— David, o que você está fazendo? — indaguei, porém, ele ignorou a pergunta e arrastou sua cadeira para o lado da minha. Olhei em torno e por mais que estivéssemos afastados do grande salão do restaurante, ainda assim era possível ser percebidos. — David…
— Relaxa, só vou provar a minha sobremesa.
— Não é justo, quer usar sexo para me amansar.
— Eu acho super justo, mas se quiser podemos selar um acordo.
— Que tipo de acordo?
— Se eu te fizer gozar em menos de dois minutos, estou perdoado e o assunto Orion morre aqui.
— Hahahaha, impossível — desdenhei. Ele gargalhou convencido.
— Acho que isso é um sim.
Curvei os lábios, não devia, mas estava muito excitada com a proposta.
— Fechado. — Fiz menção de me levantar, imaginando que estrearíamos a sacada que protagonizou o nosso primeiro beijo. Enganada eu estava, David havia traçado seus próprios planos. — Não… Aqui? —
Senti sua mão puxar em pequenas camadas o tecido
Todos os convidados pararam de conversar e bebericar suas taças assim que adentramos no salão, os olhares comiam a gente com aspectos distintos, alguns com curiosidade, outros de queixo caído mesmo — mais conhecido como recalque. Jamais havia me sentido tão observada, exposta. Conforme avançávamos, os pescoços quase quebravam acompanhando cada passo que dávamos. Apertei a mão de David quando o nervosismo me atingiu, embora os rostos não fossem desconhecidos, a exposição pareceu desenfarpelar toda a confiança que reuni antes de entrarmos ali.— Aurora, que vestido lindo! — Fui praticamente assediada por Samantha, uma amiga que fiz questão de exterminar. Melissa contou para a fofoqueira o que houve, em mais um de seus atos imbecis e a desgraçada não guardou o segredo nem para o cachorro. — Nossa, Aurora, como você mudou. — E claro, que seus olhos ouriçados estavam em cima de David.Digamos que seria quase impossível passar batida nesta festa, meu executivo contratou uma
Obviamente que tentei conversar com David sobre seu irmão, sei lá, era estranho, distante e frio o relacionamento dos dois. O irmão mais velho, porém, sequer permitiu um avanço:— Infelizmente… eu e o Nicholas não temos uma boa relação e é só o que precisa saber.Rolei os olhos descontentes, contudo, aceitei o limite imposto por ele e nunca mais tocamos no assunto até o próprio estar em carne e osso diante de nós.— David, seu irmão — avisei, indicando na direção com a cabeça. Tia Paula logo abriu um sorriso forçado.— Ah, sim, que pessoa divertida é o seu irmão. Jorge e eu ficamos muito gratos quando ele aceitou o convite. Eu vou procurar a Melissa, já volto. — A irritante saiu para dar espaço ao sarcasmo do Nicholas que se aproximou a passos largos.— O
— Aurora… — Alguns convidados interromperam, sei lá o quê que a falsiane iria proferir. A interação durou alguns segundos e logo após voltou sua atenção aos meus olhos. — Eu contei tudo para o Ruben.— Ela praticamente colou em mim. — Ele sabe de tudo e aceitou.— Nossa, admiro a sua coragem — murmurei de volta. — E admiro ainda mais o Ruben por confiar em você.— Quando soube do seu namoro com o David, achei que você falaria, então contei primeiro.— Não tenho sua índole, Melissa.— Sei que não, talvez tenha perdido a alma quando a traí, portanto, preciso do seu perdão para seguir — ela falou baixinho, contudo, todo o alvoroço da festa, a música alta, o falatório dos convidados, era indiferente, parecíamos protegidas por uma bolha. — Aurora, eu recebi o pior dos castigos, perder você, sua amizade, seu carinho e, acima de tudo, seu respeito, tirou uma parte do brilho que tinha pela vida. Acredite em mim, eu me arrependo tanto.— Melissa, eu…
Franzi o cenho, confusa.O que ele fazia na adega sem o meu tio...? Voltei para o garçom que começou a secar a lambança com vários panos de chão, um outro garçom veio ao seu socorro, então me senti confortável para sair.— Desculpe, sei que te dei trabalho.— Oh, não é nada, senhorita, eu que peço desculpas. Seu vestido sujou?— Acho que não. — Dei uma olhada rápida, o vestido estava intacto. — Com licença.Distanciei-me seguindo para a parte de trás da casa onde ficava a adega, desci os degraus de madeira com certa dificuldade por conta do salto fino, enruguei a renda no quadril para ter melhor visão do chão. Mesmo antes de concluir a descida, julguei estranho o silêncio, mas também suspeitei que David, o devasso incontrolável, poderia ter armado alguma surpresinha para
— Aurora… Aurora…Ah…? Quem… oi… uma voz melódica, calma, macia, soou próxima ao meu ouvido. Despertei de um pesadelo horrível e tudo desadormeceu assim que consegui despregar os olhos, inclusive dores musculares. Ai… cada músculo se fez presente, dolorido, latejante.O que aconteceu comigo, afinal? Fui atropelada ou caí de um penhasco?— Mãe! — murmurei, a visão tornando-se possível. — O que aconteceu? Onde estou?— Filha, você desmaiou, calma, estava com a pulsação muito baixa por conta da notícia, sofreu um colapso nervoso e veio para o hospital — ela explicou, movendo os dedos no meu cabelo. — Como se sente agora?— Hospital? Notícia? Por que eu desmaiei?— Você não lembra?— Não. Cadê o David?A pergunta surg
Fiz um esforço sobrenatural para assimilar tudo, sem chorar descontroladamente.— Entendi, celular confiscado, mas e nós, ficamos aqui, parados?— Teoricamente, sim, tem peritos no local do sequestro verificando possíveis provas. Estamos analisando as imagens das câmeras da casa e da região. Também vamos interrogar os funcionários do buffet e todos os convidados.— E os pais do David já sabem?— Sim, estão a caminho. — A voz bateu no espaço, Nicholas, descendo as escadas, logo identifiquei a roupa que usava, uma calça de moletom e camiseta, as peças preferidas do irmão para ficar em casa. O caçula atravessou a sala segurando meu olhar. — Você está melhor? — inquiriu, dobrando os joelhos para que seus dedos suavizassem as gotas que não controlei.— Estou... seus pais?— Abal
— Aurora! — Athos me chamou para perto dele. — Olhe essas fotos, são dos funcionários do buffet. Alguém lhe é familiar? Talvez tenha visto em algum lugar em sua rotina ou do David? — Entregou as fotos.— Deixa eu ver.Folheei cada foto, não me lembrando de nenhum rosto. Pessoas comuns que nunca vi na vida. Contudo... faltava alguém. O garçom que esbarrei, não havia ninguém com sua fisionomia entre as fotos, para ter certeza folheei três vezes, ao contrário poderia me equivocar.— Alguém? — ele indagou, intrigado.— Na realidade, falta alguém. Um garçom que tombou comigo no salão, o incidente aconteceu minutos antes de eu descer para a adega, acarretando muitas taças no chão. Não tem ninguém aqui que pareça com aquele homem — afirmei e devolvi as fotos.&mdash
Hélio ergueu a minha cabeça que antes estava suspensa, seus dedos em gomo sustentaram meu queixo.Ele ansiava pelos meus olhos e obteve somente um, o outro vedado pela pálpebra inchada estava inútil. Olhou-me fleumático, demonstrando frieza, ânsia e repulsa movimentaram meu estômago assim que o hálito de cigarro barato vindo dele atingiu meu rosto. Segurou então meu maxilar com firmeza, meneando-o de um lado para o outro. Gargalhou como um verdadeiro sádico, enquanto avaliava a destruição feita.— Desculpe, não me apresentei decentemente naquele dia, minha filhinha estava um tanto histérica. — Ele soltou meu rosto com brutalidade, o deixei cair com o embalo da violência de sua ação, erguendo-o em seguida com certa dificuldade. — Te garanto, meu genro, que isso ela puxou da mãe. Agora o resto é do paizão aqui, diga-se