Ascensão
Ascensão
Por: Breno G.A Oliveira
Prólogo

O frio de Draesill penetrava até os ossos enquanto subiam a grande parede de gelo de Azrariel ao sopé da montanha. Outrora fora lar dos antigos elfos, deuses mortos na antiga Bellion. A parede fora construída a dois mil anos, uma dádiva dada aos que sobreviveram aos ataques lançados em Bellion.

Brenariel carregava consigo um pequeno odre gasto à cintura enquanto subia ao topo fervorosamente. O vento ali soprava frio. Um momento de descanso era o suficiente para perder completamente o calor de seu corpo, e bastava apenas um deslize para que perdesse toda aquela altura que havia conseguido e atingisse o chão numa queda de setecentos metros. A parede era íngreme, e suas mãos estavam duras demais para que se conseguisse dobrar os dedos. Por um instante deixou-se levar pela fraqueza e seu pé de apoio escorregou afora, caindo alguns centímetros.

–Está ficando lento, irmão.— dissera o irmão Anphoros enquanto o segurava pelo braço, cansado e com fumaça saindo pela boca devido ao frio intenso.— Ou será que estaria eu te superando?

E o puxou para cima, com um hunf esganido

–Ha! Continue sonhando, talvez um dia consiga.—Disse Brenariel, com o aspecto pálido e exausto. Sua manta era de seda e trazia às suas costas uma pesada espada longa, com o punho de marfim envolto de uma fina linha de ouro. A lâmina era longa e fria. Fria em sua cor e aspecto, aparentava um prata escuro, quase negro, e possuia ao longo, pequenos entalhes gravados no idioma antigo. Era chamada de A Não Nomeada, ou algo como "nome impronunciável". Havia lendas as quais diziam que a lâmina pertencera a Azrariel no período da grande guerra contra os humanos.

–Veja! Chegamos! —Anphoros levava um manto de seda às costas, numa bolsa qualquer, velho e gasto com o tempo.

Usava botas de couro cozido e uma grossa calça de peles. Um grande e espesso manto negro caía-lhe sobre o corpo, cobrindo-o por completo.

Brenariel usava vestes mais nobres, com um manto de pele de lince sobre as costas, cota de malha cozida e trabalhada em prata e finas folhas de ouro bordadas ao peito. Dentre os irmãos, era o mais habilidoso, desde pequeno já mostrava aos mestres de armas grandes aptidões com a espada, com lanças e arcos. Suas habilidades com mapas e cartas também supreendia aos meistres, possuía alto conhecimento sobre as histórias do passado, da conquista de Klaus, O imortal, a dois mil anos atrás,  até às presentes canções de recentes heróis do mundo atual.

Caminhavam ao encontro da Árvore-mãe, onde jazia o falecido elfo Jaezel, O justo. O último pilar do povo élfico que impedia outros povos de possíveis invasões a Draesill.

—fuuu!! Fuuu!! Aah! Que merda, porquê caralhos têm que haver uma árvore no alto de uma montanha? Isso é loucura!— o irmão suspirava e reclamava sem parar.

—Isso é magia.— explicava Brenariel enquanto prosseguia montanha acima.— tanto a dádiva de Azrariel quanto a montanha são alimentadas por magia. Isto é o que impede os humanos e outros povos de nos atacarem. Nosso povo aprende a dominar a magia desde que nascemos e, com ela, mantemos a dádiva e a motanha como escudos do reino.

—Foi retórico irmão. Conheço a historia de nosso povo.—Anphoros rebateu.— posso não conhecer como você, herdeiro. Mas conheço bastante.

Diferentemente da escalada, o caminho até o topo foi calmo, cansativo devido às tagarelices de Anphoros, mas calmo. Encontraram com o irmão mais novo Pherasmo já em frente a Árvore-mãe, rezando à Jaezel, num cântico qualquer no idioma antigo. Estava bem trajado, com vestes que caíam-lhe bem ao corpo, inteiramente pretas. Possuía olhos purpúreos, diferente dos irmãos que eram verdes. Sua voz soava calma e bela. Ao seu lado havia uma harpa, inteiramente de marfim e cordas de aço.

—Estão atrasados.—foi só o que dissera. Sem nem olhar para trás.

—Você que está adiantado.—disse Anphoros.

—Está aqui desde ontem, não sente frio irmão? Perguntara Brenariel.

—O frio nada mais é do que a ausência do calor. Algo suportável. Uma mente forte é suficiente.—respondeu.— trouxeram o odre?

—Aquela maldita garrafa? Está com Bren. Dê logo à ele e vamos para casa, sim?

O odre foi dado às mãos de Pherasmo, o qual carregou até a sepultura. Juntos, desenterraram o caixão da sepultura, o que levara metade do dia, e o abriram, colocaram o odre junto ao peito do cadáver, o qual soltava um forte cheiro fétido. Haviam larvas saindo pelas orelhas e olhos, juntamente com um líquido preto escorrendo por todas as cavidades.

—Puta merda!.—exclamou Bren.— Isso tem o seu cheiro Anphoros.—implicou.

—Sim! E seu rosto.—retrucou enquanto torcia o nariz, de repúdio ao ver o defunto.

Anphoros bateu levemente no braço de Pherasmo  para assusta-lo, quase o derrubando em cima do cadáver.

—Idiota!—olhou para trás, com o semblante sério e assustado. Ao passo que seu irmão zombava sem parar.

—Vamos enterra-lo de volta e ir embora. Ou morrerei nesse frio. Brenariel suspeitava o que viria a seguir.

—Então não tenhamos pressa, assim posso ser o rei.

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