Eu paralisei no lugar assustado com suas palavras enquanto ela andava de um lado para o outro em frente a cama, como se andar para lá e para cá fosse lhe dar coragem de pedir o que queria. — Eu... fiquei pensando ontem, depois de tudo. — Gabriela respirou fundo e andou em minha direção. — Vocês fazem uma bagunça, muito sangue, mutilação e partes pra todo lado. — Suas mãos abanavam nervosas no ar enquanto ela falava. A última coisa que imaginei que ela iria pedir foi isso. — É, tortura não é um passeio no parque. Não tem como entrar na chuva e não querer se molhar. — Mas e se tiver? Posso te mostrar isso hoje, me deixa fazer isso. — Gabriela você tem ideia do que está me pedindo? Isso não é uma brincadeira, machucar uma pessoa, quebrá-la até que ela fale... — Destruir ela de fora pra dentro é o que vocês fazem, mas você pode fazer isso de dentro. — Sua voz se tornou mais baixa ao se aproximar de mim. — Você só tem que mexer com sua mente. O medo da morte lenta, sufocante, seu cére
Os dias pareciam um borrão na minha mente, desde o dia em que quase matei um homem afogado na cabana Oliver passava menos dias em casa. Ele havia sentado comigo e explicado sua história com Blake, então reuniu todos de casa e avisou que estávamos em guerra. Que merda eu entendia disso? Nada! Guerra para mim era o que acontecia em outros países bem longe daqui, onde o exercito era necessário e várias pessoas morriam. Como dois rivais que tentavam ter todo o controle fariam uma guerra na maior cidade do estado da Pensilvânia? Com muito sangue, essa era a resposta! A segurança era máxima e o único lugar que eu estava liberada para ir era até a academia treinar, eu fingia não ver que Ane se esgueirava por aí e passava até mesmo dias longe, enquanto ela me mandasse mensagens dizendo que estava bem eu ficaria tranquila, afinal não se pode prender uma onça arisca como ela. Já Magie, pobre menina, estava confinada a ficar em casa trancada com a segurança reforçada e agora que não tinha mai
Os tiros voltaram a atingir a porta fazendo Mag gritar e chorar ao lado de Tony, que ainda fazia pressão contra seu ferimento. Ele rapidamente puxou a garota para baixo unindo todas as forças e ignorando a dor, até que Mag estivesse protegida por seu corpo. — Se abaixe Gabriela! — ele rosnou sobre a dor, querendo se certificar que estávamos protegidas. Mas eu não estava pensando nisso, só conseguia pensar que tudo aquilo era por minha causa, Oscar estava morrendo engasgado no próprio sangue, Tony estava ferido, Magie correndo risco e os outros três seguranças estavam mortos do lado de fora. E tudo porque eu estava com Oliver. — Vai desejar morrer quando colocarmos as mãos em você sua gostosa! — um deles gritou me causando um enjoou com suas palavras, seja lá o que quisessem comigo eu era apenas um caminho para atingir Oliver, mais um peão nesse jogo de xadrez. Fariam comigo o mesmo que ele fazia na cabana ou até pior. Os disparos voltaram a atingir o metal da porta, mas dessa vez
O monstro que eu sempre mantinha preso e o mostrava apenas nos momentos certos, estava se debatendo dentro de mim, querendo sair e rasgar a garganta do primeiro que cruzasse meu caminho. A academia do meu amigo estava destruída, perfurada de bala em tantos lugares que eu duvidava que uma reforma adiantaria, mas foi quando entrei nos fundos onde os policiais se aglomeravam que meu estado piorou. Avistei Gabriela e Mag intactas fisicamente, mas destruídas psicologicamente se abraçando, ao fundo vi Tony, com uma toalha ensanguentada no abdômen tentando erguer o tronco com dificuldade. Mas foi a visão do meu amigo de anos, que agora não passava de um corpo, deitado no chão com os olhos sem vida abertos me encarando, foi ali que girou a chave dentro de mim me fazendo ver vermelho. Eu ia matar o responsável de forma lenta, jurei acreditando que Blake fosse o mandante de toda aquela merda, mas surpresa me varreu ao ouvir o único homem capturado com vida confessar que Monty os tinha contra
— Achamos a localização dele. — foi a informação que Jackson entregou a Oliver e me chamou atenção enquanto tomávamos café dois dias depois. Sabia que estavam falando de Monty, era a prioridade de caça no momento, já que Blake parecia ter recuado desde os últimos ataques e Monty tinha colocado um preço por minha cabeça atraindo todos os mercenários. — Você decide o que fazer. — Oliver falou me encarando esperando por uma reação. — Do que estão falando? — Ane perguntou parecendo genuinamente curiosa. — Monty foi quem ordenou o ataque a academia. — Respondi vendo Magie rapidamente atenta. — Seja lá o que decidir faça-o sofrer! — ela tinha sentido na pele o que aquela loucura causou, mesmo que nós duas não tivéssemos saído machucadas fisicamente. — Ele merece pagar pelo que fez a Nana e a você. — Ane disse concordando com Magie. — Eu não conhecia esse Oscar que vocês falaram, mas ele parecia uma boa pessoa, então eu voto com Ane, o faça sofrer. — Preparem-se, hoje vamos ter um chu
As coisas estavam andando, mas para onde realmente eu não sabia. Eram poucas as certezas que eu tinha ultimamente, naquele momento com Gabriela acordando ao meu lado abraçada em meu peito, como tinha sido nas últimas semanas, eu conseguia listar as minhas poucas certezas. Primeiro ela havia se tornado uma parte essencial em minha vida, minha fuga da realidade, a mesma fera selvagem e às vezes doentia como eu, meu lar, minha mulher. Segundo era que Blake tinha que morrer para que eu pudesse ter paz. Estava aí a curta lista de certezas que eu tinha nas últimas semanas, mas até mesmo essas poucas certezas estavam em uma corda bamba. Pra começar eu sentia Gabriela distante, não precisava ser um gênio para saber que algo estava diferente e que não conseguia se abrir comigo. Ainda por cima Blake tinha resolvido sumir do mapa, nenhum recado sangrento, nenhum ataque, tudo estava assustadoramente silencioso. Mesmo depois da minha retaliação e da morte de Monty ele não fez nada. Observei
— Calma Oliver, calma. — O bastardo continuou sentado na cadeira enquanto me olhava tranquilamente, não se importando que eu estivesse apontando uma arma para seu peito. — Tem um atirador de elite com você na mira nesse exato momento, então um tiro sai dessa sua arma e outro acerta seu cérebro.Encarei as janelas dos prédios a nossa volta em busca de algo que confirmasse suas palavras, mas sabia bem que o desgraçado não era burro de vir até aqui se arriscando com um blefe.— O que você quer? Se não posso te matar então é melhor ir embora antes que eu foda com as nossas vidas. — Continuei com a mira certeira nele, qualquer movimento suspeito e estaria descarregando o pente em seu peito.— Você não vai, sabe como eu tenho essa certeza? Porque têm uma mulher em casa, para quem você está louco para voltar! — ele cruzou as mãos em minha mesa enquanto soltava o que sabia sobre minha vida. — Eu tenho uma proposta para você, vou direto ao ponto suas empresas estão ótimas pelo levantamento que
Meu coração parou de bater no momento em que Oliver falou que esteve na mira de um atirador. Eu sabia que tudo o que ele fazia era perigoso e já tínhamos ficado nessa situação os dois, mas agora era diferente.Meus sentimentos por ele tinham tomado proporções que eu não imaginava, não acreditava que conseguiria me apegar a um homem novamente, mas com ele era amor de verdade, dividíamos mais que alguns momentos quentes.Nós estávamos juntos, não tínhamos usado rótulos, era mais do que óbvio que as coisas estavam ficando mais sérias, do contrário ele não me deixaria por aí dando ordens em seus homens, cuidando das cargas e até mesmo lidando com alguns de seus compradores.Oliver não deixava ninguém chegar muito perto dos seus negócios, nem mesmo Jackson tinha toda essa liberdade que ele me dava, ele confiava suas coisas sobre meus cuidados e seus homens me respeitavam.Não precisava de um pedido ou que ele fizesse uma cena de declaração, seus sentimentos por mim e suas atitudes fala