Os homens que o seguiam também chegaram logo depois. Cada um deles segurava uma lanterna enquanto se dispersavam pela área, iniciando uma busca minuciosa.Charles correu para dentro da chuva, ignorando o fato de que sua calça e sapatos já estavam cobertos de lama. Seus olhos estavam vermelhos, cheios de angústia e desespero.— Sr. Charles! Vá com cuidado! Pode escorregar e se machucar! — Dante tentava segui-lo, tropeçando na lama, completamente confuso sobre o que estava acontecendo. — Por que a Sra. Marques estaria sozinha em um lugar como este?...Olívia havia enfrentado os quatro canalhas na oficina, deixando-os de joelhos e implorando por misericórdia. Mas aquilo também havia drenado suas últimas forças. Cada movimento seu era como arrancar energia de um corpo já exausto.Depois de derrotá-los, pegou um celular e voltou a caminhar na escuridão da tempestade.Ela temia que os homens decidissem segui-la e, por isso, não ousava parar. Mas, à medida que avançava, seus pés vacilavam, e
Olívia semicerrava os olhos, oscilando entre a consciência e o sono. Com o pouco de força que restava, apertou a mão suada de Charles e murmurou:— Se eu for para o hospital... Meus irmãos vão me encontrar rapidamente... Eles vão me levar de volta... Chad... Eu não quero voltar... Quero ficar com você...A garganta de Charles travou, e ele sentiu um aperto no peito que quase o sufocava.— Mas você está com febre alta... Seu corpo não vai aguentar assim.— Não tem problema... É só tomar um remédio que melhora... — Olívia sussurrou antes de fechar os olhos novamente e cair em um sono profundo....Era madrugada, e a mansão estava mergulhada em um silêncio tranquilo. No quarto principal, Samara dormia profundamente, respirando de forma compassada.Benjamin, em vez de ir para o escritório, havia levado seus documentos para o quarto. Dessa forma, ele podia ficar de olho em Samara enquanto trabalhava.Agora, como parte do núcleo estratégico do Grupo Júnior, sua rotina era exaustiva. Alguns p
Fugir...Charles olhou para o rosto pálido de Olívia, tão delicado e marcado pelo cansaço, e sentiu como se o coração estivesse sendo arrancado de seu peito.— Eu também quero ficar com ela para sempre, Benjamin... — Ele murmurou, a voz embargada. — Mas eu não posso ser tão egoísta. A família dela é diferente da minha. Eu posso abrir mão de tudo por ela, mas se Olívia tiver que abandonar a família por minha causa... Como eu vou viver com isso? Como eu vou olhar para ela e saber que fui a razão de sua infelicidade?Charles balançou a cabeça, como se tentasse afastar o peso esmagador de seus pensamentos.— Ela já perdeu tanto por minha causa... Eu não posso tirar mais nada dela. Não posso fazê-la sofrer mais.— Mas você já perguntou o que Olívia quer? — Benjamin rebateu, com o semblante carregado. — Você acha que sabe o que é melhor para ela, mas já parou para ouvir o que ela tem a dizer? Hoje à noite, ela enfrentou uma tempestade, se arriscou e passou por sabe-se lá quantas dificuldades
Os pés de Olívia estavam cobertos de feridas, uma mistura de sangue seco e sujeira endurecida que parecia cravar agulhas no coração de Charles. Ele mal conseguia respirar ao olhar para ela naquela condição.— Vivia... Eu queria tanto te dar felicidade, mas olha só... Tudo o que eu te trouxe foi dor.Ele fechou os olhos, tentando engolir o nó que subia pela garganta, mas o som de um soluço rouco escapou de sua boca.O celular vibrou em cima da mesa. Era Caio.Charles esfregou os olhos vermelhos, levantou-se e foi até a janela antes de atender:— Caio, como está o vovô?— O Sr. Haroldo está bem, só estava muito preocupado com a Srta. Olívia. Demorou para conseguir dormir. Ela já foi encontrada? Ele não parava de perguntar por ela antes de ir pra cama. — A voz de Caio carregava uma preocupação palpável.— Sim, eu a encontrei. Diga a ele que está tudo bem agora. Eu vou cuidar dela."Só não sei por quanto tempo ainda posso cuidar..."Caio fez uma pausa antes de continuar, com a voz tomada d
Charles ficou pálido.— Vivia... — Ele começou, mas foi interrompido.— Estou brincando! — Olívia soltou uma risada, voltando a beliscar o rosto dele. — Olha só como você está magro! Está fazendo isso de propósito? Quer me deixar preocupada?As marcas das lágrimas da noite anterior ainda estavam no rosto de Charles, mas ele não respondeu. Em vez disso, entrelaçou os dedos nos dela, apertando-os com força, como se nunca mais fosse soltar.Depois de refletir por um momento, ele decidiu não falar nada. Em vez disso, inclinou-se sobre ela e a beijou profundamente, com um amor tão doce e intenso que parecia querer apagar todas as dores do passado."Eu vou lembrar de cada ferida sua, Vivia. Vou carregar todas elas. E, no resto da minha vida, vou me sacrificar para te compensar."...Mais tarde, Samara acordou e, ao saber que seu irmão e cunhada estavam na casa, ficou radiante.— Quero ver a Olívia! — Disse ela, com o rosto brilhando de alegria.Benjamin, no entanto, a abraçou por trás e a pu
Quando Benjamin viu Bernardo, irmão de Olívia, aparecer em sua casa, sentiu todos os pelos do corpo se eriçarem.Benjamin tinha a fama de ser um verdadeiro demônio no submundo, mas diante de Bernardo, ele não passava de um gatinho acuado. E, para piorar, Bernardo não era apenas um homem perigoso — ele era o irmão de Olívia, o que tornava qualquer atitude contra ele algo impensável.— Sr. Benjamin... Me desculpe... — Stéphanie disse entre respirações pesadas, com um olhar cheio de culpa.Benjamin engoliu em seco, o pomo de Adão subindo e descendo em sua garganta, enquanto gritava nervoso:— Não faça nenhuma besteira! O herdeiro da família Bastos não pode se rebaixar ao ponto de bater em uma mulher!— E o que você sugere? Que eu fique parado enquanto ela me espanca até a morte? — Bernardo bocejou, entediado. — Parece que você me acha masoquista.Aquela resposta direta fez Benjamin travar. Ele conhecia bem a personalidade de Stéphanie: leal como ninguém, ela era capaz de arriscar a própri
Por mais que Samara tentasse, não era páreo para Bernardo. Ele segurava a porta com uma única mão, mantendo-a aberta com facilidade.— Irmãzinha, não precisa me evitar. Eu não vim aqui para te levar de volta.Aquelas palavras fizeram Olívia congelar, e Charles estreitou os olhos, confuso.— Você... Não veio nos separar? — Olívia perguntou, hesitante.— Nunca quis separar vocês. — Bernardo respondeu, com sinceridade. Ele olhou para os dois, uma mistura de compaixão e cansaço em seus olhos. — Só queria ter certeza de que você está segura. Se está saudável, sem ferimentos. Não precisa ter medo de mim.A simplicidade e a honestidade em sua voz atingiram Olívia como uma flecha. Ela sentiu o coração apertar e as lágrimas voltaram a brotar em seus olhos. Charles também ficou profundamente comovido. Até aquele momento, ele não acreditava que alguém da família de Olívia pudesse apoiá-los.— Bernardo!Olívia correu para abraçá-lo, e Bernardo a recebeu com um abraço apertado, acariciando seus ca
Benjamin também ficou animado com as revelações, mas decidiu que não queria Samara envolvida em assuntos tão complicados. Pediu, então, que Stéphanie a levasse de volta ao quarto, enquanto ele ficava na sala para ouvir o desenrolar da história.Charles segurava Olívia nos braços enquanto os dois se acomodavam no sofá, ouvindo atentamente Bernardo relatar o ocorrido. Ele contou tudo sobre o encontro e o confronto tenso com Bruna: como ela tentou usar truques sujos, incluindo armas escondidas e até mesmo um jogo de sedução para atraí-lo a uma armadilha. Mas Bernardo, sendo quem era, reverteu a situação e deu o troco nela.No entanto, ele não mencionou um detalhe: naquela noite, Bruna o surpreendeu com um beijo feroz, quase elétrico, que o pegou completamente desprevenido. Foi um beijo intenso, carregado de lágrimas silenciosas e uma dor visceral.Ela havia ido lá para matá-lo, e mesmo assim, foi ela quem chorou desesperadamente. Bernardo não chorou, nem por um segundo. Que direito ela t