Capítulo 04

Maria West

Quase uma hora depois, deixei a minha mãe na floricultura com a Alex e fui para o endereço que recebi no meu e-mail.

Assim que estacionei na frente daquele enorme edifício, respirei fundo, peguei a minha bolsa e desci.

Quando passei pela porta de entrada, me deparei com um hall lindo e enorme, nos tons de cinza e preto, com o chão todo laminado, também acompanhando as cores das paredes. E no fim dele, havia uma placa enorme com o logo da empresa “Ricci law”.

Seria um sonho conseguir estágio nessa empresa, ainda mais no meu ramo, seria maravilhoso para o meu currículo.

A empresa é do CEO de Nova York, Matteo Ricci. Com apenas 26 anos, ele já triplicou o império dos seus pais e é uma grande inspiração para todos os profissionais da área do direito. Matteo vem de uma família poderosa, talvez isso já o ajude com os negócios. Vi a sua entrevista numa revista muito importante da cidade, pois eles questionavam que ele além do fato de ser novo e já ter conquistado tanto, era um dos solteiros mais cobiçado de Nova York, mas isso já tem um pouco mais de 5 anos, acredito que hoje em dia ele deve ter ao menos uma namorada. Um pedaço de mal caminho desses não deve ficar sozinho por muito tempo.

Ao perceber que estou divagando, saí dos meus pensamentos e caminhei até uma moça, pedindo  informação.

Fui até o elevador e apertei o botão para o último andar, as minhas mãos já estavam suando, era a primeira entrevista que iria fazer na minha vida.

Respirei fundo quando a porta do elevador abriu no meu andar, encarei a parede branca do outro lado do corredor imenso e por fim, saí dele. Caminhei até a mulher negra que aparentava ter por volta dos cinquenta anos, com os cabelos crespos em um corte black power, grisalhos, mas não de um aspecto envelhecido. Ela parecia a personagem Tempestade de X-men. Ela sorriu assim que notou minha presença, mostrando sua postura altiva e alegre. Se levantou dando a volta na mesa, provavelmente é a recepcionista ou a secretária dele.

— Bom dia! — falou toda sorridente enquanto me aproximava.

— Bom dia. — Retribuí o sorriso.

— Você deve ser a senhorita West. — Estendeu a mão para me cumprimentar.

— Sim, sou eu.

— Sou Martha Davis. — Ela continuou com o sorriso receptivo nos lábios. — Chegou bem no horário.  — Observou o relógio de mesa. — E só isso já fez você ganhar um ponto com o chefe — Ela soltou uma piscadela — O senhor Ricci já vai lhe chamar.

Merda! É o próprio Ricci que vai fazer a minha entrevista!

As minhas mãos começaram a suar e meu coração parecia que ia pular pela boca.

Droga! Não posso ficar assim só de pensar no senhor Ricci.

— Obrigada — agradeci a ela.

— Sente-se — Martha pediu e me sinalizou a poltrona do outro lado. Logo em seguida, ela pegou a pasta sobre a mesa e caminhou em direção ao final do corredor, entrando na porta de vidro embaçado. Observei sua silhueta transitar pela sala e uma silhueta masculina surgiu, como se estivesse sentado longe de sua mesa. É ele. 

Alguns minutos depois ela retornou.

— Senhorita West, o senhor Ricci a espera.

— Obrigada, Martha.

A mulher sorriu e me instruiu:

— Siga até o fim do corredor, pode entrar sem bater.

Agradeci mais uma vez e segui em direção à sala.

Pelo caminho, observei que nas paredes havia várias pinturas e consegui identificar algumas obras de artistas bem conhecidos, duas delas eram de Edvard Munch. Um deles sendo a obra intitulada “O grito” e o outro “A fumaça do trem”. E que se forem originais, devem valer uma fortuna. Todo o ambiente é trabalhado em branco e prata, as únicas cores vêm dos quadros. Continuei caminhando até a enorme porta cinza e para a minha sorte, ou não, ela estava semiaberta.

Respirei fundo e a empurrei devagar. 

— Com licença. — Entrei sem bater, como Davis pediu.

Observei a sala e ela era linda, a sua decoração era nas cores preto com cinza, seguindo a estética da entrada e logo atrás da mesa tem uma estante, nela haviam alguns livros, quadros com fotos e um vaso com uma planta que eu não sei o nome.

As janelas eram naquele estilo de arranha-céu e no meio do teto tinha um lustre preto enorme, era lindo.

Logo atrás da mesa, vi uma cadeira enorme na cor preta e eu perdi as palavras quando ele se virou e eu dei de cara com aqueles olhos verdes penetrantes.

— Senhorita West. — Ele fez uma pausa. — Buongiorno — O deus grego, quero dizer, italiano, falou, mas eu mal consegui assimilar suas palavras. — Está tudo bem? — O meio sorriso em seus lábios foi o sinal para que eu voltasse à terra. Ao me dar conta de que estava o encarando, percebi que minhas bochechas estavam quentes e abanei a mão para tentar me refrescar. Vi sua língua passear pelo lábio inferior quando ele umedeceu os lábios. Balançar minha cabeça era o único movimento que conseguia fazer. 

— Muito bem, sente-se, por favor — Indicou a cadeira logo à sua frente. — Você é aluna do Romeo, não é?

— S-sim.  — Pigarrei, descansando minhas mãos no meu colo, atentando as juntas dos meus dedos. O que não passou despercebido pelo homem, que me encarou, e logo depois levantou a cabeça me analisando. 

Droga, Maria!

Será que ele se lembrou de mim na noite que deu aula na faculdade?

O senhor Ricci me encarou e dessa vez com um sorriso de lado, ele estava adorando me ver desconfortável. E eu de alguma maneira gostei da atenção recebida dele.

— Vamos lá, deixe-me ver o seu currículo. — Voltou a sua atenção para a pasta parda que Davis tinha em mãos a pouco.

— Senhorita West, a informação disposta aqui diz que faltam dois períodos para você se graduar em direito, correto? 

— Sim — respondi ainda me sentindo nervosa.

— Um estágio neste momento não irá atrapalhar? — questionou.

— Na verdade, eu sou bolsista, e perdi a minha bolsa. Preciso do emprego para pagar a faculdade. E, claro, porque sei que aprenderei muito. Seria um sonho poder começar minha carreira aqui.

— E por qual motivo você perdeu a bolsa? Não acho que tenha sido por causa de notas nem nada do tipo, já que para estar na turma de Romeo você deve ser boa no que faz.

Não deixei de encarar como elogio o que era apenas uma constatação, entretanto, praticamente desde que entrei, ele mal olhou para mim. Não foi antipático, longe disso, porém, um pouco gélido. Mas acho que é este o papel de chefe, afinal estarei aqui — caso seja contratada — para trabalhar, não fazer amizades. 

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