O jantar terminou em uma atmosfera pesada e cheia de tensão.Ao saber que seria obrigada a se casar com o filho da família Moura, Hebe sentiu como se estivesse sentada em uma cama de espinhos. Seu rosto delicado perdera toda a cor, como se o sangue tivesse sido sugado de seu corpo, deixando-a gelada dos pés à cabeça.No caminho de volta para casa, ela e sua mãe dividiram o mesmo carro, sem que Hebe tivesse sequer a chance de falar com Érico.— Mãe... Por quê? — Hebe perguntou com a voz embargada, os olhos cheios de lágrimas. — A senhora sabe que eu amo o Breno... Sabe que eu só quero me casar com ele. Por que... Por que está me forçando a me casar com alguém da família Moura?Glória sentiu uma pontada de amargura no peito, mas manteve a voz firme ao responder:— Eu e seu pai acreditamos que esse casamento é o melhor para você. O Breno pode ser um bom homem, mas a família dele, nós não aprovamos. Pelo que sei, os pais dele não gostam de nós. Se você insistir em se casar com ele, sem a b
— Sr. Érico.Érico parou de andar e percebeu que Breno estava em sua frente, esperando há algum tempo.— Breno, o que faz aqui tão tarde? Por que ainda não foi embora? — perguntou Érico com um sorriso leve.— Sr. Érico, eu... — Breno hesitou, com a garganta apertada.— Eu imagino que você está esperando por Hebe, certo?Breno sentiu-se exposto, envergonhado, mas assentiu de leve antes de falar, cheio de culpa:— Sr. Érico, eu sinto muito pelo que aconteceu com meu irmão Joaquim. Mas, por favor, acredite em mim, independentemente do que a família Vieira decidir, eu sempre estarei ao lado da senhorita Olívia e da sua família. Nunca vou mudar.Érico sorriu de leve, erguendo os lábios.— Isso é um assunto da sua família. Não precisa se justificar comigo. Tenho certeza de que você tem muito a dizer para Hebe. Converse com ela, vou deixá-los à vontade.Essas palavras fizeram Breno sentir um frio inexplicável no peito. Quando se deu conta, Érico já havia se afastado.Depois de um tempo, Hebe
Olívia, no entanto, sabia que Hebe a ouvira. Só não queria parar. A preocupação tomou conta de seu coração, e ela a seguiu sem hesitar. — Hebe, o que aconteceu? — Disse, agarrando o braço da irmã com firmeza. Hebe virou-se lentamente, o rosto ainda marcado pelas lágrimas. — Não foi nada, mana... — Murmurou. Olívia franziu o cenho, perplexa. — Você estava chorando? Por que está assim? Brigou com o Breno? Ou foi... — Irmã, você e Charles... Vocês precisam ser felizes, por favor. Sem mais nem menos, Hebe soltou-se da mão de Olívia e saiu correndo, desaparecendo pelo corredor. Não importava o quanto a irmã a chamasse, ela não olhava para trás. Olívia ficou imóvel, as sobrancelhas franzidas, sentindo que algo estava muito errado. Pegou o celular e ligou para Breno. — Srta. Olívia? — A voz de Breno era apagada, quase sem vida. — Breno, o que você disse para minha irmã? Ela está chorando tanto! Você fez algo contra ela? — Olívia disparou, uma das mãos na cintura, pronta pa
A conversa continuava no escritório.Érico tinha filhos e filhas, além de três belas e compreensivas esposas, com quem mantinha uma convivência harmoniosa. Nascido em berço de ouro, era um magnata respeitado. Todos o invejavam, mas poucos sabiam que, quando queria desabafar, só podia falar com Dimitri, o fiel empregado que o acompanhava desde os tempos em que assumira a presidência do grupo.— Dimitri, a situação não está nada fácil. — Disse Érico, franzindo o cenho com uma leve sacudida de cabeça. — Nos últimos anos, enquanto Vivia viajava, foi Gilbert quem cuidou dos negócios da família. Eu via o quanto ele se esforçava, mas era evidente que estava além de suas capacidades. Quando Vivia voltou, ele logo cedeu o cargo, porque sabia que não tinha como ir além disso. Exigir mais dele seria injusto. Além do mais, Gilbert e Pietro... Eles não são...Érico se calou, os olhos escurecendo, como se não quisesse continuar.Dimitri diminuiu o olhar, preocupado, mas não disse nada.— Pensando e
O rosto de Olívia, normalmente belo e sereno, agora estava vermelho de raiva, e seus punhos estavam cerrados com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.Érico e Dimitri se sobressaltaram, o coração quase saindo pela boca.— Menina, onde estão seus modos? Não sabe bater na porta antes de entrar? — Repreendeu Érico, com a voz carregada de autoridade.— Desde que comecei a andar por essa Villa Werland, nunca bati na porta, e agora você vem me falar de bons modos? Está se sentindo culpado, é? — Olívia tremia de raiva. — Você acha que é o quê, um imperador? Ter várias esposas ainda vai, mas agora está usando sua filha para fazer alianças? Para bajular a família Moura? Você é o pior pai que alguém poderia ter! Eu achava que você era apenas um mulherengo, mas agora vejo que você é egoísta e frio! Eu o superestimei, Érico!Érico quase cuspiu sangue de tanta raiva.Mas seu tom, desta vez, não era tão indulgente quanto de costume. Estava frio, duro como pedra.— Você não entende nada.
No momento, a única chance de desmascarar Diogo era pegar Mateo, que estava envolvido com Tristão.Se conseguissem fazer com que Mateo confessasse, o jogo estaria acabado para Diogo.Mas Olívia não podia revelar isso a Érico. Falar demais agora poderia estragar tudo e comprometer seu plano com Charles. Ela precisava ser cautelosa.— Então, quando você tiver as provas, venha me convencer a mudar de ideia. — Disse Érico, com a testa coberta de suor. Ele já estava sem paciência para continuar a discussão, e virou-se para sair.Dimitri, percebendo que ele não estava bem, o seguiu de perto, preocupado.— Érico! Você é um insensível, egoísta, um capitalista ganancioso e frio! — Olívia gritou em direção às costas do pai, com os olhos vermelhos de raiva. — Eu te odeio! Odeio você com todas as minhas forças!As palavras de Olívia perfuraram o coração de Érico como uma espada afiada. Ele sentiu uma dor profunda no peito, como se uma ferida aberta estivesse sangrando sem parar.A última vez que O
Olívia nem teve tempo de desligar o telefone, muito menos de trocar de roupa. Como um pássaro que escapa da gaiola, ela correu pelo longo corredor e disparou para fora dos portões da Villa Werland.A noite estava silenciosa, apenas um poste solitário iluminava a rua, banhando uma figura alta e elegante com uma suave luz dourada. Seus olhos brilhavam, cheios de expectativa.A previsão era de uma tempestade naquela noite, mas Charles não se importava. Assim que terminou o trabalho em Yexnard, pegou o carro e veio correndo para encontrar seu amor.Só havia se passado um dia. Mas a saudade já era insuportável.— Chad! — Olívia empurrou as portas pesadas e correu ao encontro dele, com os olhos cheios de lágrimas.Charles piscou, depois sorriu de um jeito que seus olhos quase se fecharam, irradiando uma felicidade doce e genuína.Ele abriu os braços, pronto para recebê-la, mas antes que pudesse se mover, ela já estava em seus braços. Ele apertou-a contra o peito, envolvendo-a com seu abraço
Mas como poderiam mudar a opinião de Érico e impedir que Hebe se casasse com Diogo?Olívia respirou fundo e contou a Charles de forma resumida o que havia acontecido naquela noite, omitindo a parte mais tensa do confronto com Érico.Ela não queria preocupar Charles, nem fazer com que ele se sentisse culpado.Charles a segurava pela cintura, com as sobrancelhas franzidas.— Então, só porque você está comigo, seu pai quer que sua irmã se case com a família Moura? Mesmo que ele tenha interesse neles, isso foi rápido demais.— Rápido? Isso já estava sendo planejado há muito tempo. — Olívia suspirou, frustrada, e arranhou o peito dele de leve. — O Érico sempre foi contra o nosso relacionamento. Aposto que já tinha feito acordos com o Tiago há tempos, planejando me casar com a família Moura. Na última corrida de cavalos, eu ouvi o Breno comentar que já havia rumores sobre a proximidade entre Érico e Diogo, provavelmente como parte do plano para a união. Só que, com a confusão causada pela fa