Ártemis

Lá dentro, a música soava alegre, diferentemente da familia real, toda vez que virava seus olhos para observa-los. Bren havia se levantado e seguido em direção a sua mesa. De súbito levantou-se e, a frente do príncipe, pôs-se em reverência, mantendo sempre sua elegância.

-Vossa Alteza! É uma honra!- O que é isso?

-Uma honra se revenrenciar a mim? Soltou um leve sorriso, olhando para baixo e fazendo um gesto de confusão.-Podemos?! Apontou em direção a porta do grande salão, que chegava a uns sete metros.

-Claro. Será um prazer, meu príncipe.

Bren ofereceu seu braço a Ártemis, e caminharam para fora do salão. Fizeram uma curta caminhada ao ar livre enquanto se direcionavam ao jardim de cristal, trocando frases e gracejos. A expressão dele mudou. Pensou.

Ali fora não possuia as mesmas lareiras por todo o salão, e o frio tomara conta de suas mãos por completo, e de seu rosto corado.

-Está com frio.-dissera Brenariel, tirando seu manto e colocando nos ombros da jovem.-Vista-o, se sentira confortável.

Será que ele sabe que o nosso casamento é só para firmar os dominios das nossas familias?! Como consegue mudar de humor tão facilmente?

Caminhando mais adentro do jardim, Bren levara-a a árvore de cerejeira, sempre com mais e mais pétalas caindo. Um tapete rosa havia se formado com todas aquelas pétalas ao chão.

-Este é meu lugar favorito!-dissera com incerteza.-sempre foi na verdade.

-É um lugar calmo. Gosto daqui.

-Helaasdriazel fez um acordo com minha mãe, sua rainha. Nosso casamento...

Aaah! É isto! Então ele sabe. Está aqui somente por interesse.

-Assim que tudo estiver pronto. Irão nos casar em uma volta de lua. Pelo menos é o que me contam.

Dissera, encolhendo os ombros.

-Bom, pelo menos te contam! Descobri no jantar- por um momento ninguém disse nada. Os dois começaram a rir e, nesta brincadeira, deixaram se aproximar um do outro.

-Lamento que tenha que ser assim, Ártemis.

O som de sua voz parecia estar desaparecendo e pela primeira vez em anos, Ártemis via o garotinho assustado que conhecera na infância. Não sabia o que dizer. Só queria abraça-lo, conforta-lo e salva-lo daquele conflito interno que arrebatava sua mente.

E novamente estamos aqui Bren. Me pergunto quanto tempo se passou desde que nos vimos. Você ainda continua sendo egoísta.

-Desde pequena você dizia que iria se tornar rainha e iria levar nosso povo à glória.

Ártemis observava seu rosto, com um sorriso triste e falso estampado na cara. Você não percebe não é?

-E agora conseguiu!-Bren parecia se enrolar com as palavras.-digo...casando-se comigo, irá se tornar rainha.

Nem sequer olha pra mim como mulher.

-Bren! Chamou-o. Pensou bem o que dizer, e por fim, optou por não dizer nada a ele.-Vamos voltar. Está ficando muito frio aqui.

-Sim, vamos!

Dentro do salão o clima era outro, moças dançando, homens bebendo e se divertindo, tudo isto ao doce som do bardo e seu canto, juntamente com o creptar das lareiras estendidas nas paredes. Eram em torno de sessenta lareiras, construídas nos cantos das paredes enfileiradas.

Ártemis voltou ao seu canto, juntamente ao lado do pai.

–Então?—perguntara.

–Ele continua o mesmo de trinta anos atrás. Sempre coloca seus deveres em primeiro.—Não estava contente por dizer aquilo ao seu pai, mas principalmente por dizer a si mesma.

–Isto é bom! Se ele honra o dever, não teremos problemas.

–Ele não se difere muito dos mercenários que pagamos. A diferença é que os mercenários questionam. Ha!—dissera em escárnio. Styx era irmão mais novo de Ártemis. Feito de pura arrogância. Usava o manto branco, assim como toda a guarda élfica, composta por guerreiros treinados desde a infância.O pai o mandara para guarda aos sete anos, serviu como escudeiro até seus dezessete, quando foi armado cavaleiro.

Uma vez, tentara fugir da guarda por não gostar dos treinos e da comida, roubou mantimentos e um cavalo, fora pego fugindo e então chicoteado no pátio externo de treino, para que todos observassem atentamente o que aconteceria com desertores.

–Tome cuidado irmão, se te escutam, podem te matar por isso.

–Eles podem tentar.—Styx não dera muita importância ao aviso da irmã. Quase não se importava com nada na verdade. Sempre com aquelas suas tiradas disfarçadas de ironia.—seja como for irmã, tenho uma guarda inteira de soldados para liderar, não posso ficar perdendo tempo aqui, para minha infelicidade. Levantou-se da mesa escancaradamente e caminhou porta afora.

Ártemis se demonstrava cansada, pediu as aias que a acompanhassem-na até seus aposentos, fora do palácio. Mandou prepararem sua liteira, e seguiu caminho de volta a sua casa.

No outro lado da cidade, de volta ao palácio, seu pai pedira uma reunião com a rainha e os demais nobres na sala do trono. Sete ao todo. Todos dispostos a ouvi-lo.

Brenariel tomou seu lugar ao lado direito da mãe, e seu irmão mais novo Pherasmo, numa cadeira mais abaixo ao trono. Estavam todos ali, e cada um já tinha em mente o que seria dito ali. Mas estavam curiosos para ouvir como seria dito.

—Vossa alteza! Em respeito a todos aqui, peço que me deixem falar. Um assunto que ja se pronlogou por muito tempo desde a morte de Jaezel. Que os deuses o tenham.—manteve-se em curto silêncio.—A questão aqui é que não podemos mais esperar. Os elfos cantam as músicas da guerra, e os soldados anceiam por responder a este canto. Sugiro, vossa alteza, que nos preparemos para a batalha.

—E contra quem exatamente, Helasdriazel?—dissera num tom que nao permitia resposta. Helasdriazel quase podia sentir a ira da Ahlura sob sua cabeça.—Draesill está em paz. Assim como os humanos.

—Por pouco tempo.—deixara em questão os nobres.—sabemos todos, não sabemos? Sabemos desde dois mil anos atrás, quando ergueram a parede que nos defende. Sabemos que os humanos não se contentam com pouco. Quando souberem que Jaezel morreu, e vão saber, derrubarão essa parede e a magia dela com seus bruxos, e irão estuprar, queimar e matar cada elfo aqui.—dizia com convicção.—permitam-me mais uma vez pedir. Vamos a guerra, antes que ela venha até nós.—todos olhavam uns para os outros e entre sí, admitiam que seria um grande passo a ser dado.—Deixem que os elfos voltem aos dias de glória, deixem-nos ascender.

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