Os olhos profundos de Érico se fixaram nela e depois voltaram-se para Tiago.— Hebe é filha minha e de Glória. Ela é o nosso tesouro, e sempre buscamos um casamento adequado para ela. Eu queria que ela se casasse com alguém da sua família, mas naquela época você preferia Vivia como nora, então fiz outros planos para Hebe. Agora que Vivia está com Charles, que tal sentarmos e conversarmos sobre o casamento de Hebe com seu filho? Assim que ela se formar, Hebe pode ser sua nora. O que acha?O som foi como um trovão na cabeça de Hebe. Seu corpo tremia, seus olhos, cristalinos, se contraíram, e o sangue sumiu de seu rosto.— Papai... Eu...De repente, Glória segurou o braço de Hebe com tanta força que seus dedos quase afundaram na pele da filha.Hebe olhou, desesperada, para a mãe, que balançava a cabeça para ela.Sem outra escolha, Hebe baixou a cabeça, sentindo-se fraca e humilhada, com lágrimas prestes a cair....A proposta de Érico para o casamento de Hebe com um dos filhos da família
O jantar terminou em uma atmosfera pesada e cheia de tensão.Ao saber que seria obrigada a se casar com o filho da família Moura, Hebe sentiu como se estivesse sentada em uma cama de espinhos. Seu rosto delicado perdera toda a cor, como se o sangue tivesse sido sugado de seu corpo, deixando-a gelada dos pés à cabeça.No caminho de volta para casa, ela e sua mãe dividiram o mesmo carro, sem que Hebe tivesse sequer a chance de falar com Érico.— Mãe... Por quê? — Hebe perguntou com a voz embargada, os olhos cheios de lágrimas. — A senhora sabe que eu amo o Breno... Sabe que eu só quero me casar com ele. Por que... Por que está me forçando a me casar com alguém da família Moura?Glória sentiu uma pontada de amargura no peito, mas manteve a voz firme ao responder:— Eu e seu pai acreditamos que esse casamento é o melhor para você. O Breno pode ser um bom homem, mas a família dele, nós não aprovamos. Pelo que sei, os pais dele não gostam de nós. Se você insistir em se casar com ele, sem a b
— Sr. Érico.Érico parou de andar e percebeu que Breno estava em sua frente, esperando há algum tempo.— Breno, o que faz aqui tão tarde? Por que ainda não foi embora? — perguntou Érico com um sorriso leve.— Sr. Érico, eu... — Breno hesitou, com a garganta apertada.— Eu imagino que você está esperando por Hebe, certo?Breno sentiu-se exposto, envergonhado, mas assentiu de leve antes de falar, cheio de culpa:— Sr. Érico, eu sinto muito pelo que aconteceu com meu irmão Joaquim. Mas, por favor, acredite em mim, independentemente do que a família Vieira decidir, eu sempre estarei ao lado da senhorita Olívia e da sua família. Nunca vou mudar.Érico sorriu de leve, erguendo os lábios.— Isso é um assunto da sua família. Não precisa se justificar comigo. Tenho certeza de que você tem muito a dizer para Hebe. Converse com ela, vou deixá-los à vontade.Essas palavras fizeram Breno sentir um frio inexplicável no peito. Quando se deu conta, Érico já havia se afastado.Depois de um tempo, Hebe
Olívia, no entanto, sabia que Hebe a ouvira. Só não queria parar. A preocupação tomou conta de seu coração, e ela a seguiu sem hesitar. — Hebe, o que aconteceu? — Disse, agarrando o braço da irmã com firmeza. Hebe virou-se lentamente, o rosto ainda marcado pelas lágrimas. — Não foi nada, mana... — Murmurou. Olívia franziu o cenho, perplexa. — Você estava chorando? Por que está assim? Brigou com o Breno? Ou foi... — Irmã, você e Charles... Vocês precisam ser felizes, por favor. Sem mais nem menos, Hebe soltou-se da mão de Olívia e saiu correndo, desaparecendo pelo corredor. Não importava o quanto a irmã a chamasse, ela não olhava para trás. Olívia ficou imóvel, as sobrancelhas franzidas, sentindo que algo estava muito errado. Pegou o celular e ligou para Breno. — Srta. Olívia? — A voz de Breno era apagada, quase sem vida. — Breno, o que você disse para minha irmã? Ela está chorando tanto! Você fez algo contra ela? — Olívia disparou, uma das mãos na cintura, pronta pa
A conversa continuava no escritório.Érico tinha filhos e filhas, além de três belas e compreensivas esposas, com quem mantinha uma convivência harmoniosa. Nascido em berço de ouro, era um magnata respeitado. Todos o invejavam, mas poucos sabiam que, quando queria desabafar, só podia falar com Dimitri, o fiel empregado que o acompanhava desde os tempos em que assumira a presidência do grupo.— Dimitri, a situação não está nada fácil. — Disse Érico, franzindo o cenho com uma leve sacudida de cabeça. — Nos últimos anos, enquanto Vivia viajava, foi Gilbert quem cuidou dos negócios da família. Eu via o quanto ele se esforçava, mas era evidente que estava além de suas capacidades. Quando Vivia voltou, ele logo cedeu o cargo, porque sabia que não tinha como ir além disso. Exigir mais dele seria injusto. Além do mais, Gilbert e Pietro... Eles não são...Érico se calou, os olhos escurecendo, como se não quisesse continuar.Dimitri diminuiu o olhar, preocupado, mas não disse nada.— Pensando e
O rosto de Olívia, normalmente belo e sereno, agora estava vermelho de raiva, e seus punhos estavam cerrados com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.Érico e Dimitri se sobressaltaram, o coração quase saindo pela boca.— Menina, onde estão seus modos? Não sabe bater na porta antes de entrar? — Repreendeu Érico, com a voz carregada de autoridade.— Desde que comecei a andar por essa Villa Werland, nunca bati na porta, e agora você vem me falar de bons modos? Está se sentindo culpado, é? — Olívia tremia de raiva. — Você acha que é o quê, um imperador? Ter várias esposas ainda vai, mas agora está usando sua filha para fazer alianças? Para bajular a família Moura? Você é o pior pai que alguém poderia ter! Eu achava que você era apenas um mulherengo, mas agora vejo que você é egoísta e frio! Eu o superestimei, Érico!Érico quase cuspiu sangue de tanta raiva.Mas seu tom, desta vez, não era tão indulgente quanto de costume. Estava frio, duro como pedra.— Você não entende nada.
No momento, a única chance de desmascarar Diogo era pegar Mateo, que estava envolvido com Tristão.Se conseguissem fazer com que Mateo confessasse, o jogo estaria acabado para Diogo.Mas Olívia não podia revelar isso a Érico. Falar demais agora poderia estragar tudo e comprometer seu plano com Charles. Ela precisava ser cautelosa.— Então, quando você tiver as provas, venha me convencer a mudar de ideia. — Disse Érico, com a testa coberta de suor. Ele já estava sem paciência para continuar a discussão, e virou-se para sair.Dimitri, percebendo que ele não estava bem, o seguiu de perto, preocupado.— Érico! Você é um insensível, egoísta, um capitalista ganancioso e frio! — Olívia gritou em direção às costas do pai, com os olhos vermelhos de raiva. — Eu te odeio! Odeio você com todas as minhas forças!As palavras de Olívia perfuraram o coração de Érico como uma espada afiada. Ele sentiu uma dor profunda no peito, como se uma ferida aberta estivesse sangrando sem parar.A última vez que O
Olívia nem teve tempo de desligar o telefone, muito menos de trocar de roupa. Como um pássaro que escapa da gaiola, ela correu pelo longo corredor e disparou para fora dos portões da Villa Werland.A noite estava silenciosa, apenas um poste solitário iluminava a rua, banhando uma figura alta e elegante com uma suave luz dourada. Seus olhos brilhavam, cheios de expectativa.A previsão era de uma tempestade naquela noite, mas Charles não se importava. Assim que terminou o trabalho em Yexnard, pegou o carro e veio correndo para encontrar seu amor.Só havia se passado um dia. Mas a saudade já era insuportável.— Chad! — Olívia empurrou as portas pesadas e correu ao encontro dele, com os olhos cheios de lágrimas.Charles piscou, depois sorriu de um jeito que seus olhos quase se fecharam, irradiando uma felicidade doce e genuína.Ele abriu os braços, pronto para recebê-la, mas antes que pudesse se mover, ela já estava em seus braços. Ele apertou-a contra o peito, envolvendo-a com seu abraço