Até então, Olívia não conseguiu dizer mais nada, como se tivesse perdido a capacidade de falar.O ambiente foi tomado por um burburinho de espanto. Ninguém conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Olívia, filha única de uma das famílias mais ricas do país, a intocável herdeira dos Bastos! E agora, todos descobriam que ela havia perdido a capacidade de ter filhos por causa de Charles. Que tipo de inferno ela viveu enquanto esteve na família Marques? Que crueldade ele havia infligido a ela para chegar a esse ponto?Mesmo entre famílias poderosas como os Bastos, a infertilidade não era o fim da linha, mas a questão não era essa. Ter filhos era um direito inalienável de qualquer mulher. O desejo de ser mãe e a impossibilidade de sê-lo eram coisas totalmente diferentes. A perda desse direito era uma ferida que nunca cicatrizaria.Benjamin ficou paralisado, incapaz de reagir, tamanha era sua incredulidade. Ao seu lado, Gilbert parecia ainda mais devastado. Ele tremia de dor ao ouvir sob
Dalila estava completamente atordoada, com a visão turva e um gosto amargo de sangue na boca. A dor lancinante em seus ouvidos fazia todo o corpo estremecer, arrancando dela caretas de sofrimento. Toda a pose de moça distinta, o semblante impecável de uma herdeira de prestígio, desapareceu num instante diante da agonia avassaladora. — Ah... Ah! Meu ouvido... Meu ouvido está doendo demais! — Gritou Dalila, apertando a mão contra a orelha direita enquanto um zumbido insuportável parecia perfurar-lhe o tímpano. — Lila! — Osvaldo arregalou os olhos, chocado. Cambaleante, com o semblante descomposto, largou a bengala e apressou-se como pôde até a neta caída no chão. Seus movimentos desajeitados revelavam a urgência de levantá-la. Mas Dalila não tinha forças para se erguer. O golpe de Benjamin, um homem forte e determinado, fora devastador. Ela apenas conseguiu cair de joelhos, desamparada, soluçando entre lágrimas. — Vovô... Meu ouvido está doendo tanto... Eu não consigo ouvir nada
Felipe manteve a postura, mas sua voz revelava um tom de advertência camuflado de conselho: — Além disso, no fim das contas, essa questão é entre meu filho e Olívia, é um problema entre a família Marques e a família Bastos. Por isso, sugiro que o senhor leve sua família para casa. Não há necessidade de interferir. — Então o que o senhor quer dizer é que Dalila, ao expor em público a privacidade de Olívia, ao arrancar à força seus segredos e dores para exibi-los como espetáculo, apenas para satisfazer sua sede de vingança suja e completar suas manobras cruéis, não tem nenhuma culpa nisso? É isso que o senhor está dizendo? A voz de Benjamin rasgou o véu da vergonha de Dalila e, ao mesmo tempo, reabriu as feridas de Olívia, tão recentes e profundas. Ela cerrou os dentes e fechou os olhos com força, suas longas pestanas tremendo de forma quase imperceptível enquanto lutava para conter a dor. Mesmo assim, as lágrimas começaram a rolar, uma a uma, como pérolas caindo no chão. Cada lá
— Gilbert, me desculpa... — Olívia murmurou, encostada no peito dele. Gilbert sentiu o peso da culpa inundar seu coração. Ele balançou a cabeça lentamente e envolveu a irmã num abraço apertado. — Vivia, que besteira é essa que você está falando? Você não tem culpa de nada, não fez nada errado. Se alguém aqui falhou, esse alguém fui eu, por não cuidar direito de você... Eu é que te devo desculpas. Olívia soltou um riso amargo, sem escolha. Ela tinha sido ingênua demais. Achou que, escondendo a dor que carregava, poderia proteger aqueles que amava, evitar que sentissem culpa ou preocupação por ela. Mas, no instante em que a verdade veio à tona, todo o esforço cuidadoso que ela dedicara para esconder sua dor foi jogado por água abaixo. Gilbert apertou o abraço, protegendo-a como podia. Seus olhos, frios como uma lâmina, repousaram brevemente sobre o rosto pálido de Charles, que parecia esmagado pela própria culpa. Depois, desviou o olhar com desdém. — Mobilizei todos os segura
Osvaldo finalmente lembrou que Benjamin estava no comando da equipe de segurança do Grupo Júnior havia muitos anos. No início, ele delegou essa área ao neto porque não a considerava parte do núcleo de poder da empresa. Achava que seria um trabalho simples, algo para Benjamin ocupar o tempo e ganhar experiência. Mas agora, aquela decisão havia se tornado uma arma contra ele mesmo. — Já cerquei este lugar completamente em colaboração com Olívia. — Declarou Benjamin, semicerrando os olhos, que brilhavam com uma frieza cortante. — Vovô, eu não quero dificultar as coisas para o senhor. Basta que Dalila arque com as consequências dos seus atos, reconheça seus erros e peça desculpas pelo que fez. Se isso acontecer, o senhor poderá sair daqui de cabeça erguida.— Benjamin! Que atrevimento! — Gritou Osvaldo, o pescoço inchado de veias pulsantes.— Atrevimento? Quem é o verdadeiro atrevido aqui? Charles, de repente, lançou um olhar cheio de fúria, os olhos vermelhos como brasas. Ele parecia u
Gabriel caminhou tranquilamente até Gilbert, lançando um olhar frio para Dalila. — Também sou médico e sei o quão sigiloso é um relatório desse tipo. Qualquer profissional com um mínimo de ética jamais entregaria informações tão confidenciais a alguém que não fosse o próprio paciente. Dalila, você com certeza subornou o médico que estava tratando Olívia na época, não foi? Nesse caso, é melhor localizar esse médico corrupto também. Assim teremos a testemunha que precisamos. As sobrancelhas bem definidas de Gilbert franziram-se levemente, e ele assentiu com seriedade, concordando. Gabriel, com seus olhos vivos e brilhantes, deu uma rápida olhada para o homem, sentindo-se secretamente satisfeito por ter o apoio dele. — Ora, ora, quem é esse bonitão? — Alguém comentou com um tom de provocação.— Deve ser mais um dos novos cavaleiros da Olívia, né? — Outro respondeu, em tom de zombaria. Gabriel, irritado, revirou os olhos com desgosto. Ele não era nenhum “cavaleiro” de Olívia! O que o
Benjamin soltou uma risada fria, capaz de gelar até os ossos: — Mesmo que ela não seja a mentora, com certeza é cúmplice. E quanto a esse suposto mentor, ainda é cedo para afirmar se existe ou não. Agora que a pegamos, ela é responsável. Levem-na! — Não fui eu! Eu não planejei nada disso! Fui usada! — Dalila, vendo-se encurralada e prestes a ser levada como criminosa, perdeu completamente a compostura. Não apenas seu plano de arruinar Olívia estava desmoronando, mas sua própria reputação estava em ruínas. Em pânico, correu para Benjamin, desesperada. — Irmão, eu sei que errei... Nunca mais vou fazer isso! Mas eu também sou vítima! Fui manipulada! Ele quer me destruir... Talvez queira destruir o Grupo Júnior também! As lágrimas de Dalila escorriam por seu rosto, manchando o que restava da maquiagem. Linhas escuras desciam de seus olhos, dando-lhe um aspecto quase cômico, fazendo com que alguns presentes tivessem que segurar o riso. Tremendo, ela tentou segurar a mão de Benjamin,
Ele a havia salvado inúmeras vezes, mas e daí? Comparado aos danos que ele causou a ela, aqueles sacrifícios que ele considerava grandiosos não passavam de insignificâncias. — Não... Não! — Negou Dalila com teimosia, enquanto o suor escorria por sua testa. — Aquela história no hotel... Não tem nada a ver com aquele homem!Olívia curvou os lábios em um sorriso frio, sem insistir no assunto. A expressão cheia de contradições da Dalila já lhe entregava a verdade. — Vivia, você tem mais alguma pergunta para ela? — Perguntou Benjamin, voltando para Olívia um olhar sereno.Olívia balançou a cabeça com indiferença. — Certo, levem-na embora. — Com um gesto enérgico, Benjamin deu a ordem.Dalila arregalou os olhos, assustada. — Levar... Para onde? — Perguntou, gaguejando. — Para a delegacia. — Respondeu Benjamin, com frieza. Dalila sentiu como se um raio tivesse caído sobre si. Recusando-se a aceitar, ela recuou, gritando com uma voz aguda e raivosa: — Benjamin! Você me enganou! Não