Maria West
Quase uma hora depois, deixei a minha mãe na floricultura com a Alex e fui para o endereço que recebi no meu e-mail.
Assim que estacionei na frente daquele enorme edifício, respirei fundo, peguei a minha bolsa e desci.
Quando passei pela porta de entrada, me deparei com um hall lindo e enorme, nos tons de cinza e preto, com o chão todo laminado, também acompanhando as cores das paredes. E no fim dele, havia uma placa enorme com o logo da empresa “Ricci law”.
Seria um sonho conseguir estágio nessa empresa, ainda mais no meu ramo, seria maravilhoso para o meu currículo.
A empresa é do CEO de Nova York, Matteo Ricci. Com apenas 26 anos, ele já triplicou o império dos seus pais e é uma grande inspiração para todos os profissionais da área do direito. Matteo vem de uma família poderosa, talvez isso já o ajude com os negócios. Vi a sua entrevista numa revista muito importante da cidade, pois eles questionavam que ele além do fato de ser novo e já ter conquistado tanto, era um dos solteiros mais cobiçado de Nova York, mas isso já tem um pouco mais de 5 anos, acredito que hoje em dia ele deve ter ao menos uma namorada. Um pedaço de mal caminho desses não deve ficar sozinho por muito tempo.
Ao perceber que estou divagando, saí dos meus pensamentos e caminhei até uma moça, pedindo informação.
Fui até o elevador e apertei o botão para o último andar, as minhas mãos já estavam suando, era a primeira entrevista que iria fazer na minha vida.
Respirei fundo quando a porta do elevador abriu no meu andar, encarei a parede branca do outro lado do corredor imenso e por fim, saí dele. Caminhei até a mulher negra que aparentava ter por volta dos cinquenta anos, com os cabelos crespos em um corte black power, grisalhos, mas não de um aspecto envelhecido. Ela parecia a personagem Tempestade de X-men. Ela sorriu assim que notou minha presença, mostrando sua postura altiva e alegre. Se levantou dando a volta na mesa, provavelmente é a recepcionista ou a secretária dele.
— Bom dia! — falou toda sorridente enquanto me aproximava.
— Bom dia. — Retribuí o sorriso.
— Você deve ser a senhorita West. — Estendeu a mão para me cumprimentar.
— Sim, sou eu.
— Sou Martha Davis. — Ela continuou com o sorriso receptivo nos lábios. — Chegou bem no horário. — Observou o relógio de mesa. — E só isso já fez você ganhar um ponto com o chefe — Ela soltou uma piscadela — O senhor Ricci já vai lhe chamar.
Merda! É o próprio Ricci que vai fazer a minha entrevista!
As minhas mãos começaram a suar e meu coração parecia que ia pular pela boca.
Droga! Não posso ficar assim só de pensar no senhor Ricci.
— Obrigada — agradeci a ela.
— Sente-se — Martha pediu e me sinalizou a poltrona do outro lado. Logo em seguida, ela pegou a pasta sobre a mesa e caminhou em direção ao final do corredor, entrando na porta de vidro embaçado. Observei sua silhueta transitar pela sala e uma silhueta masculina surgiu, como se estivesse sentado longe de sua mesa. É ele.
Alguns minutos depois ela retornou.
— Senhorita West, o senhor Ricci a espera.
— Obrigada, Martha.
A mulher sorriu e me instruiu:
— Siga até o fim do corredor, pode entrar sem bater.
Agradeci mais uma vez e segui em direção à sala.
Pelo caminho, observei que nas paredes havia várias pinturas e consegui identificar algumas obras de artistas bem conhecidos, duas delas eram de Edvard Munch. Um deles sendo a obra intitulada “O grito” e o outro “A fumaça do trem”. E que se forem originais, devem valer uma fortuna. Todo o ambiente é trabalhado em branco e prata, as únicas cores vêm dos quadros. Continuei caminhando até a enorme porta cinza e para a minha sorte, ou não, ela estava semiaberta.
Respirei fundo e a empurrei devagar.
— Com licença. — Entrei sem bater, como Davis pediu.
Observei a sala e ela era linda, a sua decoração era nas cores preto com cinza, seguindo a estética da entrada e logo atrás da mesa tem uma estante, nela haviam alguns livros, quadros com fotos e um vaso com uma planta que eu não sei o nome.
As janelas eram naquele estilo de arranha-céu e no meio do teto tinha um lustre preto enorme, era lindo.
Logo atrás da mesa, vi uma cadeira enorme na cor preta e eu perdi as palavras quando ele se virou e eu dei de cara com aqueles olhos verdes penetrantes.
— Senhorita West. — Ele fez uma pausa. — Buongiorno — O deus grego, quero dizer, italiano, falou, mas eu mal consegui assimilar suas palavras. — Está tudo bem? — O meio sorriso em seus lábios foi o sinal para que eu voltasse à terra. Ao me dar conta de que estava o encarando, percebi que minhas bochechas estavam quentes e abanei a mão para tentar me refrescar. Vi sua língua passear pelo lábio inferior quando ele umedeceu os lábios. Balançar minha cabeça era o único movimento que conseguia fazer.
— Muito bem, sente-se, por favor — Indicou a cadeira logo à sua frente. — Você é aluna do Romeo, não é?
— S-sim. — Pigarrei, descansando minhas mãos no meu colo, atentando as juntas dos meus dedos. O que não passou despercebido pelo homem, que me encarou, e logo depois levantou a cabeça me analisando.
Droga, Maria!
Será que ele se lembrou de mim na noite que deu aula na faculdade?
O senhor Ricci me encarou e dessa vez com um sorriso de lado, ele estava adorando me ver desconfortável. E eu de alguma maneira gostei da atenção recebida dele.
— Vamos lá, deixe-me ver o seu currículo. — Voltou a sua atenção para a pasta parda que Davis tinha em mãos a pouco.
— Senhorita West, a informação disposta aqui diz que faltam dois períodos para você se graduar em direito, correto?
— Sim — respondi ainda me sentindo nervosa.
— Um estágio neste momento não irá atrapalhar? — questionou.
— Na verdade, eu sou bolsista, e perdi a minha bolsa. Preciso do emprego para pagar a faculdade. E, claro, porque sei que aprenderei muito. Seria um sonho poder começar minha carreira aqui.
— E por qual motivo você perdeu a bolsa? Não acho que tenha sido por causa de notas nem nada do tipo, já que para estar na turma de Romeo você deve ser boa no que faz.
Não deixei de encarar como elogio o que era apenas uma constatação, entretanto, praticamente desde que entrei, ele mal olhou para mim. Não foi antipático, longe disso, porém, um pouco gélido. Mas acho que é este o papel de chefe, afinal estarei aqui — caso seja contratada — para trabalhar, não fazer amizades.
Maria WestE Matteo Ricci parecia ser um homem de poucos amigos. Pela postura ser misteriosa, como se guardasse um grande segredo; perigoso e desafiador.— A empresa que garantia o programa de bolsa foi incorporada a outra e o novo proprietário ainda não se pronunciou quanto ao programa. E pelo andar da carruagem, será cancelado.— Muito bem… Preciso de uma secretária para ajudar a Martha, ela está sobrecarregada. — Ele se encostou contra a cadeira, me olhando intensamente e me deixando consternada — E para essa vaga, o que preciso é de alguém que ajude tanto com os trabalhos organizados aqui, mas principalmente com meus trabalhos pessoais, que não envolvam exclusivamente a empresa. Você está disponível para viagens?— Que tipos de viagens, senhor? Como já falei, minha condição final…— A empresa bancará qualquer custo durante suas viagens. Juntamente com seus honorários, então não se preocupe com isso, senhorita West. — Antes que eu possa falar algo, ele continuou: — Está disposta a
Matteo RicciFui direto para o número e praticamente tive uma síncope, porque bem ali estava o currículo de nada mais nada menos que Maria West, a aluna de Romeo que fodeu com a minha mente desde que a vi.— Martha, a senhorita Maria West— Achou ela muito jovem e sem experiência para a vaga? — pergunta se retraindo.— Não. Ligue para ela e peça que venha o quanto antes.— Claro, senhor.— Desmarque com as outras candidatas, por favor.— Mas…— A vaga é da West — sentencio e ela não questiona mais nada.Martha concordou e se levantou em seguida, me deixando sozinho na sala. Caminhei até minha mesa e abri o notebook, precisava revisar alguns processos de alguns milionários envolvidos em nosso comércio ilegal. Esses casos são pré-selecionados por mim e repassados a Romeo. Tentei manter o foco no trabalho nas duas horas que se seguiram, mas a universitária tomou conta de meus pensamentos. Algumas vezes cheguei a ler três vezes o mesmo parágrafo para conseguir compreender o texto, de ta
Maria WestSaí da minha entrevista super feliz, agora eu vou conseguir guardar dinheiro para finalizar o meu curso e a oportunidade de estagiar na Ricci Law abriria muitas portas para mim, mas eu não tenho como pagar a mensalidade, não agora.Observei a lista que a Martha me entregou, então fui direto para casa e comecei a separar o que preciso levar no dia seguinte.Fui às pressas para a floricultura, precisava dar a notícia para minha mãe.— Filha, como foi? — minha mãe perguntou assim que entrei na floricultura.— Eu consegui, mãe. Ela me abraçou.— Eu disse que você conseguiria. — Mas vou ficar um semestre sem estudar, pois preciso guardar dinheiro para conseguir pagar a mensalidade. — Os olhos da minha mãe já estavam marejados. — O que foi, mãe?— Eles negaram o empréstimo — ela falou e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.— Tenha calma, mamãe, vamos conseguir. — Tentei ser positiva— Vou te ajudar, minha filha.— Você precisa investir na floricultura, precisamos r
Maria WestAlex usava uma micro saia de couro na cor preta, o que destacava muito bem as suas pernas longas e torneadas, e um cropped amarelo, o que dava um contraste perfeito à sua pele clara e ao seu cabelo loiro claro.A fila estava enorme, mas como Alex conhece todo mundo, é claro que não precisaríamos ficar na fila.Como já somos conhecidas, os seguranças apenas sorriem e nos deixaram entrar.Como sempre, o lugar estava lotado A boate estava preenchida pela batida contagiante e seguimos para o bar.— Duas doses de tequila — Alex pediu aos gritos.— Eu não vou beber — falei em seu ouvido.— Vai, sim, você precisa se distrair — falou. — Você não vai morrer com uma dose.— Ok.Em seguida, o barman entregou as duas doses de tequilas acompanhadas do sal e do limão.Alex sorriu para mim e por fim bebemos a tequila, que desceu queimando pela minha garganta.— Viu? Você não morreu. — Engraçadinha — disse. — Lembra que sou fraca para bebida.— Esqueceu que sempre cuido de você? — lembrou
Matteo RicciComecei o sábado com o pé esquerdo, o meu pai passou o almoço todo me perguntando se eu já tinha tomado uma decisão, pois ele queria se aposentar quanto antes, e para não discutir, sai de lá sem dizer uma só palavra.Decidi ir até a empresa, parece que ultimamente lá é o único lugar que tinha um pouco de paz. Mas antes decidi passar no shopping, precisava comer algo. E enquanto caminhava pela praça de alimentação, avistei Maria de longe com a sua amiga loira.Pensei em abordá-las, mas aquilo não seria nada legal, não tínhamos intimidade suficiente para tal coisa, então decidi chegar perto e fingir que nosso encontro ali era completamente casual.Caminhei em direção às duas e fingi mexer no celular, o que resultou em um esbarrão e Maria ficando toda corada quando me viu, e essa simples reação fez algo dentro da minha boxer criar vida.Ainda preciso entender como essa menina me deixa assim, ela não faz o meu tipo, nem tem os atrativos que eu escolheria para me relacionar
Matteo RicciRomeo apenas sorriu, sem se importar em fofocar por aí.Ficamos ali conversando por um tempo até que voltei a minha atenção para Maria, que se levantou um pouco cambaleante, imaginei que devia querer ir ao banheiro, e em seguida vi o cara que ela chutou indo atrás.— Caralho! — falei alto demais.— O que foi? — Romeo e Andrew perguntaram assustados.— Aquele cara está indo atrás dela. — Que cara, do que você está falando? — Andrew perguntou.Saí às pressas do camarote, empurrando todos que estavam à minha frente, ouvindo a voz do Romeo logo atrás. Fiquei tão possesso de raiva que já não ouvia mais a música que estava tocando nem nada que acontecia ao meu redor.Quando cheguei no banheiro, vi o homem agarrando a garota e minha raiva aumentou mais quando Maria pediu para ele soltá-la, mas o cara ainda insistiu.Então deixei a fúria me dominar e deixar sair o assassino que fui treinado para me tornar.Apenas uma coisa não me fez dar cabo do desgraçado ali mesmo. E quando o
Maria WestAcordei com minha cabeça latejando, começando a ter uns flashes da noite passada.— Alex... Alex... — chamei por ela e passei a mão na cama, procurando-a.Sempre que eu dormia em sua casa, dividíamos a cama e hoje não seria diferente.— Você acredita que eu sonhei com o senhor Matteo? — falei para minha amiga ainda grogue de sono.Quando não obtive resposta, abri meus olhos e não a encontrei na cama, fitei o teto e soube que não é a casa dela.— Sinto lhe dizer que não foi apenas um sonho, Maria.— Droga! — falei quando virei minha cabeça e dei de cara com o Matteo encostado na soleira da porta.Ele estava usando uma camisa preta e uma calça de pano mole na cor cinza.Como num passe de mágica, eu me sentei na cama e percebi que não estava usando o meu vestido da noite anterior.— Deixei suco e uma aspirina ao lado da cama — ele falou e se sentou próximo a mim.Ergui a coberta e percebi que além do vestido, também não estava usando a minha calcinha. Por não me lembrar do qu
Maria WestHoje é segunda, meu primeiro dia de trabalho na empresa Law Ricci.Acordei bem cedo, antes mesmo que minha mãe, e preparei o nosso café, depois me arrumei, fiz uma maquiagem bem básica, e decidi usar como roupa uma calça flare na cor preta juntamente com uma camisa branca e prendi meu cabelo num rabo de cavalo.— Que cheiro gostoso — minha mãe falou assim que entrou na cozinha.— Espero que esteja com fome — falei.— Um pouco, mas vou ao médico hoje. — Você não está bem? — perguntei preocupada— Já tem alguns dias que estou sentindo dores nas costas, e nada alivia.— Vou pedir para Alex te acompanhar, pode ser?— Não, deixa ela se divertir, eu vou de táxi.— Promete me ligar?— Prometo. — Ela me deu um beijo na testa. — Agora vai, não quero que você se atrase no seu primeiro dia.— Eu te amo. Me despedi da minha mãe e segui para a garagem.Eu estava ansiosa com o meu primeiro dia, mas também estava apreensiva depois do vexame que dei ontem, como vou olhar para cara do meu