesmo — disse ele, com um sorriso que quase me fez esquecer sua atitude de minutos atrás. Sorri, tentando corresponder à sua gentileza, mesmo que internamente eu estivesse confusa com suas oscilações de humor. Queria aproveitar a noite, não criar conflitos.— Fico feliz que tenha gostado — respondi, tentando manter a leveza. Ele me beijou, rapidamente, e suas palavras seguintes me deixaram um tanto aflita, mas disfarcei minha inquietação.— Hoje você será minha!Caminhando em direção ao quintal, Túlio cumprimen
Lutando contra a vontade, tentei desviar meu olhar de Murilo, mas meus olhos teimavam em traçar um caminho diretamente para ele, e cada vez que o faziam, meu coração acelerava, batendo em um ritmo frenético e desordenado.À medida que Murilo se aproximava, uma conexão invisível, mas intensa, parecia nos envolver. Por um breve instante, esqueci-me de todos ao redor, perdida na conexão de nossos olhares. Sabia que não havia nada de errado em simplesmente olhar para ele, mas a maneira como meu corpo reagia, transformava aquele simples ato em algo proibido."Será que somos destinados a ser melhores amigos? É a única explicação para esta conexão tão forte", pensava eu, tentando racionalizar meus sentimentos.Observei Murilo cumprimentando a todos com seu habitual carisma. Quando se aproximou de Túlio, o perfume característico chegou antes dele, uma fragrância única que sempre me cativou. Após o cumprimento, ele veio em minha direção. Seus olhos encontraram os meus, e senti um calafrio perc